No Globo Repórter (Globo) de sexta (7), logo no primeiro programa da temporada de 2025, a vencedora do Globo de Ouro e candidata ao Oscar Fernanda Torres foi homenageada por amigos e pela mãe, Fernanda Montenegro.

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Em carta aberta, a matriarca elogiou a herdeira e a chamou de "fenômeno". "Ela, Nanda, sabe. Desde os seus 12 anos, quando Fernando e eu a assistimos no palco do Teatro Tablado, com total domínio de cena, nós, os pais atores, nos abraçamos aos prantos diante do fenômeno", diz trecho do recado.

<cite>São quase 50 anos de criatividade em diversas áreas da nossa cultura artística. Coube a Fernanda Torres o fenômeno de atravessar a Linha do Equador, justamente durante o nosso Carnaval dionisíaco. Esse milagre se deve ao extraordinário filme de Walter Salles, 'Ainda Estou Aqui', que pelo seu protagonismo nessa obra de arte cinematográfica, fez dela, para sempre, um referencial transcendente de brasilidade", diz outro trecho.</cite>

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/com-a-vitoria-de-ainda-estou-aqui-no-oscar-cinema-nacional-ganha-mais-visibilidade-internacionalmente-1.3237198" target="_blank">Com a vitória de 'Ainda Estou Aqui' no Oscar, cinema nacional ganha mais visibilidade internacionalmente</a> 
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Amigos também fizeram questão de gravar depoimentos à atriz, tais como Andrea Beltrão, que com ela protagonizou "Tapas &amp; Beijos". "Fernanda já é um Oscar, ela vem de uma família que já é um Oscar", declarou.

"Estamos muito orgulhosos", comentou Luiz Fernando Guimarães, que com Fernanda fez "Os Normais". "Fernandinha, que linda trajetória", disse Tony Ramos.

Parceiro de "Ainda Estou Aqui", Selton Mello foi mais um a dar seu depoimento. "Passamos por muitas emoções juntos, a primeira foi em Veneza. [...] E quando veio aquela explosão, com 10 minutos de aplauso, foi muito comovente, foi como o filme nasceu no Festival de Veneza", relembrou.

&nbsp;

Confira a carta de Fernanda Montenegro na íntegra

"Fernanda Torres é um imenso talento como ser humano, daí a dimensão dessa vocação ampla e inarredável de ser uma atriz extraordinária. A arte de ser ator, no caso, atriz, só nós, desse ofício, entendemos na pele, repito, na pele, o que é o ser humano. Ela, Nanda, sabe. Desde os seus 12 anos, quando Fernando e eu a assistimos no palco do Teatro Tablado, com total domínio de cena, nós, os pais atores, nos abraçamos aos prantos diante do fenômeno. Veio à minha memória a frase do grande ator brasileiro Procópio Ferreira, que no final da interpretação da jovem e eterna atriz Bibi Ferreira, sua filha, Procópio agradecendo o estrondoso aplauso ao final do clássico 'Mirandonina', de [Carlo] Goldoni, e na emoção do que estava acontecendo, lançou em voz alta: 'Senhoras e senhores, está lançada a minha filial'. Fernanda Torres, desde a infância, sempre ordenou a sua votação de uma forma independente, real e sublime. São quase 50 anos de criatividade em diversas áreas da nossa cultura artística. Coube a Fernanda Torres o fenômeno de atravessar a Linha do Equador, justamente durante o nosso carnaval dionisíaco. Esse milagre se deve ao extraordinário filme de Walter Salles, 'Ainda Estou Aqui', que pelo seu protagonismo nessa obra de arte cinematográfica, fez dela, para sempre, um referencial transcendente de brasilidade".

Fernanda Montenegro escreve carta aberta a Fernanda Torres e a chama de 'fenômeno'

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Homenagem

Nos palcos do Teatro Municipal de São Paulo e da Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, durante as pré-estreias do filme Vitória realizadas nesta última semana, a atriz Fernanda Montenegro foi aclamada. Com 95 anos de idade, ela fez discursos emocionados e anunciou sua aposentadoria das telonas. “Cinema pede físico, pede fôlego”, disse. “Quis o acaso que o último drama que eu faço é com meu genro e a última comédia é com meu filho”, afirmou, referindo-se à produção Vitória, dirigida por Andrucha Waddington, casado com a atriz Fernanda Torres, e ao filme Velhos Bandidos, de Cláudio Torres – este ainda deve estrear este ano, mas ainda sem data definida de lançamento. Desafiando o etarismo, Fernanda demonstrou mais uma vez fôlego, algo que marcou sua maturidade.

