Compreender e cuidar da primeira infância levando em conta que a estrutura orgânica e psíquica da criança ainda não está decidida. Assim, entende-se que as experiências de vida são decisivas para quem um bebê vai se tornar. Partindo dessa ideia, a Rede-Bebê atua há cinco anos como uma rede de profissionais das mais variadas áreas que considera prioritário que o acompanhamento do desenvolvimento de bebês ocorra de forma articulada à estruturação psíquica deles.

Esses profissionais das áreas da saúde, educação e assistência promovem nesta sexta-feira (19), sábado (20) e domingo (21) o 4º Encontro Nacional da Rede-Bebê, que tem como temática da edição Cuidado com a 1ª Infância: Entre as Vulnerabilidades a as Estruturas não Decididas. O evento ocorre de forma on-line e conta com rodas de conversa e conferências com profissionais de diversas partes do País. As inscrições estão encerradas.

“O que a gente pretende abordar ao longo do evento é justamente o fato de que quando nascemos ainda não estamos estruturados nem orgânica nem psiquicamente. Embora o bebê tenha características genéticas e neurofuncionais, o que vai determinar que isso se estruture são as experiências de vida que são decisivas para quem vamos nos tornar enquanto sujeito”, explica a psicóloga e psicanalista Maribél de Salles de Melo, membro fundador da Rede-Bebê e coordenadora do Núcleo Paraná, que organiza a quarta edição do encontro.

Essas estruturações tanto psíquicas quanto instrumentais estão, portanto, entrelaçadas. “Tudo isso acontece junto nos primeiros três anos de vida. São aquisições como a construção cognitiva, da linguagem, de hábitos, do brincar, que depois vamos levar para a socialização e relação com o outro”, aponta. “A proposta da Rede-Bebê é mostrar que a estimulação precoce nessa fase precisa ser muito bem calculada, envolvendo profissionais que trabalhem com os pais, com a relação mãe-bebê. Temos visto ótimos resultados em crianças que estavam apresentando risco de desenvolvimento de alguma patologia ou atraso global de desenvolvimento”, diz.

É o que também reitera a psicóloga, psicanalista e especialista em estimulação precoce Marcella Haick Mallard, do Núcleo Goiás da organização. “Ainda que a criança nasça ou tenha algum problema do desenvolvimento, que haja algum problema genético ou neuroanatômico, porque pode não haver. Se você intervir a tempo e antecipadamente, alguma coisa faz mudar o destino dessa criança”, explica.

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Na programação, temas como o desenvolvimento de políticas públicas, a escuta de gestantes de risco, o trabalho clínico com crianças adotadas na primeira infância, Transtorno do Espectro Autista serão discutidos ao longo do evento. Para saber mais sobre o evento, as ações da Rede-Bebê e assistir a conferências anteriores, acesse o site redebebe.com ou as redes sociais (@rede.bebe).

Diagnósticos e patologização

A detecção e intervenção precoces de acordo com as dificuldades apresentadas por cada criança é levada em consideração junto à noção de que o sofrimento psíquico na primeira infância também existe tendo a psicanálise como referencial é a premissa das ações da Rede-Bebê. “Mas o que também nos une, pensando nessa detecção de sofrimento precoce e intervenção na sequência, é uma perspectiva crítica em relação ao excesso de patologização que vem acontecendo da primeira infância”, diz&nbsp; Marcella Haick Mallard, do núcleo regional.

No ano passado, o projeto PsiQUÊ?, do Grupo Jaime Câmara, realizou entrevista com Julieta Jerusalinsky, especialista em estimulação precoce, mestre e doutora em psicologia clínica, membro fundador da Rede-Bebê e do Instituto Travessias da Infância: Centro de Estudos Lydia Coriat - SP. Ela apontou que a detecção e intervenções precoces na infância dentro de uma lógica não patologizante se tornou ainda mais urgente com o cenário trazido pela pandemia de Covid-19. “Detectamos o agravamento de algo que já vinha acontecendo, que são as intoxicações por eletrônicos na infância. Ou seja, bebês com menos de 36 meses que, ao invés de brincarem e estarem com os outros, estavam com eletrônicos em mãos”, disse ao POPULAR.

