Apesar de trajetórias distintas, Lenine e Zeca Baleiro são artistas de palco intensos, que costumam transformar o show em experiência sensorial. É a potência desses dois criadores que dá o tom da edição deste mês do Flamboyant In Concert, no dia 30, a partir das 19h30, no Deck Parking Sul do Flamboyant Shopping. Poesia nas letras, experimentação sonora e independência artística se encontram em uma noite que promete ser uma das mais marcantes da temporada.

Lenine será o primeiro a subir ao palco e, na sequência, Zeca Baleiro apresenta um show que reúne seus maiores sucessos. Ao olhar para os 20 anos de sua estreia fonográfica, Zeca reflete sobre sua permanência. “Eu acho um pouco difícil mensurar essas coisas, mas eu cheguei num momento de mercado favorável, num tempo em que as pessoas estavam ávidas por uma música permeada de mais brasilidade. Acho que ter trabalhado muito, diversificado as atividades, feito disco de samba, de eletrônico, de tudo, ajudou a expandir o meu trabalho e a fazê-lo permanecer”, afirmou em entrevista ao POPULAR.

Esse movimento, segundo ele, foi decisivo para atravessar modismos e consolidar uma trajetória que hoje dialoga com várias linguagens artísticas. O cantor guarda lembranças especiais de suas passagens por Goiás, especialmente no Teatro Rio Vermelho, onde apresentou o marcante show Líricas e, mais tarde, o projeto Concerto, em formato intimista de violões. Para ele, Goiânia é uma cidade que valoriza a música popular brasileira, sem deixar de lado o rock, ainda que o sertanejo seja predominante. “Sempre que eu vou, sou muito bem recebido, e os shows são uma grande celebração”, diz.

O repertório de Baleiro para o Flamboyant In Concert percorre sua discografia, mesclando sucessos consagrados, lados B e canções de álbuns recentes. Entre as escolhidas, clássicos como Telegrama, Flor da Pele, Babylon, Quase Nada e Bandeira. Conhecido por suas interpretações singulares, ainda promete releituras especiais, como Céu Azul, sucesso da banda Charlie Brown Jr., regravado em seu álbum mais recente, Piano (2025). No palco, estará acompanhado por Tuco Marcondes (guitarra e vocais).

Zeca Baleiro vive uma fase intensa de produção. Além de Piano, lançado este ano, trouxe ao público Mambo Só e O Samba Não é de Ninguém (2023) e parcerias de peso em 2024, como Ao Arrepio da Lei, com Chico César, e Coração Sangrento, com Wado. Em agosto, apresentou Céu de Giz, com Lô Borges. Já Lenine abre a noite com um show intimista de voz e violão, reafirmando sua verve de trovador contemporâneo. Com sete Grammys Latino e mais de quatro décadas de carreira, ele vê na música brasileira um manancial inesgotável de caminhos.&nbsp;

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O repertório do show de Zeca Baleiro mescla sucessos consagrados, lados B e canções de álbuns recentes (Necka Ayala/Divulgação)

“Sou um fazedor de canções”

Apontado como um verdadeiro “cantautor”, pela habilidade singular de interpretar e compor suas próprias canções, Lenine construiu uma carreira marcada pela poesia e pela experimentação sonora. Em quase quatro décadas de trajetória, o artista pernambucano consolidou-se como um dos grandes nomes da música popular brasileira, reunindo em seu repertório clássicos como Paciência, Leão do Norte e Jack Soul Brasileiro. Para o show em Goiânia, o pernambucano explicou ao POPULAR que optou por uma apresentação intimista de voz e violão, momento em que, nas suas palavras, é possível mostrar “a alma de cada canção” e revelar a essência de seu processo criativo. Confira trechos da entrevista:

Sua carreira mistura ritmos e sempre teve uma abordagem social e ambiental. Como você enxerga o cenário atual da música brasileira e o espaço que artistas independentes e engajados ocupam nele?

