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Dormir em que posição e quanto tempo é o ideal para ter um sono reparador? (wavebreakmedia_micro/Freepik)

Você já deve ter ouvido ou lido em algum lugar que passamos um terço de nossas vidas dormindo ou descansando. Isso não é texto de propaganda de colchão, mas uma verdade científica, pois o sono é um dos pilares fundamentais para a nossa saúde física e mental. Diante disso, o POPULAR&nbsp;conversou com três especialistas a respeito do sono e para desvendar se&nbsp;existe ou não uma posição "ideal" para dormir?

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Especialistas apontam que o sono de qualidade melhora o equilíbrio físico, mental e emocional do ser humano, fortalece o sistema imunológico, ajuda a prevenir doenças e tem grande importância para o bom funcionamento do cérebro. De acordo com a médica&nbsp;Fernanda Chrispim, especialista em Medicina do Sono, as pessoas têm de considerar o sono como fundamental.

<cite>Muita gente pensa que dormir é perder tempo e está errado. O sono tem que ter qualidade e quantidade. Então, um sono de boa qualidade e uma quantidade adequada é fundamental para garantirmos uma boa saúde física e mental. Afinal, durante o sono temos a regeneração dos tecidos, recuperação muscular, fortalecimento do sistema imunológico, produção hormonal, o fortalecimento das nossas emoções positivas e a consolidação da memória” , afirma a médica.</cite>

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/saude-a-mesa/dormir-mal-engorda-1.3138878#state=7d1f921b-bc4c-44e7-9dbe-2e4c3ad16663&amp;session_state=1b3227f9-f0b8-40e4-86ff-fd8abf619077&amp;code=96c134a7-8611-4891-8c46-a875585d6342.1b3227f9-f0b8-40e4-86ff-fd8abf619077.b9b3328a-640e-4deb-9f63-4c9096be6cf7" style="font-size: 12px;" target="_blank">Dormir mal engorda?</a> 
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Já Lívio Teixeira,&nbsp;médico&nbsp;otorrinolaringologista especialista em Medicina do&nbsp;Sono, aponta que o sono merece a mesma atenção e cuidados que a atividade física e a alimentação.

“A gente passa, praticamente, 1/3 das nossas vidas dormindo. É sabido que durante o sono vários processos fisiológicos acontecem para que tenhamos um controle do nosso metabolismo durante o dia. Então, o sono é tão importante quanto a atividade física e a alimentação para o funcionamento do nosso organismo”, disse.

Mas além disso, o sono é importante para a prevenção de doenças neurodegenerativas. De acordo com o neurologista Brunno Oliveira, especialista em Medicina do Sono, o&nbsp;sono tem grande importância para além do simples ato de descansar.

“O sono tem grande importância, inclusive, para além do descanso e do relaxamento. Então, quando falamos em doenças neurodegenerativas, não só o Alzheimer, os estudos mais recentes mostram que o sono é superimportante na prevenção delas”, pontua o neurologista.&nbsp;

Nesse sentido, a&nbsp;médica&nbsp;Fernanda Chrispim explica como a&nbsp;privação de sono&nbsp;parece estar relacionada a declínio cognitivo e, consequentemente, maior risco de desenvolver a doença de Alzheimer.

<cite>Os estudos mostram que durante o dia, o nosso cérebro produz substâncias tóxicas e essas toxinas são eliminadas durante o sono. Existe um sistema no cérebro chamado glinfático, que age drenando resíduos tóxicos e metabólitos do sistema nervoso enquanto dormimos. Então, se as pessoas dormem mal ou pouco, ocorre o acúmulo desses resíduos tóxicos, principalmente, de uma proteína chamada beta-amilóide que é uma das responsáveis pela doença de Alzheimer”, enfatiza.</cite>

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<h2>Qualidade do sono</h2>

Você deve estar se perguntando: como saber se estamos dormindo bem? A resposta é simples. Precisamos acordar descansados e passar o dia com disposição tanto física quanto mental. Portanto,&nbsp;se você acorda cansado, com dor de cabeça, passa o dia irritado, com sonolência diurna excessiva; significa que o seu sono da noite não foi reparador.

