Depois de duas edições de sucesso em Brasília, chegou a vez de Goiânia receber o Festival Rock Popular Brasileiro 2025. O evento promete reunir gerações de fãs em uma noite que celebra a força do gênero com quatro atrações de peso: Frejat, Biquini, Mr. Gyn e Piano Rock. Os shows serão realizados neste sábado (23) na Arena Multiplace, com abertura dos portões às 17 horas.

Frejat, nome fundamental do rock nacional desde os tempos do Barão Vermelho, destaca a importância de festivais que aproximam artistas veteranos e novos nomes. “Isso renova o cenário, é muito importante para a renovação do universo daquela linguagem, daquele vocabulário que você trabalha. Vale para todos os estilos, e não deveria ser diferente dentro do rock brasileiro. Fico muito feliz quando tem uma molecada nova abrindo os meus shows”, disse em entrevista ao POPULAR.

Com mais de quatro décadas de carreira, ele segue emocionando plateias ao revisitar sucessos como Pro Dia Nascer Feliz e Exagerado, mas sem deixar de lado novas composições. “As minhas canções contam histórias nas quais as pessoas se reconhecem, e isso é muito poderoso. O cotidiano é algo atemporal, fala para todas as idades. E eu continuo compondo coisas novas que acredito terem a mesma qualidade das que já fiz”, comenta.

Para Frejat, o tempo nunca foi um obstáculo para a conexão com o público mais jovem. “Eu não me vejo apenas como um artista do rock. Minhas canções estão por aí há bastante tempo, então as pessoas acabam ouvindo e curtindo, mesmo sem saber se é nova ou antiga. Isso é muito bonito.” Sobre Goiânia, ele garante que o carinho do público é recíproco. “Sempre tive uma receptividade maravilhosa. Para mim é um prazer enorme tocar aqui e espero que, mais uma vez, a gente possa cantar junto e se divertir muito.”

Outro destaque da noite é o Biquini, que comemora 40 anos de carreira sem perder o frescor de hits que marcaram gerações, como Vento Ventania, Janaína e Tédio. Para o vocalista Bruno Gouveia, a marca é mais sobre continuidade do que celebração de um ponto de chegada. “Mais que o orgulho de ter construído tamanho passado, é sentir o resultado disso nesse presente. O Biquini hoje faz parte de um seleto grupo surgido naquela década de 1980 que continuou ativo e criativo. Não celebramos a chegada, mas a trajetória, pois ela não acaba agora.”

A relação de Bruno com Goiânia é carregada de lembranças pessoais. Desde a infância, ele passava férias na cidade, visitava o Mutirama e clubes locais, ao lado dos avós que moravam em Goiás. Eles não chegaram a assistir a um show da banda, mas, segundo o cantor, subir ao palco aqui sempre traz uma sensação de reencontro. “Sentir a energia dos goianos é como sentir a presença deles. Isso torna a experiência única para mim”, diz.

Para o artista, o maior desafio da trajetória da banda foi ignorar críticas maldosas. “O meio musical pode ser cruel e enterrar um artista. Nós passamos anos difíceis, mas soubemos nos reinventar, mantendo amizade e respeito entre nós como algo indissolúvel”, explica. Para ele, a força do público foi essencial. “É uma surpresa e um orgulho ver jovens cantando letras lançadas décadas atrás. Foram eles que eternizaram nossas músicas, passando adiante para outras gerações.”

Serviço: 
Evento: Festival Rock Popular Brasileiro 2025 
Atrações: Frejat, Biquíni, Piano Rock e Mr. Gyn 
Data: Sábado, 23, a partir das 17h 
Local: Arena Multiplace. Alameda Barbacena, Qd. 28, Lt. 18, Vila Alto da Glória 
Ingressos a partir de R$130 à venda no site bilheteriadigital.com. 
Informações e lounges: (62) 99966-2470

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Pop rock goiano

Representando a cena local, o Mr. Gyn retorna aos grandes palcos com a responsabilidade de mostrar a força do pop rock goiano no &nbsp;Festival Rock Popular Brasileiro. Conhecida pelo hit Minha Juventude, a banda mantém viva a conexão com o público por meio de novos projetos e apresentações intimistas, como a série Sons da Minha Juventude, Em Casa, que reforça sua identidade musical.