A música brasileira, como sempre, e eu acredito que eternamente, terá essa conotação de amplitude e diversidade. Nós somos um continente de muitas expressões: algumas urbanas, outras rurais; algumas litorâneas, outras do interior. Cada região tem o seu sotaque, suas expressões, e ainda existe toda uma música urbana que acontece nas principais cidades. Então, a música brasileira continua diversa e ampla.

O show em Goiânia terá formato intimista de voz e violão. Qual o maior desafio para esse tipo de apresentação?

O fato é que eu sou um cantautor, e, como cantautor, tenho essa coisa de interpretar as minhas próprias canções. Isso dá uma autoralidade muito grande. Quando tenho a oportunidade de cantar só acompanhado do meu instrumento, é também uma grande chance de mostrar a canção como foi feita, sem os arranjos, sem toda aquela cobertura que a gente coloca na hora de gravar um disco. Ali, naquele momento, você está vendo a alma de cada canção. Eu, como cantautor, adoro esse momento.

Ao longo da carreira, você já trabalhou com grandes arranjos, orquestras e múltiplos gêneros. Qual é o equilíbrio que você busca entre inovação e preservação da identidade sonora que os fãs reconhecem em sua obra?

Eu acho que não se trata de uma procura da minha parte. Acontece de eu estar sempre muito entregue ao processo de criar as canções. Eu sou um fazedor de canções. E canção é aquele negócio… é um lugar que você não sabe muito bem onde é, um caminho que você não sabe muito bem o que é, e você se joga naquilo, sempre procurando uma beleza. Só quando se concretiza como música é que você percebe não só a beleza da canção, mas a concretude dela. Nesse sentido, é sempre um caderno em branco começar uma nova canção. Os estímulos geralmente são visuais. É a partir do que eu vejo que faço.

Que artistas da música brasileira tiveram maior influência sobre sua trajetória e sobre o seu processo de criação?

Sem dúvida nenhuma, Milton Nascimento e Dominguinhos.

Olhando para mais de 30 anos de carreira e diversas conquistas, qual aprendizado você considera mais importante para manter uma carreira consistente e relevante no cenário musical brasileiro?

Eu tenho a impressão de que todos nós que trabalhamos com música, com arte, queremos ter um lugar na história como cronistas, fazendo a música que a gente faz. Então, acho que você tem que ser honesto consigo mesmo, os temas precisam ser relevantes para o coletivo, e deve haver uma preocupação histórica com o que você faz, que afinal de contas é um documento que você deixa para a posteridade.&nbsp;

SERVIÇO

Evento: Flamboyant In Concert apresenta: Lenine e Zeca Baleiro

Data: terça-feira, 30 de setembro

Horário: 19h30

Local: Deck Parking Sul -- piso 1, Flamboyant Shopping

Acesso: troca de ingressos de notas fiscais Local do posto de trocas: piso 1 (próximo à C&amp;A)

Informações: 3546-2016 ou www.flamboyant.com.br

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Lenine e Zeca Baleiro fazem show no Flamboyant In Concert nesta terça-feira (30)

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MÚSICA

O fim de semana na cidade de Goiás tem atrações nacionais gratuitas dentro da programação musical da 26ª edição do Fica - Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, que segue até o domingo (15). Com um show que reúne canções marcantes de sua carreira, alguns lados B e músicas de seus discos mais recentes, Zeca Baleiro inaugura a Praça de Eventos, principal palco do festival, nesta sexta-feira (13), às 22h30. A cantora Mart’nália é a atração do sábado (14), enquanto o encerramento do festival, no domingo (15), fica por conta dos veteranos do rock nacional Os Paralamas do Sucesso.

Para a apresentação na antiga Vila Boa, o cantor, compositor e multiartista Zeca Baleiro traz uma revisão geral de sua discografia, conta ele ao POPULAR. “É um show mais festivo, em que revisito sucessos da minha carreira, como Babylon, Telegrama, Flor da Pele e Bandeira, além das canções de outros autores que eu gravei, como Proibida Pra Mim (do Charlie Brown Jr.) e Ai que Saudade d’ocê (Vital Farias)”, adianta.

