Silvio Santos morre aos 93 anos

A apresentadora e atriz Maisa lamentou a morte de Silvio Santos nas redes sociais. Os dois trabalharam juntos durante a infância e adolescência de Maisa, que participou de quadros no programa de Silvio e apresentou programas no SBT com apenas 5 anos. Silvio Santos morreu neste sábado (17), aos 93 anos, em São Paulo.

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“Nem nos meus melhores sonhos poderia imaginar que um dos maiores comunicadores da história da nação, seria meu patrão”, escreveu Maisa ao relembrar a própria trajetória na emissora onde já apresentou o Bom Dia e Companhia, participou de novelas infantis e teve seu próprio programa.

Maisa escreveu que Silvio “deu asas” ao sonho dela de apresentar o próprio programa, mesmo com 5 anos de idade, sabendo que era incomum, mas “para ele, nada disso era impossível”. Ela disse ainda que Silvio “enxergava coisas que as outras pessoas não viam”.

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Ela continuou dizendo que se sentia livre na companhia de Silvio, o que gerou muitos momentos cômicos na televisão, como o dia em que ela puxou a peruca dele ao vivo. Disse que ele fazia com a diferença de idade entre eles sumisse, e ela se sentia confortável para aprontar porque o considerava um amigo. “Com o Silvio eu me sentia livre para ser como eu não era em nenhum outro lugar, aprendi a valorizar a plateia, respeitar o público e a fluir com espontaneidade”, disse.&nbsp;

Atualmente contratada pela Globo, Maisa afirmou que também aprendeu com Silvio a como tratar as pessoas nos bastidores: “com o mesmo sorriso no rosto”. Maisa ainda disse que sempre vai considerar o SBT como casa. “As lições eram no palco e nos bastidores e seguem comigo aonde quer que eu vá”, disse ela.

“Obrigada Silvio, por nos ensinar a importância de transmitir alegria pro povo brasileiro. Eternamente grata por tudo o que transformou na minha vida. Com muito amor e saudade, Maisa”, finalizou.

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Maisa faz homenagem para Silvio Santos e relembra 'lições no palco e nos bastidores'

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LUTO

A palavra é a única coisa que nós temos. A afirmação proferida pelo ator Rodrigo Faro na pele do maior ícone da televisão brasileira é martelada durante momentos chaves do filme Silvio, destaque entre as estreias desta quinta-feira (12) nos cinemas brasileiros. O longa, dirigido por Marcelo Antunez, chega ao circuito comercial menos de um mês após a morte do apresentador e empresário.

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Antes de qualquer coisa, é preciso entender: a narrativa faz um recorte específico da vida de Senor Abravanel, referência na comunicação e fundador do Sistema Brasileiro de Televisão, o SBT. Nas quase duas horas de filme, o espectador assiste aos tormentos e angústias do sequestro de Silvio Santos, em agosto de 2001.

Na época, apenas 12 horas após o sequestro de sua filha, Patrícia Abravanel, o apresentador vê sua casa invadida e é mantido em refém por longas sete horas. O caso teve uma repercussão internacional e parou todo o Brasil.

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Durante todo o filme, que se passa na mansão Abravanel, Silvio precisa ter todo o jogo de cintura possível para sair vivo da situação. Comunicador nato, o carioca joga com todas as cartas de seus dons e façanhas ao mesmo tempo em que volta ao passado até os anos em que era um adolescente de 14 anos, trabalhava como camelô e sonhava em ser um grande radialista.

A cidade natal, Rio de Janeiro, e também São Paulo, onde Silvio construiu carreira e império, são personagens importantes da trama. Senor Abravanel acompanha as evoluções das selvas de pedra enquanto também assiste às transformações sociais, políticas e tecnológicas das metrópoles que teimam em crescer progressivamente, do rádio aos primeiros aparelhos de TV com cores. Como um sábio aprendiz e, depois, mestre em ensinar, o profissional soube perceber as mudanças e dinamismos da mídia.

