Um verdadeiro encontro vivo entre a tradição e criatividade, reunindo mãos que guardam saberes antigos e olhares que projetam o futuro. É assim que as artesãs e artesãos destacam a Feira Artesanal do Centro-Oeste, evento que reúne uma vitrine nacional de produtos, ferramentas e técnicas voltadas para o artesanato, arte manual e trabalhos criativos. A edição deste ano começa nesta quinta-feira (2), a partir das 13 horas, no Centro de Convenções de Goiânia, no Centro.

Mais do que um mercado, a 2ª edição do projeto se torna ponto de encontro entre artesãos e visitantes, onde histórias se cruzam e experiências são compartilhadas. Cerca de 60 expositores de diferentes estados, como São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, participam do evento, que deve atrair aproximadamente 8 mil visitantes ao longo dos quatro dias, segundo a organização do evento. A feira segue aberta até o domingo (5).

A programação inclui exposições, demonstrações, cursos gratuitos e lançamentos de novos produtos. Parte das atividades será realizada nos estandes, com acesso por ordem de chegada. Já as ações formativas com vagas limitadas exigem inscrição prévia, cujas informações estão disponíveis no site oficial da feira (wrsaopaulo.com.br).

Ao caminhar pelos corredores da feira, o público não apenas descobre objetos únicos, mas também conhece as narrativas de quem os produz, em um diálogo direto entre criador e admirador. Essa troca confere ao artesanato um valor que vai além da estética: o da identidade.

Entre os itens comercializados, o público pode encontrar tecidos, linhas, lãs, papéis, MDF, aviamentos, máquinas, acessórios, feltros, fitas e materiais voltados à confeitaria. A feira atende tanto o público varejista quanto atacadista, contemplando desde iniciantes até profissionais que têm no trabalho manual sua principal fonte de renda.

A cada edição, a Feira Artesanal do Centro-Oeste fortalece a economia criativa e valoriza o patrimônio imaterial de Goiás. O projeto também reafirma o artesanato como patrimônio vivo, capaz de sustentar famílias, gerar renda e, ao mesmo tempo, preservar tradições que resistem ao tempo. É celebração e resistência, memória e novidade, unindo o passado às possibilidades do presente.

A ideia é de que haja uma convergência entre diversos artesãos e artesãs brasileiras em Goiás, um dos principais polos criativos do País. Para tanto, a agenda se estende para atividades profissionalizantes que garantem a qualidade e a troca de saberes populares dos respectivos exposidores que integram a segunda edição da Feira Artesanal.

Com foco na criatividade, na capacitação e na valorização do fazer artesanal, a Feira Artesanal Centro-Oeste se firma como um espaço de troca, aprendizado e estímulo ao empreendedorismo criativo. A entrada é permitida para maiores de 12 anos, com exceção feita a bebês de até 2 anos.

Serviço

Evento: Feira Artesanal Centro-Oeste

Data:&nbsp;abertura nesta quinta-feira (2), a partir das 13 horas

Endereço:&nbsp;Centro de Convenções de Goiânia – Rua 4, 1400, Setor Central, Goiânia (GO)

Ingressos:&nbsp;R$ 20 (inteira)

Informações:&nbsp;@artesanalcentrooeste

Feira Artesanal do Centro-Oeste reúne mais de 60 expositores no Centro de Convenções

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LAZER

A arte existe porque a vida não basta. A frase do poeta Ferreira Gullar está bordada em letras garrafais em um vestido feito pela artista Lara Cristina, de 56 anos. “Fui professora de natação e hidroginástica até um ano atrás. Só agora estou vivendo da minha arte”, brinca a goiana, que se apaixonou pelos saberes manuais. Ela e outras profissionais participam da Semana de Arte Têxtil, que ocupa o Centro Cultural Octo Marques.