Fechando a programação, o Piano Rock, projeto de Glaucio Cristelo, leva para o piano clássicos de Beatles, Foo Fighters, Bon Jovi e Paralamas em versões energéticas que unem virtuosismo e irreverência. O sucesso começou nas redes sociais e ganhou os palcos de todo Brasil em um formato ousado que promete surpreender até os fãs mais tradicionais do rock.

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Frejat, Biquini, Mr. Gyn e Piano Rock são as atrações do Festival Rock Popular Brasileiro em Goiânia

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ARENA DO ROCK

O ano era 2010 e Gilberto Gil topou um convite ousado feito pela produtora goiana Monstro Discos: abrir mão da sua banda oficial para tocar ao lado do trio cuiabano Macaco Bong em dois shows especiais, que passaram apenas por Goiânia e pela cidade de São Paulo. “Até hoje é meio inacreditável que aconteceu”, comenta Leonardo Razuk, sócio da produtora. Essa é uma das histórias de bastidores da exposição Goiânia Noise Festival – 30 Anos: A História em Imagens, que tem abertura nesta quinta-feira (21), às 19 horas, na Vila Cultural Cora Coralina.

<h3 style="font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; color: rgb(0, 0, 0); text-rendering: optimizelegibility;"><a href="http://opopular.com.br/canal" style="color: rgb(0, 136, 204); text-decoration-line: none; font-size: 12px; background-color: rgb(238, 238, 238);" target="_blank">🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp&nbsp;</a></h3>

A mostra abre as comemorações de três décadas do festival realizado pela Monstro Discos, que ocupa o Martim Cererê entre 4 e 9 de setembro. O público confere cartazes e fotografias que contam a história de um dos mais longevos eventos de música do País, com curadoria do artista e fotógrafo João Paulo Alves, o Jotape. “Seria muito difícil pra gente selecionar as fotos. São muitos shows históricos, momentos inesquecíveis e divertidos”, diz Razuk. “Por isso, pedimos a ajuda para o Jotape, para que ele desse uma visão diferente de nós, da Monstro”, continua.

A exposição reúne imagens do acervo da produtora e registros de artistas, fotógrafos, produtores e do próprio público. “Fiquei super feliz com o convite. Tenho contato com o Goiânia Noise há alguns anos, fiz artes, vídeos e até trabalhei na portaria do 12º festival”, conta Jotape. No ano passado, a produção do evento teve contato com o trabalho fotográfico do artista e o convite para colaborar na mostra veio.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/recital-em-homenagem-a-nhanha-do-couto-sera-realizado-nesta-quarta-feira-20-no-centro-cultural-ufg-1.3301874#google_vignette" target="_self">Recital em Homenagem à Nhanhá do Couto será realizado nesta quarta-feira (20), no Centro Cultural UFG</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/marilia-mendonca-tem-cerca-de-200-gravac-es-de-musicas-ineditas-afirma-empresario-1.3301725" target="_self">Marília Mendonça tem cerca de 200 gravações de músicas inéditas, afirma empresário</a></div>

No processo de vasculhar drives antigos, DVDs, CDs e até fotos impressas que precisaram ser escaneadas, Jotape identificou momentos marcantes também para ele. “Bandas de amigos, pessoas muito queridas que passaram pelo festival. Fotos minhas trabalhando, lá no fundo, que nem eu tinha. Foi um trabalho muito emocionante”, diz. “Percebi o tanto que essas imagens precisam voltar a ser vistas. Sair um pouco da rede social, da tela e serem impressas, mostradas e contempladas. A curadoria procura valorizar essa união e resistência do festival, que ainda hoje funciona de forma conjunta, entre produção, músicos e público”, comenta.

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Los Hermanos (Anderson Brito/Divulgação)

<h2>Bastidores</h2>

Ainda que seja muita coisa para selecionar de 30 anos de festival, Leonardo Razuk destaca algumas histórias. O show de Gil com o Macaco Bong é uma daquelas que dá orgulho de acrescentar entre os feitos do evento. Em Goiânia, a apresentação aconteceu no Centro de Eventos da UFG em uma parceria entre o festival e o projeto Música no Câmpus, da Universidade Federal de Goiás.