Mas, calma! Não criemos, pânico. Dormir pouco ou mal também pode ser sintoma da falta de tempo muito associada à vida urbana e circunstâncias de trabalho inadequadas.&nbsp;

Diante disso, surge outra&nbsp;dúvida:&nbsp;será que eu dormi o suficiente esta noite?&nbsp;Quantas horas eu preciso dormir?&nbsp;Ouvimos que o ideal é&nbsp;dormir 8 horas, mas não é bem assim. Para começar, cada indivíduo é&nbsp;único. Por isso, não há um&nbsp;número mágico&nbsp;de horas recomendadas, como explica o neurologista Brunno Oliveira.

<cite>A gente dorme em média 8 horas por dia. Se você viver 100 anos, terá dormido 33 anos da sua vida. O tempo médio recomendado de sono é entre 7 e 9 horas de descanso. Mas, é claro que existem pessoas que vão dormir um pouco menos e outras que vão dormir um pouco mais. Isso depende muito da genética de cada pessoa”.&nbsp;</cite>

<h2>Qual método usar para saber seu tempo de sono e a qualidade dele?</h2>

Os relógios inteligentes, os famigerados smartwatches, monitoram a nossa frequência cardíaca, calorias gastas no dia até o número de passos e quilômetros andados. Além disso, esses dispositivos monitoram o nosso sono, fornecendo informações sobre a qualidade, horas dormidas e até quanto tempo passamos em cada fase do sono. Mas eles realmente funcionam?

Apesar de ajudar a reconhecer padrões nos hábitos do sono,&nbsp;não podemos confiar 100% no cálculo do relógio, como explica Lívio Teixeira.

“Esses relógios, tem levado cada vez mais pacientes ao consultório trazendo informações do tipo: ‘Olha, Doutor meu sono está assim (...) meu sono está assado’. Não estou tendo muito sono profundo’. Aí a gente tem que parar um tempo e explicar para o paciente como esse aplicativo pode ser útil ou até em que ponto ele é válido”, afirma.

<cite>Os aplicativos são úteis para saber se meu sono está sendo suficiente ou não, mas é preciso procurar um especialista do sono para descobrir o problema que tenho e como posso melhorar a qualidade do meu descanso”, completa.</cite>&nbsp;

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Smartwatches podem fornecer informações sobre os hábitos do sono e atividades gerais num determinado período de tempo (Freepik)

De acordo com o especialista, já existem diversos trabalhos no mundo inteiro, mostrando que esses dispositivos possuem validade para estimar tempo de sono. Porém,&nbsp;não se pode confiar 100% no cálculo do relógio, pois&nbsp;o dispositivo apenas capta os movimentos do corpo enquanto dormimos.

&nbsp;“Alguns relógios costumam mostrar se a pessoa teve sono REM ou profundo, porém a relevância desses dados já não é tão alta porque os aplicativos possuem um acelerômetro, ou seja, eles detectam movimento e repouso. Ou seja, se você não se movimenta, mas está acordado, ele vai calcular como sono”,&nbsp;explica Lívio Teixeira.

Na opinião do especialista,&nbsp;esse excesso de informações deixou as pessoas mais atentas para os cuidados com o sono, porém é preciso ter cuidado com os excessos que estão levando algumas pessoas, de tão preocupadas em dormir perfeitamente, a desenvolverem ortosonia, um tipo de ansiedade que as impede de ter um sono adequado.

<cite>O excesso de informações que temos por todos os lados, com a informação disponível a apenas um clique, as pessoas estão muito mais atentas para o sono. Por um lado, isso é muito bom porque as pessoas passaram a entender que o sono faz parte desse pilar da saúde. No entanto, por outro lado, esse desencontro de informação pode levar as pessoas a ficarem obcecadas com esses cuidados que é o que chamamos de ortosonia”, pontua Lívio Teixeira.</cite>&nbsp;

Portanto, para obter dados exatos sobre o nosso dormir, é preciso fazer um estudo médico do sono, seja através da&nbsp;polissonografia ou do diário do sono. Afinal, essas são prática clínicas capazes de diagnosticar distúrbios, como apneia.