Ele vem acompanhado de sua banda, formada por Tuco Marcondes nas guitarras e vocais, Pedro Cunha nos teclados, samplers e vocais, Fernando Nunes no baixo e Kuki Stolarski na bateria e percussão. Apesar de não deixar os hits de fora, seus shows são conhecidos por nenhum repertório ser igual ao outro. “Sempre apresento algo de novo aqui e ali. Para esse show, estou levando uma novidade bem fresca, que é um remix que vou executar ao vivo de Céu Azul, da banda Charlie Brown Jr., que gravei no disco Piano (2025)”, adianta.

Zeca lembra que esse não é o seu primeiro show na cidade de Goiás. Em 2009, ele se apresentou na celebração dos 120 anos de Cora Coralina e os 20 anos do museu que leva o seu nome. A poeta é, inclusive, citada em sua música Meu Amor, Minha Flor, Minha Menina, que integra o álbum Baladas do Asfalto e Outros Blues (2005). “Minha Cora, minha Coralina/ Mais que um Goiás de amor carrego/ Destino de violeiro cego”, dizem os versos.

Inquietação

Quem acompanha a carreira do maranhense Zeca Baleiro, prestes a completar 30 anos de estrada, sabe que ele está sempre em intensa atividade. No último ano, lançou disco e saiu em turnê ao lado de Chico César, retomou seu projeto Piano, proposta intimista e que rendeu novo álbum e turnê acompanhado por Adriano Magoo, produziu com Lô Borges para o novo álbum do mineiro e anunciou um novo projeto com Vicente Barreto, compositor de obras conhecidas nas vozes de Vinicius de Moraes, Ney Matogrosso, Elba Ramalho e Maria Bethânia.

Zeca conta que sempre foi inquieto, característica inerente de sua personalidade e persona artística. “A inquietação é um dom ou um defeito natural”, brinca. “Sempre tive a natureza inquieta, desde jovem. Quando fui para a faculdade, fiz dois cursos e quis fazer mais outros. Quando estava em busca de um caminho profissional, pensei em várias coisas, até que a vida me levou meio que acidentalmente para a música. E ali eu me estabeleci e as coisas deram certo, entre aspas — consegui gravar disco, fazer carreira, etc.”, comenta.

Como artista, essa inquietação aparece na procura por projetos que o encantem. “Fico buscando projetos que me apaixonem, que me deem sobrevida artística, para não ficar na mesma eterna rotina de show e disco. Agora tenho tido vontade de me dedicar um pouco ao cinema. Fazer documentários curtos, mas sobre assuntos que me interessam e que acho que interessam ao público e à humanidade”, conta.

Zeca ainda não lançou sua carreira como diretor, mas tem participações diversas no cinema. Entre as mais recentes, está a criação da trilha sonora do filme De Longe Toda Serra É Azul (2023), sobre a vida do indigenista Fernando Schiavini, um dos idealizadores da Aldeia Multiétnica. O músico esteve presente na 16ª edição do evento no ano passado, na Chapada dos Veadeiros, para falar sobre criação da trilha e um show especial na vivência.

O Cerrado e as pautas ligadas ao meio ambiente recebem novamente o artista em terras goianas, desta vez no Fica 2025. “Quando participamos de um evento como esse, estamos participando não só como artistas, mas como cidadãos também”, aponta. “A música e a cultura sempre foram aliadas das pautas sociais e políticas. E não estou falando de política partidária. Creio mais no esforço da sociedade civil para construir um mundo menos hostil, mais igualitário, preocupado com causas prementes, como a questão ambiental”, diz. “Feliz de participar desse festival e curioso também. Vamos ver se tenho a oportunidade de assistir a alguma coisa”, completa.