Ele define a produção desse show como uma verdadeira loucura. “Viajamos nessa ideia, entramos em contato com a produção do Gil. Fomos conversando por quase um ano, até que ele topou!”, conta. “A Macaco estava no auge, com disco eleito melhor do ano, representavam uma ruptura da produção Rio-São Paulo e o próprio Gil já havia os elogiado. De repente, ele topou e fez apenas dois shows nesse formato.”

O registro da passagem da banda Los Hermanos pelo Martim Cererê, em 2002, não ficou de fora. “Pensa? Era o 8º Goiânia Noise, a banda já tinha estourado com Ana Júlia, era fenômeno nacional, mas lançou um segundo disco querendo mostrar que ainda dialogava com o independente e underground, e topou vir de ônibus e tocar no Cererê”, conta. Eles gravaram o áudio do show na intenção de lançar um disco ao vivo eventualmente, que o produtor se diverte ao lembrar. “Temos registro do Marcelo Camelo falando: ‘Quem quiser nosso novo CD, compra na banquinha da Monstro’. Quer algo mais Goiânia Noise que isso?”

A vinda de Hermeto Pascoal, em 2009, foi outro evento marcante. “Hermeto nos presenteou com uma música que ele escreveu, uma partitura que está emoldurada até hoje na sede da Monstro”, conta. O músico a escreveu no restaurante do hotel, naqueles papéis que servem como forro de mesa, enquanto esperava a van que o levaria para o show, e a dedicou “para o povo de Goiânia, com grande carinho”.

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Biohazard (Flávio Monteiro/Divulgação)

A invasão do palco no show da banda de hardcore norte-americana Biohazard, no 20º Noise, no Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON), é lembrada até hoje por quem presenciou a cena. “De repente, todo mundo subiu no palco e a banda seguiu tocando como se nada tivesse acontecido”, lembra Razuk. A passagem do Guitar Wolf, na 9ª edição, no Jóquei Clube, foi outro momento histórico. “Uma banda do Japão vir parar em Goiânia, em um festival de música independente? Essa edição, inclusive, é cheia de lendas e esse show é a essência de tudo que rolou nesse ano”, diz.

O show de Gerson King Combo, no 17º Noise, no Clube Jaó, também é lembrado. “O Léo Bigode (sócio da Monstro) toda hora tinha de entrar no palco e segurar o Gil Brother, que estava apresentando o evento, para ele não pisar nos pedais e cabos dos instrumentos”, conta. “Os dois já morreram, infelizmente. Mas nós criamos esse encontro memorável deles”, completa. Ivo Mamona no auge de sua bicicleta “croisinha”, a aula de rock da banda Helmet, a presença dos Toy Dolls, lendas do punk rock no palco do festival… o que não faltam são memórias para celebrar os 30 anos do evento na capital.

SERVIÇO

Exposição: Goiânia Noise Festival – 30 Anos: A História em Imagens 
Abertura: Quinta-feira, 21 de agosto, às 19 horas 
Visitação: Até 13 de setembro&nbsp; 
Local: Vila Cultural Cora Coralina (Rua 3, 1016, Centro) 
Entrada gratuita

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Exposição abre as comemorações de 30 anos do Goiânia Noise Festival a partir desta quinta-feira (21)

História em imagens

Dona de músicas como Deixe a Terra em Paz! e Medo, a banda Cólera promove um show especial neste sábado (12), às 19 horas, no De Leon Music Pub. A apresentação faz parte da turnê em comemoração aos 45 anos de um dos grupos em continuidade mais significativos do punk rock brasileiro.

Fundada em 1979 em São Paulo, a Cólera passou por influências como U. K. Subs e Stiff Little Fingers para se tornar um dos pilares do gênero no País. No decorrer das décadas, a formação mudou, o grupo percorreu turnês internacionais, lançamentos de discos e a criação de um selo independente, que ajudou a divulgar inúmeras bandas da cena.