Como forma de propagar a arte ancestral das linhas, como o bordado e o tricô, além de reiterar técnicas e saberes, Lara tem celebrado a tradição milenar passada de geração em geração. Na infância, ela tinha aulas de artes manuais no Colégio Auxilium, em Anápolis. “Eu sempre bordei como hobby, e agora estou trabalhando com cursos dessa atividade. Gosto de palavras. Quando vejo uma imagem ou objeto que me inspira, a frase já se apresenta e o bordado surge”, conta.

As atividades manuais, como forma de arte e artesanato, tem suas raízes na pré-história, com evidências de práticas de costura e decoração de tecidos encontradas em diversos sítios arqueológicos ao redor do mundo. O ponto cruz, um dos primeiros - e principais - pontos utilizados, surgiu nesse período, com ferramentas primitivas como agulhas de osso e fios feitos de fibras vegetais.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/economia/agricultura-familiar-ganha-reforco-em-feira-1.3272897" target="_self">Agricultura familiar ganha reforço em feira</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/festival-o-sentir-delas-celebra-a-forca-e-a-diversidade-da-musica-e-das-artes-produzidas-por-mulheres-1.3265886" target="_self">Festival O Sentir Delas celebra a força e a diversidade da música e das artes produzidas por mulheres</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/tipica-de-goiania-torta-de-feira-e-febre-nas-redes-sociais-e-bancas-tem-filas-com-senha-para-atender-a-demanda-1.3264996" target="_self">Típica de Goiânia, torta de feira é febre nas redes sociais e bancas têm filas com senha para atender a demanda</a></div>

As artes manuais são algumas das tradições que mais se mantêm na cultura e identidade de Goiás. Nas cidades do interior, é costume ver mulheres vendendo suas toalhas de mesa com bordados que vão desde flores e animais, até nomes e frases religiosas. Em Goiânia, na Rua 4, também é rotineiro ver senhorinhas com agulha e linhas nas tradicionais lojas de aviamento que ocupam a região da cidade.

“As atividades manuais nos fazem focar no movimento das mãos, o que pode nos levar a um estado de quase meditação”, revela Lara, que não borda apenas no tecido. A profissional tem feito obras no papel, bastidor e na cerâmica. Outras artistas que participam da Semana de Arte Têxtil ainda levam os trabalhos para espaços urbanos, como a pesquisadora Itandehuy Castañeda.

Se engana quem acha que tradições como o bordado e o tricô vão sumir de vez com os nascidos na primeira metade do século 20, a chamada geração Baby Boomer. “Não acredito no desaparecimento desses saberes manuais. Estamos todos adoecidos pelo uso sem controle das telas, seja no celular ou computador, o que piora nossa qualidade de vida. Esse efeito está sendo redescoberto pelas novas gerações e oportunizando uma grande e variada quantidade de cursos e clube de hobbies, renovando e multiplicando os praticantes dessas artes”, salienta.

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O uso do bordado em papel é uma das técnicas aplicadas por Lara Cristina (Diomício Gomes)

Nos bastidores do aclamado Ainda Estou Aqui (2024), a imagem de Fernanda Torres e Valentina Herszage fazendo crochê nos intervalos das gravações viralizou nas redes sociais. As atrizes costumavam tricotar juntas para relaxar, se concentrar e fortalecer o vínculo, já que na produção elas interpretam mãe e filha. Valentina revelou que, em algumas ocasiões, elas ficavam em silêncio enquanto trabalhavam no crochê, enquanto em outras, conversavam animadamente.

<h2>Transformação</h2>

A renovação de gerações é um dos fatos curiosos dos sabores manuais, que se transformam sempre, independente das tecnologias. No caso da professora de arte Laura Macêdo, de 26 anos, que também integra o time de participantes da Semana de Arte Têxtil, as linhas e agulhas acompanham sua vida desde a infância. Neta de costureira, ela sempre teve o bordado como uma prática afetiva e familiar entre as mulheres que a cercam.

