Nazareno Confaloni já tinha emergido nas artes visuais muito antes de se aventurar nas longínquas terras goianas para pintar os afrescos da antiga Vila Boa. A cidade natal Grotte di Castro, província de Viterbo, guarda verdadeiras relíquias artísticas que a partir de sábado (7) podem ser apreciadas por locais e turistas. Quem está lá representando Goiás na inauguração da nova galeria permanente que homenageia o italiano - meio goiano - é o produtor PX Silveira, que desde os anos 1980 pesquisa a vida e a obra do artista.

Confaloni moldou a arte moderna em Goiás. Há obras do profissional espalhadas por todos os cantos de Goiás: desde as paredes da Antiga Estação Ferroviária, no Centro de Goiânia, até no interior, como na Usina Hidrelétrica Cachoeira Dourada, no Sul do Estado. Os trabalhos, as pesquisas, publicações e livros oriundos do artista e detalhes da vida e obra do Frei podem ser acessados agora em um portal (freiconfaloni.org.br) feito por PX Silveira, que entra em vigência a partir deste final de semana aproveitando os festejos na cidade natal italiana.

“É a primeira vez que Grotte di Castro faz um reconhecimento de tamanha importância a Confaloni como o da abertura da galeria permanente. Os quase 3 mil habitantes do local entendem a relevância e mérito do artista”, explica PX. Durante todo o sábado haverá rodas de conversa sobre Confaloni, visitas guiadas na nova galeria, na casa onde o frei morou quando ainda estava na região de Viterbo, em uma igreja que serve de tela para três afrescos de sua autoria e, por fim, uma apresentação de orquestra.

A galeria junto com toda a homenagem foi idealizada pela prefeitura local, com aporte dos ministérios italianos do Turismo e da Cultura. A ideia, de acordo com PX, é investir e aprimorar o turismo cultural de uma região em constante ebulição e transformação. “Já existe na cidade um parque público batizado de Confaloni em tributo ao artista, mas todas as homenagens feitas até então foram tímidas comparadas à de agora. É um marco no reconhecimento do artista tanto para Itália quanto para o Brasil”, reitera PX.

O produtor aproveita a inauguração da galeria para lançar o portal, que servirá de espaço único para consultas públicas e pesquisas acadêmicas a respeito de Confaloni. Tudo que PX já levantou até hoje em termos de obra e vida do frei poderá ser visto no site, inclusive o catálogo raisonné, um tipo de publicação de que se cataloga todas as obras conhecidas de determinado artista.

“Já há muito tempo que estamos fazendo essa pesquisa, reunindo os materiais. Há informações sobre a carreira, as obras, com destaque para o raisonné que estou elaborando desde 2013. Já temos mais de 1.500 obras registradas. Há também a fortuna crítica, livros que ele deu origem, artigos, fotos, dados bibliográficos”, sinaliza PX. Os desafios, segundo o produtor, são muitos. “Trata-se de um processo aberto porque todo mês surgem obras até então desconhecidas de Confaloni”, completa. 
 
Goiás 
Confaloni pode ter ganhado uma galeria para chamar de sua na Itália, mas em Goiás o reconhecimento já tem acontecido há tempos. Em 2019, por exemplo, a Prefeitura de Goiânia lançou na Antiga Estação Ferroviária o Museu Frei Confaloni. O espaço, decorado com dois afrescos em grande dimensão do italiano, mantém uma exposição fixa com documentos históricos e obras do frei.

Já a cidade de Goiás abriga o Museu Histórico Dominicano Frei Nazareno Confaloni, espaço instalado nas dependências do antigo convento da Igreja do Rosário. Há uma exposição com obras que destrincham as técnicas do artista e depoimentos de protagonistas que lhe são contemporâneos. “As obras do artista permitem diversos recortes, tanto do ponto de vista da técnica, por serem várias utilizadas, quanto do ponto de vista temático. O trabalho do frei é o marco inaugural da arte moderna em Goiás”, destaca PX Silveira.