Esse é o tema da Roda 4: Diagnóstico não é Destino, que acontece na manhã de domingo e que tem coordenação de Marcella Mallard. A atividade terá a apresentação de depoimentos de pais que receberam diagnósticos fechados de seus filhos e que realizaram tratamentos interdisciplinares de referencial psicanalítico. O encerramento será conduzido por Julieta, que irá realizar uma fala sobre o brincar e a filiação na estruturação da primeira infância.&nbsp;

"Por que é tão importante falar sobre isso e escutar os pais? Porque quando nasce uma criança, nasce também uma mãe e um pai. Não há bebê sem pais”, aponta Marcella. “Portanto, qualquer trabalho com bebê deve ser não só de escuta, mas de auxílio na sustentação das funções parentais. A função do terapeuta não deve ser de substituição desses pais, mas de dar sustentação para que ele possa executar sua função na criação daquele filho e na aposta de um futuro e, por isso, quando atendemos crianças de zero a três anos, é comum que a gente trabalhe na presença dessas figuras parentais”, explica.&nbsp;

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Encontro Nacional da Rede-Bebê discute os cuidados na primeira infância

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Em formação

É grave e preocupante a queda da cobertura vacinal, que merece atenção imediata. No Brasil, mais de 65% dos municípios não atingiram a meta de 95% de vacinação recomendada pelo Ministério da Saúde em 2023, especialmente para as vacinas administradas no primeiro ano de vida.

Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a taxa de vacinação infantil no Brasil caiu bruscamente de 93,1% para 71,49%, fato que nos coloca entre os dez países com menor cobertura vacinal do mundo.

Goiás não alcançou, no ano de 2023, a cobertura superior a 75% para os imunizantes que constam no Plano Nacional de Imunização (PNI). Essa situação pode levar ao ressurgimento de doenças controladas, o sarampo, por exemplo, e ao aumento do risco de epidemias, como a dengue.

Uma criança, para ser considerada imunizada, precisa tomar todas as doses recomendadas de imunizantes, além dos reforços, quando indicados. A vacinação é um direito constitucional e constante no Estatuto da Criança e do Adolescente, cuja garantia é dever da família, da sociedade e do Estado.

É urgente que as autoridades de todas as esferas de poder ajam para reverter essa realidade. Os pais e responsáveis devem ser parceiros nessa ação.

O Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás (TCM-GO) está conduzindo uma auditoria, em parceria com o Tribunal de Contas da União (TCU), para identificar os motivos pelos quais os municípios não alcançaram os índices de vacinação estabelecidos no PNI.

Foi enviado aos prefeitos um questionário abrangendo aspectos da gestão da solicitação, do armazenamento e da distribuição de vacinas, estratégias e ações de imunização da população, além do registro de dados em sistemas informatizados.

O TCM-GO quer estar junto orientando e propondo alternativas. Com a colaboração dos gestores municipais, do Ministério Público de Goiás (MP-GO) e dos Conselhos Tutelares, poderemos implementar medidas eficazes para aumentar a cobertura vacinal em Goiás, que conta com 970 salas de vacinação espalhadas pelos 246 municípios.

É fundamental lembrar que as vacinas são essenciais para salvar vidas. Estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS), recém-publicado pela revista The Lancet, revela que os esforços globais de imunização salvaram cerca de 154 milhões de vidas - ou o equivalente a seis vidas a cada minuto de cada ano - nos últimos 50 anos, grande maioria delas - 101 milhões - crianças.

No século 19, logo após a criação da primeira vacina, para combater a varíola, a expectativa de vida mundial não passava de 32 anos. Atualmente, com imunizantes contra dezenas de doenças, esse número é de 72,6 anos. Os dados falam por si.

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Daniel Goulart é conselheiro e coordenador do Pacto Nacional pela Primeira Infância no TCM-GO

Queda da cobertura vacinal

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Jorge Braga - 20/5/2024

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Nesta semana comemoramos o Dia Mundial da Infância, data instituída pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância, o Unicef, para dar mais visibilidade à defesa dos direitos das crianças e adolescentes e fomentar a formulação de políticas públicas que promovam condições seguras de vida e desenvolvimento para todos os pequenos.

Um dos direitos mais fundamentais da criança é o direito à saúde. Ele é firmado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e assegurado no Brasil pela Constituição Federal e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. A legislação estabelece que a saúde infantil é uma responsabilidade do poder público, da família e da sociedade como um todo, formando um pacto para o amparo e cuidado com a criança.