“Eu aprendi a bordar aos 7 anos. Na época, as minhas vizinhas de condomínio, todas idosas, se reuniam na área comum com suas linhas, tecidos e agulhas e passavam horas conversando e bordando. Aquilo me fascinava ao ponto de ter me feito aproximar delas e, como consequência, ter aprendido o bordado”, relembra a goiana. “Voltei a essa prática, pois lembrei que o bordado é uma técnica que trabalha a resiliência. Bordar é desmanchar. É fazer de novo. É dar uma nova chance para algo que pode ser refeito”, continua.

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Laura Macêdo costuma aplicar bordados em fotografias: “Bordar é desmanchar. É fazer de novo” (Diomício Gomes)

Muito além dos bordados tradicionais, Laura gosta de aplicar a técnica em papel, especificamente em fotografias. A ideia é bordar histórias, costurar memórias e criar algo para ser guardado junto com as imagens. “Como temática, trabalho temas que envolvem memória e ancestralidade feminina, o que me conectou de volta à prática do bordado e a minha formação acadêmica inicial como historiadora”, revela a professora.

Para o coordenador da Escola de Artes Visuais e da Semana de Arte Têxtil, Gabriel Neves, muitos artistas que hoje usam as artes têxteis, seja as utilizando exclusivamente ou associando a outras linguagens artísticas, realizam certa reverência às práticas milenares e tradicionais. “Elas carregam componentes simbólicos ricos que nos conectam às comunidades originárias que as criaram. Exemplos disso são as práticas têxteis dos povos originários brasileiros que deixaram registros e fazeres artesanais explorados e recriados até hoje”, completa.

Evento: Semana de Arte Têxtil

Data: Programação até sábado (2) 
Local: Centro Cultural Octo Marques, Edifício Parthenon Center, acesso pela Rua 7, Centro 
Entrada gratuita 
Informações: @octomarques.secultgoias

Práticas manuais com o bordado e o crochê seguem firmes em mãos de artistas goianas

COMPORTAMENTO

A segunda edição da Expoart começa nesta terça-feira (6) e segue até 24 de maio no Aparecida Shopping. A entrada é gratuita e o início a partir das 10h30. A feira tem como propósito reconhecer o talento dos artesãos e ceramistas aparecidenses, além de oferecer espaço para exposição e comercialização de suas obras. Durante a mostra, o público poderá apreciar peças autorais em cerâmica, madeira, escultura e outras expressões artísticas, todas produzidas por artistas da cidade. A proposta é que a Expoart percorra diferentes espaços públicos e privados como praças, shoppings e condomínios, democratizando o acesso à arte local e fortalecendo a identidade cultural de Aparecida. A primeira edição foi realizada no hall de entrada da Cidade Administrativa Maguito Vilela. A feira é realizada pela Prefeitura de Aparecida, por meio da Secretaria Municipal de Cultura.

Segunda edição da Expoart abre nesta terça-feira (6) e segue até 24 de maio

ARTESANATO

Nesta quinta-feira (24), feriado em razão do aniversário de 91 anos de Goiânia, o Cepal Setor Sul recebe programação musical intensa com shows e DJs no Festival Ativista, a partir das 14 horas. Ao longo do dia, o evento também conta com live painting, arte urbana, praça de alimentação e bebidas e uma parceria com a Feira das Minas, que leva empreendedoras de artesanato e gastronomia. A entrada é gratuita.

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Celebrando a diversidade cultural da cidade, o festival conta com apresentações musicais que vão do samba ao rock. Às 17h30, o evento recebe o Encontro dos Blocos de Carnaval de Goiânia, seguido do show da banda Mechanics. Às 20h30, sobe ao palco o projeto Show Delas, que conta com Nila Branco, Valéria Costa, Maira Lemos e Cláudia Vieira (foto) na formação.

