Francis Ford Coppola não pode congelar o tempo num estalar de dedos, como faz Cesar Catilina, protagonista de Megalópolis. Se pudesse, 40 dos seus 85 anos não teriam voado diante de seus olhos, dos primeiros esboços ao lançamento desse longa-metragem que pode ser tanto sua aposta mais radical como seu fiasco mais retumbante. Nem só o tempo escorre pelas suas mãos. Sem nenhum grande estúdio para bancar sua audácia, Coppola vendeu uma fatia de suas vinícolas, que o sustentam há décadas, para bancar os US$ 140 milhões gastos nessa ficção científica épica que estreou nos cinemas nesta quinta-feira. “É loucura não produzir o filme mais maravilhoso que você pode imaginar”, diz Coppola. “Você pode se dar bem ou fracassar, pode morrer e não saber o que acham de seus trabalhos”, afirma, se comparando, sem modéstia, a Georges Bizet, autor de Carmen, uma das óperas mais famosas do mundo.