E o mural repartido em seis? 
Enquanto Frei Nazareno Confaloni é homenageado na Itália, uma de suas obras mais portentosas segue sem destino em Goiânia. Pintado no antigo prédio da Celg, vandalizado, dividido em seis partes e levado para o subsolo do Centro Cultural Oscar Niemeyer em agosto de 2023, o trabalho intitulado Energia Elétrica: a Origem, a Invenção e o usufruto aguarda o restauro que ainda não veio.&nbsp;

A ideia era de que a obra fosse transportada para a cidade de Goiás e restaurada nas dependências do Museu Histórico Dominicano Frei Confaloni, em decisão anunciada pelo governador Ronaldo Caiado (União Brasil). Agora, segundo a Secult Goiás em nota ao POPULAR, a empresa responsável pela restauração emitiu em julho um parecer mostrando ser inviável o transporte e instalação da peça na antiga capital do Estado.&nbsp;

“Equipes da Superintendência de Patrimônio Histórico e Artístico da Secult também estão trabalhando em um parecer técnico para analisar a viabilidade do transporte e instalação da peça no museu na cidade de Goiás”, diz a nota. Assim que o documento estiver pronto, ele será encaminhado, junto com o primeiro parecer elaborado pela empresa de restauro, para o Conselho Estadual de Cultura, que irá definir o destino da obra.&nbsp;

O produtor cultural PX Silveira, que luta para que o mural seja levado para a primeira capital, diz que o relatório feito pela empresa contratada pela Secult é refutado por especialistas, dentre eles, o restaurador que realizou devidamente a decupagem e retirada do painel do seu local de origem. "Aguarda-se pelos novos desdobramentos”, conclama o pesquisador.

Frei Confaloni ganha galeria permanente na Itália

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Ao mestre com carinho

O conflito entre explorar as nuances de preto, branco e cinza ou deixar os pincéis serem dominados por uma explosão de cores permeia o trabalho de Telma Alves, que celebra 35 anos de carreira com a exposição individual Ainda a Pintura, com inauguração nesta quinta-feira (27), às 19 horas, no Centro Cultural UFG. A mostra apresenta um conjunto de obras recentes da artista, referência na pintura contemporânea goiana. A visitação segue até o dia 30 de abril.

<a href="http://opopular.com.br/canal" style="color: rgb(0, 85, 128); outline: 0px; outline-offset: -2px; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px; background-color: rgb(238, 238, 238);" target="_blank">🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp&nbsp;</a>

Natural de Morrinhos, município do sul de Goiás, Telma Alves reafirma aos 76 anos a sua contínua investigação no campo da pintura, que tem influência na psicanálise e na espiritualidade. A mostra faz uma imersão nos pólos cromáticos ao dividir as obras em torno desses dois grandes eixos, ocupando as galerias 1 e 2 do Centro Cultural.

“Meu trabalho necessita desse conflito durante o processo criativo, que se torna quase simultâneo. Quando utilizo preto e branco, imediatamente entro na ideia das cores, que são um desafio para mim”, comenta.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/mostra-ao-centro-oeste-dedicada-a-cineasta-belga-chantal-akerman-comeca-nesta-quinta-feira-27-1.3245573" target="_blank">Mostra Ao Centro-Oeste dedicada à cineasta belga Chantal Akerman começa nesta quinta-feira (27)</a> 
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Conciliar uma abordagem mais abstrata e espiritualista, como a dela, com a experiência visual da cor é desafiador, explica a artista. “A cor, para mim, representa muitas vezes o diluimento do próprio ambiente e transforma, sensorialmente falando, as condições da percepção do mundo externo”, ressalta.

“Considero algo bem novo e contemporâneo dentro da minha pintura e um momento interessante da minha trajetória. Essa exposição simboliza a maturidade do meu trabalho e da minha vida espiritual, que caminham juntos”, complementa Telma.

