Até pouco tempo os Até pouco tempo os pais sofriam para encontrar a dose ideal de televisão e videogame na vida das crianças, hoje eles ainda precisam incluir tablets, smartphones e computadores nas negociações. Com o desenvolvimento espantoso da tecnologia torna-se mais difícil descobrir formas de despertar o interesse dos pequenos em brincar e praticar atividades, evitando o sedentarismo infantil. Na casa da mãe de João Pedro, de 13 anos, a dona de casa Hérica Graziela de Lemos Leite, o problema é que o garoto não é adepto a pratica de atividades físicas e prefere os equipamentos eletrônicos.O resultado do sedentarismo infantil já pode ser observado em números. De acordo com a pesquisa mais recente da Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade já atinge 124 milhões de crianças e jovens entre 5 e 19 anos no mundo. Nessa faixa etária, o Brasil registra índice acima da média mundial, com 9,4% das meninas e 12,7% dos meninos acima do peso. No caso de João Pedro, a mãe até tenta incentivar a prática de alguma atividade física, porém se for para o filho escolher sempre será algo relacionado à tecnologia.“No colégio ele tem algumas ocupações extras no sábado, mas o meu filho não se interessou por nada, quando demos uma forçada, escolheu fazer robótica. Ou seja, nada que exercita o corpo”, conta a mãe, confessando que João Pedro passa longe da recomendação da OMS, que é de praticar pelo menos uma hora de exercício por dia, cinco vezes por semana.Hérica conta que o filho passa boa parte do tempo envolvido com jogos eletrônicos. “É do videogame para o computador. Tenho consciência que o excesso e dos problemas de saúde que podem ser levados para o futuro, mas tento sempre regrar. Vivemos em tempos que não dá mais pra brincar na rua com a vizinhança devido à falta de segurança e como ele é filho único fica difícil fugir da modernidade”.ViolênciaO sedentarismo infantil está ligado a múltiplos fatores que compõem o ritmo de vida moderno. Os pais, com medo da violência, evitam que os filhos frequentem as ruas e interajam com os demais. Sem muitas opções de entretenimento, as crianças têm como refúgio os jogos de videogame, a internet e a televisão. A endocrinologista Fernanda Braga destaca que uma criança que pouco se locomove durante o dia e não pratica nenhuma atividade, certamente enfrentará sérios problemas de saúde. “Ao exercitar o corpo, calorias são queimadas e uma série de complicações é evitada, como obesidade, diabetes, hipertensão e outras doenças”, pontua.A ausência de atividade física já não é o caso da funcionária pública Camila de Oliveira Carvalho, que faz parte de uma pequena parcela da população que comemora o fato de o filho não entrar no índice de sedentarismo infantil. O problema atinge uma em cada três crianças entre 5 a 9 anos, segundo o levantamento mais recente do IBGE. A filha Gabriela, 9 anos, adora fazer natação, mas também não abre mão dos eletrônicos. “Se for para escolher entre ficar no tablet ou ir para a natação, prefiro a natação. Mas também gosto de jogar e assistir vídeos”, diz a garota.A especialista Fernanda Braga explica a importância de incentivar os pequenos a se exercitarem e que a família precisa dar exemplo, praticar alguma atividade e ter uma rotina. “Fazer qualquer tipo de atividade física traz benefícios incontáveis como melhorar a coordenação motora e a flexibilidade. Ajuda no crescimento saudável normal. Além de ter um desenvolvimento físico mais saudável, tem mais saúde mental, melhor convívio social e melhora o aprendizado”. Ela avisa também que é interessante buscar algo prazeroso para criança, que não seja apenas uma obrigação. Mas, claro, cabe ao responsável colocar o limite para o que é bom para saúde e futuro da criança. (Maria Jessyca Queiroz é estagiária do convênio entre o GJC e a Fasam).-Imagem (Image_1.1669467)