Em um cenário dominado pelo sertanejo e pelo funk, a dupla Anavitória construiu um percurso singular ao inserir canções de delicadeza pop e vocação para a MPB entre as mais ouvidas do País. Vindas de Araguaína, no Tocantins, onde cresceram, Ana Caetano (goiana de nascimento) e Vitória Falcão transformaram a estética despretensiosa do início em um projeto maduro, amparado por um público fiel e sucessivas turnês com ingressos esgotados. Para celebrar dez anos de carreira, no domingo (23), elas trazem a Goiânia o show da Turnê Esquinas, no Centro de Convenções da PUC.

No palco, o repertório reúne as inéditas do disco Esquinas, lançado em dezembro de 2024, e sucessos que se tornaram assinatura do duo, como Trevo (Tu), Fica e Singular. A turnê propõe revisitar a própria trajetória sem perder o frescor criativo que orienta o novo trabalho. Aos 31 e 30 anos, respectivamente, Ana e Vitória apresentam no álbum um olhar menos ingênuo para os afetos, explorando nuances mais profundas e assumindo a passagem do tempo como parte constitutiva do projeto artístico.

Vitória descreve o início da carreira como realmente um terreno de extremos. “Nos primeiros discos era muito mais inocente mesmo. Talvez uma visão de dois pontos: ou você está sofrendo muito ou amando demais. Agora é meio que nuances dentro disso, outros sentimentos dentro dessas pontas”, afirmou ao podcast G1 Ouviu. A maturidade trouxe também mais autoconhecimento. “Você começa a se conhecer mais e saber das coisas que você gosta e das que você não gosta, dos seus limites”, disse Ana, ao comentar o processo que guiou o novo repertório.

O novo disco e, por consequência, a turnê refletem a percepção de mundo que se amplia com o amadurecimento das duas artistas. Esse processo inclui romper simplificações que, por vezes, marcaram a recepção inicial da dupla. Ana observa que reduzir o trabalho ao adjetivo “fofo” sempre causou desconforto, porque, embora existam canções delicadas, o repertório também abriga tensões, cortes e camadas. Vitória acrescenta que o termo com frequência surgia com condescendência, deixando de funcionar como elogio espontâneo e se tornando uma redução do alcance estético de um projeto que acumula prêmios importantes como o Grammy Latino.

O deslocamento da inocência para uma percepção mais elaborada das relações aparece em faixas como Ter o Coração no Chão, que traduz a ideia do “amor tranquilo” e desloca a intensidade juvenil para os pequenos gestos da rotina. Ao cantar que encontrou “nas besteiras da rotina a maior beleza”, a dupla assume sem receio esse novo lugar. A construção sonora de Esquinas reforça essa virada. Vitória fez questão de que o disco buscasse estímulos inéditos e, pela primeira vez, a dupla se distanciou de forma mais clara da sonoridade tradicionalmente associada ao seu nome, abrindo espaço para novos arranjos.

Antes de Goiânia, a turnê passou por diversas cidades do País e do exterior. Na Europa, o pontapé inicial ocorreu em Portugal, onde Anavitória consolidou ao longo dos anos uma relação afetiva com o público local. Os shows no Primavera Sound, no Porto, e em Lisboa abriram a temporada europeia e apresentaram ao público as primeiras performances das novas músicas, recebidas com entusiasmo.

A rota seguiu por Paris, Londres, Amsterdã, Berlim e Bruxelas, ampliando o alcance da Turnê das Esquinas e levando o disco a plateias diversas, em muitos casos formadas majoritariamente por brasileiros que acompanham a dupla no exterior. Montreux, uma das datas mais aguardadas, teve ingressos esgotados rapidamente, sinal de fôlego internacional e um “bom presságio” para o restante da agenda.

Encontro musical&nbsp;

A dupla Anavitória surgiu em 2015, quando Ana Caetano e Vitória Falcão transformaram a convivência no Tocantins em um projeto musical que rapidamente ultrapassou as fronteiras da internet. O encontro com o produtor Felipe Simas e o lançamento do primeiro EP abriram caminho para o álbum de estreia, que apresentou ao Brasil a sonoridade que misturava pop, folk e uma MPB de afeto cotidiano. O sucesso de Trevo (Tu), vencedor do Grammy Latino, consolidou a dupla nacionalmente e marcou o início de uma trajetória pouco comum para artistas tão jovens.