Entre os destaques dos álbuns lançados estão, por exemplo, Tente Mudar o Amanhã (1985), Pela Paz em Todo Mundo (1986) e Caos Mental Geral (1998). No show de 45 anos, o grupo promete entoar os sucessos da carreira e fazer uma retrospectiva pela sua história musical. Há ainda a participação dos Maltrapilhos de Brasília, comemorando 30 anos de trajetória, e das bandas Gerações Perdidas, Realife e Nosso Ódio.

Serviço

Evento: Banda Cólera faz show de 45 anos

Data:&nbsp;neste sábado (12), a partir das 19 horas

Local:&nbsp;De Leon Music Pub, Rua 86, nº 605, Setor Sul

Ingressos:&nbsp;R$ 50 antecipado ou R$ 70 na porta (meia entrada solidária mediante doação de 1kg de alimento ou ração animal)

Ingressos:&nbsp;@deleonmusicpub

Banda Cólera faz show de 45 anos neste sábado (12) em Goiânia

ROCK

“Depois de sucessivos cancelamentos, finalmente dá-se como certa a presença no Ginásio Rio Vermelho, hoje, de Raul Seixas, deixando agitados roqueiros de todas as tendências e gerações. Em companhia de Raul vem outro baiano, Marcelo Nova – ex-vocalista do grupo Camisa de Vênus, que deve roubar boa parte do espetáculo, cabendo ao Maluco Beleza algumas aparições especiais.” Assim anunciava O POPULAR, em 9 de abril de 1989, a aguardada e incerta vinda do ícone do rock nacional a Goiânia — numa apresentação que se tornaria sua última em Goiás e uma das derradeiras da carreira.

<a href="http://opopular.com.br/canal" style="color: rgb(0, 85, 128); outline: 0px; outline-offset: -2px; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px; background-color: rgb(238, 238, 238);" target="_blank">🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp&nbsp;</a>

Tema da série documental Raul Seixas: Eu Sou, que estreia nesta quinta-feira (26), no Globoplay, o baiano completaria 80 anos no próximo sábado (28). E, mais de três décadas após sua morte, a imagem do Maluco Beleza segue viva na memória de fãs fiéis, como o eletricista Rogério Santiago Solá, de 53 anos, presente no Ginásio Rio Vermelho naquela noite histórica. Raul morreria poucos meses depois, em 21 de agosto de 1989, vítima de pancreatite aguda e parada cardíaca, agravadas por complicações do alcoolismo.

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Rogério Solá (Wesley Costa / O Popular)

“O ginásio estava lotado, a expectativa era enorme. Mas, quando ele entrou no palco, foi uma decepção. Raul já estava muito mal, totalmente debilitado”, relembra Rogério. “Veio amparado por dois homens, que pareciam seguranças, mas estavam ali para segurá-lo em pé. Cantou apenas quatro músicas.” A lembrança é confirmada pela crítica publicada dois dias depois, em 11 de abril, também em O POPULAR, pelo jornalista José Sebastião Pinheiro.

“É visível que ele não está bem e seu estado de saúde não é bom”, escreveu. Raul apareceu “parado diante do microfone, pouca expressão nos olhos, meio inchado e cantando sem as diabruras de antigamente”. Ainda assim, recebeu uma “verdadeira ovação” do público goiano e uma “recepção consagradora”, embora parecesse “assustado com tudo aquilo”. O show foi curto — um “Raul homeopático ou o que restou dele”, definiu o texto —, mas carregado de emoção, com os fãs acompanhando em coro clássicos como Metamorfose Ambulante, Cowboy Fora da Lei, Maluco Beleza e Sociedade Alternativa.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/raul-seixas-eu-sou-estreia-nesta-quinta-feira-26-no-globoplay-1.3279366" target="_self">'Raul Seixas: Eu Sou' estreia nesta quinta-feira (26) no Globoplay</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/odair-jose-cantor-goiano-e-icone-romantico-dos-anos-70-relembra-sua-carreira-1.3278098" target="_self">Odair José, cantor goiano e ícone romântico dos anos 70, relembra sua carreira</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/odair-jose-lanca-cd-feito-com-ia-estava-diferente-mas-estava-bonito-competente-1.3272720" target="_self">Odair José lança CD feito com IA: 'Estava diferente, mas estava bonito, competente'</a></div>