<h2>Apneia do sono</h2>

A&nbsp;apneia do sono&nbsp;é uma doença crônica, potencialmente grave e que está intimamente relacionada com o ronco. Mas, embora seja o principal sintoma, o ronco não é o único fator envolvido nesse distúrbio, como nos explica o&nbsp;otorrinolaringologista Lívio Teixeira.

“A apneia do sono é classificada como uma doença que é caracterizada por diversas pausas respiratórias durante o sono. Geralmente, mais que cinco pausas por hora de sono e essas pausas estão associadas ao ronco. Porém, o ronco em si não é apneia. O ronco é um sintoma, não uma doença”.

Portanto, quem tem apneia, ronca.&nbsp;Porém, o contrário não necessariamente acontece, ou seja, uma pessoa pode roncar e não apresentar o diagnóstico de apneia.

Conforme, o otorrinolaringologista&nbsp;a apneia do sono é uma doença marcada&nbsp;por diversos fatores de risco e a única maneira de diagnosticá-la é monitorando o sono de alguém.

<cite>A apneia do sono é de causa multifatorial. É uma doença causada por fatores anatômicos como por exemplo desvio de septo, aumento das amigdalas, base de língua aumentada e outros; fatores esqueléticos, pois a nossa via respiratória está dentro de uma caixa óssea que é o esqueleto facial; e fatores funcionais como por exemplo a idade e o peso”, explica.</cite>

Estudos apontam que diversas são as comorbidades relacionadas a apneia do sono. Dentre elas, destaque para a hipertensão, que por sua vez aumenta a chance de eventos cardiovasculares de maior gravidade, como o infarto do miocárdio e o acidente vascular cerebral (AVC).

<cite>Os cuidados com o sono são importantes na prevenção não somente das doenças neurodegenerativas, isto é, àquelas que afetam as funções cognitivas, mas também para prevenir as doenças cardiocerebovasculares. O sono não vai resolver todos os nossos problemas, mas pode evitar vários outros que poderíamos ter. A gente pode ficar muitos dias sem comer, mas não conseguimos ficar muitos dias sem dormir”, alerta o neurologista Brunno Oliveira.</cite>

<h2>Qual a posição ideal para dormir?</h2>

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A melhor posição para dormir varia de pessoa para pessoa, mas algumas posições oferecem mais benefícios do que outras (Pixabay)

Agora que você sabe da&nbsp;grande importância que o sono possui para além do descanso e do relaxamento. Você deve estar se perguntando:&nbsp;existe uma posição "correta" ou "ideal" para dormir&nbsp;A&nbsp;posição ideal vai depender da preferência de cada um? Confira o que disseram os especialistas consultados pelo POPULAR.

“A melhor posição para dormirmos é de lado, com um travesseiro entre as pernas e o travesseiro da cabeça não pode ser muito alto e nem muito baixo, ou seja, precisa alinhar o pescoço com o restante do corpo para a coluna descansar. Se você dorme de barriga para cima aumenta o ronco e as dores lombares. Então, a melhor posição é a lateral”, disse a médica&nbsp;Fernanda Chrispim, especialista em Medicina do Sono.

“Isso vai depender muito do costume de cada pessoa. Tem gente que gosta de dormir de lado, outros de barriga para cima e alguns de barriga para baixo. O que acontece é que algumas pessoas levam certa vantagem em dormir em determinadas posições do que outras. Assim, falar que uma posição é certa ou errada, não podemos falar, pois isso varia para cada pessoa”,&nbsp;disse o neurologista Brunno Oliveira, especialista em Medicina do Sono.&nbsp;

<h2>Qual a receita para dormir bem?</h2>

Todos nós queremos dormir bem,&nbsp;mas nem todo mundo consegue. Nos casos em que não há diagnóstico de distúrbios mais sérios de saúde, mudanças comportamentais conhecidas como "higiene do sono" já podem ajudar e muito a obter um descanso reparador.

