Em novembro de 1955, começava a Guerra do Vietnã. Foram duas décadas de fogo e desespero, com a cidade de Saigon no epicentro, palco de um dos mais longos e devastadores conflitos do século 20, contra os Estados Unidos. Hoje, o local mudou de nome e de destino: Ho Chi Minh, no Sul do país, é a cidade da superação, com quase 10 milhões de habitantes e um crescimento que surpreende. O Globo Repórter desta sexta-feira (21), mostra como essa metrópole tornou-se o motor econômico de um país que cresce cerca de 7% ao ano, governado há meio século por um partido de regime comunista, e que se transformou em uma potência tecnológica na Ásia.A reportagem de Mário Bonella é a primeira coprodução internacional do Globo Repórter com a TV Gazeta, afiliada da TV Globo no Espírito Santo. Em 2013, o Vietnã tinha 38 milhões de motocicletas, hoje são cerca de 78 milhões. Combater a poluição é o grande desafio. Para enfrentar isso, o país investe pesado em mobilidade sustentável: a primeira linha de metrô começou a operar no fim do ano passado e, até 2035, sete linhas vão cruzar Ho Chi Minh. Todo transporte público será elétrico até 2029.Pela primeira vez uma equipe de reportagem brasileira entra na maior fábrica de carros, situada no Norte do Vietnã. São 800 unidades produzidas por dia, com processos automatizados e robôs circulando entre as estações de montagem. Cerca de 35% dos veículos vendidos no país já são elétricos. É a chamada indústria 4.0 conectando máquinas com inteligência artificial e levando a quarta revolução industrial para o cotidiano da população. Entre os brasileiros que participam dessa transformação está Rodrigo Paoli, paulista que há três anos é diretor de engenharia de qualidade na fábrica.Outro personagem é Dionathan Santos, gaúcho de Esteio, presidente executivo da Câmara de Comércio Brasil-Vietnã. Filho de uma empregada doméstica e de um carpinteiro, ele se formou em Direito e Marketing e hoje ocupa um cargo estratégico aos 34 anos. “Eu sinto que dou orgulho aos meus pais. Provavelmente sou a primeira pessoa da família a chegar tão longe”, diz o executivo.Além da economia, o programa mostra curiosidades culturais e tecnológicas: uma partida de futebol com drones, que lembra o quadribol de Harry Potter; escolas que preparam crianças para usar a tecnologia e a ciência a favor do desenvolvimento; e um show de luzes que transforma Ho Chi Minh em uma cidade que nunca dorme. Moderna e tradicional ao mesmo tempo, ela é a síntese de um país que aposta na educação e na conectividade para garantir um futuro próspero. Também visita territórios devastados pelas bombas, que hoje dão lugar a uma floresta replantada. Nela, ainda existem sinais dos estragos feitos pelos ataques e bunkers onde os combatentes vietnamitas se escondiam por semanas. Além das inovações tecnológicas, o programa também resgata a história da guerra do Vietnã sob a ótica da alimentação. Por exemplo, o macarrão da paz no restaurante das reuniões secretas dos comunistas. Alimentos também era usados como código secreto para estoques de armas. E ao lado da chef de cozinha paulista Eloá Guieiro Alves, que mora no país e abriu seu próprio restaurante por lá, visita o único grande mercado ainda em atividade desde a antiga Saigon e que já foi o ponto de retirada do racionamento de comida no pós-guerra. Entre os vendedores e comerciantes ainda ativos nesse ramo, é possível encontrar empreendedores que nasceram da necessidade dos tempos de guerra. Um país que se modernizou, ficou mais tecnológico, mas que ainda carrega essa raiz na terra e nos sabores.O Globo Repórter vai ao ar nesta sexta-feira, logo depois da novela Três Graças.