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Em ambos os filmes, Fernanda não faz uma mera participação especial e sim defende personagens centrais nas respectivas tramas, incluindo expressiva quantidade de texto, cenas externas nas ruas do Rio de Janeiro e até alguma ação nas tomadas. Em Vitória, que relata a história de uma informante da polícia, ela participa de uma sequência de tiroteio. Já em Velhos Bandidos, já gravado, ela divide a cena com outro veterano, o ator Ary Fontoura, 92 anos, interpretando uma criminosa que está à frente do planejamento de um grande assalto a banco. É impressionante como a atriz nonagenária consegue ofuscar o barulho em torno de outros nomes do elenco dessas produções, bem mais jovens e populares, por exemplo, na internet, caso de Bruna Marquezine, que atua em Velhos Bandidos.

O caso de Fernanda é muito emblemático. Ela tem uma série de colegas de geração que continuam em atividade, mas muitos outros já não são vistos em novos trabalhos. No primeiro grupo está uma de suas mais assíduas companheiras de cena, Nathalia Timberg, também com 95 anos, com quem dividiu palcos e estúdios, incluindo o das primeiras produções teledramatúrgicas do Brasil, o Grande Teatro Tupi, na emissora pioneira da TV nacional. Aliás, Fernanda orgulha-se de ter sido a primeira atriz contratada com carteira assinada da televisão brasileira, documento assinado por Assis Chateaubriand, dono da TV Tupi, ainda no início de 1951. Outro ator com mais de noventa anos que continua trabalhando é Othon Bastos, com quem Fernanda contracenou no filme Central do Brasil.

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A carreira de Fernanda é um belo exemplo contra o etarismo. Sucesso nos palcos desde os anos 1950, ela tornou-se uma atriz mais conhecida do grande público quando passou a fazer mais sistematicamente televisão e cinema. Em 1981, perto da casa dos 50 anos, Fernanda fez sua estreia na TV Globo, na novela Baila Comigo, de Manoel Carlos, vivendo um papel secundário na trama. Naquele mesmo ano, estrelou o primeiro de seus filmes com maior bilheteria, Eles Não Usam Black Tie, do amigo Gianfrancesco Guarnieri, autor da peça de mesmo nome. Aquela produção, dirigida por Leon Hirszman, faturou o Prêmio Especial do Júri no Festival de Veneza. Antes disso, havia levado para o cinema peças de Nelson Rodrigues, como A Falecida, também sob a batuta de Hirszman.

Ela conquistou o público das telenovelas em definitivo com a comédia rasgada Guerra dos Sexos, outra vez na Globo. A novela de Sílvio de Abreu, levada ao ar em 1983, promoveu o encontro de Fernanda Montenegro com Paulo Autran, ambos vivendo personagens bem distantes das tragédias gregas ou dos dramas shakespearianos a que estavam acostumados nos palcos. No melhor estilo pastelão, eles passaram meses se digladiando em horário nobre, com direito a uma guerra de comida num café da manhã, cena que até hoje é uma das mais antológicas da TV brasileira. Os papéis de destaque de Fernanda na telinha e na telona vieram a partir da meia-idade. Quando viveu a vilã Bia Falcão na novela Belíssima, roubando as atenções para si, a atriz já somava 76 anos de idade.

Fernanda Montenegro, com exceção das primeiras produções da TV Tupi, nos anos 1950, ou das montagens pioneiras do Teatro dos Sete – grupo que montou com o marido, Fernando Torres, e mais alguns amigos, como Sérgio Britto e Ítalo Rossi, em 1959 –, não se amparou nos papéis de mocinhas inocentes e sonhadoras. Com a maturidade veio a consagração como a maior atriz do Brasil, algo que ficou ainda mais reforçado com a indicação ao Oscar em 1999, por sua pungente atuação em Central do Brasil. Quando interpretou a suburbana Dora, que escrevia cartas para analfabetos e ingressava numa viagem pelo Nordeste em busca do pai de uma criança órfã e abandonada, ela tinha quase 70 anos. Aos 80 anos, com o especial Doce de Mãe, faturou o prêmio Emmy, nos EUA.

