A noite da maior premiação do cinema se tonou o assunto mais falado na internet nesta segunda-feira (28/3), mas não foi por conta dos filmes. Todos os holofotes estão sobre o ator Will Smith, que deu um tapa em Chris Rock durante o evento, após o comediante fazer uma piada sobre a aparência de sua mulher, que está de cabelo raspado porque enfrenta uma doença autoimune. Mas o que é a alopecia, problema que mudou o visual de Jada Smith?SAIBA MAIS• Oscar 2022: Will Smith bate em Chris Rock após piada• Will Smith pede desculpas a Chris Rock após tapa no Oscar: "inaceitável e imperdoável"• Will Smith pode perder estatueta do Oscar após tapa em Chris RockO dermatologista Luiz Fleury explica que o termo alopecia é usado na medicina para se referir a um distúrbio que causa queda de pelos e cabelo, mas as causas da queda dividem a doença em dois tipos: androgenética e areata. A primeira está relacionada com fatores hormonais, e a segunda, com uma doença autoimune, que é o caso de Jada Smith. Ambas podem ser temporárias ou permanentes, mas somente acometem indivíduos que possuem predisposição genética.Podendo atingir tanto homens quanto mulheres, o médico explica que os pacientes precisam enfrentar não só a alopecia, como também o estigma social. “É angustiante, principalmente para a mulher”, ressalta.Apesar do nome pouco usual, o dermatologista esclarece que a doença não é tão rara. Sem poder quantificar o número de casos de alopecia em Goiás, Luiz Fleury afirmou que “no meio médico é uma doença relativamente comum”.Reação do organismoSegundo a dermatologista Lorena Dourado, na alopecia areata, o próprio organismo da pessoa ataca o cabelo gerando uma inflamação que leva à queda. “É uma inflamação que não é tão grande a ponto de destruir o folículo, então o folículo ainda está viável e a pessoa pode a voltar a ter um nascimento de cabelo naquele local”, explica.A quantidade de perda dos pelos varia. Em alguns casos, poucas regiões são afetadas, já em outros podem resultar em queda generalizada. É o caso da alopecia areata total, em que o paciente perde todo o cabelo da cabeça, ou alopecia areata universal, quando todos os pelos do corpo são afetados.Segundo a dermatologista, a maioria das pessoas manifesta da forma mais leve, que é uma pequena plaquinha de falha capilar. No entanto, há pessoas que têm a forma mais grave.De acordo com a médica, o fator emocional pode ser um gatilho para a doença autoimune, apesar de não ser a principal causa. “Não é culpa do emocional, só vai dar na pessoa que tem genes para aquele problema. Mas, quando a pessoa tem a genética e passa por um fator muito estressante, isso pode desencadear a doença”, explica.AndrogenéticaA dentista goiana Mariana (nome fictício) relata ao POPULAR que começou a perceber a queda de cabelo aos 33 anos. “Eu nem imaginei que tivesse um problema, achei que fosse estresse ou falta de vitaminas, mas busquei atendimento médico mesmo assim”, diz.Foi após os exames que recebeu a notícia de que possuía alopecia androgénetica. No início, não chegou a ser um incômodo, mas quando completou 38 anos começou a perceber uma queda muito grande, chegando a ralear o topo da cabeça. “Eu que sou dentista, costumo dizer que a estética feminina chama muita atenção, o sorriso, a moldura do rosto. Então, para mim foi muito difícil lidar com isso”, relata a profissional que precisou enfrentar o medo de ficar careca e de ter que fazer um implante capilar.Mariana diz ser muito preocupada com as questões de saúde, e não tardou em procurar o tratamento médico. Além da medicação, ela também faz aplicação diária de minoxidil, uso de luz led e de injeções de substância, como biotina e minoxidil. Hoje, aos 42 anos, ela diz que não possui nenhuma falha.Sobre o tapa que o Will Smith deu no comediante, Mariana diz compreender a ação do ator norte-americano. “Ela (Jada) deve ter passado por um problema emocional fortíssimo pela queda de cabelo. Quem está com a gente entende como nos sentimos, meu marido mesmo sabe pelo o que passei”, diz.Após passar um tempo tentando disfarçar sua condição com turbantes, a atriz e apresentadora falou abertamente sobre a doença no programa norte-americano Red Table Talks, em 2018. Desde então, Jada Pinkett Smith, 50, compartilha com seus seguidores o processo de aceitação, o enfrentamento da doença e sua rotina de beleza, além de levantar pautas importantes, como a importância do cabelo para a mulher negra e o valor dele para a indústria do entretenimento.(Yorrana Maia é estagiária do GJC em convênio com a PUC-GO)-Imagem (1.2428207)