A função do som nas narrativas conduzidas no cinema nem sempre é devidamente valorizada, apesar de ele ser tão fundamental quanto fotografia, montagem e roteiro. A inquietação em torno dessa percepção motivou o diretor artístico da primeira Bienal Internacional do Cinema Sonoro (BIS), Belém de Oliveira, a conceber o projeto.A ideia, segundo Belém, é incentivar a análise crítica e motivar a atenção do público sobre a importância do som. “Quando as pessoas começam a descobrir como é pensado e feito o som no cinema, se surpreende”, observa. Ele lembra que mesmo no meio acadêmico o recurso narrativo ainda é pouco estudado e só chamou a atenção recentemente. “Há um aumento do estudo do som no cinema, nos EUA e outros países, de uma década para cá. No Brasil, a discussão acadêmica começou há cerca de 15 anos”, contextualiza. Oliveira afirma que sempre sentiu falta de um festival que desse abertura e propiciasse exibição, debate e formação sobre o assunto e assim nasceu a ideia da BIS. Ele gosta de enfatizar que o som no cinema não só é a música. “E nem sempre os sons que ouvimos é naturalista. Um ótimo exemplo são os sons de tiros. Se ouvir tiros de verdade, vai notar que se parecem mais como fogos de artifício. No cinema ele é fabricado de maneira diferente, para construir uma verdadeira sensação”, completa.