<cite>Não existe uma fórmula mágica, mas temos que ter práticas de higiene do sono. A primeira coisa a se fazer é priorizar o sono e lembrar que das 24 horas do dia, a gente precisa separar, pelo menos, 8 horas para dormir. Então, temos de estabelecer horário regular para dormir e acordar diariamente. É preciso se preparar para dormir”, afirma Fernanda Chrispim.</cite>

De acordo com a especialista, chegar em casa do trabalho e&nbsp;em casa e ir direto para a cama, assistir TV, trabalhar e comer em cima da cama são hábitos errados. Diante disso, a médica deu algumas dicas de uma série de hábitos que podem favorecer uma boa noite de sono.

“É preciso ter uma alimentação saudável, evitar alimentos pesados a noite e fazer uma refeição mais leve até 2 ou 3 horas antes de deitar. Evitar o excesso de bebidas cafeinadas durante o dia, o uso do celular e de telas durante a noite. É preciso tomar um banho morno, ter uma atividade relaxante antes de deitar e ir para cama na hora de dormir”, orienta Fernanda Chrispim.

ATENÇÃO!&nbsp;Se você continuar com problemas para dormir após adotar uma mudança de rotina e a higiene do sono, procure um médico especialista em Medicina do Sono.

Existe uma posição certa para dormir? Confira o que dizem especialistas

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SAÚDE

Fechar os olhos das crianças e estimular que "enxerguem" as letras com os outros sentidos sensoriais acelera o processo de alfabetização. O aprendizado é ainda mais eficaz e duradouro se elas dormirem após as atividades.As descobertas são de um estudo feito por um grupo de pesquisadores ligado ao Laboratório de Memória, Sono e Sonhos, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e ao Centro de Pesquisa em Neuromatemática (Cepid Neuromat). As conclusões estão em um artigo publicado nesta quinta (17) na revista científica Current Biology.O estudo, que tem entre seus autores o neurocientista Sidarta Ribeiro, fez um treino multissensorial em crianças de 5 a 7 anos de uma escola de Natal, a capital do Rio Grande do Norte, para tentar resolver uma confusão visual que o cérebro faz na identificação das letras e que prejudica o processo de alfabetização.Com apenas três semanas de atividades, o treinamento conseguiu zerar a quantidade de erros que as crianças cometem no início da alfabetização e duplicar a velocidade de leitura. Entre os alunos, em que foi testado dar um tempo de sono de 2 horas após o treino, o conhecimento adquirido se manteve intacto após 4 meses.Pesquisas anteriores já sugeriam que um mecanismo cerebral, chamado de invariância em espelho, impede a distinção entre imagens espelhadas. Apesar de os olhos enxergarem as imagens como diferentes, o cérebro as processa como sendo iguais.Essa confusão visual atrapalha a alfabetização, já que a criança não consegue distinguir letras espelhadas, como d e b ou p e q. A dificuldade de distinção também alcança outras letras, por isso, é comum os alunos nessa idade escreverem algumas delas ao contrário, como s e z."