A partir daí, Ana e Vitória construíram carreira com repertório autoral, parcerias estratégicas e uma agenda de shows que cresceu junto com o público. O segundo álbum, O Tempo É Agora (2018), ampliou o alcance da dupla e reforçou a assinatura estética que as diferenciou no mercado dominado por outros gêneros. Vieram colaborações com nomes como Rubel, OutroEu e Vitor Kley, além de trilhas sonoras que as colocaram regularmente entre as músicas mais tocadas do País, mantendo o equilíbrio entre delicadeza melódica e temas afetivos.

O amadurecimento artístico se aprofundou com Cor, Junto É Mais Gostoso e, agora, Esquinas, que marca os dez anos de estrada. A dupla passou a explorar nuances mais amplas, relações, rotina, autoconhecimento, limites, e a buscar uma produção musical que evitasse fórmulas previsíveis. Ao longo dessa década, transformaram a identidade inicial em um projeto de coesão rara, sustentado por público fiel que amadureceu junto com a dupla e continua lotando seus shows.&nbsp;

Serviço:

Show: Anavitória – Turnê &nbsp;das Esquinas

Data:&nbsp;Domingo, dia 23, às 19 horas. Abertura dos portões às 18h.

Local:&nbsp;Centro de Convenções da PUC Goiás. Avenida Engler, &nbsp;Jardim Mariliza

Ingressos:&nbsp;a partir de R$ 190

Informações:&nbsp;www.icones.com.br

Entre experimentações e amadurecimento, Anavitória apresenta o show da turnê 'Esquinas' em Goiânia

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SHOW

A última edição de 2025 do projeto Executiva no Palco vai celebrar a temporada de Natal no Shopping Cerrado, em Goiânia. Desta vez, haverá um show da banda Clube Retrô, marcado para o dia 27 de novembro, a partir das 20h. A entrada é gratuita (confira os detalhes ao final do texto).

O repertório do Clube Retrô varia entre diversos estilos, com destaque para o pop rock nacional e internacional. Segundo o fundador do grupo, Jason Veronez, o público pode esperar músicas de vários artistas e bandas, como Cyndi Lauper, Michael Jackson, Bon Jovi, Madonna, Legião Urbana, Jota Quest, Capital Inicial e Rita Lee, entre outros.

Veronez, que também é o baterista da banda, ressaltou que o show será para todas as idades. "O pessoal mais novo dança com os pais, com os avós, enfim, todas as gerações", afirmou.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/rock-in-rio-2026-anuncia-vendas-do-rock-in-rio-card-para-inicio-de-dezembro-1.3338841" target="_self">Rock in Rio 2026 anuncia vendas do Rock in Rio Card para início de dezembro</a> 
 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/cantor-jards-macale-morre-no-rio-aos-82-anos-1.3338102" target="_self">Cantor Jards Macalé morre no Rio aos 82 anos</a> 
 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/alexandre-pires-dedica-musica-a-goiatuba-e-se-emociona-muito-importante-para-mim-1.3337867" target="_self">Alexandre Pires dedica música a Goiatuba e se emociona: 'Muito importante para mim'</a></div>

O projeto Executiva no Palco é uma iniciativa da Rádio Executiva, que faz parte do Grupo Jaime Câmara. Há mais de 20 anos, a emissora leva shows gratuitos para diversos pontos de Goiânia, a fim de oferecer mais opções de cultura e entretenimento às pessoas.