<h2>Rosto</h2>

Quando foi anunciado que Rodrigo Faro havia sido escolhido para dar cara e voz a Silvio Santos, muita gente torceu o nariz. A ideia do diretor Marcelo Antunez era apresentar o homem por trás do personagem dos programas de auditório dominicais que todo mundo conhecia e adorava. “O maior cuidado que nós tivemos foi de desconstruir um pouco o personagem, encontrar o ser humano atrás do Silvio Santos e descobrir quem era Senor Abravanel”, explicou o diretor durante o lançamento do filme em São Paulo.

Aos 50 anos, Rodrigo Faro é apresentador do Hora do Faro (Record TV) e já há muito tempo não embarcava em um projeto cênico como o de Silvio. Deixou as novelas quando saiu da TV Globo, onde foi mocinho secundário em títulos como Chocolate com Pimenta (2003) e América (2005). Na Record, emplacou apenas o personagem Wallace Amaro em Chamas da Vida (2008). São mais de 15 anos longe da atuação.

“Quando recebi o convite, primeiro, pensei em não aceitar. É muita responsabilidade interpretar alguém como Silvio. Conversei com ele no camarim, falou da vida dele, das memórias. Aqueles 30 minutos foram o maior laboratório que fiz nesse filme todo”, explicou Faro. Sobre as críticas, o ator reiterou que é preciso separá-las dos comentários maldosos. “O Silvio que criei foi de coração. Eu coloquei muito empenho e amor nesse trabalho”, comentou no lançamento.

Faro não é o único que interpreta Silvio ao longo do filme. Durante a narrativa, memórias do passado vêm à tona desde a juventude do apresentador. O ator Fellipe Castro, por exemplo, vive o jovem Senor, vendedor ambulante, enquanto Vinicius Ricci já empresta o rosto para o Silvio Santos mais adulto, já sucesso das rádios e dos programas de auditório.

A ideia do diretor sempre foi a de mostrar como Silvio chegou até o episódio que marcaria para sempre a vida da família Abravanel. Cineasta que assina longas como Polícia Federal: A Lei É para Todos (2017) e Qualquer Gato Vira-Lata 2 (2015), o profissional experimenta pela primeira vez o lançamento de um filme tão esperado como o de Silvio. “É muito interessante a possibilidade de humanizar o mito”, finalizou.

Filme Silvio tenta desconstruir o mito e apresentar Senor Abravanel

Cinema

Os domingos já não são os mesmos. Silvio Santos já não está no palco, interagindo com suas “colegas de trabalho”, gargalhando com as pegadinhas com câmera escondida e jogando aviõezinhos de dinheiro para a plateia. Mas a ausência do apresentador mais popular e longevo da televisão brasileira não é a única mudança. Aliás, mudanças não faltam e elas subverteram as lógicas do veículo de comunicação que o Homem do Baú ajudou a construir nos mais de 60 anos que permaneceu no ar. Desde sua estreia na TV Paulista, com o programa Vamos Brincar de Forca, transmitido em preto e branco, em 1961, o mundo mudou e com ele, obviamente, o entretenimento e seus modelos de negócio, as mentalidades e a sociedade. Nesse mundo novo, onde fica alguém como Silvio Santos?

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“Sem dúvida nenhuma, a era da internet se impõe como o maior desafio e mudança para as grandes redes de televisão. Na era pré-internet, nas décadas de 1970 e 1980, as emissoras eram as principais concorrentes entre si”, pondera o professor da UFG Alexandre Tadeu dos Santos, doutor em Comunicação pela USP e coordenador do projeto de pesquisa Tradições, Transformações e Perspectivas da Televisão na Era da Cultura de Convergência. “Um grande artista de uma emissora era impedido de participar de programas de outra concorrente e Silvio Santos, com toda sua genialidade, soube como ninguém garantir a supremacia do SBT como o segundo colocado de audiência durante anos.” Uma conquista alcançada e mantida por décadas graças a uma lógica de consumo que já não é a mesma.