A promoção, proteção e recuperação da saúde dos pequenos precisa ser oferecida de forma que garanta seu crescimento, considerando a subjetividade e preservação do bem-estar de cada criança. Em 2022, a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás implementou o Hospital Estadual da Criança e do Adolescente, uma unidade pública integralmente dedicada aos cuidados com a saúde infantil.

O Hecad é gerido pela Associação de Gestão, Inovação e Resultados em Saúde (Agir) e nasceu com a missão de ser referência em humanização, qualidade e agilidade na assistência pediátrica de média e alta complexidade.

Em apenas um ano de funcionamento, o hospital já realizou mais de 120 mil atendimentos em saúde, 59 mil consultas pediátricas, 296 mil exames, 13 mil internações e 6 mil procedimentos cirúrgicos, cuidando de crianças e adolescentes de todos os municípios goianos.

Com capacidade instalada de 116 leitos de enfermaria e 30 leitos de UTI, a unidade conta com ambulatório de 20 especialidades médicas pediátricas, brinquedoteca, fraldário, salas de acolhimento e ambientação personalizada para deixar a criança mais confortável durante todas as etapas do tratamento. O hospital sedia também o Centro de Reabilitação de Fissuras Labiopalatinas, oferece serviços especializados no tratamento de hemangiomas e assistência a gêmeos siameses, e presta atendimento multidisciplinar em saúde para crianças e adolescentes vítimas de violência sexual.

Sabemos que ainda é preciso avançar muito na estruturação de uma rede de atenção integral à saúde da criança que alie ações efetivas de prevenção à universalidade de acesso e à oferta de serviços com excelência. Mas temos muito orgulho em dizer que o Hecad está preparado com toda a estrutura física, equipamentos, tecnologia e corpo clínico para fazer parte dessa história.

Infância é tempo de evolução, alegria, ternura. Por isso, amparar a saúde da criança é essencial para reduzir vulnerabilidades e assegurar o desenvolvimento de forma plena.

Infância e saúde

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Presidente do Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO), o conselheiro Edson Ferrari lançou no 8º Congresso Internacional de Controle e Políticas Públicas, que será encerrado nesta sexta-feira (3), em Salvador (BA), o livro A Primeira Infância e os Tribunais de Contas, uma publicação da instituição e do Instituto Rui Barbosa, entidade nacional dos Tribunais de Contas para conhecimento. A obra traz um amplo panorama sobre a situação brasileira da primeira infância e está disponível para download no site do TCE-GO.

A obra mostra que das 17,6 milhões de crianças brasileiras de 0 a 6 anos, 9 milhões vivem em condições de vulnerabilidade. Os dados que compõem a obra foram coletados junto a fontes oficiais como Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e ministérios como o da Educação e da Saúde. A estimativa é que em torno de 3,2 milhões de crianças na primeira infância sofram com a fome e 125 milhões possuem algum grau de insegurança alimentar.

O livro possui vários indicadores que envolvem a primeira infância, como mortalidade materna, vagas em escolas infantis e creches e vacinação. Pelos dados obtidos, a taxa de mortalidade infantil chega a 13 mortes para cada mil crianças nascidas vivas. São informações nacionais, estaduais e de cada um dos 5.570 municípios brasileiros, incluindo a capital federal e a ilha de Fernando de Noronha.&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;

O TCE-GO, a pedido do Conselho Nacional de Justiça, que capitaneou o Pacto Nacional pela Primeira Infância reunindo vários atores, desenvolveu em 2021 o Portal da Primeira Infância. Desde então, o conselheiro Edson Ferrari dirige o Comitê Técnico da Primeira Infância. Em agosto do ano passado, durante o primeiro seminário nacional sobre o tema, foram elaboradas 12 diretrizes para os Tribunais de Contas brasileiros envolvendo a primeira infância.&nbsp;&nbsp;

Em Goiás, o conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), Fabrício Motta, está à frente do Gabinete de Articulação para a Efetividade da Política da Educação em Goiás (Gaepe-GO), instância vinculada ao Gabinete de Articulação para a Efetividade da Política da Educação no Brasil (Gaepe-Brasil). A governança foi idealizada em 2021 pelo Instituto Articule, em parceria com a Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon) e o Instituto Rui Barbosa (IRB) para enfrentar os efeitos da pandemia da Covid-19, mas após a fase mais crítica da crise sanitária se tornou perene.

Link do livro para download gratuito: http://bit.ly/3mnnumM

E-book traz realidade da primeira infância no Brasil

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