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PROGRAMAÇÃO MUSICAL 
Shows nacionais do Fica 2025 
Local: Praça de Eventos

Sexta-feira (13) 
22h30 - Zeca Baleiro

Sábado (14)&nbsp; 
22h30 - Mart'nália o show Pagode da Mart’nália

Domingo (15)&nbsp; 
19h30 - Os Paralamas do Sucesso apresenta o show Paralamas Clássicos

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Mais música 
Seguindo a programação artística com atrações nacionais, o palco da Praça de Eventos recebe o show Pagode da Mart’nália. A cantora, compositora e ritmista carioca está rodando o País com a turnê que leva o mesmo nome do álbum, lançado no ano passado, que conta com 12 pagodes lançados entre 1992 e 2003. Cheia de Manias, Derê, Que se Chama Amor e Essa Tal Liberdade são alguns dos clássicos do gênero que ganham interpretação de Mart’nália. O show começa às 22h30.

Já no domingo (15), às 19h30, os veteranos do rock nacional Os Paralamas do Sucesso também prometem grandes hits com o show Paralamas Clássicos, fechando a intensa semana de atividades do Fica 2025. O trio formado por Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone selecionou 33 faixas que passam por toda a carreira da banda, que está na estrada há 48 anos.

Zeca Baleiro abre programação nacional de shows do Fica 2025

Música

Muito além das mostras audiovisuais e dos eventos relacionados ao meio ambiente, o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica) celebra a música em seus diversos gêneros. Na quarta-feira (19), durante a inauguração dos novos equipamentos do Cine Teatro São Joaquim, na cidade de Goiás, a Secretaria de Estado da Cultura anunciou as três atrações nacionais deste ano: o cantor Zeca Baleiro se apresenta no dia 13 de junho (sexta-feira); Martnália faz show no dia 14 (sábado); e Os Paralamas do Sucesso encerram o evento no dia 15 (domingo). Os shows acontecem na Praça de Eventos.

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A ideia é fazer com que as apresentações musicais transformem a antiga capital do Estado em um lugar de convergência e de encontros. Neste ano, o Fica será realizado entre os dias 10 e 15 de junho em diversos espaços culturais e históricos da cidade de Goiás. O projeto comemora a sua 26ª edição e é realizado pelo Governo do Estado.

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Martnália&nbsp;

Além dos artistas nacionais, o festival também desenvolve uma agenda com atrações regionais. As inscrições para selecionar artistas e grupos culturais goianos que farão parte da programação artística do evento estão abertas. Os interessados em participar podem se inscrever gratuitamente até às 17 horas do dia 7 de abril, exclusivamente pelo site oficial do festival (fica.go.gov.br).

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/documentario-sobre-chica-machado-sera-exibido-nesta-quinta-feira-20-no-centro-cultural-ufg-1.3242960" target="_blank">Documentário sobre Chica Machado será exibido nesta quinta-feira (20) no Centro Cultural UFG</a> 
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A seleção busca difundir e valorizar a produção artística goiana, contemplando artistas e grupos culturais de diferentes regiões do Estado. Podem participar pessoas físicas ou jurídicas residentes em Goiás.

O edital possui três categorias de seleção. A primeira é destinada às atrações locais, ou seja, aqueles artistas e grupos residentes na cidade de Goiás. Serão selecionadas 18 apresentações, incluindo seis festejos da cultura popular (manifestação de carnaval, capoeira, cortejo musical e apresentações circenses) com cachê de R$ 6 mil; oito apresentações musicais (R$ 6 mil); e quatro rodas de poesia (R$ 500).

A segunda categoria se destina a artistas e grupos de qualquer município do interior goiano. Podem participar apenas projetos de apresentações musicais, sendo dois contemplados com R$ 10 mil em cachê cada.

Já os artistas e grupos goianos residentes em qualquer lugar do Estado são contemplados na terceira categoria. Serão oito apresentações musicais com cachê de R$ 10 mil para cada uma.

Fica anuncia Zeca Baleiro, Martnália e Paralamas do Sucesso na programação deste ano

Janela musical

Entre as mãos que idealizaram e que realizam a Aldeia Multiétnica desde 2007, está a do indigenista Fernando Schiavini. Neste sábado (20), sua trajetória de vida e o trabalho incansável junto a populações indígenas são contados na sessão especial do filme De Longe Toda Serra É Azul, dirigido por Neto Borges, que integra a programação do último dia de evento, na Chapada dos Veadeiros. Zeca Baleiro, que criou a trilha sonora do documentário, se apresenta em seguida encerrando a agenda que começou no dia 12 de julho.