Mesmo driblando qualquer ameaça de ostracismo que tantos de seus colegas sofreram e ainda sofrem por conta da idade, Fernanda já foi vítima de etarismo. Na novela Babilônia, de 2015, quando contava 85 anos de idade, sua personagem foi rejeitada pelo público em razão de ela ser casada com outra senhora de sua faixa etária, interpretada por Nathália Timberg. No primeiro capítulo da produção, as duas dão-se um selinho. Os conservadores levantaram uma campanha contra o trabalho. Se a novela foi prejudicada, a imagem de Fernanda continuou vigorosa. Disputada pelas produções globais, com convites incessantes para o cinema, lotando teatros ao fazer leituras públicas de textos de grandes autores, eleita para a Academia Brasileira de Letras, ela agora diminui o ritmo ainda sendo um farol.

<h2>Etarismo em debate</h2>

A última disputa do Oscar na categoria de Melhor Atriz reavivou uma discussão onipresente na indústria do entretenimento. Após determinada fase da vida, os mais experientes não têm vez? Quem levou a estatueta foi Mikey Madison, 25 anos, por seu papel na produção Anora. Ela superou duas favoritas que tinham mais que o dobro de sua idade: Fernanda Torres, 59 anos, e Demi Moore, 62 anos. Por ironia, o filme estrelado por Demi Moore, A Substância, trata exatamente desse tema, uma artista premiada e estrela da TV que é substituída por sua versão mais jovem. Muita gente achou o resultado injusto e apontou o etarismo como principal motivo para a vitória da caçula na disputa. Não seria a primeira vez. Aliás, as artistas mais velhas costumam ser preteridas nas premiações.

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Demi Moore: atriz de 62 anos teria sido vítima de etarismo? (Emma McIntyre)

Um levantamento realizado pela revista Vogue mostra que nas 97 edições do Oscar realizadas até hoje, apenas 19% das vencedoras nas categorias Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante tinham mais de 50 anos. Neste século, das 25 ganhadoras na categoria de Melhor Atriz, apenas quatro superavam essa idade – Helen Mirren, Meryl Streep, Michelle Yeoh e Frances McDormand (2 vezes) –, ou seja, 20% do total. Quase o mesmo número se repete na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante, com 6 vencedoras com mais de meio século de vida entre 25 ganhadoras – Youn Yuh-jung, Patricia Arquette, Laura Dern, Allison Janney, Jamie Lee Curtis e Viola Davis. É comum atrizes mais velhas serem indicadas, assim como também é recorrente elas não levarem o prêmio.

No terreno masculino, essa discrepância não é tão grande. A média de idade entre ganhadores de Melhor Ator é de 44 anos, enquanto entre as atrizes é de 37. Entre os atores coadjuvantes, a idade média dos vencedores é de 50 anos. A atriz mais idosa já indicada foi a francesa Emmanuelle Riva, aos 85 anos. E a com mais idade a ganhar foi Jessica Tandy, pelo clássico Conduzindo Miss Daisy, quando somava 81 anos. Entre os homens, o mais veterano a levar a estatueta dourada para casa foi Anthony Hopkins, quando se sagrou Melhor Ator pela segunda vez, aos 83 anos, em 2021, por sua performance no filme Meu Pai. Antes dele, Christopher Plummer havia vencido aos 82 anos. Vitórias raras em uma premiação que costuma homenagear com Oscars honorários os astros mais idosos.

O etarismo, porém, se manifesta bem antes das oito décadas de vida. Ele surge para as atrizes que têm metade dessa idade. Meryl Streep, recordista de indicações ao Oscar (21 vezes) e dona de três estatuetas, disse numa entrevista há alguns anos que ao chegar à casa dos 40, começou a receber convites para viver bruxas. “Algo está acontecendo”, disse ela, em tom de brincadeira, mas apontando para um problema real e sério. A série Grace and Frankie, da Netflix, estrelada pelas veteranas Jane Fonda (87 anos) e Lily Tomlin (85), trata da vida invisibilizada dos idosos, inclusive em suas dimensões afetivas. Já a franquia Aposentados e Perigosos, com Bruce Willis, Helen Mirren e John Malkovich, mostra um grupo de agentes secretos que continua a botar para quebrar mesmo estando mais velhos.