Detalhes

<ul>
	<li>Evento: Executiva no Palco</li>
	<li>Show: Clube Retrô</li>
	<li>Local:&nbsp;Praça de Alimentação do Shopping Cerrado – Goiânia (GO)&nbsp;&nbsp;</li>
	<li>Data: Quinta-feira, 27 de novembro</li>
	<li>Horário: 20h&nbsp;</li>
	<li>Entrada: Gratuita&nbsp;&nbsp;</li>
	<li>Patrocínio: Shopping Cerrado&nbsp;</li>
	<li>Realização: Executiva FM&nbsp;&nbsp;</li>
	<li>Mais informações: <a href="https://www.jaimecamaraeventos.com.br/executiva-no-palco-11-2025" target="_blank">jaimecamaraeventos.com.br</a></li>
</ul>

Executiva no Palco celebra o Natal no Shopping Cerrado

ÚLTIMO DO ANO

A semana em Goiânia combina celebração da Consciência Negra, música e teatro para todas as idades. Entre os destaques, o show da dupla Anavitória (foto) que ocupa palco, no dia 23, às 19 horas, do Centro de Convenções da PUC Goiás, com a Turnê das Esquinas, reunindo sucessos como Trevo (Tu), Fica e Singular, além de novas canções. A programação também inclui o Festival das Artes Negras – De Palmares a Aroeira, com cortejos, cinema e espetáculo circense; o infantil Fica Comigo, do Ateliê do Gesto; tributos a Pearl Jam e Sandye Junior, além do aguardado festival de pagode Mixturadin, encerrando o fim de semana com grandes nomes do gênero. Confira a programação e divirta-se.

Quinta-feira (20)

Artes Negras 

Durante a Semana da Consciência Negra, o Orum Aiyê Quilombo Cultural realiza o Festival das Artes Negras – De Palmares a Aroeira, com programação gratuita que celebra a arte, a resistência e a ancestralidade negra. O cortejo do bloco Tambores do Orum acontece no dia 20, com concentração às 16 horas, na Rua W-7, no Setor Morada do Ipê. No dia 21, às 19 horas, o espaço recebe o Cine Ori. O encerramento será nos dias 22 e 23, com o espetáculo circense Solos Marginais, no Orum Aiyê Quilombo Cultural. Informações: @orumaiyecultural. 

Sexta-feira (21)

Covernight

O Taberna Music Pub recebe, no dia 21, a partir das 20 horas, o especial Covernight, que coloca no mesmo palco dois tributos nostálgicos: Camila e Rafael (Grupo Es Por Amor) interpretam os sucessos de Sandy e Junior, enquanto Pedro Anastaci revive as eras de Avril Lavigne em um show cheio de energia pop e rock dos anos 1990 e 2000. Ingressos a partir de R$ 20 (1º lote) no www.sympla.com.br.

Sábado (22)

Ateliê do &nbsp;Gesto 

O grupo goiano Ateliê do Gesto encerra o ano com temporada gratuita do espetáculo infantil Fica Comigo, nos dias 22 e 23, às 17 horas, no Centro Cultural UFG. Voltado para crianças a partir de três anos, o trabalho apresenta a história do Senhor Guardador de Memórias. A sessão do dia 23 terá acessibilidade em Libras. A entrada é gratuita, com retirada de ingressos pelo Sympla e doação de 1 kg de alimento. Informações: @agencialumieira. 

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Pearl Jam

A banda Black Circle, reconhecida pelo próprio vocalista Eddie Vedder, apresenta no Bolshoi Pub um tributo especial ao Pearl Jam no dia 22. A cada abre às 20 horas. O show começa às 23 horas e reúne os maiores sucessos da banda norte-americana. O couvert artístico custa R$ 40 até 22 horas e R$ 50 após. End.: Rua T-53, 1140, Setor Bueno. Informações: www.bolshoipub.com.br.

Domingo (23)

Anavitória 

A dupla Anavitória apresenta a Turnê das Esquinas em Goiânia no dia 23, às 19 horas, no Centro de Convenções da PUC Goiás. Celebrando dez anos de carreira, Ana Caetano e Vitória Falcão reúnem sucessos, além de novas canções do repertório. Ingressos a partir de R$ 80 estão à venda no site www.icones.com.br.