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Sílvio Santos era um caso completamente fora dos padrões, fora do normal” Bernadete Coelho (Wesley Costa / O Popular)

“Sílvio Santos era um caso completamente fora dos padrões, fora do normal”, avalia a jornalista e pesquisadora Bernadete Coelho, professora da PUC Goiás e doutora em Comunicação pela UFG. “Ele era um profissional que se firmou nos domingos com a emissora dele. Começava muito cedo com programas como Cidade contra Cidade, Qual É a Música?, Porta da Esperança, Show de Calouros. Uma infinidade de formatos em uma sequência, numa forma de prender o telespectador”, enumera. “Silvio Santos representou um formato muito interessante de televisão que está em extinção. Não sei se ele copiou isso de alguém, não sei se ele fez um combo de apresentadores, mas ele era o único na forma dele.” A queda de audiência na TV aberta mostra que um novo Silvio é improvável.

No período em que Silvio Santos montou seu império e tornou-se um dos homens mais populares do País, poucas emissoras monopolizavam a audiência do audiovisual. Não havia alternativas a essa diversão, que era atraente e gratuita. “Silvio Santos se consagrou como apresentador numa época que pesquisadores latino-americanos chamam de TV de escassez (décadas de 1960 a 1980), momento que havia pouca oferta de programação e apenas cinco grandes redes (SBT, Globo, Record, a extinta Manchete e Bandeirantes)”, aponta o pesquisador Alexandre Tadeu. “Na década de 1990, com a entrada da TV a cabo e o consequente aumento de oferta de programação, iniciou-se a fase da TV de abundância. Nesse período a chamada televisão aberta começou a sofrer concorrência.”

O Brasil viu chegar os canais por assinatura e, posteriormente, outras tecnologias mais impactantes. “A partir do final da primeira década dos anos 2000, passamos a vivenciar uma era pós-televisiva, isto é, um momento no qual diversas outras formas de circulação, produção e consumo de conteúdos se expandiram na era digital e a televisão aberta passou a atravessar um período de transição para se adaptar à acirrada concorrência com as plataformas de streaming”, contextualiza Alexandre. “A audiência está fragmentada. Você já não fica mais em frente à TV do meio-dia às 8 da noite. A gente vê que a TV aberta está perdendo essa audiência, sobretudo dos jovens. Eles estão indo para os canais de streaming, para o YouTube, estão nas redes sociais”, argumenta Bernadete.

Os desafios do futuro para a TV e outras mídias tradicionais mostram-se imensos, mas os pesquisadores acreditam que elas também têm capacidade de adaptação. “Não vejo algo catastrófico, o Armagedom, o Apocalipse. Não é isso. Mas vejo que a TV aberta precisa criar mecanismos, novos formatos, estar atenta às modificações de comportamento da sociedade para que ela não perca ainda mais audiência do que já vem perdendo”, alerta a professora da PUC Goiás. “Assim como o rádio e o cinema tiveram de rever suas estratégias com o surgimento da televisão na década de 1950, a TV aberta precisa se reconfigurar no sentido de se adaptar a essa era da internet. E isso já está acontecendo”, assegura o professor Alexandre Tadeu, num movimento que prefigura uma volta às origens.

“Uma das estratégias é a televisão voltar a ser o que era no início: ao vivo, criando o atrativo da informação acontecer ao mesmo tempo em que é construída, mobilizando um público maior em shows ou eventos esportivos de interesse nacional e mundial. A TV Globo, por exemplo, fica ao vivo na maior parte de sua grade”, analisa o pesquisador da UFG. “Outra estratégia é não considerar apenas a transmissão tradicional em canal aberto como primeira tela, pensando em produção de conteúdos que possam ser acompanhados em outras telas (smartphones, tablets, computadores). Muitas redes de televisão ou já criaram ou estão investindo em players de streaming”, enumera. Movimentos necessários em um mercado com mais atores, das gigantes de tecnologia aos influencers digitais.

É um tempo de novidades na comunicação, mas a imensa repercussão que a morte de Silvio Santos ganhou, mobilizando todo o País durante um final de semana inteiro, comprova que algumas lógicas ainda permanecem nesse terreno. Dados de julho deste ano da Kantar Ibope revelam que 81% da audiência ainda se concentram na chamada TV linear (TV aberta e por assinatura). Apenas uma fatia de 19% está, por enquanto, nos vídeos on-line, como plataformas de streaming e canais no YouTube. Durante a cobertura da morte de Silvio Santos, a Globo, em suas diferentes plataformas, atingiu 123 milhões de pessoas, mais da metade da população brasileira. Sim, a TV dos tempos do mago dos domingos foi absoluta e não é mais, mas ainda mantém um poder relevante. Agora, sem Silvio Santos.

