Quando foi lançada em 15 de abril de 1874 no Boulevard des Capucines, coração de Paris, a exposição intitulada Affamés d’Indépendance – algo como Fome de Independência –, reuniu amigos que eram ligados pela arte e por uma visão menos rígida do ofício que os mantinha ligados. As misturas de cores, algumas um tanto ambíguas, com contornos menos regulares, trazendo cenas do cotidiano, personagens anônimos e com uma luz muito especial, que dava um ar de onirismo às telas, não eram exatamente uma novidade em uma França de tantas revoluções e convulsões e que buscava, num período de relativa tranquilidade, encontrar outras identidades para a sua arte. Os pintores ali reunidos não eram totalmente desconhecidos do meio artístico, mas ainda não gozavam de popularidade. Aliás, esse foi um dos motivos para a iniciativa, como revela a obra História das Pinturas Impressionistas, de Théodore Duret, publicada em 1919 e que é um dos mais importantes estudos para se conhecer um pouco melhor aquele momento que, mal sabiam seus participantes, tornar-se-ia histórico. “Era uma tentativa audaciosa essa de fazer uma exposição particular, envolvendo custos consideráveis, que eles desejavam compartilhar. Para alcançar um número suficiente de visitantes e obter a atenção da imprensa, eles perceberam que deveriam aumentar o círculo e se unir a artistas mais ou menos conhecidos, tendo, como ponto de reunião entre eles, a independência do espírito e a liberdade estética”, escreve. Nascia o Impressionismo, um dos movimentos mais influentes do mundo.