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Mixturadin

O festival de pagode Mixturadin chega pela primeira vez à capital, no dia 23, a partir das 16 horas, na Arena Multiplace. O evento reúne Turma do Pagode, Pixote e BenzaDeus em uma festa dedicada aos clássicos do gênero. Há setores com diferentes formatos de acesso, incluindo área premium, Espaço Garden (open bar e finger food) e mezanino. Ingressos a partir de R$ 100 no site www.bilheteriadigital.com.

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Show da dupla Anavitória movimenta programação cultural desta semana em Goiânia

Música para embalar  

O cantor Jorge Vercillo está na estrada celebrando 30 anos de carreira e como parte das comemorações apresenta em Goiânia o espetáculo JV30 Part 2 – Mais um Final Feliz. Sob a direção de Rafael Dragaud, o mesmo responsável pela turnê Tempo Rei, de Gilberto Gil, o show será nesta sexta-feira (14), às 21 horas, no Teatro Rio Vermelho. A montagem apresenta um mergulho nas múltiplas nuances do repertório do artista, que passeia da bossa nova ao ijexá, do samba ao R&amp;B e do reggae ao jazz.Com mais de 1 bilhão de plays nas plataformas digitais, 20 trilhas de novelas e diversos hits consagrados, Vercillo preparou um repertório especial. Estão confirmados clássicos como Que Nem Maré, Fênix, Homem-Aranha, Monalisa, Sensível Demais, Final Feliz, Encontro das Águas e Ela Une Todas as Coisas. A turnê, que vem lotando os locais por onde passa, também resgata canções mais recentes, como o ijexá Só Quem Ama, e traz uma nova leitura para a brasileiríssima e ambiental Fenômenos da Natureza.“Esse show marca um novo momento da minha carreira, com músicas que o público ama e outras que nem sempre estão no repertório, mas que os fãs pediram muito nas redes. Estou com uma expectativa enorme de reencontrar o público goiano e celebrar esses 30 anos de estrada com muita emoção, boa música e gratidão”, disse o músico em entrevista ao POPULAR. A nova turnê teve início em outubro com apresentações no Rio de Janeiro e São Paulo. O projeto é uma continuação do show anterior JV30.O novo show não se limita à música, traz melhorias nos LEDs, materiais gravados e iluminação, sem exageros, mas com um toque mais cênico. Algumas canções também receberam novos arranjos. O artista define esse conceito como uma “pluralidade não homogênea”, um jogo de camadas que equilibra o íntimo, o luminoso e o reflexivo. “Essa nova etapa tem um frescor. É como se estivesse recomeçando com toda a bagagem de 30 anos, mas com a leveza de quem quer experimentar outras possibilidades”, diz.Jorge Vercillo é bastante querido do público goiano. Em 2024, por exemplo, o músico passou com a turnê de 30 anos com uma série de shows por Goiás, começando na capital ao lado da Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás. “Goiânia sempre me recebe com muito carinho. É uma cidade que tem uma energia especial e um público muito musical, que canta junto e se entrega do início ao fim. Tenho lembranças lindas de todas as vezes que me apresentei aí e agora, com a nova turnê, vai ser ainda mais emocionante”, comenta. Nascido no Rio de Janeiro, Jorge Vercillo construiu uma carreira sólida a partir dos anos 1990, emplacando sucessos nas rádios, trilhas sonoras de novelas e plataformas digitais. Ganhou por dois anos consecutivos o Prêmio da Música Brasileira por voto popular e vendeu cerca de dois milhões de discos. Na discografia tem mais de 15 álbuns. Nos últimos anos, lançou trabalhos como Vida é Arte e Nas Minhas Mãos, com colaborações de diferentes gerações, incluindo Thiaguinho, Timbalada, Péricles e Vitor Kley.SERVIÇOShow: Jorge Vercillo - JV30 Part 2 – Mais um Final FelizData: Sexta-feira (14)Horário: Abertura da casa às 19 horas. Início: 21 horasLocal: Teatro Rio Vermelho / Rua 4, n° 1335, CentroIngressos: a partir de R$ 70 (meia-entrada)Ingressos: www.icones.com.brClassificação indicativa: 16 anos