<h2>Mas o que vai, vai... mas o que vai, vem</h2>

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Silvio Santos em um de seus programas de auditório distribuindo aviões de dinheiro (Divulgação)

Algumas personalidades da TV brasileira são emblemas em suas áreas. O principal casal da teledramaturgia foi o composto por Tarcísio Meira e Glória Menezes. O maior criador de tipos e personagens ainda é Chico Anysio. A apresentadora que tinha intimidade com seus convidados foi Hebe Camargo. Mas Silvio Santos era algo diferente. Ele não era o destaque apenas nos programas de auditório. Ele era uma espécie de embaixador da própria TV em si. “A história da televisão brasileira é intrínseca à biografia de Silvio Santos. Além de apresentador, Silvio Santos foi um grande empresário e dono de sua própria rede de televisão, algo difícil de imaginar nos tempos atuais”, opina o professor pesquisador da UFG Alexandre Tadeu dos Santos. “Uma personalidade como Silvio Santos, nunca mais.”

Além de ter sabido como ninguém catalisar os potenciais de um modelo de TV que mudou suas feições, Silvio Santos contava com um talento de hipnotizar audiências que mesmo seus concorrentes no Ibope sempre reconheceram. “O que chama a atenção é que o Silvio Santos conseguiu perdurar, claro que com queda de audiência, mas se manteve com muita dignidade”, considera a professora da PUC Goiás Bernadete Coelho. “Silvio Santos tinha um jeito de fazer televisão muito peculiar, um carisma muito grande. Não haveria condições de ser revelado um novo Silvio Santos dentro do contexto atual da TV aberta. Teria de ser uma coisa muito revolucionária. Silvio Santos não tinha de agradar o chefe, já que o chefe era ele. Ele estava feliz com o que fazia, estava contente.”

Liberdade e ousadia, presença de espírito para o imprevisível e o tino para agradar vários nichos. Tudo isso o empresário Senor Abravanel criou para a persona pública Sílvio Santos. “Não que seja impossível haver outras personalidades com tamanho carisma, competência artística e habilidade de lidar com um grande público durante tantas décadas, mas devemos levar em consideração que, atualmente, as audiências são segmentadas e fragmentadas. O público que acompanhava Silvio Santos durante o domingo envelheceu. Silvio Santos reinou nessa época em que a televisão programava a audiência por intermédio de sua grade. Hoje, é o público que, digamos assim, faz sua própria grade de programação, assistindo o que quer, como quer e em horário que ele próprio determina”, diz Alexandre.

Essas novas configurações têm afetado atrações tradicionais que ajudaram a construir a TV aberta. Uma delas é a telenovela no moldes com que ela se consagrou por décadas no gosto do brasileiro. Ainda que o formato esteja em produção atualmente em plataformas de streaming, como Max, e ainda seja o programa mais visto do Brasil, seus números de audiência são hoje cerca da metade do que alcançava nos anos 1990, por exemplo. A Rede Globo, referência mundial no gênero, mudou a relação que tem com o elenco de seus folhetins, demitindo nomes que habitaram por muito tempo o imaginário do público. Além disso, há a concorrência mais acirrada com outros produtos audiovisuais, como seriados. Tudo isso está num âmbito de mudanças que ultrapassam o universo da própria TV.

“Novelas têm um formato já bem explorado, meio desgastado. Nas narrativas da TV, as pessoas têm cada vez menos paciência de acompanhar longas histórias”, sublinha a professora Bernadete Coelho. “Durante muitos anos, as novelas foram os carros-chefe das emissoras de televisão de sinal aberto, principalmente na Rede Globo. Desde que a televisão surgiu no Brasil, temos as novelas, que não foram inventadas na televisão. Elas vêm do rádio. Está passando da hora de os produtores de conteúdo repensarem o formato da novela”, acrescenta. “A telenovela brasileira é considerada o principal formato televisivo e, por essa razão, recebeu, e ainda recebe, os maiores investimentos de produção e retorno do público com os maiores índices de audiência”, lembra Alexandre Tadeu.