É um comportamento do cérebro que está ativo há 25 milhões de anos e que não atrapalha outras tarefas cotidianas, mas dificulta a alfabetização. É normal que as crianças apresentem essa dificuldade em algum momento, mas que vai sendo corrigida conforme aprendem a ler e escrever", explica Ribeiro, vice-diretor do Instituto do Cérebro da UFRN.Segundo o estudo, a distinção visual melhora conforme a fluência na leitura avança. Processo que demora de 2 a 3 anos para ser consolidado. No entanto, os pesquisadores descobriram que o estímulo com outros sentidos pode acelerar essa capacidade. Com o treino desenvolvido, as crianças aprenderam a distinguir as letras com apenas 3 semanas de atividades.O estudo foi feito com 102 crianças de uma escola de Natal, que foram distribuídas aleatoriamente em 4 grupos --dois deles de controle, um que fez apenas o treinamento multissensorial e outro que recebeu o treino e depois pode dormir.Com o treino, de atividades diárias de 30 minutos durante 3 semanas, foi verificado que era possível "consertar" a confusão visual. O treinamento consistia em vendar as crianças e apresentar as letras espelhadas a elas com outros estímulos.Por exemplo, desenhar na palma das mãos dos alunos as letras, falar em voz alta os sons que têm. Dessa forma, outras áreas do cérebro foram estimuladas para entender a diferença entre letras, que antes eram processadas pelo sistema visual como iguais."O treino que desenvolvemos multiplicou os mapas entres os sistemas cerebrais para assimilar essas diferenças. A criança para de depender apenas do sistema visual que é exatamente onde há a confusão. Com diferentes estímulos, ela ganha novas percepções sobre as letras", diz o psiquiatra Felipe Pegado.Após as três semanas, as crianças que receberam o treinamento zeraram os erros de confusão de letra que cometiam antes. Enquanto seus colegas, que estavam no grupo sem intervenção, continuaram com o mesmo erro e na mesma proporção inicial, em 75% das vezes que tinham de fazer a distinção.Além do treino multissensorial, os pesquisadores também separaram um grupo de crianças para que pudessem dormir logo após o treinamento. Outras pesquisas do laboratório já haviam indicado que a soneca na escola ajuda a consolidar o aprendizado."No sono acontecem processos que ajudam o cérebro a lembrar melhor, esquecer o que não importa e a reestruturar memórias. Se o sono for logo depois de um aprendizado significativo, há menos interferência e o cérebro consegue selecionar melhor o que guardar", diz Ribeiro.A pesquisa identificou que, 4 meses após o fim do treinamento, as crianças que tiveram o tempo de sono mantiveram o aprendizado, com índice praticamente zero de erros na distinção de letras. No entanto, as que só receberam o treino sem ter tirado uma soneca depois, voltaram a apresentar erros, em cerca de 20% das vezes --ainda bastante abaixo dos que não foram treinados."Descobrimos que o treinamento funciona porque a discriminação visual das crianças ficou perfeita e em muito pouco tempo. Só que, sem dormir, elas desaprendem depois. Sem o sono, o aprendizado tem curta duração", diz Ribeiro.Para os pesquisadores, as descobertas trazem contribuições importantes para o processo da alfabetização, etapa considerada crucial para a trajetória escolar das crianças. Além dos resultados rápidos e eficazes, as intervenções são simples e poderiam ser aplicadas em qualquer escola."Essa troca que a criança faz atrapalha o aprendizado e pode, já no começo da vida escolar, criar uma resistência. O aluno tem dificuldade, lê mais devagar, não compreende o que está lendo e perde o interesse. A intervenção pode ajudar a resolver mais rapidamente essa confusão do cérebro", diz a pesquisadora e primeira autora do trabalho, Ana Raquel Torres.

Estimular fala, tato, audição e soneca na escola acelera alfabetização de crianças, aponta estudo

