Histórias de resistência e luta pautam o especial Falas da Terra, da TV Globo, que será exibido nesta segunda-feira, após o Big Brother Brasil 21. Por meio de depoimentos, o programa apresenta narrativas de 21 indígenas sobre suas trajetórias pelo País. O documentário, também disponível no Globoplay, tem direção artística de Antonia Prado, roteiro assinado por Malu Vergueiro, consultoria de Ailton Krenak e coautoria de Ziel Karapató, Graciela Guarani, Olinda Tupinambá e Alberto Alvarez.Ao resgatar o patrimônio e a pluralidade dos povos originários, o Falas da Terra destaca a diversidade cultural que os mais de 300 povos indígenas brasileiros representam. Serão compartilhadas informações sobre preservação da cultura, língua e costumes dos diversos povos; proteção do meio ambiente e da vida; respeito à diversidade; histórias de resistência e ativismo; demarcação de terras; invasão de territórios demarcados; preservação das florestas e a importância da literatura para ajudar na conscientização.Entre os convidados do documentário, estão indígenas que expressam sua luta e ganham seu sustento com a arte, seja por meio da música, da dramaturgia ou das artes plásticas. Djuena Tikuna, cantora do Amazonas, foi a primeira indígena a protagonizar um espetáculo musical no Teatro Amazonas. Sua luta é pela preservação da cultura e da língua indígena pela música. Jornalista de formação, é ainda a primeira indígena formada em seu Estado. Sobre sua relação com a música, Djuena lembra da história de seu povo e faz uma relação direta de sua cultura com a arte. “Meu povo, ticuna, é muito musical. Desde criança a gente gosta de cantar, minha mãe é cantora, já cresci ouvindo a cantoria dos meus ancestrais. Quando me mudei para Manaus, fui transformando a minha música na minha ferramenta de luta e de resistência”, destaca a cantora. O povo ticuna é o mais numeroso da Amazônia, fala uma única língua, que é a ticuna. “A música indígena atravessa os mundos para transmitir a voz de um povo originário. Tenho uma carreira de 15 anos divulgando a cultura, levantando comigo outros artistas indígenas que por muito tempo foram apagados”, explica.Outro indígena que está no especial e que usa a música como forma de resistência é Werá Jequaka Mirim, conhecido internacionalmente como Kunumi MC quando participou da cerimônia de abertura da Copa do Mundo no Brasil, em 2014. Sua principal luta é pela divulgação da cultura indígena e sua maior demonstração de resistência é pelo rap. O artista protesta em suas letras contra o desmatamento e a destruição do meio ambiente. “A música para mim representa cura e também vida. Ela é como um irmão que está sempre ali disposto, só basta a gente receber com muito amor essa força que ela traz”, argumenta o artista. Atriz, Lian Gaia também luta por intermédio da arte por mais espaços no teatro e no audiovisual para indígenas. “Ser atriz, para mim, parte desse lugar de ser indígena. Ser atriz indígena, nesse contexto urbano, no qual a etnia da minha família foi apagada, é um movimento de resistência e de reexistir. A gente resiste e reexiste. Ser atriz e me afirmar indígena, afirmar a história da minha família e minha história, tudo isso faz parte de um movimento de resistência. Ser atriz indígena no Brasil, curiosa e cruelmente, é muito difícil e desafiador. O sentimento é de que a gente não pode se afirmar no nosso próprio país”, comenta a atriz.-Imagem (Image_1.2235127)