<h3>Fora do ar</h3>

Infelizmente são muitos os exemplos que mostram que a idade avançada passa a ser uma barreira intransponível para diversos profissionais com longa carreira no teatro, no cinema e na TV. &nbsp;Nomes como Glória Menezes (90 anos), Francisco Cuoco (91 anos), Joana Fomm (85 anos) e Mauro Mendonça (93 anos) são apenas alguns casos de artistas que, por razões de saúde ou por falta de oportunidades, há muito tempo não brindam o público com suas performances. São poucas as pessoas com mais de 80 anos que estão no ar atualmente nas novelas brasileiras. A atriz Betty Faria (83 anos) é uma das exceções, fazendo sucesso na produção das 19h da TV Globo. Suzana Vieira (82 anos) também costuma estar em evidência, assim como Zezé Motta (80 anos) e Arlete Salles (86 anos).

No plano internacional, figuras icônicas das artes dramáticas já não atuam. A britânica Judi Dench, ganhadora do Oscar, recentemente fez uma aparição comovente na TV revelando uma progressiva perda da visão que a impossibilita de continuar nos palcos e no cinema. Atrizes como Shirley MacLaine, que daqui a pouco completa 91 anos, e Vanessa Redgrave, com 88 anos, não participam de novos trabalhos desde 2022. Sophia Loren, aos 90 anos, também anda mais recolhida, não aparecendo num set de filmagem há cinco anos, quando atuou na produção Rosa e Momo, vivendo a protagonista da história aos 85 anos. Há também astros e estrelas que já avisaram que não voltam mais a trabalhar, como Jack Nicholson (87 anos) e a reclusa Brigitte Bardot (90 anos).

<h3>Astros e estrelas longevos</h3>

Lima Duarte – Prestes a completar 95 anos de idade, o ator continua muito ativo e está no elenco de uma nova série da GloboPlay e da TV Globo, a comédia Pablo e Luisão. Criador de personagens antológicos, como Zeca Diabo, de O Bem Amado, e Sinhozinho Malta, de Roque Santeiro, Lima é um dos principais atores brasileiros há mais de 60 anos.

Clint Eastwood – No ano passado, chegou aos cinemas a mais recente produção dirigida pelo astro de 94 anos, Jurado Nº 2. Protagonista de westerns e filmes de ação ainda nos anos 1960 e 1970, Eastwood, já na maturidade, ganhou o reconhecimento de Hollywood ao faturar Oscars por longa-metragens como Os Imperdoáveis e Menina de Ouro.

Robert De Niro – Aos 81 anos, um dos maiores astros da história de Hollywood e dono de dois Oscars, o ator é o protagonista da nova produção da Netflix, Dia Zero. No cinema, ele está de trabalho novo, Máfia e Poder, no qual interpreta dois papéis. Nos últimos anos, manteve-se em destaque em filmes como Coringa e Assassinos da Lua das Flores.

Al Pacino – Alternando papéis inesquecíveis, como na trilogia O Poderoso Chefão e no filme Scarface, e escolhas mais infelizes, o ator de 84 anos não sabe o que é pausa na carreira. Ainda no ano passado esteve no filme Três Dias na Asa da Loucura, de Johnny Depp, e recentemente foi o grande astro da série de suspense Hunters.

Morgan Freeman – Aos 87 anos de idade, um dos atores mais populares de Hollywood está em plena atividade. Só no ano passado, ele integrou o elenco de dois filmes e uma série de TV. Além disso, é sempre visto fazendo narrações em documentários e como apresentador em eventos globais, como a festa do Oscar e a abertura da última Copa do Mundo.

Franco Nero – O ator italiano de 83 anos, que não faz muito tempo pôde ser visto na franquia John Wick e viveu até o líder da Igreja Católica no filme O Exorcista do Papa, é um dos nomes mais requisitados no cinema do País da Bota. Ele ainda mantém parte da popularidade angariada quando fazia galãs rudes em produções dos anos 1960 e 1970.

Robert Duvall – Mesmo com 94 anos de idade, o ator, um dos mais experientes ainda em atividade em Hollywood, continua a fazer participações, ainda que esporádicas. A última foi na produção O Pálido Olho Azul, ao lado de Christina Bale. Não muito tempo atrás ele também esteve no filme Hustle, com Adam Sandler e o astro do basquete Lebron James.

Catherine Deneuve – Eterna musa do cinema francês, a atriz continua hipnotizando plateias com talento e elegância, sem dar sinais de aposentadoria. Aos 81 anos, ela acaba de estrear um novo trabalho na plataforma Max, Bernadette, onde vive a ex-primeira-dama da França, Bernadette Chirac. A eterna Bela da Tarde de Buñuel permanece um ícone.