Com curadoria do professor e crítico Paulo Duarte-Feitoza, a mostra é um convite à produção recente da artista que, mais do que nunca, experimenta com a sobriedade monocromática e a profusão de cores. “Para quem já conhece seu trabalho anterior, será uma surpresa perceber como, mesmo após mais de três décadas de carreira, Telma continua nos desafiando com sua pintura. Ela ainda tem muito a dizer”, afirma o curador.

<h2>Resgate</h2>

Telma Alves é autodidata e começou sua trajetória nos anos 1990, aos 38 anos. Logo passou a frequentar ateliês e cursos com nomes importantes das artes plásticas, como Aguinaldo Coelho, Maria Tereza Louro, Mônica Sartori, Marcos Lontra e Herculano. A partir daí, construiu uma sólida carreira com premiações e participações em exposições individuais e coletivas em instituições e exibições de todo o País, como Galeria Sesc Paulista (SP), Galeria Referência (DF), Itaú Cultural (GO), Funarte (DF), Museu de Arte Contemporânea de Goiânia (MAC-GO), Fundação Jaime Câmara, Museu de Arte de Goiânia e Galeria Potrich.

Ocupando lugar de destaque na cena da pintura contemporânea em Goiás, Telma tem como marca a sua inquietação constante e linguagem única, explorando relações entre cor, textura e composição em obras que transitam entre gestos expressivos e estruturas sutis. A sua relevância vai além de sua produção individual, segundo o curador Paulo Duarte-Feitoza. “Quando se pensa a história da pintura em Goiás, ela ocupa um lugar singular. É uma pesquisa que não se esgota, mas se reinventa a cada nova série de trabalhos”, diz.

De volta às galerias com uma exposição individual, Ainda a Pintura faz não só um resgate da produção de Telma, mas também um reconhecimento da sua importância no cenário das artes visuais goiana e brasileira. “Quando se olha para os meus trabalhos antigos, eles refletem os atuais. Considero isso algo muito rico quando se trata de obras de arte”, diz a artista.

A mostra integra a programação comemorativa dos 15 anos do Centro Cultural UFG, coincidindo também com o mês de março, quando se celebra o Mês da Mulher, destacando a importância e protagonismo das mulheres na arte contemporânea e no campo da pintura. “Passei por muitos desafios e mudanças desde que comecei, nos anos 1990. Nós, mulheres, estamos hoje em um espaço privilegiado, porque sempre houve machismo na história da arte”, comenta.

Hoje, Telma tem uma rotina diária de trabalho. “Todos os dias preciso entrar no ateliê e produzir. Gosto muito de desenhar, mas o forte mesmo é a pintura”, comenta ela. O desafio da cor me deixa em um estado magnífico”, conta. Os desenhos são presentes e constantes na sua produção. “A exposição, no entanto, reafirma que o meu trabalho ‘ainda é a pintura’, porque ao longo da minha carreira é o que mais se fortaleceu. É a pintura que reafirma quem eu sou”, finaliza.

&nbsp;SERVIÇO

Exposição:

Ainda a Pintura, de Telma Alves

Abertura: 27 de março (quinta-feira), às 19h

Visitação: 

de 28 de março a 30 de abril. Terça a sexta, das 10h às 18h, e sábados das 9h às 13h.

Local: 

Centro Cultural da UFG &nbsp;(Av. Universitária, 1.533 - &nbsp;St. Universitário)

Informações: 

@telmaalves.arte e @centroculturalufg

Entrada gratuita

Telma Alves celebra 35 anos de carreira em exposição no Centro Cultural UFG

Movida a cores

A exposição coletiva Corpo Casa, com obras das artistas Lais Rocha, Mah Ferreira, Heloísa Lemos, Thaysa Alarcão e Verônica Santana, será inaugurada nesta quinta-feira (13), às 19 horas, na Sala Sebastião Barbosa, na Vila Cultural Cora Coralina. Produzida pelo coletivo Arapuá, a mostra investiga o corpo feminino como território simbólico de pertencimento, resistência e memória, permanecendo em cartaz até 14 de abril.