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Há 50 anos, o indigenista Fernando Schiavini iniciava uma grande aventura por aquele ainda pouco conhecido “Brasil profundo”. Na época, o jovem mineiro de 21 anos, natural de Ituêta, cidade localizada no Vale do Rio Doce, ingressou na Fundação Nacional do Índio (Funai) motivado, principalmente, pela luta contra a repressão dos governos militares ao lidar com as questões indígenas.

Schiavini lançou o livro autobiográfico De Longe Toda Serra É Azul - Memórias de um Indigenista em 2006, obra que baseia o filme homônimo. Na obra está o relato de 20 anos de atuação do autor junto às comunidades indígenas da Amazônia, entre 1974 e 1994. No longa-metragem, o espectador acompanha o retorno do indigenista a lugares e aldeias por onde passou na década de 1970. É o momento em que torna-se personagem principal da história, narrada por ele próprio.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/circuito-gastronomico-apresenta-show-de-elba-ramalho-na-cidade-de-goias-1.3155498" target="_blank">Circuito Gastronômico apresenta show de Elba Ramalho na cidade de Goiás</a> 
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“O Neto Borges, que é o diretor, decidiu fazer um filme para cinema depois que leu o livro, achou fantástico. Já era, segundo ele, quase um roteiro de filme, um argumento pronto”, conta. “Gravamos com as principais etnias que eu havia atuado na Amazônia. Voltamos aos mundurukus, aos kaiabis, depois aos xavantes e aos krahôs. Foi uma revisitação emocionante para mim. Após 40 anos, em média, de ter passado, ajudado a construir esses locais e a formar aldeias, voltar lá, para mim, foi uma experiência fantástica”, relata.

O diretor já havia acompanhado Schiavini algumas vezes em visitas a aldeias krahô e teve a oportunidade de acompanhar, inclusive, a escrita do livro. “A história não oficial, para mim, é muito interessante. É o caso da história dos indigenistas. O que essas pessoas da década de 70, como Fernando, fizeram dentro do processo de ditadura militar, como eles trabalharam e fizeram essa aliança junto aos povos indígenas, essa é uma coisa fantástica”, comenta Neto Borges.

Ele também comenta sobre o processo de trabalhar junto a Zeca Baleiro, que criou a trilha sonora do filme. A entrada do artista no projeto aconteceu de forma espontânea e partiu dele próprio durante uma visita a uma aldeia krahô junto a Neto. Antes do De Longe Toda Serra É Azul, Zeca havia participado de outro filme do diretor como personagem principal, chamado Ventos que Sopram - Maranhão (2021).

“Durante a visita, inserido nesse universo dos krahôs, ele disse, meio brincando, que faria a trilha. Eu topei mesmo sem saber se era sério ou não”, lembra Neto Borges. Além da trilha instrumental para várias cenas, Zeca Baleiro criou uma canção que leva o nome do filme e que está disponível nas plataformas digitais.

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Zeca Baleiro compôs a trilha sonora e faz show no sábado, logo após a exibição do filme (Divulgação)

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Relação com Goiás

No livro De Longe Toda Serra é Azul - Memórias de um Indigenista, que baseia o filme homônimo, Fernando Schiavini divide as memórias do período em que morou na capital. “Grande parte dos relatos do livro se passa em Goiânia, onde morei por aproximadamente oito anos entre as décadas de 1980 e 90”, conta.

A cidade abrigou o indigenista durante um período conturbado em que atuava na fundação. “Em 1986, eu sofri uma perseguição muito forte da Funai, que tinha Romero Jucá, conhecido anti-indígena, como presidente. Estávamos com vários programas em Araguaína, no Extremo Norte do Tocantins, que naquela época ainda era Goiás”, lembra.

Naquela época, se iniciou um processo de perseguição aos indigenistas combativos, segundo ele. “Então, como um processo muito intervencionista, muito persecutório mesmo, fizeram uma intervenção na delegacia regional da Funai em Araguaína, onde eu era titular. Arranjaram uma forma de me demitir por justa causa, eu estando de férias oficialmente, inclusive. Fui para Goiânia e tive de ficar meio que escondido em casa de amigos”, relata.