“É o formato que é o maior produto de exportação. Mas isso antes da concorrência das séries de streaming. As séries representam para as plataformas de streaming o que a telenovela representa para a TV aberta brasileira, em termos de importância comercial. Com um amplo catálogo de oferta de séries, em diversos players de streaming, essa modalidade de ficção atende a diversos públicos segmentados, em culturas e idiomas diversos”, analisa o pesquisador. “A telenovela, que tem como matriz cultural o melodrama, é uma mania nacional, faz parte da cultura do Brasil, mas, para continuar existindo, precisa se atualizar, não com o intuito de virar série, mas continuar sendo novela, com sua matriz folhetinesca, atualizada aos novos tempos, onde tudo é segmentado e acelerado.”

<h3>Trabalhando com o Patrão</h3>

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Adriana Coca: “É estranho pensar em fim de uma era, mas acredito nisso” (Divulgação)

A jornalista Adriana Coca trabalhou por cinco anos no SBT, primeiro no telejornalismo, depois na parte de produção da emissora, quando atuou nos bastidores do Programa Silvio Santos. “É estranho pensar em fim de uma era, mas acredito nisso”, reconhece. “Ninguém substituirá o Silvio Santos, porque ele é muito maior do que todo o império que construiu, porque faz parte da memória cultural coletiva da história da TV brasileira e trata-se de uma memória longeva, que foi sendo tramada por muitas décadas. Talvez outros fenômenos apareçam, mas nenhum com essa dimensão, que perdure por tanto tempo, até porque os tempos são outros, o consumo é mais fluído, veloz. Ainda que a TV aberta, na minha visão, continue tendo uma função social importante na vida dos brasileiros.”

Hoje pesquisadora e fazendo um pós-doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Adriana tem boas lembranças dos tempos em que conviveu com Silvio Santos e sobre o que aprendeu na emissora dele. “Nessa época, coordenei o Programa 21, um game-show de perguntas e respostas que premiava os vencedores com barras de ouro, cenograficamente representadas por maletas transparentes cheias de dinheiro e que foi apresentado pelo Silvio. Não dá para dizer que eu dirigia esse programa, porque na verdade o Silvio Santos se autodirigia e dirigia todos ao seu redor”, relata. “Minha vida profissional (e pessoal) se divide entre antes da minha passagem pelo SBT e depois de trabalhar lá, por conta do aprendizado, da intensidade, das relações estabelecidas.”

Adriana se recorda de uma ocasião em que Silvio quis conversar diretamente com ela sobre um programa, então apresentado por César Filho e do qual ela era produtora. “Ele me chamou no camarim e pediu que eu levasse os roteiros do programa que iam ao ar naquela noite. O programa já estava gravado. Pois bem, me pediu para ler e disse gentilmente que ia me ensinar a escrever para o público do SBT, que eu não sabia fazer isso, mas a culpa não era minha, era da minha formação que vinha do jornalismo, então precisava aprender”, conta. “Repassou o texto comigo, solicitando algumas modificações, e disse que queria as alterações para aquele mesmo dia. Saí do camarim tensa, avisando para toda a produção, mobilizando os apresentadores, equipe técnica, enfim, fizemos o que foi ordenado.”

O resultado daquela interferência, Adriana pôde constatar durante a exibição do programa. “Quando o primeiro bloco foi ao ar, cerca de 12 horas depois, eu ainda estava finalizando a edição do segundo; quando o segundo bloco estava no ar, eu estava terminando o terceiro e, de repente, olhei para o monitor do Ibope instalado na ilha de edição e no final do segundo bloco o programa tinha atingido 16 pontos no Ibope, algo completamente inesperado para mim. Não para alguém que conhecia o seu público”, admite. “Ser chamada no camarim era desesperador, eu rezava para isso não acontecer. Uma das primeiras vezes que fui avisada que isso poderia acontecer, fiquei em pânico”, lembra Adriana, revelando que a mística em torno de Silvio Santos era algo também difundido dentro do próprio SBT.

