Em um mergulho no universo analógico, o Globo Repórter desta sexta-feira (3) revela como discos de vinil, cartas escritas à mão, fotografias em papel, jogos de tabuleiro e revistas em quadrinhos estão conquistando o coração das novas gerações. Em tempos de hiperconexão, o programa mostra como essas práticas vêm sendo resgatadas como formas de desacelerar, cultivar memórias e fortalecer vínculos. As reportagens de Bianka Carvalho, Liliana Junger e Bette Lucchese percorrem diferentes cidades do Brasil para mostrar que o analógico não é apenas nostalgia, mas também inovação, afeto e resistência.Explorando ritmos como pop, samba, jazz, reggae, pagode baiano e outros, o álbum Caju, sucesso da cantora Liniker, foi gravado de forma analógica e lançado em vinil duplo, com pôster e envelope com fotos inéditas. O disco recebeu sete indicações ao Grammy Latino 2025, incluindo as principais da premiação, como álbum do ano, gravação do ano (por Ao Teu Lado) e canção do ano (por Veludo Marrom). A repórter Bianka Carvalho vai até São Paulo e conversa com a artista, que fala sobre o significado do trabalho, memórias e os sentidos que a vida analógica provoca em sua vida.“Minha paixão pelos vinis começou pela coleção da minha avó. Quando eu era criança e lia as dedicatórias nas capas dos discos, eu ficava encantada e curiosa. Se depender de mim eu vou seguir sendo uma cantora analógica, escrevendo minhas músicas a mão, com papel e caneta. Eu tenho muitos cadernos de composição. O vinil não é só um objeto, ele também é um afeto, o coração de quem escuta”, afirma Liniker.No Recife, o DJ Juniani Marzani, conhecido como DJ 440, criou uma festa que só toca vinil e, em agosto deste ano, se tornou Patrimônio Cultural Imaterial do Recife. “Eu considero o vinil um resgate e não uma moda. As pessoas hoje em dia estão muito aceleradas e para ouvir um vinil você pode parar, pegar uma capa, ler as informações e respirar, no meio desse mundo louco em que vivemos. Você toca na música e depois ela toca você”, garante. E não são somente os discos antigos que fazem sucesso atualmente. Na Região Serrana do Rio de Janeiro, uma fábrica de vinis, aberta há apenas 5 anos, aposta no aumento do interesse pelos discos analógicos.“São jovens que estão em busca de alguma coisa mais consistente. Como eles, muitas vezes, já nasceram nesse mundo tecnológico, das redes sociais, eles têm uma certa avidez por algo que sai daquilo ali”, afirma o antropólogo Bernardo Conde.As reportagens exploram como as novas gerações estão priorizando experiências fora das telas como uma forma de desacelerar, reconectar com o presente e reduzir a dependência da tecnologia digital. Na Universidade Federal do Rio de Janeiro, um projeto de extensão faz experimentos em fotografias analógicas e utiliza produtos mais baratos, como chás de guaraná, hibisco, café, como forma de tornar o processo mais acessível e sustentável. “A utilização de materiais orgânicos torna as fotografias mais acessíveis economicamente e também menos agressivas ao meio ambiente”, afirma a coordenadora do curso, Joyce Abbade, à repórter Bette Lucchese, que acompanha os processos de revelação realizado por esses alunos. A artista visual Joana Bastos reforça que as pesquisas com a fotografia os ajudam a exercitar a paciência de esperar o tempo das coisas e a lembrar que a vida é, de fato, analógica. O programa também mostra como a escrita à mão pode ser terapêutica. Admiradora do mundo do papel e da tinta, Mariana Loureiro criou o Clube do Envelope de Papel, que conecta mais de 4 mil pessoas por meio das palavras, selos e sentimentos. Para fazer parte, Mariana conta à repórter Liliana Junger que é preciso cultivar algo raro nos dias de hoje, que é a arte de esperar. “A gente fica muito refém de muita informação a todo o tempo e a carta é uma pausa no seu dia, uma amostra de atenção de verdade, porque ela é também uma forma de se relacionar”, diz. Em Belo Horizonte, a capital brasileira dos bares, os drinques e petiscos vêm acompanhados de lógica, estratégia e sorte. A cidade reúne diversas luderias, que são estabelecimentos comerciais que oferecem jogos de tabuleiro, jogos de cartas e outros jogos de mesa para os clientes, onde amigos, casais e famílias experimentam a vida social dos jogos com diversão e fortalecem as relações. Já no Rio de Janeiro, o músico Heitor Pitombo, apaixonado por história em quadrinhos, mostra sua vasta coleção e defende a riqueza artística dessa linguagem.