As relações do rural e urbano. A ancestralidade e a força da mulher indígena. Os primeiros anos da então nova capital goiana. Um passeio cultural e antropológico pode ser conferido nas diversas exposições espalhadas por galerias e museus de Goiânia. Reabertos desde o segundo semestre de 2021, os espaços de artes visuais tentam driblar os efeitos da pandemia no setor cultural: além de cumprir as medidas sanitárias, como a capacidade máxima de público por exposição e o uso de máscaras, galeristas levam as mostras para o formato online.Enquanto centros culturais reabrem com exposições que destacam a potência de seus acervos, caso das exposições apresentadas no Museu de Arte de Goiânia (MAG), outras dialogam com o contexto atual e apresentam a nova safra de artistas da cidade, a exemplo de Tubo de Ensaio 2, no Centro Cultural Octo Marques. Já outras galerias prestam homenagens a diversos artistas, como na Vila Cultural Cora Coralina, que ostenta o trabalho da gravurista Célia Gondo.No pulsar de redescobrir os caminhos para formação de público e demandas dos museus em tempos de pandemia, os centros culturais criam conexões com diversos materiais expositivos. O Museu da Imagem e Som, por exemplo, faz um convite para dar um passeio pelos primeiros anos de Goiânia por meio de uma exposição com arquivos. Já a galeria-bar Lowbrow salienta a energia da ancestralidade em uma exposição coletiva. Nestas páginas você confere algumas exposições em cartaz em Goiânia para dar um rolê e desbravar as artes visuais de Goiás. Bom passeio.Trama, urbanidade e noite Um recorte do que há de mais interessante no acervo do Museu de Arte de Goiânia (MAG) está exposto nas salas do espaço cultural quando o assunto são as mulheres artistas. Tramas e Urdiduras, por exemplo, reúne práticas relacionadas com o ato de tecer, bordar, cortar, costurar e pintar. Já Campo Fertil apresenta trabalhos que se utilizam de elementos naturais, como areia, pedras, madeira, cerâmica, folhas e cascas de árvores. Em O Urbano e o Rural, obras de arte tratam do ícone e da religião, da abstração e do erotismo. Noturno, por fim, destaca o inconsciente, o sonho e a desordem. "A escolha das obras pautou-se, inicialmente, pela quantidade de mulheres artistas existentes no acervo, contudo, o que se constatou, a partir desse conjunto, foi a relevância dessa presença", explica o artista Enauro de Castro, que colaborou na concepção da mostra junto com Antonio Da Mata e curadoria de Yara Pina. São 88 artistas, a exemplo de Alessandra Teles, Ana Lúcia Barcelos, Anna Rita Araújo, Marilda Passos,Rossana Fogaca, Olga Cardoso, Tomie Ohtake e Yeda Schmaltz. A exposição segue em cartaz no MAG até o próximo mês. Serviço Mostra de arte do MAGData: até fevereiro, de terça-feira a domingo, das 9h äs 17h (e aos finais de semana, das 8h äs 18h) Local: Museu de Arte de Goiânia, Bosque dos Buritis, Rua 1, 605, Setor Oeste Entrada gratuita Informações: 35241196Força que vem da ancestralidadeSob os olhares das artistas Mirna Anaquiri, Roberta Rox, Ayanna Duran e Katiuscia Costa, a exposição Ancestral: Mostra Coletiva celebra a força dos antepassados e das narrativas históricas na Lowbrow Arte e Boteco. Com curadoria de Roan, proprietário da galeria, a mostra reúne trabalhos, entre pinturas, fotografias, instalações e caderno artístico até o dia 16 de fevereiro. A visitação é gratuita. A exposição integra projeto contemplado pelo Edital de Artes Visuais, da Lei Aldir Blanc e tem a proposta de apresentar narrativas de amor e cuidado com as origens brasileiras. As obras falam sobre os povos das águas, as mulheres indígenas, as memórias do mar, a natureza e o meio ambiente, sempre envoltas ao tema: “A terra é meu corpo, a água é meu sangue, o ar é meu sopro, o fogo é meu espírito”. ServiçoAncestral: Mostra Coletiva Data: até o dia 16 de fevereiro, entre quinta-feira e sábado, das 19h äs 0h Entrada gratuita Local: Lowbrow Arte e Boteco, Rua 115, 1684, Setor SulInformações: 39916175Verde pertoCom 41 gravuras, xilogravuras e monotipias produzidas entre 2013 e 2021, a artista Célia Gondo promove a exposição individual Impressões Vigentes, na Vila Cultural Cora Coralina, no Centro de Goiânia. Ao seguir o tema da representação artística das vegetações e suas relações com o cotidiano, a goiana ilustra a sua relação com as plantas. “Meu pai foi um dos pioneiros na agricultura familiar no estado de Goiás, ele sempre trabalhou com chácaras, então eu sempre tive essa relação forte com as plantas”, explica a artista. Primeira individual de Célia Gondo, a exposição também apresenta a atual