“O público saiu satisfeito por tê-lo visto, mas lamentando a situação em que se encontrava”, concluiu a crítica. Naquela noite em Goiânia, em 1989, Raul Seixas já não era o mesmo — frágil, doente, mas ainda capaz de carregar no olhar e na voz a força de um ídolo. Para muitos, como Rogério, bastaram poucos minutos no palco para tornar aquela despedida inesquecível. “Jamais vou esquecer aquela noite”, resume o fã, emocionado.

Mesmo sem assistir à apresentação, o servidor público Yuri Brandão também guarda uma lembrança especial da passagem do cantor por Goiânia. Com apenas seis anos, conseguiu entrar no quarto de Raul no Castro’s Park Hotel, graças a um contato de seu pai. A conversa foi rápida, mas marcante: o artista perguntou quais músicas o menino conhecia — “Sociedade Alternativa” e “Gita”, respondeu ele, tímido. O breve encontro despertou em Yuri uma paixão duradoura pelo rock, que moldaria seus gostos musicais e o afastaria do sertanejo dominante da época. Raul, para ele, foi a porta de entrada para um universo sonoro que incluiria Cazuza, Legião Urbana e Beatles.

<h2>Eterno</h2>

Ícone da música brasileira, Raul Seixas atravessa gerações com canções atemporais e uma legião de admiradores de todas as idades. Fã declarado do roqueiro, o cantor e compositor Fernando Perillo incorporou sucessos ao seu repertório e, há dois anos, montou um show inteiramente dedicado ao artista. “Acompanhei a obra desde o início, conheço a discografia inteira. Ele era produtor musical antes de tudo, tinha domínio de estúdio. E virou esse fenômeno. Quando veio a Goiânia, estava no auge, aparecendo na TV. Foi marcante”, recorda.

Fernando assistiu à apresentação no Estádio Olímpico, possivelmente em 1979. “O estádio estava cheio, choveu, a gente ficou na frente do palco, que era bem improvisado. E teve até um susto: o apresentador, William Santana, levou um choque forte ao encostar na grade de metal. O som estava mal aterrado. Era um lugar bonito, mas com estrutura precária.” Apesar da emoção, ficou uma ponta de frustração. “Ele estava bem alterado e não conseguiu render como deveria.” Ainda assim, Fernando reconhece a força da obra: “O legado dele é muito merecido”.

O professor Lisandro Nogueira também esteve nesse show. “Ele tinha lançado Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás. O estádio estava lotado. Era muito popular. E o que me lembro é que cantou o tempo todo. Não teve conversa com o público. Foi direto: só música, naquele estilo roqueiro, bem roqueiro”, destaca. Para Lisandro, o grande trunfo de Raul eram as letras. “Musicalmente, fazia um rock básico — nunca foi sofisticado. Mas as letras, especialmente as escritas com Paulo Coelho, faziam a diferença.”

O médico e escritor Ademir Hamu guarda memórias marcadas pelo entusiasmo da plateia e pela desorganização. Fã do artista, relata que Raul estava visivelmente debilitado, muito magro e aparentemente embriagado. “Mas, mesmo assim, conseguiu mobilizar uma multidão que cantava em coro, em especial Sociedade Alternativa. Foi em meio à chuva, com palco improvisado e pouca segurança”, conta. Apesar do caos, com empurra-empurra, pessoas molhadas e embriagadas e uma performance instável, Ademir lembra com carinho da energia coletiva e da devoção do público, que transformaram aquela noite em um momento emblemático.

<h3>80 anos de Raul Seixas</h3>

Diversas homenagens marcam a data dos 80 anos de Raul Seixas. A série Raul Seixas: Eu Sou já está disponível na Globoplay. Em São Paulo, está em cartaz o musical imersivo Raul Seixas – O Musical, e o Museu da Imagem e do Som (MIS) inaugura, em 11 de julho, a exposição O Baú do Raul, com programação até o dia 13. Em Minas Gerais, o Festival Internacional de Corais (FIC) dedica sua 23ª edição ao artista, com apresentações em mais de 40 cidades, incluindo Belo Horizonte, e participação de familiares e músicos ligados à sua trajetória do baiano inesquecível.