<a href="http://opopular.com.br/canal" style="color: rgb(0, 85, 128); outline: 0px; outline-offset: -2px; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px; background-color: rgb(238, 238, 238);" target="_blank">🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp&nbsp;</a>

A exposição reúne diversas linguagens artísticas, como pintura, gravura, performance e vídeo, convidando o público a uma reflexão sobre o feminino e suas múltiplas facetas. As obras abordam questões identitárias, sociais e históricas que moldam as vivências das mulheres, proporcionando uma experiência sensorial e reflexiva. Da potência das performances ao detalhismo das gravuras, a mostra conduz os visitantes por narrativas singulares que, ao mesmo tempo, dialogam entre si.

Heloísa Lemos trabalha com pintura e gravura, explorando o dualismo, o feminino e a cultura de Goiás. Thaysa Alarcão pesquisa o conceito de “corpo-casa”, memórias e identidade, desenvolvendo autorretratos e poéticas autobiográficas. Laís Rocha (Aloisam) expressa seu inconsciente por meio de cores e texturas, intensificando sua produção durante a pandemia, quando encontrou na arte um refúgio emocional. Mah Ferreira (Mariana Herculano) utiliza diferentes mídias para discutir corpo, identidade e feminilidade, com ênfase no autoconhecimento e pertencimento. Verônica Santana trabalha com performance e pintura, abordando memória trans, corpo humano e religiosidade, criando diálogos sobre vivências trans e espiritualidade.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/orquestra-filarmonica-de-goias-se-apresenta-no-teatro-basileu-1.3240529" target="_blank">Orquestra Filarmônica de Goiás se apresenta no Teatro Basileu</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/exposic-o-com-obras-do-artista-plastico-siron-franco-marca-abertura-do-espaco-cultural-carmo-bernardes-1.3240071" target="_blank">Exposição com obras do artista plástico Siron Franco marca abertura do Espaço Cultural Carmo Bernardes</a></div>

Como parte da programação, serão realizadas rodas de conversa entre as artistas, a equipe de produção e docentes da Faculdade de Artes Visuais da UFG. Os encontros visam aprofundar debates sobre o papel das mulheres nas artes visuais e na sociedade contemporânea. Mais detalhes serão divulgados em breve no perfil da Vila Cultural no Instagram (@vilaculturalcc).

Durante o mês de março, a Vila Cultural funcionará de segunda a sábado, das 9 às 16 horas, encerrando as atividades às 17 horas. A entrada é gratuita, e animais de estimação são bem-vindos, desde que estejam com coleiras.

<h3>Serviço</h3>

Exposição: Corpo Casa

Artistas:

Lais Rocha, Caroline Lima, Heloísa Lemos, Thaysa Alarcão e Verônica Santana

Abertura: 

Quinta-feira (13), às 19h

Período de visitação: até 13 de abril

Local: 

Vila Cultural Cora Coralina / Rua 3, com Rua 23, Centro

Entrada gratuita

Exposição na Vila Cultural Cora Coralina reúne obras de cinco artistas mulheres

Corpo e memória

Já despontando no horizonte de seu primeiro centenário (2033), a cidade de Goiânia está com deveres atrasados para ser preparada culturalmente para as comemorações. Suas primeiras décadas foram pujantes. A nova capital do estado surgia com a força do novo, irresistível, sem medo do futuro, acelerada para assumir seu lugar ao sol.

É esse mesmo espírito que se pede seja revivido agora e revigorado na antevéspera de seu primeiro século de existência. Para isso, muitas coisas precisam ser feitas. A primeira delas é ter um governo municipal alinhado com os desafios que ela enfrenta, que a entenda por inteiro e saiba potencializar suas expectativas.

