Começa a crescer em proporção assustadora a recorrência de situações dramáticas ligadas ao clima em Goiânia. Há pouco mais de um mês, uma tempestade intensa interditou a Marginal Botafogo, causou alagamentos em vários pontos da cidade e trouxe o caos à capital. Não foi a primeira vez, longe disso. Não será a última, podem acreditar. Pelo contrário, a situação dá sinais de ficar mais e mais grave. A emergência climática que o mundo vive causada pelo aquecimento global vem desafiando as estruturas urbanas em todo o planeta. Em Goiânia não é diferente. Tudo fica ainda mais complexo quando outros fatores são incluídos nessa equação, como o ritmo de adensamento da cidade, seus níveis de impermeabilização do solo e a “invasão” de leitos de córregos e rios por obras viárias. “Quando há uma chuva forte, nossa estrutura pega essa água e leva o mais rápido possível para outro lugar, para um encanamento. Mas a água não desaparece. Quando essa quantidade grande chega aos cursos dos rios e córregos, eles já estão estrangulados”, adverte o pesquisador e conselheiro do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás, David Finotti. “Isso causa uma série de problemas para a população da região para onde a água vai. Por isso temos que encontrar maneiras de desenterrar os nossos córregos, acabar com essa história de canalização”, acrescenta. Segundo ele, os córregos, que foram pensados como eixos da cidade no que eles tinham como elementos ambientais, viraram eixos viários centrais da capital. “Mas eles não deveriam ter essa função.”