Michael Douglas – Aos 80 anos, o ator, produtor e diretor mostra estar em plena forma. Depois de integrar o universo Marvel nos filmes do Homem-Formiga e dos Vingadores, ele tem investido em produções na TV e no streaming, como a série Franklin, e dublando um desenho também com a assinatura da Marvel, What If…?

Woody Allen – Um dos mais famosos diretores e roteiristas das últimas décadas vai fazer 90 anos em novembro, mas seu nome continua a gerar amores e ódios. Após ser cancelado por acusações de abuso e pela união com sua ex-enteada, Allen não deixou de produzir em sua velhice, sendo o mais recente trabalho o filme Golpe de Sorte em Paris.

Robert Redford – Ator carismático e diretor premiado com Oscar, Robert Redford deixou a entender que havia pendurado as chuteiras. Só que não! Participou da série Dark Wings ao lado do escritor George R. R. Martin, autor de Game of Thrones. O grande astro de filmes como Todos Os Homens do Presidente e Butch Cassidy tem 88 anos de idade.

Anthony Hopkins – O incansável ator galês, aquele que detém a marca de ser o mais idoso a conquistar o Oscar de Melhor Ator, não para. Apenas no ano passado, ele esteve envolvido em três projetos diferentes: dois filmes e um seriado de TV. Além disso, Hopkins gosta de se comunicar com seus seguidores nas redes sociais.

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Anthony Hopkins é um dos maiores astros de Hollywood (Axelle/Bauer)

Símbolo de resistência ao etarismo, Fernanda Montenegro desafia o tempo

ARTES

O brasileiro mal acabou de sair da ressaca do Oscar 2025 para Ainda Estou Aqui e já tem outro filme nacional para chamar de seu. Desta vez, quem protagoniza a narrativa é a veterana Fernanda Montenegro, que dá vida a uma inconformada e solitária aposentada que passa os dias observando a rua de seu apartamento em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro. Trata-se do longa Vitória, que entra em cartaz nesta quinta-feira (13) nos cinemas de Goiânia e Aparecida.

Idealizado por Breno Silveira, que morreu durante a produção, e dirigido por Andrucha Waddington, genro de Fernanda Montenegro - isto é, esposo de Fernanda Torres -, o filme é a segunda produção cinematográfica com selo Globoplay. O primeiro fica a cargo do ganhador do Oscar de Melhor Filme Internacional.

Já a distribuição do longa trilha o mesmo caminho de Ainda Estou Aqui: tem lançamento promovido pela Sony Pictures Entertainment. Vitória também é baseado em um livro, Dona Vitória da Paz (Editora Planeta), escrito pelo jornalista Fábio Gusmão. Será que vem mais prêmios do Brasil por aí?

Nos últimos meses, os filmes nacionais têm arrastado uma multidão para ir às sessões de cinema. Vitória parece dar um gás a mais no cenário positivo que o audiovisual brasileiro tem percorrido. O longa foi o escolhido para abrir o 27° Festival de Cinema Brasileiro de Paris, realizado na França no dia 29 de abril. A produção também deve passear pelos festivais e mostras internacionais ao longo de todo o ano. É esperar para ver.

Fernanda Montenegro, a grande dama da dramaturgia e que já concorreu ao Oscar com Central Brasil em 1999, vive a personagem que dá nome ao filme. A história é baseada no caso real de Joana Zeferino da Paz, que viveu anos sob anonimato forçado no programa de proteção a testemunhas. A senhora se tornou símbolo de luta pela justiça ao registrar, com uma câmera, a movimentação criminosa da quadrilha que atuava na região.

Ao longo da produção, a improvável heroína se cansa de viver sob a sensação de insegurança e decide filmar da janela o tráfico de drogas. A narrativa se desenrola quando ela conhece o jornalista Fábio Gusmão (Alan Rocha), que a ajuda na investigação. “É uma mulher que nos comove por sua coragem e amor”, disse Montenegro durante a pré-estreia do filme no Rio de Janeiro, sua cidade natal.

Do alto de seus 95 anos, a grande atriz sugeriu que essa pode ser a sua última participação em uma produção cinematográfica. “É muito especial para mim. Porque, com a idade que eu estou, posso até continuar fazendo minhas leituras nos palcos, como já estou fazendo há algum tempo, mas cinema pede físico, pede fôlego”, exclamou a veterana, que tem lotado salões e teatros com suas residências literárias.