“Certo dia, tinha acabado de pisar na redação e recebi um telefonema da dona Zilda, a secretária de muitos anos dele: ‘O Silvio quer falar com você’. Minha primeira reação foi dizer: ‘Minha Nossa Senhora’. Me lembro bem que ela pediu para eu ficar calma, respirar e avisou: ‘Agora, eu vou passar a ligação’”, descreve. “Eu falei com ele, ouvi atentamente o que estava pensando, eram mudanças de cenário, pequenos ajustes técnicos em relação à movimentação de câmeras e a alteração mais crucial, a antecipação do horário de exibição do telejornal em algumas horas. No final da ligação, perguntei para quando ele queria as mudanças, uma pergunta ingênua, mas eu ainda não sabia como lidar com ele. A resposta era evidente: imediatamente.” Correria, tensão e surpresa eram constantes, portanto.

“Para trabalhar com ele, eu decidi que tinham dois Silvios Santos, aquele que eu conhecia quando ficava em pé em frente à TV, pulando e acompanhando o Domingo no Parque, e o outro que era o dono da emissora que eu trabalhava, que era rígido, que me dava medo e não só alegrias e ensinamentos”, destaca Adriana Coca. “Eu me cercava de todas as maneiras para, nos dias de gravação com o Silvio, nada dar errado. Teve uma vez que ia gravar com o Silvio Santos na sexta-feira e desde o início da semana as gravações com ele apresentaram algum imprevisto e ele estava impaciente. Eu escalava oito candidatos para participar do programa de perguntas e respostas e, naquela semana, achei melhor chamar dez, porque, se algo acontecesse com alguém, eu teria como fazer o programa”, rememora.

“Pouco antes da gravação, fui chamada no camarim e o sr. Silvio pediu para ver a relação dos candidatos daquele dia. Entreguei e ele perguntou: ‘Por que dez pessoas?’ Respondi que foi por precaução, já querendo me justificar, porque tudo a mais significa um custo a mais. Ele riu e me disse que para trabalhar com ele tinha de ser bom, ágil e ter sorte e eu era uma menina de sorte”, completa Adriana. “Acontece que para ter sorte também precisamos ter um plano B, C, D... Trabalhar com o Silvio Santos era assim, porque ele estava te dando uma ordem e de repente tinha uma nova ideia e mudava a orientação. Era alguém muito criativo, mas também muito centralizador e rígido. Então, os bastidores eram um lugar de muito trabalho, tenso e gratificante ao mesmo tempo.”

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A era pós-Silvio Santos: quais as mudanças e desafios da TV brasileira

Mais desafios vêm aí...

Familiares e amigos de Silvio Santos chegam ao enterro do apresentador, na manhã deste domingo (18). O corpo do dono do SBT será sepultado no Cemitério Israelita do Butantã, em São Paulo.

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<a href="https://opopular.com.br/magazine/silvio-santos-n-o-tera-velorio-saiba-o-motivo-1.3165303" target="_blank">Silvio Santos não queria velório</a>. O corpo do apresentador foi sepultado seguindo o rito judaico. Ele morreu neste sábado (17), às 4h50, de broncopneumonia decorrente de influenza (H1N1).

<h2>Rito judaico</h2>

Na tradição judaica, o enterro do corpo é feito sem ostentação. Segundo a Congregação Israelita Paulista (CIP), o objetivo é "frisar a igualdade de todos os seres humanos em sua morada final". Assim, o enterro ocorre sem ostentação, enfeites ou flores.