“Posteriormente, quando a situação se acalmou, eu fui convidado para fazer parte do Instituto Brasil Central de Goiânia (Ibrace)”, conta. Ainda que seja um capítulo importante de sua história como indigenista, por conta das restrições da pandemia as filmagens na cidade previstas no roteiro não puderam ser realizadas, lamenta Schiavini.

Filme sobre vida do indigenista Fernando Schiavini tem exibição especial na Chapada dos Veadeiros

Cinema

Nem o mais otimista fã do Ira! acreditava numa reconciliação de Nasi e Edgar Scandurra depois de sete anos de várias manchetes policiais, muito menos que pouco tempo após o improvável retorno da banda eles montariam um projeto acústico duo. É isso mesmo. Em formato intimista, calcado em voz, violão e guitarra, os roqueiros têm esse show como um dos produtos e será a vez de Goiânia receber a apresentação nesta terça-feira (29), a partir das 19h30, na retomada do segundo semestre do Flamboyant In Concert.&nbsp;

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/confira-dos-destaques-da-programac-o-da-amare-fashion-em-goiania-1.3061051" target="_blank">Confira dos destaques da programação da Amarê Fashion, em Goiânia</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/organizac-o-mundial-da-saude-atualiza-diretrizes-para-o-consumo-de-carboidratos-e-gorduras-1.3060464" target="_blank">Organização Mundial da Saúde atualiza diretrizes para o consumo de carboidratos e gorduras</a> 
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No palco, eles repassam a trajetória de um dos grupos mais importantes do rock nacional. No repertório, grandes sucessos da carreira, como Flores em Você, Dias de Luta, Eu Quero Sempre Mais, Núcleo Base e também alguns lados B, como Mudança de Comportamento, Flerte Fatal, Mesmo Distante, Boneca de Cera e Vivendo e Não Aprendendo. Logo depois, será a vez de Toni Garrido subir ao palco para tocar ao lado do músico George Israel, ex-Kid Abelha. 
 
Em entrevista ao POPULAR, o vocalista Nasi falou sobre como será a apresentação, momentos marcantes da banda, além de uma situação inusitada que viveu em Goiânia. Confira:

 
Goiânia recebe o show Ira! Folk, projeto que repassa, em formato intimista, calcado em voz, violão e guitarra, a trajetória da banda. Como surgiu a ideia desse formato?

O Ira! Folk começou em 2016 com uma ideia nossa de ocupar espaços que são meio refratários para bandas de rock, como teatros. A proposta é levar nossas músicas ao seu formato primordial, o que é diferente do acústico MTV que são com nove músicos no palco. É uma apresentação com uma proximidade maior com o público porque as canções ficam mais nuas. Sem contar que a gente consegue selecionar faixas que geralmente ficam de fora dos nossos shows tradicionais, como Mesmo Distante, Boneca de Cera e Vivendo e não Aprendendo.

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São pouco mais de 40 anos de banda. Você imaginava seguir na estrada com sucesso por tanto tempo, ainda mais depois de chegar ao fim em 2007 e voltar novamente?

Não imaginava. Quando fizemos o primeiro show como Ira! em outubro de 1981 não tínhamos perspectiva de continuar porque nos juntamos para participar de um pequeno festival punk. Eu levava como um hobby de final de adolescência. É muito legal olhar para o nosso passado e ver tudo que construímos. Nunca tivemos uma agenda tão grande, tirando a época do Acústico, como nos últimos anos. Depois teve aquele fim que parecia ser definitivo para todos nós, mas o destino nos presenteou com uma reconciliação. Então, toda a minha geração começou de maneira despretensiosa, diferente de hoje em que as coisas são partes de uma modinha fabricada, como, por exemplo, artistas sertanejos que chegam de cara com uma grande produção, ônibus plotado e tela de led.

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Quais foram as três maiores glórias da banda durante esse período?

