Na concentração de farricocos, músicos e equipe responsável pela produção da Procissão do Fogaréu, na cidade de Goiás, um farricoco era tratado como celebridade na última quarta-feira (16). Todos queriam conversar, tirar fotos ou entrevistar o funcionário público João Conceição da Silva, de 60 anos, que apesar do sorriso no rosto, tinha os olhos marejados. O mais antigo farricoco do grupo estava se preparando para entrar em cena pela última vez. “A emoção é muito grande. Há 41 anos, eu estava tentando entrar aqui e hoje é minha despedida”, conta. A expectativa era grande, como sempre foi antes de entrar em cena. Segundo ele, a emoção nunca muda. A diferença, desta vez, é que além da ansiedade para a encenação, ele também estava prestes a encerrar um ciclo. “É doído pensar que ano que vem eu não vou estar participando mais”, diz. Apesar da decisão de “passar a tocha” para novos integrantes seguirem a tradição, João tem um recado de quem levou o cargo muito a sério por quatro décadas. “Espero que eles segurem a responsabilidade e fiquem pelo menos metade do tempo que fiquei. A maioria que está aqui hoje não tem de idade o que eu tenho de Fogaréu”, aponta.