Em 1961, o então presidente da República, Jânio Quadros, determinou no artigo 1º do Decreto nº 51.182: “Nos concursos de beleza, seleções de representantes feminina e semelhantes, as competidoras e participantes não poderão apresentar-se ou desfilar em trajes de banho, sendo tolerado o uso de saiote”. Não demorou muito e veio nova ordem: o biquíni também estava banido de praias e piscinas. Tudo em nome de uma pretensa moralidade. Mas, dez anos depois, a atriz Leila Diniz desfilava por Copacabana, grávida, usando um pequeno biquíni preto. Era a resposta libertária de uma mulher de vanguarda a quem se achava no direito de controlar o corpo feminino e o que ia sobre ele. Em plena ditadura, a beleza e o sorriso da estrela desafiavam a sisudez do autoritarismo. No Brasil, o biquíni nunca foi apenas uma roupa de banho, que pode, a depender do modelo, ser mais ou menos reveladora. Ele também é símbolo de mudanças na sociedade, em seus costumes e mentalidades, de resistência em alguns períodos, de criatividade em outros. No decorrer do tempo, ele se transformou, originando-se de um vestuário que cobria quase todo o corpo para versões minimalistas, transformando-se em um símbolo nacional, seja como algo pejorativo, seja como algo positivo, a depender das leituras que são feitas. Fato é que ele, já há algum tempo, vem sendo exportado para todo o mundo, influenciando a moda lá fora. O Brasil não inventou o biquíni como o conhecemos hoje, com duas peças, mas nós o reinventamos de muitas formas, lançando tendências e tornando-o mais ousado.