O Acústico MTV foi uma das nossas grandes glórias e em 2024 ele completa 20 anos e não descartaria uma turnê revival desse show. Outra, que é um dos maiores orgulhos que tenho na carreira do Ira!, é que ganhamos em 1999, da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), o prêmio de melhor artista popular com o disco Isso É Amor. Isso daí para a gente que vai concorrer com nomes de excelência da música popular brasileira é uma baita de uma consagração. A terceira foi a apresentação no Rock in Rio em 2001. Tocamos numa noite concorrida com artistas como Guns N’ Roses e Oasis e fizemos um show energético. Eu nunca vou esquecer. Infelizmente, a organização do festival hoje ignora a importância do Ira! no rock nacional.

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Vocês viveram muitas coisas ao longo dessas quatro décadas. Brigas, polícia, tentativas de interdição. De que maneira ter passado por tudo isso ajuda numa convivência melhor da banda? Como está a relação de vocês hoje?

Banda de rock que não briga não é banda de rock. Claro, não precisava ser do jeito que foi a nossa, muito escandalosa (risos). No entanto, o tempo que ficamos separados serviu para nos aprofundarmos na carreira solo, que nunca conseguimos por conta da agenda de shows do grupo. Nós voltamos numa liderança bastante afinada porque naquele período todo mundo opinava demais. Banda de rock não pode ter muita democracia, tem de ir somente até a página 2. Hoje é ponto pacífico que quem lidera o Ira! somos eu e o Edgar, os fundadores.

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A década de 1980 foi o auge do rock. O final dos anos 1990 e o início dos 2000 voltou com toda força por conta do MTV Acústico. Passado esses dois períodos, como você enxerga o cenário do rock nacional atualmente?

O rock está muito bem para os sobreviventes das décadas de 1980 e 1990, casos de Ira! e Paralamas do Sucesso, por exemplo. O reencontro dos Titãs também foi algo colossal, eles colocaram 50 mil pessoas em três dias consecutivos. Duvido algum artista do sertanejo fazer isso. O rock está vivo, é referência para a rebeldia juvenil, é uma música consumida, mas é preciso de uma nova geração que consiga fazer um rock popular, não um rock pop, pop rock.

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O último trabalho de inéditas da banda foi em 2020, depois de um período de 13 anos. Como anda o processo para um novo registro?

Isso por enquanto não está no nosso radar. Esse último álbum foi um dos mais elogiados da nossa carreira pela crítica especializada e pelo público. É preciso lembrar que ficamos 13 anos sem novidades porque também ficamos sete anos separados. Quando aparecerem novas músicas, sem pressa, vamos fazer. A gente brincava que éramos explorados pelas gravadoras, e realmente éramos, mas não tem comparação o que as gravadoras davam para a gente com o que o streaming dá. O streaming não grava disco, não paga hotel nem músicos. Você precisa produzir tudo e ganhar uma merreca.

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Como é a relação de vocês com os fãs goianos, já que o Ira! sempre toca em Goiás? Quais são as lembranças das últimas apresentações por aqui?

Goiânia tem todo esse estereótipo de capital sertaneja e não vou dizer que não é, mas quem conhece Goiânia sabe a cena roqueira que tem aí. Tem uma história engraçada, não lembro há quantos anos, acredito que foi na época do Acústico. Participamos de um festival com vários artistas, fizemos o show e quando ia para o camarim vi que a Rita Lee estava no palco e fiz algo que nunca fiz na vida. Eu invadi o palco dela sem ser anunciado, ela me olhou assustada e cantamos juntos. Foi demais isso, é algo que nunca vou esquecer. 
 
SERVIÇO 
Show: Ira! Folk, Toni Garrido e George Israel 
Data: Terça-feira, 29 de agosto 
Horário: 19h30 
Ingressos: Setor Azul esgotados. Setores Vermelho (a cada R$ 1.200 em compras no shopping) e Verde (a cada R$ 800 em compras) ainda disponíveis 
Local: Deck Parking Sul – Piso 1 do Flamboyant Shopping Center, Jardim Goiás 
Mais informações: 3546-2000