O DJ Johnny Black preparou uma apresentação especial, convidando os artistas Anarkotrans, Muralha, Monster NZ, Faell Pitbull e Silvvr para participar. Ainda na programação de shows estão as bandas Lâmpada Mágica e Samba pela Democracia e os cantores Karl e Maaju. Os DJs Bárbara Novais, Fabricio Rodrigues e Low completam a programação.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/exposic-o-fotografica-celebra-os-91-anos-de-goiania-1.3190610" target="_blank">Exposição fotográfica celebra os 91 anos de Goiânia</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/confira-a-programac-o-de-cinema-de-goiania-e-aparecida-de-24-a-31-de-outubro-de-2024-1.3190598" target="_blank">Confira a programação de cinema de Goiânia e Aparecida de 24 a 31 de outubro de 2024</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/goianos-de-todas-as-idades-se-preparam-para-o-show-de-roberto-carlos-1.3190579" target="_blank">Goianos de todas as idades se preparam para o show de Roberto Carlos</a></div>

Com o slogan Goiânia Sim, Fred Não, o festival surgiu do movimento homônimo que reuniu artistas, ativistas e cidadãos às vésperas da eleição municipal. “Neste momento decisivo para Goiânia, o festival é mais que um evento cultural: é um manifesto político. Estamos reunindo artistas, coletivos e cidadãos que acreditam na diversidade e na justiça social, deixando claro que a cultura e as pautas progressistas precisam estar necessariamente no centro do debate político”, comenta Vitor Cadillac, um dos organizadores do evento ao lado de nomes como o presidente do Iphan, Gilvane Felipe, e Edmar Carneiro, diretor do Basileu França.

Festival Ativista une música, arte urbana e artesanato no Cepal do Setor Sul

GRATUITO

Reinventar a madeira é o ofício de Edgar Brandão, artesão goiano de mãos cheias que dá outros significados a pedaços de árvores que encontra pelo caminho. De sua oficina localizada na Av. Rio Grande do Sul, no coração da antiga Campininha das Flores, saem pássaros coloridos, rostos indígenas, pierrôs e bailarinas saltitantes.&nbsp;

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Brandão é um entre os diversos artistas espalhados por Goiás que criam formas imaginárias por meio da madeira. Galhos, troncos e pedaços de móveis antigos se tornam objetos de arte, decoração e design. Se você passar pelo ateliê do profissional nesta semana, vai encontrar poucos trabalhos prontos à venda. Tudo porque ele acabou de comercializar o acervo para feiras de artesanato de norte a sul do País.&nbsp;

"Recebo ligações de galeristas de São Paulo, Pernambuco, Ceará, Sergipe, Rio Grande do Sul em busca das minhas obras. O trabalho é constante, mas é preciso tempo e cuidado na hora de criar as peças", explica Brandão, que já levou seus trabalhos para integrarem ambientes da CasaCor por três vezes seguidas. O artesão também é presença cativa em feiras, muitas ofertadas pelo Sebrae.&nbsp;

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/artista-que-ja-homenageou-will-smith-e-viola-davis-pinta-mural-na-europa-retratando-o-jogador-vini-jr-1.3187905" target="_blank">Artista que já homenageou Will Smith e Viola Davis pinta mural na Europa retratando o jogador Vini Jr</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/centro-cultural-octo-marques-abre-tres-exposic-es-simultaneas-e-gratuitas-a-partir-de-quinta-feira-17-1.3187634" target="_blank">Centro Cultural Octo Marques abre três exposições simultâneas e gratuitas a partir de quinta-feira (17)</a></div>

Aos 66 anos, o goianiense começou a trabalhar na madeira há duas décadas, quando resolveu abandonar a profissão de publicitário para tentar algo mais artístico. "Gosto de qualquer madeira, uso qualquer uma, mas existem algumas especiais onde consigo mostrar mais a minha arte, com a pau-brasil. Tenho muitos amigos que tem chácaras, fazendas. Eu vou até lá para colher madeira morta, já no pasto. Se o artista não der um caminho ela vai parar no forno da padaria", se diverte.&nbsp;

