Muitos se lembram de Fiorella Mattheis por seus papéis e programas de televisão, mas há alguns anos ela vem se destacando após uma transição de carreira para empresária de um negócio pioneiro no Brasil. Em 2020, ela fundou a Gringa, um marketplace de moda de luxo circular que vem se expandindo e inaugurou um ponto físico em Goiânia de drop-off (local de entrega) na terça-feira (3). A ideia é que consumidores da capital levem e vendam bolsas de marcas de alto padrão em bom estado de conservação no espaço exclusivo que fica dentro da Emporium Lolithà, no Setor Marista. Além de reiterar a sustentabilidade e o consumo consciente, a proposta é democratizar o acesso a itens de luxo.A escolha da cidade para ampliar as relações da loja, que se tornou referência dentro desse mercado, se dá pelo fato de Goiânia ser um local com alto consumo de moda e luxo. Fiorella destaca que, apesar disso, a capital ainda não contava com grandes propostas consolidadas no segmento de segunda mão de alto padrão. “É um mercado promissor, com um público sofisticado e exigente, que valoriza marcas e qualidade, mas que ainda está em fase inicial quando se trata de moda circular e consumo consciente de peças de luxo. Enxergamos aí uma oportunidade de apresentar o conceito da Gringa, que une curadoria, autenticidade e propósito para um público pronto para receber essa proposta”, diz. A marca nasceu em 2020, no auge da pandemia. Ela, que sempre teve uma ligação forte com a moda, passou a repensar sua forma de consumir. “Durante minhas viagens, conheci plataformas internacionais de resale e ali entendi que era possível unir estilo, exclusividade e sustentabilidade. Quando voltei para o Brasil, percebi que não existia por aqui um serviço que reunisse curadoria de alto padrão, praticidade e um olhar consciente sobre o consumo. Foi aí que decidi criar a Gringa”, conta. Além das plataformas de revenda, a estilista Stella McCartney é uma das grandes inspirações de Fiorella. “Ela é uma verdadeira pioneira quando se fala em sustentabilidade no universo do luxo. Foi uma das primeiras grandes estilistas a colocar o tema em pauta com seriedade, sem abrir mão do design e da inovação”, comenta.Já são mais de 30 mil peças revendidas por intermédio da loja que, segundo ela, é muito mais que apenas um “brechó de luxo”. “É uma plataforma que ressignifica o que é o verdadeiro luxo: consciência, autenticidade e propósito. Cinco anos depois, é muito gratificante ver a Gringa consolidada como referência nacional”, destaca. Com a expansão de pontos físicos em outros locais que não a cidade de São Paulo, onde a marca nasceu, a ideia é construir relacionamento com novas regiões e comunidades, levando experiências físicas que reforcem a confiança e a proximidade com a marca, segundo a empresária.Quando lançou a Gringa, Fiorella anunciou a abertura oficial a partir de um leilão beneficente. Desde então, a iniciativa se tornou uma prática recorrente da marca. E como esse projeto beneficente se relaciona com o mercado de luxo? “Sempre acreditei que uma marca precisa ter propósito e usar a moda como ferramenta de impacto social é algo que me move de verdade”, diz. “Seguir com os leilões é uma forma de manter viva essa conexão entre estilo e consciência. Quando unimos peças especiais a causas que acreditamos, damos um novo sentido ao consumo. Na Gringa, luxo e responsabilidade caminham juntos. E os leilões são uma maneira concreta de mostrar que é possível transformar a moda em um agente de mudança, com propósito e generosidade”, explica.Digital e pessoalDesde que foi lançada, a plataforma de e-commerce se propôs a ter uma presença mais forte no digital, com iniciativas pontuais em formato pop-up (modelo de varejo que utiliza uma loja física temporária) e de showroom (espaço destinado aos mostruários, ou seja, apenas para a exibição e teste dos itens). Ainda assim, Fiorella acredita na força das relações pessoais e, por isso, faz questão de comparecer presencialmente nos eventos promovidos pela Gringa. Ela esteve em Goiânia na terça-feira (3) para inaugurar o ponto físico da marca e promover um bate-papo com os presentes sobre moda circular, consumo consciente e o futuro do luxo.Ela destaca que a plataforma se posiciona como uma marca phygital, um termo que se refere à combinação de experiências físicas (phy) e digitais. “Desde o início acreditamos no poder das conexões reais. Nosso objetivo é criar experiências que aproximem o público da moda secondhand e ajudem a desmistificar qualquer preconceito ainda existente em relação às peças usadas”, diz. “Eventos como o que aconteceu em Goiânia são essenciais dentro dessa proposta, pois permitem criar momentos de troca, de escuta e de contato direto com clientes e parceiros. Cada encontro físico é uma oportunidade de mostrar na prática o cuidado com que trabalhamos e o quanto a moda circular pode, sim, ser sinônimo de sofisticação e desejo”, explica.