Jorge Vercillo celebra 30 anos de carreira em Goiânia

Trajetória celebrada 

Raimundo Fagner canta sobre sentimentos com um pé no passado e outro no presente. Há mais de meio século, os brasileiros ouvem sua voz única, marcada pelo sotaque cearense, interpretando canções que são tão cultas quanto populares. A turnê que celebra 50 anos de carreira do ícone da MPB volta a Goiânia neste sábado (8), às 21h30, no Centro de Convenções da PUC - Goiás. O cantor promete emoção e algumas surpresas no repertório que viaja no tempo. Clássicos como Canteiros, Quem Me Levará Sou Eu, Mucuripe, Asa Partida, Espumas ao Vento, Romance no Deserto, Guerreiro Menino e Borbulhas de Amor não devem ficar de fora. Ao POPULAR, o músico fala sobre sua relação com Goiânia, o sucesso após cinco décadas de carreira e o que o padre Fábio de Melo tem a ver com a renovação de sua banda.

Fagner, você tem uma história antiga com Goiânia. Pode contar como sua relação com a cidade começou?

Tenho memórias e lembranças maravilhosas de Goiânia. Estudei em Brasília, na época era 1970 ou 1971 quando estudei no Colégio Pré-Universitário, no cursinho, e depois na UnB, apesar de ter ficado pouco tempo. Era uma época em que todo mundo se conhecia e fiz muitos amigos ali. Tinha um festival aí em Goiânia que nós, artistas, éramos convidados que davam oportunidades em gravadoras. Fui pela primeira vez com Ivan Lins, Paulinho Tapajós, Chico Buarque, Roberto Menescal. Nessa nossa ida, nos convidaram para um encontro nos arredores da cidade e fiquei muito impressionado, porque assistimos a uma família tocar e cantar todo meu primeiro disco, o Manera Fru Fru, Manera (1973). O próprio Roberto Menescal me falou: ‘Fagner, isso é uma coisa incrível. É um é um sinal muito positivo no sentido da carreira de um artista acontecer’. Nunca me esqueci dessa história, desse momento mágico que passei com o povo goiano. Mesmo já sendo conhecido e tendo ganhado festivais, a primeira resposta real que eu tive sobre o meu trabalho “acontecer” foi na cidade. Tenho uma ligação mágica com Goiânia por conta desse episódio e dessa família. Depois, mantive contato com nosso grande artista plástico Siron Franco e com o Naire, que é músico goiano. Naturalmente, conheci muitos políticos de Goiás pelas minhas idas ao estado. Muitos conterrâneos meus, do Ceará, moram há muitos anos em Goiânia e construíram a vida aí.

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E os shows em Goiás, como são hoje em dia? 

É um prazer enorme voltar. O público é muito cativante e sempre tive essa resposta positiva do povo goiano, talvez pela minha ligação com o estado, não sei. Os shows no Teatro Goiânia e Teatro Rio Vermelho me marcaram muito. Fazia dois por ano no Rio Vermelho uma época e, se não me engano, eu fui um dos primeiros a fazer show lá. Lembro que uma dessas apresentações em Goiânia, lá no início, quem abriu foi o Oswaldo Montenegro, meu amigo, parceiro e grande artista que também morou em Brasília. Nesse dia ele se atrasou, demorou mais de meia hora e eu fiquei “p” da vida com ele. Até hoje tiro onda desse episódio com o Oswaldo.

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E como é criar o repertório de um show de 50 anos de carreira? Para além dos hits, tem algo especial que você quis fazer?

Estou vindo de shows em São Paulo e Brasília nos últimos dias e posso adiantar que a gente sempre tem uma surpresa, que muitas vezes a gente decide no camarim antes de subir ao palco. É claro que os hits não ficam de fora, podem esperar eles todos. Mas tentamos fazer uma surpresa em cada show, muitas vezes tocando músicas que eu quase nunca canto. Depende do espírito, da disposição, do momento. Mas uma surpresa às vezes faz muito bem, né?

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Essas turnês comemorativas costumam mobilizar bastante o público, que no caso do seu show deve resultar no famoso encontro de gerações na plateia. Isso tem acontecido? 