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A ilustradora e cenógrafa Giorgia Massetani, de 33 anos, acredita que os sonhos estão refletindo os seus sentimentos mais profundos neste momento. “Estou na beira do mar. Não tem praia, são rochas. O mar parece aqueles dos filmes de Miyazaki (Hayao Miyazaki é um animador, cineasta, roteirista, escritor e artista de mangá japonês). O céu é luminoso e o mar é de um azul lindíssimo, mas a correnteza é forte. Estou lá com outras garotas. Uma se joga no mar. Eu a chamo e digo para ter cuidado por causa da correnteza.Depois, vamos embora em uma Kombi e o caminho de volta parece aquelas cidades de praia italianas, com as casas de dois andares em estilo do começo do século com flores vermelhas e rosas subindo os portões de ferro dos jardins”, descreve Giorgia. “No sonho, acredito, estou olhando para dentro de mim e dos meus sentimentos. No momento, me sinto em paz em estar no meu mundo e com minhas regras. Ainda assim, fora do meu mundo, não consigo controlar os meus medos e inseguranças.”Para a neurologista e especialista em medicina do sono e coordenadora do Laboratório e Ambulatório de Sono do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas Rosa Hasan, o momento que estamos vivendo se reflete em nossos sonhos, mas podem ser “trabalhados” ainda durante a vigília. “Nesse momento de muita tensão, de sofrimento e ansiedade, é normal que as pessoas sonhem com coisas relacionadas a tudo isso. Mas acredito que é possível se cercar de coisas bonitas e ter sonhos positivos”, disse. “Minha sugestão é não ficar só no lado negativo. Veja as coisas boas que estão acontecendo, leia um livro, veja um filme, converse com os amigos, faça uma atividade em família. Prepare-se para o sono, limpe a mente com algum hobby, música, oração ou meditação.”&nbsp;A ceramista Sandra Alves Sant’Anna, de 49 anos, está na fila do supermercado. No início, as pessoas mantêm uma distância razoável umas das outras. De repente, o clima vai ficando pesado, o medo no olhar dos clientes é visível. Brigas começam a estourar por todo o supermercado. Não são mais humanos, são zumbis, estão em transe. Sandra tenta se arrastar para a saída.Já o arquiteto e urbanista Frederico Zanelato, 47 anos, está em um cruzeiro. O navio está à deriva, sem comandante, e os passageiros estão presos nele. Às vezes, tem comida; outras vezes, outros barcos se aproximam e jogam comida e produtos de primeira necessidade para dentro da embarcação. Desconhecidos tiram a temperatura dos passageiros com termômetros digitais que se parecem com armas futuristas. Ninguém pode sair de lá. Frederico não consegue enxergar o sol. Tudo é sombrio e angustiante.Sandra e Fred acordaram. Ainda bem. Tudo não passou de um sonho. Na verdade, sonhos alimentados por um período de quarentena, distanciamento social e, principalmente, pela própria pandemia do novo coronavírus. “Normalmente, meus sonhos são relacionados ao dia a dia. Hoje, só pode ser sobre a pandemia”, diz Sandra.&nbsp;“O sonho reflete a situação que vivemos. Estamos em casa, com medo de sair e contrair uma doença que pode ser fatal. Dependemos da ajuda uns dos outros, mas estamos sem comandante, desgovernados”, opina Frederico.Para o psiquiatra especializado em Medicina Psicossomática e Hipnose Clínica Leonard Verea, os sonhos desse período são frutos de uma grande frustração. “Vivemos um momento de frustração porque não conseguimos liberar nossas emoções e fantasias durante a vigília, já que estamos todos confinados. Então os nossos sonhos refletem as inseguranças e incertezas”, avalia.