A distância entre Roma e o balneário litorâneo de Ostia é pequena. São menos de 30 km que podem ser cumpridos por caminhos cheios de atrativos. Quem sai do Centro da capital italiana pode pegar a lendária Via Ostiense, que já ligava, milênios atrás, a sede do Império Romano ao seu principal porto no Mar Tirreno, na outrora Ostia Antica. O viajante passa pela Porta São Paulo, um dos limites da Roma Murada, com sua inequívoca pirâmide (monumento tumular do general Caio Céstio, construído entre os anos 18 e 12 antes de Cristo), ao lado do cemitério onde repousam os escritores John Keats e Antônio Gramsci, entre outros. Logo à frente está a Igreja de São Paulo Fora dos Muros, uma das quatro basílicas papais, e que marca o local onde o apóstolo Paulo foi assassinado e sepultado. Na noite ou madrugada de 2 de novembro de 1975, um automóvel fez esse percurso rumo à tragédia. Era o carro do cineasta e poeta italiano Pier Paolo Pasolini, um dos gênios criativos mais inquietos de sua geração e um dos homens mais controversos de seu tempo. Anticlerical, antifascista, antinormas de qualquer natureza, era um homem que desafiava padrões com sua arte e sua forma de viver. O Alfa Romeo, modelo 2000 GT, teria um papel importante na cena do assassinato de seu proprietário, que por volta das 22h30 da véspera, 1º de novembro, foi visto nas proximidades da principal estação ferroviária de Roma, o Termini, conhecida zona de prostituição daquela época. Um jovem garoto de programa teria entrado no automóvel de seu cliente e o desfecho notório seria conhecido no dia seguinte.