Num texto sobre a prosa do americano H.G. Carillo, o uruguaio Eduardo Galeano escreveu algo assim. “Você sabia que a linguagem pode ser lida e ouvida e vista e tocada? Você sabia que você a pode cheirar e sentir o sabor dela?” A tradução feita aqui é livre, mas a essência está evidente. Galeano falava da capacidade de extrapolação da palavra que Carillo alcançava em seus livros, uma experiência sinestésica além da leitura. Formas Feitas no Escuro, da paulistana Leda Cartum, transita por esse mesmo universo sensorial, a partir de textos breves de difícil categorização. Chamar todos eles de minicontos pode ser o mais próximo para os classificar em um gênero, mas não dar nome a eles talvez seja a definição mais acurada e mais alinhada ao hibridismo formal que reflete o limbo também das histórias.