<h3>Perfil</h3>

<h4>Raul Seixas</h4>

O artista foi um dos nomes mais emblemáticos da música brasileira, conhecido como o "Pai do Rock Nacional". Nascido em Salvador em 1945, misturou rock’n’roll com baião, MPB, esoterismo e filosofia, criando um estilo único. Suas parcerias com o escritor Paulo Coelho renderam clássicos como Sociedade Alternativa, Gita e Maluco Beleza, marcados por letras provocativas e espirituais. Ícone da contracultura, Raul desafiou normas, misturando misticismo com crítica social. Apesar das batalhas contra o alcoolismo e a saúde frágil nos últimos anos de vida, manteve uma legião fiel de fãs. Morreu em 1989, mas sua obra segue viva, influenciando gerações.

Fãs relembram passagens do roqueiro Maluco Beleza por Goiânia

Testemunhas de Raul Seixas

Talvez os mais jovens não saibam a febre que foi o Acústico MTV, projeto que marcou o mundo da música entre 1991 e 2011. Era praticamente um rito de passagem na carreira de artistas nacionais e internacionais. O programa fez tanto sucesso que virou selo e os produtos gerados, como CDs e DVDs, eram extremamente lucrativos. Alguns deles se tornaram clássicos e é impossível não colocar nesse patamar o Acústico MTV: Ira!, que celebra os 20 anos da gravação com uma turnê “desplugada”. O show em Goiânia é neste sábado (21), às 21 horas, no Centro de Convenções da PUC Goiás.

O Acústico MTV foi criado com inspiração na série MTV Unplugged, programa norte-americano que surgiu em 1989 onde bandas e artistas tocam suas músicas em versão acústica, ou seja, com instrumentos acústicos e não elétricos. No Brasil, a estreia foi com o Barão Vermelho, em 1991, e fez história nos anos seguintes. O sucesso do formato foi tanto que se tornou símbolo do auge do mercado fonográfico nacional.

Uma banda participar da gravação acústica da emissora era sinônimo de que tinha “chegado lá”. Alguns shows no formato fizeram mais sucesso que outros, reverberando na carreira para além do acústico. O ano de 2004 foi marcado pelo lançamento da gravação com o Ira!, figurando entre os cinco projetos do selo mais bem-sucedidos comercialmente de todos os tempos no Brasil. Para a turnê, Nasi e sua inconfundível voz está no palco ao lado de Edgard Scandurra (violão e voz), acompanhados também de Daniel Scandurra (baixolão), Evaristo Pádua (bateria), Johnny Boy (teclados e violão), Jonas Moncaio (violoncelo) e Juba Carvalho (percussão).

O grupo vai revisitar as 19 faixas originais do álbum, algumas delas gravadas originalmente para o acústico de 2004 e que ganharam seu espaço no repertório dos shows elétricos da banda. Clássicas como O Girassol, Tarde Vazia e Eu Quero Sempre Mais, que teve Pitty na gravação, estão no repertório, além de velhas conhecidas como Envelheço na Cidade, Dias de Luta, Flores em Você, Núcleo Base, 15 Anos, além de faixas como Flerte Fatal, Ciganos e Poço de Sensibilidade.

E por que o acústico da banda, que estava na estrada desde 1981, é tão aclamado ainda nos dias de hoje? “Sem querer ser simplista: a razão do sucesso do Acústico MTV do Ira! foi muito trabalho. Sem citar nomes, eu sei que muitos artistas e bandas fizeram um acústico de uma maneira não comprometida, achando que aquilo poderia diluir a rebeldia da banda, coisas assim”, responde Nasi, vocalista da banda, ao POPULAR. “Mas não. Um grupo de artistas em que eu coloco o Ira! também, como Titãs, Capital Inicial e Cássia Eller, levaram muito a sério a gravação”, diz.