Já o temos, disseram recentemente as urnas. É um governo cujo mandatário afirmou querer cumprir duas gestões (os 8 anos que nos levam até o centenário) com uma administração prospectiva e eficiente. Para ela ser validada, o setor cultural, este velho desconhecido, deve estar à frente, promovendo interação, vislumbrando novas maneiras e indicando caminhos. Afinal, é bem verdade que nada é feito sem inspiração e criatividade.

Mas não será tão simples assim. O setor de finanças, que clama pelo reconhecimento de calamidade financeira nas contas da Prefeitura, pede rigor orçamentário para colocar a casa em dia. Por outro lado, a cidade tem visto medrar autênticos gestores fakes de cultura.

Perdeu-se, por exemplo, a sede antiga da Assembleia Legislativa de Goiás para o TCM, que vai subocupar o local em demanda e estatura. Vendo tudo acontecer, as associações representativas do setor cultural aceitam caladas e nada fazem, porque são reféns do apoio municipal, a ponto de terem que fechar suas portas se não o tiverem. O que elas representam, afinal? Representam o elo apodrecido entre a cultura e o poder, ocupando o espaço de uma relação sadia com críticas, protestos e cobranças, quando necessário.

E onde estamos? Ora, à beira do primeiro centenário da capital goiana. O que podemos fazer? Além de torcer, podemos ajudar renovando diariamente as expectativas que nos movem e desejar que elas sejam postas na mesa farta do futuro.

Ao que tudo indica, o governante municipal que aí está parece ter o perfil adequado para a ocasião. Depreende-se de seu fôlego inicial uma enorme vontade de acertar. Está na sua hora, possui histórico empreendedor e demonstra compreensão que alcança novos horizontes. Além do mais, apresenta uma pretensa abertura ao diálogo, que é diariamente testada e colocada à duras provas. São indícios -podemos dizer, se tomados de elevado otimismo- de que o primeiro requisito para um plenário cultural visando o centenário já está cumprido.

Que venham sonhos, projetos e realizações à altura da cidade capital. Para isso, que se estabeleça um engenho de pessoas arejadas e desinteressadas, que entendam de gente e de história, em sintonia com o mundo global e as aberturas internacionais, sem perder o andar local. Gente que saiba acreditar e arrancar das unhas o futuro.

Nada de velhas teias de compadrios estabelecidos em tomas-lá-dá-cá, que nos remetem ao descarte da história. Sobretudo, um engenho de gente que tenha nos antecedentes o respeito com a coisa pública, que não hesite em levar para a praça a terra fértil do seu quintal. Que seja tão sensato quanto ousado e, mirando na imagem e no ritmo do dirigente mor; competente e empreendedor. O tempo já deu a largada. Goiânia a 100, hoje.

Px Silveira, produtor cultural e membro do Instituto Histórico de Goiás. Presidente do Instituto ArteCidadania e curador residente do Instituto Biapó

Goiânia a 100, hoje

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Px Silveira

Como construir uma casa e como viver ali? É essa a investigação do artista visual Pedro Kastelijns durante a exposição&nbsp;Construção, que entra em cartaz nesta quinta-feira (13), no Centro Cultural Octo Marques. É a primeira mostra individual assinada pelo goiano que mora em Amsterdã, capital da Holanda. A mostra segue aberta ao público até o dia 13 de março.

<a href="http://opopular.com.br/canal" style="color: rgb(0, 136, 204); text-decoration-line: none; outline: 0px; outline-offset: -2px; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px; background-color: rgb(238, 238, 238);" target="_blank">🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp&nbsp;</a>

A interdisciplinaridade mapeia o processo base de Kastelijns, com obras em desenho, pintura, música, fotografia e coleção de imagens. O artista apresenta peças bi e tridimensionais, instalações, álbuns musicais e performances. Navega, por exemplo, em técnicas e suportes fluidos, ora metalinguísticos, ora espaciais.

