A primeira reação é o riso. A jogadora de vôlei Key Alves chamou a atenção no Big Brother Brasil 23 ao relatar um susto bem inusitado dentro da casa mais vigiada do País. Ela afirmou ter visto a imagem do falecido cantor Michael Jackson em um espelho do quarto. O susto fez a sister chorar. Ela contou aos outros participantes, que se divertiram com a situação, que chegou a fazer hipnose para superar a fobia que desenvolveu na infância.A consultora de imagem Suzany Newbartth, de 32 anos, entende bem o sentimento de incompreensão em relação à fobia. Ela sofre de tripofobia, o medo irracional de imagens ou objetos que tenham buracos ou padrões irregulares. Pessoas com tripofobia sentem-se mal perante esses padrões e podem até desenvolver sintomas como coceira, tremores, formigamento e repulsa.“Eu nem sabia que o que sentia tinha nome, mas desde a infância, ao ser exposta a imagens como as de um coral ou de uma colmeia, por exemplo, sentia tonturas, náuseas e crises de vômito”, conta. Mesmo que ainda não seja reconhecida como uma doença, mas uma das modalidades de transtorno de ansiedade, a tripofobia tem sido cada vez mais estudada. “Foi recentemente que descobri que outras pessoas sofriam o mesmo que eu”, conta Suzany, que evita se expor a situações e imagens que desencadeiam a fobia.O transtorno de ansiedade pode ser debilitante para aqueles que sofrem com ele. Toda fobia é caracterizada por medo intenso e irracional de uma situação específica ou objeto, como aranhas, altura ou aviões. Embora a fobia possa parecer trivial para algumas pessoas, a psicóloga Christina Silva Vieira dos Santos, especialista em violência e exploração sexual infantojuvenil, explica que ela tem impacto significativo na vida de quem sofre fobia, limitando suas atividades e interações sociais.“Fobias podem impactar a vida das pessoas, pois podem representar uma sensação de fuga, perda dos sentidos e até mesmo sensação de morte iminente. Além de dificultar as relações sociais e de convívio”, ressalta. A profissional conta que a experiência vivida pela participante Key Alves revela o quanto é importante trabalhar traumas e medos para que eles não persistam por toda a vida.A fobia é muitas vezes tratada com terapia, medicamentos ou uma combinação dos dois. A terapia comportamental, como a terapia de exposição, é uma abordagem eficaz para tratar o problema. Nela, os pacientes são expostos gradualmente à situação ou objeto que eles temem, ajudando-os a enfrentar e superar seus medos. Além disso, a terapia cognitiva pode ajudar a mudar os pensamentos e crenças negativos que perpetuam o medo irracional.“Uma avaliação clínica detalhada servirá como ponto de partida para a escolha das técnicas mais eficazes para atender às necessidades específicas de cada paciente”, destaca Christina. Infelizmente, a vergonha, o medo de julgamento ou a falta de compreensão dos sintomas podem impedir que as pessoas busquem tratamento. Além disso, a falta de recursos financeiros e de acesso à saúde mental adequada também podem ser barreiras para o tratamento das fobias.Muito além do medoEnquanto o medo é uma resposta natural do organismo a um perigo real, a fobia, ou ansiedade fóbica, resulta de uma ameaça interna, vaga, conflituosa ou desconhecida. “Fobias então dentro da categoria dos transtornos de ansiedade. Diante de uma situação ou elemento disparador, de forma intensa e irracional, nascem sentimentos que provocam sofrimento psicológico e físico”, explica o psicólogo e psicoterapeuta Ettore Riter.O medo intenso, desesperador e angustiante provoca sintomas reais como aperto no peito, nó na garganta, falta de ar, agitação do corpo, coração acelerado, pensamento confuso, tontura, crise de choro, além da vontade imperiosa de sair do local. O profissional explica que procurar ajuda é fundamental para superar o problema que também pode ser um componente de outros transtornos de ansiedade, como o transtorno de pânico ou o transtorno obsessivo-compulsivo.“Sem enfrentamento, fortalecemos o medo. No entanto, no início, pode não ser fácil. A ajuda das pessoas é importante, mas por vezes, recebemos julgamentos morais e comentários jocosos, o que pode agravar a situação. Quando a fobia está instalada, a ajuda profissional para um acompanhamento psicoterapêutico é fortemente recomendada”, explica Ettore.O psicólogo destaca que é preciso compreender racional e emocionalmente a situação, encontrar estratégias e ferramentas para aprender a lidar tanto com aquilo que dá medo irracional quanto com a própria vulnerabilidade e situações de falta de controle e impotência. “Nem todo trauma gera fobia e nem toda fobia advém de situação traumática. Como a fobia é um transtorno de ansiedade, entendemos que parte de sua construção está na situação de elevada ansiedade na qual a pessoa entra em contato com o elemento que provoca o medo irracional”, diferencia Ettore. Perder o medo e a vergonha de buscar ajuda é sempre a melhor solução.Fobias mais comunsConheça algumas das fobias mais comuns. É importante lembrar que a fobia é uma condição real e tratável, e que ajuda profissional é sempre recomendada para aqueles que lutam com medo excessivo e incapacitante.Fobia socialMedo de situações sociais ou de julgamento por parte dos outrosAracnofobiaMedo de aranhasAgorafobiaMedo de estar em lugares públicos ou amplos onde não há uma rota de fuga fácilFobia de alturaMedo de alturasClaustrofobiaMedo de espaços confinados ou apertadosFobia de aviãoMedo de voar em aeronavesFobia de sangueMedo de ver sangue ou procedimentos médicosFobia de insetosMedo de insetosFobia de animaisMedo de animais específicos, como cães ou cobrasFobia de doençasMedo de contrair uma doença ou se contaminarGamofobiaMedo de casarMotefobiaMedo de borboletas ou mariposas