Na última terça-feira (11), a atriz reuniu mais de 700 pessoas na Academia Brasileira de Letras (ABL) no projeto Uma Academia Toda Prosa. Já em agosto de 2024, a artista fez uma leitura dramática da obra A Cerimônia do Adeus, de Simone de Beauvoir, no Parque Ibirapuera, em São Paulo. O evento foi gratuito e celebrou os 80 anos de carreira da atriz. Na ocasião, cerca de 15 mil pessoas assistiram à apresentação no gramado.

O último grande trabalho de Montenegro nos cinemas antes de Vitória e Ainda Estou Aqui foi em Piedade (2021), dirigido por Cláudio Assis e estrelado por ela ao lado de Cauã Reymond, Mateus Nachtergaele e Irandhir Santos. Trata-se de um relato de uma pequena cidade fictícia pernambucana que tem suas vidas alteradas com a chegada de uma grande empresa petroleira que, para conseguir suas terras, traz à tona segredos do passado de uma família. O filme está disponível no Globoplay e no Amazon Prime Video.

Polêmica 

Antes mesmo de estrear, Vitória já gerou polêmicas em relação à escalação de Fernanda Montenegro. Tudo porque Joana Zeferino da Paz, a mulher do episódio real que inspirou o filme, é negra. A justificativa é de que a produção do longa sabia, sim, das características físicas de Dona Joana, mas tomou cuidado para evitar informações que facilitassem sua identificação após tantos anos. Até os nomes foram trocados: no longa a protagonista é chamada de Nina.

Breno Silveira, o primeiro diretor do longa e que morreu em 2022 vítima de um enfarte fulminante, já havia afirmado que quando a história começou a ser produzida, Joana da Paz ainda estava viva e as pessoas não sabiam a verdadeira identidade dela. Por isso, a produção decidiu proteger as informações de identificação da mulher, que também morreu em 2023 e não conseguiu ver o filme finalizado.

Claquetes tupiniquins

Nos últimos meses, as estreias nacionais fizeram muitos brasileiros pegarem sessões de cinema. Tanto em número de espectadores quanto de arrecadação, o audiovisual feito no País tem também extrapolado as fronteiras. Exemplos não param de proliferar, caso do goiano Oeste Outra Vez, que segue em cartaz e foi vencedor do Festival de Cinema de Gramado; de Minha Irmã e Eu, gravado em Bela Vista de Goiás e um dos mais assistidos do Telecine em 2024; e ainda o sucesso estrondoso de O Auto da Compadecida 2.

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Protagonizado por Fernanda Montenegro, filme 'Vitória' estreia nos cinemas de Goiânia e Aparecida

Senhora da justiça 

"Ainda Estou Aqui" chegou a 5,7 milhões de espectadores no Brasil, se consolidando como o sétimo filme nacional mais visto no país, segundo dados da Comscore, que monitora a audiência de cinemas no país desde 2002. Com esse marco, ele ultrapassou "Se Eu Fosse Você 2", comédia de 2009 com Tony Ramos e Glória Pires. 
 
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A obra que levou o primeiro Oscar do Brasil, estrelada por Fernanda Torres, fica atrás ainda de filmes como "Nada a Perder" (12 milhões de espectadores) e "Minha Mãe É uma Peça 3" (11,6 milhões), que lideram a lista.

Os números têm ligeiras diferenças em relação aos dados da Agência Nacional do Cinema, a Ancine, que em sua atual série histórica contabiliza os filmes de 2018 para cá. Nos dados da agência, o filme chegou, no início deste mês, à quinta maior bilheteria desses últimos sete anos, com faturamento de R$ 85,41 milhões.