&nbsp;Muitas vezes, os sonhos da quarentena estão relacionados a questões e problemas pontuais e derivados de uma vida com restrições. A administradora Priscila Cavalcante, de 36 anos, por exemplo, sonhou com colegas de trabalho na casa dela. Eles assistiam a filmes e tomavam vinho. “Tem a ver com esse momento de confusão e com o fato de não poder receber ninguém em casa”, disse. Já a analista contábil Elizabeth Cruz de Almeida, de 37 anos, sonhou que estava fazendo um empréstimo bancário. “Minha prima já foi demitida na semana passada. Certeza que meu sonho tem a ver com o caos econômico que vamos passar.”&nbsp;A aposentada Clotilde Duarte Reis, de 66 anos, sonhou que estava em férias na Tailândia, onde sempre era noite e chovia. Ela sentia medo e procurava um estabelecimento que vendesse pão. “Vivemos algo inacreditável. A população mundial está trancafiada. O sonho está relacionado a isso.”Para o diretor clínico do Instituto de Psiquiatria Paulista, Henrique Moura Leite Bottura, os pacientes estão desorganizados no horário de dormir, não conseguem manter um rotina – e isso impacta na qualidade de vida e dos sonhos. “As pessoas têm sonhos recorrentes em momentos difíceis. Sonham com cobranças, fugas, que estão caindo ou com coisas que deixaram para trás. O nosso inconsciente trabalha com o nível de tensão que estamos vivendo.”&nbsp;O cotidiano vivido na pandemia se mistura com o medo e a nossa bagagem cultural. “Sonhei que levava minha mãe pra fazer quarentena na Bélgica! Acho que tem a ver com o fato de eu ter lido o começo do Decamerão. Boccaccio descreve as circunstâncias envolvendo a epidemia da peste negra”, conta o professor de inglês Liracio Cavalcante Junior, de 43 anos, que acredita também que o sonho estranho tenha a ver com a preocupação com a mãe.&nbsp;“Na sexta (20), fui no Jaraguá, onde ela mora, e fiz atividades de banco e mercado pra que ela e a irmã, também idosa, não tivessem de sair da casa. Depois li sobre a peste negra. Isso explica meu sonho aburguesado tentando fugir pra Bélgica, onde, ironicamente, a epidemia grassa.”Análise: Estamos longe de entender os sonhos Por Daniel Suzuki Borges*A ciência dos sonhos desperta muito interesse e curiosidade. Ainda estamos longe de entendê-los por completo. Em geral, sonhos são como um “palco protegido/seguro”, onde podemos ensaiar a vida.Quando estamos em REM (fase do sono na qual os sonhos são mais vívidos), o corpo se encontra com inibição da atividade motora, muito relaxado, enquanto a atividade cerebral é bastante exuberante. Diferentemente de outras fases do sono, a atividade cerebral no sono REM se assemelha muito ao do padrão visto quando estamos acordados (podemos ver isso em eletroencefalogramas, exames de neuroimagem funcional, por exemplo).Se não tivermos essa inibição da atividade motora, o corpo começa a “atuar” o sonho. Imagina o perigo: se você sonha que está lutando... Sem essa inibição, corre o risco de se machucar ou a um companheiro de cama, para citar um exemplo. Existe um distúrbio do sono em que isso acontece: chama-se Transtorno Comportamental do Sono REM. Qualquer conteúdo de sonho nesse distúrbio tem potencial de ser “atuado”.Com frequência, a experiência pessoal e a vivência atual acabam influenciando o “enredo” dos sonhos. Mesmo que, na maior parte das vezes, trata-se de uma “narrativa” anárquica, sem sentido lógico na maior parte do tempo. O que podemos pensar na influência disso, nesse contexto de crise sanitária, pode ser um assunto que pode aparecer frequentemente, quer seja de forma explícita, quer seja de maneiras não muito claras.As preocupações podem se incorporar aos sonhos, sejam atuais ou passadas. Dependendo de quão traumática for essa experiência, isso pode aparecer na forma de pesadelos. Em especial, em profissionais de saúde no front dessa “guerra”.*MÉDICO ASSISTENTE DO GRUPO DE DISTÚRBIOS DO SONO DO INSTITUTO DE PSIQUIATRIA DO HC