Sim, acontece. Sempre pinta o pessoal das antigas junto do pessoal mais jovem. Para o artista, o público é tudo uma coisa só. Um sentimento, uma emoção. A emoção maior aqui é eu estar fazendo 50 anos de carreira, que no caso foi no ano passado, mas a gente continua em turnê fazendo essa releitura da minha carreira para todos.

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Por falar em nova geração, a sua banda se renovou recentemente. É interessante para você a troca com músicos mais jovens?

Os músicos que tocam comigo são uma atração à parte. Isso é muito legal do show, eles chamam muita atenção. Todo mundo sai falando do guitarrista, do violonista, do baterista ou do tecladista. Brinco que não tem nenhuma banda melhor que a minha hoje. Eu tinha outros músicos antes e acabou que o padre Fábio de Melo roubou minha banda, acredita? Olha esse padre… O baterista antigo já era religioso e acho que todos acabaram entrando nessa onda, não sei. Isso fez com que a gente reformulasse a banda e veio uma galera nova muito boa. Que o padre Fábio passe muito bem com meus antigos músicos, todos cearenses, inclusive. O Ceará é um celeiro de músicos extraordinários. Falam muito de mim, Belchior, Ednardo, mas o que veio depois é uma geração extraordinária, como o Cristiano Pinho, que era meu guitarrista e morreu ano passado. Era nosso maestro, músico incrível.

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Por falar em perdas, grandes nomes da música estão nos deixando ultimamente, alguns contemporâneos a você. 

É, eu não poderia deixar de falar no Lô Borges, que nos deixou essa semana. Grande músico e uma pessoa que se foi muito jovem, o que criou uma comoção grande, especialmente no meio musical. O Clube da Esquina é um disco marcante na música brasileira e que, apesar da qualidade musical, talvez não tenha tido um grande sucesso popular, mesmo com todo o valor do Lô e do Milton e da importância para a nossa geração. Tive o privilégio de ouvir esse disco na casa de Elis Regina, na época que morei com ela ali na Avenida Niemeyer, no Rio de Janeiro. O Milton levou pra gente ouvir e me lembro perfeitamente dele tirando o álbum do plástico e colocando para tocar. Apesar de tudo isso, as pessoas não estavam dando tanta importância para o Lô, não estavam falando muito nele, mesmo ele estando na ativa.

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Não valorizavam a importância dele para a música brasileira nesse fim da vida…

Exatamente. Vi que o Zeca (Baleiro) fez um disco com o Lô que saiu há pouco tempo. Isso com certeza vai ajudar a mostrar as coisas boas que ele vinha fazendo ultimamente. Ele era um cara muito doce, conheci a mãe dele. Inclusive, no livro Os Sonhos Não Envelhecem, do Marcinho (Márcio Borges, ex-membro do Clube da Esquina), tem uma parte que ele diz que a mãe do Lô me achava muito parecido com eles, do Clube. Mesmo que eu reconheça isso tudo, não sou idiota de não observar exatamente o que você pontuou: estão falando do Lô só agora, com a morte dele. É uma comoção merecida, por um legado de qualidade, mas que deveria ter vindo antes.

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E a que você atribui seu sucesso ainda hoje, com uma obra que atravessa o tempo?

Acho que sempre tive uma empatia muito grande com o público e vim de uma família muito musical, comecei a cantar aos 6 anos de idade na rádio e sempre tive essa ligação. E uma coisa importante é que sempre procurei excelentes parceiros, especialmente Belchior e Fausto Nilo, que muitos não conhecem de nome mas que trabalhou com Geraldinho Azevedo, Djavan e Zé Ramalho, meu compadre que mora aqui no meu prédio há muitos anos. Acho que os meus parceiros deram uma característica diversa para as minhas músicas e poesias, abrindo muito o leque de público.

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SERVIÇO

Show: Fagner 50 anos

Data:

Sábado (8), às 21h30 - Abertura dos portões: 19h30

Local:

Centro de Convenções da PUC-GO / Avenida Engler, nº 507, Jardim Mariliza

Ingressos: 

a partir de R$ 50 (Setor Canteiros)

Mais informações: 

vitrine.baladapp.com.br