<div class="p-readmore-box"> 
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<a href="https://opopular.com.br/magazine/fernanda-montenegro-escreve-carta-aberta-a-fernanda-torres-e-a-chama-de-fenomeno-1.3238895" target="_blank">Fernanda Montenegro escreve carta aberta a Fernanda Torres e a chama de 'fenômeno'​</a> 
 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/ainda-estou-aqui-faz-historia-e-conquista-primeiro-oscar-do-brasil-1.3236995" target="_blank">'Ainda Estou Aqui' faz história e conquista primeiro Oscar do Brasil</a></div>

 
Veja a lista dos filmes brasileiros mais vistos, desde 2002, segundo a Comscore:

<ul>
	<li>"Nada a Perder": 12 milhões de espectadores 
	&nbsp;</li>
	<li>"Minha Mãe é Uma Peça 3": 11,6 milhões de espectadores 
	&nbsp;</li>
	<li>"Os Dez Mandamentos": 11,2 milhões de espectadores 
	&nbsp;</li>
	<li>"Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro": 10,8 milhões de espectadores 
	&nbsp;</li>
	<li>"Minha Mãe É uma Peça 2": 9,2 milhões de espectadores 
	&nbsp;</li>
	<li>"Nada a Perder 2": 6,1 milhões de espectadores 
	&nbsp;</li>
	<li>"Ainda Estou Aqui": 5,7 milhões de espectadores 
	&nbsp;</li>
	<li>"Se Eu Fosse Você 2": 5,6 milhões de espectadores 
	&nbsp;</li>
	<li>"Minha Vida em Marte": 5,3 milhões de espectadores 
	&nbsp;</li>
	<li>"Dois Filhos de Francisco: A História de Zezé Di Camargo e Luciano": 5 milhões de espectadores</li>
</ul>

&nbsp;

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'Ainda Estou Aqui' se torna sétimo filme brasileiro mais visto desde 2002

Cinema 

Quem é essa aí? O grito indignado ecoou pelas redes sociais no exato momento em que a atriz Mikey Madison, de 25 anos, subiu ao palco do Dolby Theatre, em Los Angeles, para receber o Oscar de melhor atriz por sua performance em Anora, o grande vencedor da temporada. A comoção foi tamanha que, por alguns minutos, até a vitória histórica do Brasil em Melhor Filme Internacional ficou em segundo plano. Afinal, entre as concorrentes estava ninguém menos que a nova paixão nacional, Fernanda Torres – e para muitos brasileiros, a estatueta já tinha dono (ou melhor, dona).

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Vitória de Mikey Madison sobre Fernanda Torres e Demi Moore causa revolta na internet (Kevin Winter/Getty Images)

Já Ainda Estou Aqui, do diretor Walter Salles, também representava o Brasil na cobiçada categoria de Melhor Filme, a primeira indicação do País ao prêmio mais prestigiado da cerimônia. Mas, se a derrota já doía, a cor do vestido da vencedora veio para jogar sal na ferida. Bastou um relance para que velhos traumas ressurgissem: a noite em que a atriz Gwyneth Paltrow, envolta também em um vestido rosa, derrotou Fernanda Montenegro, que concorria por Central do Brasil, e levou o Oscar por sua performance fraca em Shakespeare Apaixonado.

Mais de duas décadas depois, o Brasil segue sem superar uma das grandes injustiças da maior premiação do cinema. Na noite de domingo, parecia haver um acordo tácito entre os brasileiros e a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas: a estatueta de Melhor Atriz poderia até não ser de Fernanda Torres, mas pelo menos ficaria em boas mãos. A própria Fernanda reforçou essa teoria ao cravar, em entrevista ao Jornal Nacional, que a veterana Demi Moore era a favorita por sua atuação em A Substância. O problema? A Academia, como de costume, não recebeu o memorando.

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Assim que o resultado foi anunciado, brasileiros marcharam em peso para o perfil oficial do Oscar. Comentários indignados pipocaram, e no meio da revolta coletiva, um usuário brasileiro resgatou um dos maiores traumas nacionais: “Ela é a neta da Gwyneth Paltrow”, ironizou, ligando Mikey Madison à atriz que, em 1999, levou a estatueta que os brasileiros juram até hoje pertencer de fato a Fernanda Montenegro. O Oscar tem uma longa tradição de premiações questionáveis – ou, como os brasileiros preferem chamar, grandes injustiças.

De Alfred Hitchcock e Stanley Kubrick sem um Oscar de direção a Leonardo DiCaprio vagando no deserto da negligência por anos, a Academia já provou que nem sempre joga do jeito que o público espera. E quando o assunto é Brasil, a frustração atinge outro nível: de O Pagador de Promessas a Central do Brasil, o País já viu vitórias certas virarem amargas derrotas. Mas o choque da noite de domingo foi outro: Mikey Madison sequer parecia estar no páreo.