Como a pandemia do novo coronavírus perturba o sono e provoca pesadelos

Dormir como um anjo. Para a dona de casa Emiliana Oliveira Gomes, de 91 anos, o motivo de tanta disposição e energia está no cuidado que sempre teve com a qualidade do sono. A rotina é rigorosa. Todos os dias, por volta das 21h30, ela já está na cama. O despertar é sempre por volta das 5 horas. “Sou uma das poucas idosas que conheço que não toma remédio para insônia. Claro que, com o passar dos anos, o número de horas dormidas diminuiu, mas não tenho do que reclamar”, conta. Dona Emiliana é realmente uma exceção à regra. Envelhecer costuma alterar os padrões de descanso, o sono fica mais leve e não ultrapassa oito horas por dia. O assunto é um dos temas que serão discutidos no Expo Viver Melhor, evento de longevidade e bem-estar que será realizado dias 13 e 14, no Flamboyant Shopping Center. A feira, que tem entrada franca, será um espaço para conversas e demonstrações de produtos e serviços que contribuam para a promoção do bem-estar, saúde e qualidade de vida para pessoas de meia-idade ou de idade avançada (leia mais sobre o evento no site acontece.opopular.com.br).Convidada do evento para falar sobre longevidade e sono, a médica Giuliana Macedo, neurologista com especialização em medicina do sono, explica que o sono do idoso tende a ser mais polifásico, como o do recém-nascido, diferente do sono do adulto, que é monofásico, ou seja, concentrado no período noturno. “Além disso, à medida que envelhecemos, a quantidade de sono profundo diminui e a de sono mais leve aumenta, assim como existe um aumento fisiológico no número de despertares, mesmo na ausência de transtornos de sono”, explica. O sono é algo tão importante para a manutenção da saúde quanto comer ou respirar. É durante ele que o corpo trabalha para produzir substâncias importantes e primordiais ao organismo. Giuliana conta que a maior parte dos pacientes idosos que a procuram apresenta dificuldade em dormir, insônia e sintomas respiratórios do sono, como ronco e apneia do sono, distúrbio potencialmente grave em que a pessoa para de respirar, por alguns segundos, diversas vezes durante a noite.Contudo, para ela, é possível, sim, entrar na velhice sem queixas relacionadas ao sono. “Desde que se tenha bons hábitos de sono, como evitar o sedentarismo, ter um ambiente adequado, um quarto escuro e bem climatizado e que os transtornos de sono, que porventura estejam presentes nos idosos, sejam tratados”, ressalta a médica. No caso de dona Emiliana, as aulas de teatro e a prática de atividade física são apontadas por ela como as responsáveis pelas noites bem dormidas.Cansaço persistente, irritação, falta de atenção e queda de rendimento são algumas das consequências mais comuns dos distúrbios de sono. O melhor método para avaliar a qualidade dele é a polissonografia, exame que tem o papel de analisar o paciente enquanto dorme. “O sono para ser restaurador precisa ter regularidade de horário, duração adequada para cada idade e qualidade, ou seja, que se atinjam adequadamente as fases profundas do sono sem muita interrupção”, explica Giuliana.<div attr-cid="policy:Image_1.2009113" attr-version="policy:Image_1.2009113" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:Image_1.2009113" data-onecms-type="image" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'Image_1.2009113', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:Image_1.2009113">Imagem (Image_1.2009113)</a></div>

Por noites bem dormidas

<div attr-cid="policy:Image_1.2009113" attr-version="policy:Image_1.2009113" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:Image_1.2009113" data-onecms-type="image" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'Image_1.2009113', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:Image_1.2009113">Imagem (Image_1.2009113)</a></div>A falta de sono aumenta a pressão sanguínea e sobrecarrega o coração. Para os idosos, ter um padrão regular de sono, que é de sete horas por dia, ajuda a manter a memória e a concentração. Os cochilos diurnos prolongados podem ser vilões e devem ser evitados. Evitar alimentos pesados e estimulantes no período da noite, como café e frituras, também é recomendado.Na prática, quem dorme bem, envelhece melhor e com mais qualidade de vida. “Dormir bem é dormir a quantidade de horas que satisfaça, sem provocar sonolência, irritabilidade ou prejuízo nas atividades laborais. E também ter qualidade de sono, sem privação e patologias, como apneia do sono ou insônia, doenças extremamente prevalentes na população”, explica o otorrinolaringologista Danilo Sguillar, especialista em medicina do sono. Para ele, envelhecer com saúde é preocupar-se com o presente, evitando doenças cardiovasculares e metabólicas futuras. “Sem sombra de dúvidas, dormir bem é envelhecer com saúde”, explica. A necessidade de sono costuma diminuir ao longo da vida e é na terceira idade o período em que se torna menor. O idoso torna-se mais matutino, tende a dormir e acordar mais cedo. “Chegar na terceira idade não é sinônimo de fim da linha, perda de esperança. Procurar fazer exercícios físicos diários, exercitar a mente, expor-se à luz solar e tratar de forma correta as doenças são medidas fundamentais para ter uma boa noite de sono”, orienta o médico.