produção poética visual em procedimentos de gravura da artista. Mestre em arte e cultura visual pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e professora de Artes Visuais pela Secretaria Municipal de Educação em Goiânia, a expositora é uma das grandes representantes da gravura em Goiás. Atualmente, faz parte do grupo Ateliê de Gravura composto por artistas que trabalham especificamente com a produção de gravuras. Serviço Impressões VigentesData: até o dia 31 de janeiro, de segunda a sexta-feira, das 9h às 17hLocal: Vila Cultural Cora Coralina, Rua 23, atrás do Teatro Goiânia, CentroEntrada francaInformações: 32019863Entre experimentos e literaturaDuas exposições celebram o início de 2022 no Centro Cultural Octo Marques, localizado no Ed. Parthenon Center, no Centro. A primeira intitula-se Tubo de Ensaio 2, iniciativa do trabalho desenvolvido pelo professor e artista Luiz Mauro com nove artistas jovens inseridos no projeto Residência Artística Ateliê Livre: Âmbar, Adriano Braga, Marú, Bianca Rezende, Gabriela Chaves, Matheus Martins, Tatiana Susano, Daniela Marques e Walter Pimentel.Já a segunda presta uma homenagem ao escritor goiano Bernardo Élis chamada Retratos: Universo Literário, com 120 itens do escritor, entre fotos, livros raros, documentos e objetos pessoais. A mostra ainda conta com obras dos artistas Confaloni, Dj Oliveira e Amaury Menezes, bem como de Maria Carmelita Fleury Curado, esposa de Bernardo Élis. Todos eles conviveram e retrataram o escritor em vários momentos da sua vida pública, conseguindo ilustrar e revisitar muito bem os contos e romances de Bernardo.ServiçoExposições Octo MarquesData: em cartaz até o dia 25 de fevereiro, entre segunda e sexta-feira, das 9h äs 17h Local: Centro Cultural Octo Marques, Ed. Parthenon Center, Rua 4, 515, CentroEntrada francaInformações: 32014610A história que nos cercaPor meio de painéis fotográficos, sons e imagens, o visitante que passar pelo Museu da Imagem e do Som (MIS), no Centro Cultural Marieta Telles, poderá apreciar os diversos momentos da construção do edifício e a trajetória de ocupação do espaço que abrigou, nas primeiras décadas, as principais repartições públicas do Estado. A exposição A Retomada para o Amanhã apresenta o retrato da construção de Goiânia e dos primeiros anos da então nova capital de Goiás. A mostra é gratuita e foi idealizada para ocupar provisoriamente a Sala Alois Feichetenberg, espaço expositivo do MIS, até o início das obras de restauro do edifício, previstas para o final de 2022. Serviço A Retomada para o Amanhã Data: até o segundo semestre, de segunda a sexta-feira, das 10 às 17h Local: Museu da Imagem e do Som, no Centro Cultural Marieta Telles Machado, Praça Cívica, Centro Entrada francaInformações: 32014670 Galeria urbana Nem só galerias e museus oxigenam as artes visuais em Goiânia. Andar pelas ruas da cidade e dar de cara com painéis e grafites é um convite que diversos artistas promovem aos que transitam por diversos bairros, a exemplo do Centro, Setor Sul e o Shangry-lá. Com a proposta de colorir as regiões da capital, profissionais dão cor a muros e empenas de edifícios com diferentes técnicas e estilos artísticos. No projeto Arte Urbana nas Alturas, o artista Wes Gama, por meio da produtora Valenta, colore diversos prédios da região central, como na Rua 3 e na Av. Tocantins. Para cada trabalho, há um conceito inserido que reflete a cultura popular de Goiás: pássaros do Cerrado, filtros de barro, as bandeirolas das festas juninas e o famoso contador de causos Geraldinho. Os detalhes dos hábitos dos goianos acabam ganhando as cores do profissional."No meio da pandemia, quando espaços culturais, museus e galerias tiveram as atividades suspensas, a arte urbana ganhou ainda mais importância. A ideia é de que as pessoas possam refletir sobre a mensagem da obra e observar a cidade com outros olhares", destaca a produtora do projeto Larissa Pitman, que passou os últimos meses de 2020 catalogando possíveis prédios com empenas que poderiam receber os painéis artísticos. A ocupação artística pode ser apreciada também na Rua do Lazer, que tem redescoberto as potencialidades de lazer e cultura do bairro histórico. Nos dois becos da rua - beco do esporte e beco da cultura - grafiteiros de Goiânia, Aparecida e Anápolis que integram a Associação dos Grafiteiros pintaram os espaços públicos com diversas técnicas de arte urbana. Há ainda o Beco da Codorna, na Av. Anhanguera, considerado o primeiro museu a céu aberto da cidade e ponto turístico do Centro.-Imagem (Image_1.2387234)-Imagem (Image_1.2387236)