Os judeus não cultuam os mortos. Ainda conforme a CIP, os rabinos temiam a tendência humana de cultuar os mortos. Assim, para evitar a idolatria, o local do sepultamento de Moisés é desconhecido.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/governo-decreta-luto-de-tres-dias-no-pais-por-morte-de-silvio-santos-1.3165365" target="_blank">Governo decreta luto de três dias no país por morte de Silvio Santos</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/filme-silvio-tem-pre-estreias-adiadas-apos-morte-do-apresentador-1.3165351" target="_blank">Filme 'Silvio' tem pré-estreias adiadas após morte do apresentador</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/leonardo-anunciou-filho-com-f-em-programa-do-silvio-santos-relembre-1.3165423" target="_blank">Leonardo anunciou filho com fã em programa do Silvio Santos; relembre</a></div>

Não há o costume de exibição do morto em caixão aberto. Pela tradição judaica, a exibição do morto é considerada um "desrespeito ao falecido", conforme cartilha do Cemitério Israelita de São Paulo. Assim que a morte é constatada, o corpo deve ser coberto por um lençol.

O corpo é sepultado com uma mortalha branca e simples. Outra tradição é a de lavar o corpo antes do enterro. O ritual simboliza a purificação e uma homenagem prestada ao falecido.

Pelo judaísmo, o corpo deve ser sepultado quanto antes. Se possível, o enterro deve ocorrer no mesmo dia da morte. Há exceção para o dia do Shabat, quando não se deve realizar o enterro (o shabat vai do pôr do sol da sexta-feira ao pôr do sol do sábado). Para a tradição judaica, adiar o sepultamento é visto como um desrespeito com o morto, ao acreditarem que a alma só descansa depois que o corpo é enterrado.

Silvio Santos é sepultado em São Paulo; família e amigos se despedem

ADEUS À LENDA

Leonardo anunciou filho com fã em programa do Silvio Santos

<div attr-cid="policy:1.3165425" attr-version="policy:1.3165425:1723990901" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3165425" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3165425', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3165425">Leonardo anunciou filho com fã em programa do Silvio Santos (1.3165425)</a></div>

O carisma do apresentador Silvio Santos e a espontaneidade do cantor Leonardo, unidos, criaram uma cena memorável da TV brasileira. Em 1997, o sertanejo revelou no ‘Programa do Silvio Santos’ que tinha um filho de 10 anos com uma fã: “ela é tão fã que nós temos um filho juntos”.&nbsp;

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Após a morte do apresentador aos 93 anos, no sábado (17), o vídeo voltou a circular na internet. O filho era Pedro Leonardo, hoje com 37 anos. Nas imagens Leonardo brinca que disse à ela: “vamos fazer um neném?”. Primeiro, Silvio não acredita, só aceita depois que Leandro - irmão e dupla de Leonardo - confirma a história.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/leonardo-relembra-apresentac-es-em-programa-ao-lado-do-irm-o-leandro-ao-fazer-homenagem-a-silvio-santos-1.3165280">Leonardo relembra apresentações em programa ao lado do irmão Leandro ao fazer homenagem a Silvio Santos</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/maisa-faz-homenagem-para-silvio-santos-e-relembra-lic-es-no-palco-e-nos-bastidores-1.3165265">Maisa faz homenagem para Silvio Santos e relembra 'lições no palco e nos bastidores'</a></div>

Silvio pergunta à mãe de Pedro se ela conhece as músicas da dupla Leandro e Leonardo, se tem os discos e fotos deles. Ela responde que sim, e logo Leonardo revela:&nbsp; “ela é tão fã que nós temos um filho juntos, eu e ela”. Ainda continua em tom de brincadeira, “já que era fã demais eu falei: ‘vamos fazer um filho, menina?’”.&nbsp;

Leonardo: Tenho um filho de 10 anos, chama Pedro.

Silvio: Quem? Ela?

Leonardo: Meu e dela.

Silvio: Ah, conversa!

Leonardo: Sério!

Leandro: Verdade.

Quando Leandro confirma a história, diz que “Pedro Leonardo é filho dele com ela”. Silvio ainda questiona a mulher e a dupla algumas vezes, e todos confirmam. Ele ainda diz: “mas ninguém sabia?”. A mãe diz que não e Leonardo brinca: “agora vai ficar sabendo, né?”

Na época, a mãe de Pedro Leonardo morava em Goiânia. Ele é o primeiro filho do cantor Leonardo. Por anos, formou dupla sertaneja com o primo, Thiago Costa, filho de Leandro. A dupla se chamava Pedro e Thiago.