Uma franquia que revolucionou o cinema ao provar que nada era impossível, a começar por trazer dinossauros de volta à vida com realismo nunca visto antes. Ainda no início da década de 1990, Jurassic Park, de Steven Spielberg, transformou por completo as técnicas de efeitos visuais cinematográficos e abriu caminho para uma saga que despertou a curiosidade em todo mundo de como viviam esses animais pré-históricos. Depois de cinco continuações, recordes de bilheterias, chegou a hora de fechar mais um arco com a estreia nesta quinta-feira (2) nos cinemas de Jurassic World: Domínio.A direção para o encerramento da segunda trilogia volta para as mãos de Colin Trevorrow, responsável pelo início dessa fase em 2015, em Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros. A nova trama se passa quatro anos após as consequências de Jurassic World: Reino Ameaçado (2018), de J. A. Bayona, em que os animais foram soltos na natureza e já estão longe da Isla Nublar e espalhados pelo mundo e de qualquer possibilidade de serem capturados pelos humanos. O momento é de caos completo. Os dinos estão se reproduzindo de forma desordenada e colocando fim em toda a fauna moderna.Vale ressaltar que, ainda que os cinco filmes façam parte de uma mesma linha do tempo, os três primeiros constituem uma série inicial à parte. Jurassic Park – Parque dos Dinossauros (1993) é ambientado na Ilha Nublar, enquanto o segundo, O Mundo Perdido: Jurassic Park (1997), acontece quatro anos depois na Ilha Sorna e Jurassic Park 3 (2001) é sua continuação direta no mesmo lugar. Essa trilogia é mais um momento de contemplação dessas espécies e de entender como esses animais foram trazidos à vida novamente a partir do DNA extraído de insetos preservados junto com DNA de anfíbios.O quarto, Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros (2015) dá início a uma nova fase na franquia, em um salto de 20 anos da primeira aventura com o parque reformulado e visitado durante muito tempo e com os dinossauros sendo estudados em escolas e faculdades. Já na sequência, Jurassic World: Reino Ameaçado, o santuário está fechado e um vulcão prestes a entrar em erupção põe em risco a vida na Ilha Nublar. No local não há mais qualquer presença humana e os animais vivem livremente. O dilema é: tentar salvá-los ou abandoná-los para outra extinção? Decisão que tem reflexo agora no sexto filme.NostalgiaCom toda essa conexão, a direção promove uma celebração para fechar mais uma trinca de filmes e reúne os personagens das duas fases para uma pura nostalgia. Alan Grant, o arqueólogo vivido por Sam Neil, e Ellie Sattler, a paleobotânica interpretada por Laura Dern, que estavam sumidos da franquia desde Jurassic Park 3, estão de volta. O doutor Ian Malcolm (Jeff Goldblum) também segue no elenco – ele já tinha voltado no anterior. Esse time se junta ao treinador de dinos Owen Grady (Chris Pratt) e à ex-gerente de operações do parque e defensora dos dinossauros Claire (Bryce Dallas Howard).Apostar na nostalgia em Jurassic World: Domínio é resgatar o espírito do primeiro filme vencedor de três Oscar (efeitos visuais, mixagem de som e edição de som). O longa criou uma magia aproximando crianças da ciência e da paleontologia e se tornou a maior bilheteria da história até a chegada de Titanic (1997). Steven Spielberg seguiu na direção na segunda produção e manteve o patamar elevadíssimo. Depois disso, a história foi se perdendo, mas nunca deixou de atrair um grande público. Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros arrecadou US$ 1,67 bilhão sendo a sétima maior da história.Nostalgia também está em alta em Hollywood, caso do retorno de Top Gun: Maverick depois de 35 anos do primeiro filme (Top Gun: Ases Indomáveis) e com Tom Cruise seguindo no posto de protagonista. O ápice talvez tenha sido com Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, lançado em dezembro de 2021 e que reuniu no mesmo filme os últimos três aracnídeos vividos nos cinemas: Tobey Maguire, que interpretou o herói em 2002, 2004 e 2007, Andrew Garfield, em 2012 e 2014, e Tom Holland atualmente dono do uniforme. A produção se tornou a sexta maior bilheteria do cinema com US$ 1,832 bilhão.Homens e dinossaurosA mensagem do novo filme de Jurassic talvez seja a de que é impossível a convivência entre duas espécies dominantes no mesmo território. De um lado, todo o tamanho e a brutalidade dos dinossauros, do outro, a inteligência e a tecnologia dos seres humanos. Desde que escaparam de Isla Nublar, os animais estão vivendo dentro da sociedade, alguns pacificamente e outros nem tanto. Nos bastidores de tudo isso, os governos do planeta se esforçam para encontrar formas de contê-los. Uma das alternativas é contratar uma gigante tecnológica farmacêutica que promete capturar os dinos e isolá-los num santuário.A ideia é que eles aprisionados poderão ser estudados para avanços medicinais. A ganância corporativa na trama fica com o CEO da empresa interessada em capturar os animais, Lewis Dodgson (Campbell Scott). O problema é que tem muita coisa por trás do simples fato de separar homens e dinossauros da Terra. “Você sabe que está nos encaminhando para a extinção, e mesmo assim não vai parar”, exclama o Dr. Ian Malcolm ao ganancioso empresário no trailer. É o filme resgatando sua crítica máxima desde o início ao mostrar que é muito perigoso brincar de Deus e criar a vida.O caminho do vilão se cruza com o de Owen e Claire quando sua filha Maisie (Isabella Sermon), clone criado em laboratório e a filhote de uma velociraptor geneticamente modificada são sequestradas do lugar que eles estão vivendo. Simultaneamente, Alan Grant e Ellie Sattler investigam as ações da empresa de Lewis. A suspeita é que existe uma grande conspiração capaz de provocar um colapso global. O que não vai faltar é muita ação, destruição e perseguições alucinantes, como de um atrociraptor na cola de Owen enquanto ele foge de moto. Para alegria dos fãs, o tiranossauro Rex, clássico da franquia, também vai assustar muita gente nas poltronas.Fim da franquia?Ainda não é oficial, mas ao que tudo indica, Jurassic World: Domínio será o encerramento da saga dos dinossauros nos cinemas, baseada no livro homônimo lançado em 1990 por Michael Crichton. O astro Chris Pratt, famoso também pelo personagem Senhor das Estrelas, dos Guardiões da Galáxia, da Marvel, disse em entrevista a um programa de TV americano que o filme tem um final explosivo no sentido de comemoração. “Sabe quando você vai a uma queima de fogos como no 4 de julho ou no Ano Novo, que sempre há o final? Você está esperando por isso, e então bum! E você fica tipo, ‘Oh! o final!’ Eu sinto que todo o filme é isso. São 30 anos de produção, é o sexto filme Jurássico, é o fim desta franquia”, afirmou o ator.