“Levar a sério”, segundo Nasi, era fazer um disco realmente acústico, com instrumentos acústicos. “Então, fizemos uma seleção de novos músicos de muito carisma e qualidade técnica para compor a banda. Tivemos muito tempo de ensaio, foram um ou dois meses de ensaios quase diários, só não ensaiávamos quando estávamos na estrada para fazer show. E também tivemos um bom diálogo entre mim, Edgar e o Rick Bonadio para a seleção das músicas”, relembra.

A celebração com a série de shows atual revive mais de quatro décadas de estrada do Ira! e relembra histórias curiosas e marcantes para a banda. Um exemplo é a versão de Train in Vain (Stand By Me) do The Clash, que até hoje faz parte do repertório de shows. A canção Pra Ficar Comigo é uma versão poética da original e precisou da autorização direta do grupo para ficar no repertório, algo que só aconteceu no último instante.

Nasi lembra com carinho do episódio, que ele chama de “pitoresco”. “O Clash é muito rigoroso. Se não me engano, o Joe Strummer já estava morto, então a nossa versão instrumental teve de ir para o Mick Jones. Tivemos de fazer a retradução, porque nós traduzimos poeticamente para o português e tínhamos de traduzir poeticamente do português para o inglês novamente. Demorou até o último instante do lançamento do disco a aprovação deles do que hoje é uma das músicas mais importantes do show do Ira!, inclusive no show elétrico também”, conta o vocalista.

Outra história lembrada por Nasi foi algo dito por Anna Butler, então diretora do canal, que ele acrescenta na lista de motivos para o sucesso estrondoso do acústico. “Ela falou que, por experiência dela, os artistas que gravaram Acústico MTV que tiveram os melhores resultados eram aqueles que não retocaram nada, que não fizeram overdubs, que são regravações, correções”, diz.

O vocalista explica que essas regravações são normais na feitura de discos. “Se uma coisa está desafinada, grava de novo, se tem um erro de harmonia, põe lá o violão de novo”, explica. “Então, assim fizemos. Foram dois dias de gravação e fizemos duas ou três versões de cada música, sem retoque nenhum. Então o que a Anna falou faz sentido, porque passa de maneira subconsciente uma naturalidade maior”, diz.

SERVIÇO 
Show: Ira! - Acústico 20 anos em Goiânia 
Data: 21 de junho, sábado 
Horário: 19 horas (abertura dos portões) e 21 horas (início do show) 
Local: Centro de Convenções da PUC Goiás - Campus II (Av. Engler, 507 - Jardim Mariliza) 
Ingressos: &nbsp;a partir de R$ 90 via www.icones.com.br&nbsp;

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Polêmica recente

Entre abril e maio deste ano, quatro apresentações da banda Ira! na região sul do País foram canceladas. O motivo é o posicionamento de Nasi durante show realizado em Contagem, Minas Gerais, no fim de março, em que o vocalista pediu que apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro deixassem a plateia após vaias por ele ter disparado o grito “sem anistia”, em referência aos presos nos ataques de 8 de janeiro de 2023 em Brasília.

“Artistas de qualquer espécie são cidadãos antes de qualquer coisa. Se eu estou em cima de um palco e tem um público na minha frente, significa que eu os represento, que minha música os representa e, obviamente, que o teor das minhas músicas representa um pensamento de pelo menos boa parte deles”, comenta o vocalista sobre o ocorrido. “Eu tenho respeito com quem é conservador, mas democrático. Com quem é de direita, mas democrático. Com extremistas, com a extrema direita e seus tentáculos, eu não tenho como impedir de ir no meu show, mas não me apetece”, diz.

Ele reitera que os shows estão acontecendo normalmente desde o ocorrido. “Eu não sou um artista que fica em todo show manifestando posições políticas, a não ser que seja alguma coisa muito importante naquele dia, que foi o que ocorreu em Contagem. Inclusive, a maioria absoluta do público se manifestou contra essa falsa anistia. E um grupinho, no fundo, os vaiou e me vaiou. Em alguns shows o público entoou junto o grito e em outros shows, não. E nesses outros shows em que ninguém puxou ‘sem anistia’, eu fiquei na minha, porque eu acho que meu recado já foi dado”, diz.&nbsp;