Com Demi Moore acumulando prêmios ao longo da temporada e as demais indicadas com trabalhos robustos, sua vitória pegou a todos de surpresa, reacendendo a teoria de que, no Oscar, a lógica é sempre um elemento secundário. A grande reviravolta de Madison na corrida pelo Oscar aconteceu no Bafta 2025, onde foi coroada como Melhor Atriz do ano e, de repente, passou de azarão a nome na disputa. Depois disso, sua vitória no Indie Spirit Awards – conhecido como o “Oscar dos filmes independentes” – só confirmou que o jogo tinha virado de vez. O que ninguém esperava era que essa maré de sorte fosse forte o suficiente para deixá-la à frente de favoritas como Demi Moore.

O prêmio de Mikey Madison consolida sua ascensão em Hollywood. Conhecida por papéis intensos em Era uma Vez em... Hollywood (2019) e Pânico (2022), ela começou sua carreira na série Better Things antes de se destacar no cinema independente. Em Anora, dirigido por Sean Baker, Madison interpreta uma stripper que se casa impulsivamente com um herdeiro russo, desencadeando uma trama que mistura comédia romântica, drama e crítica social. O filme, elogiado por sua autenticidade e estética crua, foi o grande vencedor do Oscar 2025, levando cinco prêmios e reforçando a reputação de Baker como um dos diretores mais inovadores da atualidade.

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Motivos de sobra para sorrir&nbsp;

A atriz Fernanda Torres comemorou a vitória de Ainda Estou Aqui na categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar 2025, celebrando nas redes sociais com uma mensagem otimista: “Nós vamos sorrir. Sorriam”, referindo-se a uma cena emblemática do filme. Ela compartilhou fotos do momento da vitória, incluindo uma com o diretor Walter Salles, que recebeu a estatueta. Embora tenha disputado o prêmio de Melhor Atriz, que ficou com Mikey Madison por Anora, Fernanda demonstrou espírito esportivo, parabenizando a vencedora em um vídeo que circula nas redes sociais.

Motivos para sorrir (e comemorar) não faltam. Torcer pelo filme, no geral, e por Fernanda, em particular, tornou-se esporte nacional nos últimos meses. O charme, a elegância, a inteligência e o humor da atriz durante a maratona de entrevistas e eventos da temporada de premiações elevou a autoestima nacional. Humilde, ela avisou para que a expectativa não virasse algo parecido com final de Copa do Mundo. Não adiantou. A torcida virou um grande carnaval com a fantasia de Fernanda sendo uma das mais onipresentes nos blocos pelo País. A festa deve continuar nos próximos dias.

Filha dos atores Fernanda Montenegro e Fernando Torres, Fernanda Torres seguiu os passos da família, conquistando seu próprio espaço no teatro, na TV e no cinema. A performance em Ainda Estou Aqui lhe garantiu o Globo de Ouro de Melhor Atriz em filme dramático, fazendo dela a primeira brasileira a conquistar o prêmio. A interpretação de Eunice Paiva a levou também a ser indicada ao Oscar de Melhor Atriz, tornando-se a segunda brasileira a alcançar tal feito, seguindo os passos da mãe, que foi indicada em 1999. Nas redes sociais, Fernanda se transformou em um verdadeiro fenômeno de engajamento, tornando-se ícone fashion e orgulho nacional.

Os injustiçados

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O Oscar é conhecido por suas escolhas polêmicas e injustiças que marcaram a história do cinema. Em 1941, o icônico Cidadão Kane, de Orson Welles, amplamente considerado o melhor filme de todos os tempos, perdeu o prêmio de Melhor Filme para Como Era Verde Meu Vale, com Welles não ganhando sequer a estatueta de melhor diretor. Em 1952, Glenn Ford, aclamado por sua performance em O Prisioneiro do Passado, foi ignorado pela Academia, que premiou Marlon Brando por sua atuação em O Selvagem. Já em 1976, Robert De Niro, por sua brilhante interpretação em Taxi Driver, perdeu para Peter Finch, que foi premiado postumamente por Rede de Intrigas. A injustiça mais recente aconteceu em 2009, quando Heath Ledger não foi indicado ao Oscar de Melhor Ator por sua performance impressionante como o Coringa em O Cavaleiro das Trevas, sendo que muitos acreditavam que ele deveria ter sido premiado. Embora tenha sido reconhecido postumamente com o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante, a omissão inicial provocou grande indignação.&nbsp;