Foi dando formas a pedaços de madeira que o artesão Zé Cidadão, 78, se tornou um dos nomes mais expressivos das artes de Silvânia, a 84 km de Goiânia. Em sua oficina cheia de troncos de madeira e passarinhos em gaiolas, o artista entalha o Nosso Senhor do Bonfim em grande dimensão para ser colocado na igreja que leva o nome do padroeiro. O santuário, de 250 anos e marco zero da cidade, está em processo de revitalização que deve terminar até o final do ano.&nbsp;

"Trabalho com minhas imagens em um processo muito pessoal", adianta o artista, que iniciou seus trabalhos em argila aos nove anos. "Sempre gostei de lavrar madeira, cortar. Costumo fazer animais do Cerrado, imagens sacras, corujas e outros pássaros. Esses dias fiz até uma Cora Coralina. Cada peça revela uma história única", diz o artesão, que tem o desejo de construir um espaço educativo e cultural para repassar todo o aprendizado e legado para artistas mais jovens que querem se enveredar pela arte da madeira.&nbsp;

Sempre que pode, Zé Cidadão viaja apresentando seus trabalhos em outros lugares, como em feiras de artesanato em Brasília (DF) e na própria cidade. Em Silvânia existe, por exemplo, a Semana do Artesanato, momento para os artistas da região mostrarem suas obras e discutir a importância dos saberes populares. "É preciso propagar o conhecimento e passar adiante os ensinamentos", completa o ancião.&nbsp;

<h2>GERAÇÃO</h2>

Zé Cidadão é uma das principais referências para a nova geração das artes da região. É o caso, por exemplo, de Nando de Sousa, que aos 36 anos se desponta na cena do artesanato. O interesse pela madeira vem desde criança, quando visitava uma serraria perto de casa para recolher sobras e usar como brinquedo. Mais tarde, começou a fazer cursos e criou o seu primeiro móvel, uma cadeira.&nbsp;

O goiano não parou por aí: vieram objetos decorativos, utilitários e outros mobiliários que hoje integram o seu catálogo diverso. A madeira, para Nando, é uma matéria-prima que demanda conhecimento e prática para se chegar a bons resultados. "Temos à nossa disposição uma diversidade muito grande de madeiras e o desafio é saber explorar esse recurso de forma responsável e sustentável. Com esse pensamento busco sempre novas ações que diminuam o impacto do meu trabalho sobre o meio ambiente", explica o artesão.&nbsp;

As artes visuais, em especial a escultura, caminham juntas ao artesanato. O encontro, segundo Nando, se firma como um movimento importante de valorização do fazer manual e o reconhecimento do trabalho dos artesãos que vêm ocupando novos espaços, como as galerias de arte. "O setor merece esse espaço de reconhecimento onde a arte e o artesanato caminham lado a lado, mas ainda há muito a ser conquistado", reflete o artesão.

<h3>Formas arrojadas</h3>

Antes de rodar em eventos de todo o País e levar seus trabalhos para projetos como a CasaCor e a Feira de Artes de Goiás (Fargo), o artesão Elismar Santos Sousa, de 44 anos, trabalhou como açougueiro, churrasqueiro, pintor, marido de aluguel e técnico em segurança eletrônica. Foi quando ele decidiu parar com tudo para se dedicar exclusivamente à arte de dar formas à madeira.&nbsp;

"Quando era pequeno, meu pai não tinha condições de comprar presente para todos. Ele costumava fazer brinquedos como bonecos e carrinhos de madeira. Acredito que veio daí o meu primeiro contato com artesanato", rememora Elismar, paraense que mora em Goiânia há mais de 20 anos. Foi na Feira do Cerrado, maior evento de artesanato do Centro-Oeste, que o artista começou a comercializar suas peças, hoje com diversos produtos patenteados.&nbsp;

A especialidade de Elismar é criar luminárias decorativas e esculturas como ferramentas medievais. Para o artesão, o maior desafio de confeccionar suas peças é manter o controle sobre determinados tipos de madeira. "Mesmo estando seca, algumas madeiras continuam se movimentando, se dilatando. Acredito que mesmo depois de seca ela segue com vida dilatando e exalando o seu perfume", confessa o paraense.&nbsp;