“Essa é minha primeira individual, tanto aqui como fora. Dar esse importante passo na minha cidade natal me faz muito feliz”, comenta o artista de 27 anos. Quem assina a curadoria é o pesquisador, professor e crítico de arte Paulo Duarte-Feitoza, doutor em História da Arte pela Universidade de Girona, na Espanha. “É significativo mostrar o que aprendi e me tornei, na cidade onde tudo começou. A sensação é de um de ciclo completado”, diz.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/fotografa-adriana-bittar-abre-mostra-que-captura-a-beleza-e-a-fragilidade-dos-biomas-brasileiros-1.3230021" style="color: rgb(0, 85, 128); outline: 0px; outline-offset: -2px; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px;" target="_blank">Fotógrafa Adriana Bittar abre mostra que captura a beleza e a fragilidade dos biomas brasileiros</a> 
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Nos últimos anos, Kastelijns estudou na Gerrit Rietveld Academie, a academia de artes e design mais prestigiada da Holanda, ao lado de estudantes e professores do mundo todo. O approach é bem experimental, transdisciplinar e focado no desenvolvimento individual da prática de cada aluno. “Foi fantástico e expandiu completamente minha visão do que uma prática artística pode vir a ser”, reitera o profissional.

Para&nbsp;Construção, Kastelijns usa metáforas para discorrer sobre a busca de abrigo, físico e emocional, da qual se deparou ao migrar para um lugar diferente do mundo. As obras exploram a dicotomia entre a urbanização precária do Brasil e a paisagem padronizada dos Países Baixos, enquanto questionam noções de identidade, pertencimento e sentido de vida. “Por mais que seja abstrato, é um trabalho extremamente autobiográfico, mas que não impõe narrativas ao público”, argumenta.

<h2>Brincadeira</h2>

A fundação da prática do artista é o brincar, se manifestando por meio da maneira lúdica e experimental em que aborda materiais, permitindo que estes o guiem, e não o oposto. “O brincar tem relação forte com o improviso, reforçando a parte intuitiva e gestual do processo, com o objetivo de deixar o racional mais de lado. Isso me abre portas para uma experiência mais catártica e sensorial ao produzir”, conta.

Se a máxima de que o ano no Brasil só começa depois do carnaval, para Kastelijns, 2025 fugiu à regra. O semestre começou com a primeira individual e, simultaneamente, a turnê pelo Brasil com o grupo Pedro Kastelijns e Qbae, que veio da Holanda para uma série de shows em fevereiro.

Já em março, o goiano faz uma performance parte da mostra, além de debates sobre o trabalho e oficinas criativas. “No início de abril volto para Amsterdã, onde certamente vou ter bastante tempo para processar após tantas experiências. Pelo menos o inverno já vai ter acabado por lá”, brinca o artista.

Serviço

Exposição:&nbsp;Construção, de Pedro Kastelijns 
Abertura:&nbsp;Nesta quinta-feira (13), às 19 horas 
Visitação:&nbsp;De sábado (14) a 15 de março de 2025, de segunda a domingo, das 9 às 17 horas 
Local:&nbsp;Centro Cultural Octo Marques – Edifício Parthenon Center, Rua 4, nº 515, Centro 
Entrada gratuita 
Informações:&nbsp;@pedrokastelijns&nbsp;

<h3>Tropeçou no céu como se ouvisse música&nbsp;</h3>

Além da exposição,&nbsp;Construção&nbsp;também é o mais recente disco de Pedro Kastelijns, disponível nas plataformas digitais. Com canções que brincam com o conceito de construir, como Cano P vc, Tijolinho de 6 Furos e Terra, o goiano explora de forma sonora e poética questões e temáticas presentes na mostra. Há ainda uma parceria com Dinho Almeida, da Boogarins, na faixa Será?.&nbsp;

“A música veio como válvula de escape durante a adolescência, quando percebi que a magia da infância não seria eterna”, conta. O artista começou a compor e gravar em casa aos 15 anos. “Na faculdade, descobri que as duas disciplinas podem se entrelaçar muito mais, em conceito e forma. Desde então, minha música – e meu trabalho como um todo – cresceu muito”, salienta.&nbsp;