Gabriela Lima

O desejo de um casal de descendentes de imigrantes italianos em tornar sua cidade uma atração turística e cultural começou com um pequeno evento, feito em estrutura de palha. Após ver a ideia atrair milhares de pessoas interessadas em conhecer o Festival Italiano de Gastronomia em Nova Veneza, os idealizadores da festa Oswaldo Stival, de 90 anos, e Edith Stival, de 84, inauguram no dia 5 de março a sede de um instituto para contar a história da imigração italiana em Goiás e celebrar as raízes de seus antepassados.&nbsp; 
 
O memorial fica na nova sede do Instituto Cultural Ítalo-Brasileiro Oswaldo Stival e Edith, e remontará a trajetória da imigração italiana na região desde a origem no Vêneto, nordeste da Itália, até a chegada em Goiás . Aberto ao público com visitação gratuita, o local também deverá abrigar eventos para difundir a cultura italiana. 
 
Também promete se tornar uma atração turística em Nova Veneza. O prédio, uma reprodução do Palácio Ducal, histórica construção gótica e renascentista de Veneza, na Itália, já chama a atenção de quem passa pelo local, no Centro da cidade, situada a 41 quilômetros de Goiânia. A fachada conta com um vidro de mais 10 metros de altura, e duas faces laterais, onde a principal remete à arquitetura palaciana da cidade italiana e a segunda, às edificações típicas que podem ser encontrados ao longo dos canais venezianos.&nbsp; 
 
A obra durou dois anos desde a concepção e execução. A concepção do projeto, direção criativa e direção executiva foram lideradas por um filho e um neto do casal, respectivamente o agroindustrial Edwaldo Peixoto Stival e o médico Alessandro Stival. 
 
Para a execução técnica, a família buscou profissionais especializados para a fiel réplica da arquitetura italiana. A arquiteta Jannani Eterna foi convidada para fazer os detalhamentos arquitetônicos; Vera Inês da Silva, para a produção cenográfica; também trabalharam no projeto os artistas plásticos Divino Gonçalves Pereira e Marcos Antônio Lopes, desenvolvedor cenográfico de diversas escolas de samba do Rio de Janeiro. 
 
“O edifício foi concebido para ser um atrativo turístico permanente não só pela cenografia italiana, mas também por um exclusivo e inédito show de luzes e músicas, que estão previstos acontecerem semanalmente às sextas, sábados e domingos. Nos inspiramos nos espetáculos dos parques da Disney e no Show das Águas que acontece no Hotel Bellagio em Las Vegas”, adianta Edwaldo Stival, co-idealizador da obra. 
 
Alessandro celebra o feito que leva o nome dos familiares. “O instituto é a manifestação palpável do que começou lá atrás com a concepção do Festival Italiano. A concepção de tornar Nova Veneza uma cidade turística por conta da gastronomia e da cultura italiana.” 
 
Já o idealizador destaca: “É de extrema importância que indivíduos e comunidades estejam apropriados de sua história e origem, porque é a partir daí que construímos nossa identidade e fortalecemos nossa autoestima. Desde que idealizei o Festival Italiano, nos idos anos 2000, já tinha convicção de que a força da nossa cultura poderia fortalecer muito a economia de Nova Veneza”, diz Oswaldo, que recebeu o título de comendador concedido pelo presidente da Itália de em 2012, em “reconhecimento por relevantes obras de resgate da cultura italiana no Brasil”. 
 
FESTIVAL 
O primeiro festival de comida italiana foi feito pela prefeitura de Nova Veneza em 2003. A festa começou pequena, mas cresceu ao longo dos anos e, na última edição, em 2019, atraiu mais de 100 mil pessoas. Mas desde então não é realizado por conta da pandemia.&nbsp; 
 
Com o sucesso da festa, Alessandro relata que a família viu a necessidade de construir um museu para mostrar a história dos imigrantes italianos que chegaram ao Estado. O memorial incluirá peças antigas de valor simbólico e histórico das duas famílias, Peixoto [Spessoto, na origem italiana] e Stival, que também as doaram para o acervo histórico. De acordo com organizadores, já estão em processo de concepção e articulação também os projetos sociais e culturais que serão endereçados pelo Instituto para movimentar a região.

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Memorial em Nova Veneza resgata história da imigração italiana em Goiás

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Festival de Nova Veneza celebra a cultura italiana com pratos típicos e shows em Goiás

Com o avô, a universitária Ana Clara Miranda, 20, aprendeu a tocar acordeão, instrumento popular da música italiana. Na escola, no interior goiano, o idioma da Itália era obrigatório no aprendizado, tal qual o português. Já no Festival Italiano de Nova Veneza, a goiana perdeu a timidez e desde a infância sobe ao palco montado na praça principal da cidade. Não será diferente agora: a artista se apresenta na festa que começa nesta quinta-feira (6) com uma agenda que envolve gastronomia, música e apresentações artísticas.

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Até o domingo (9), quem passar por Nova Veneza, a 44 km de Goiânia, vai dar de cara com pratos típicos italianos e shows de artistas nacionais e regionais. Para a abertura, o cantor e ator Daniel Boaventura, rosto que ficou conhecido nas novelas Kubanacan (2003) e Passione (2010), faz uma apresentação especial no evento. Nos próximos dias, passam pelo palco nomes como Tony Angeli e a dupla Weber e Alex.

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Ao celebrar os 150 anos da imigração italiana no Brasil, Nova Veneza brinda o título de capital italiana de Goiás. Não à toa, o tema da edição deste ano é A Casa da Itália. Por lá, toda a comunidade entra na festa e participa de uma forma ou de outra durante os quatro dias de evento. Ana Clara e sua prima, a estudante Laura Heloísa Costa Miranda, de 18 anos, criaram o grupo Dolce a Canter para fazer um show dedicado às vozes populares italianas, como Laura Pausini e Andrea Bocelli.

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“O festival é um promotor de capital cultural e econômico de toda a cidade. Desde 2010 que eu participo de shows musicais ao lado de familiares. É o momento de celebrarmos a tradição”, explica Ana Clara, que integrava o coral infantil e, à medida que foi crescendo, aprimorou o italiano e hoje faz shows solos e outros ao lado das primas. “Sempre cantávamos músicas de marchinhas de carnaval e bailes de máscaras. Neste ano, resolvemos inovar com uma homenagem às vozes famosas da Itália”, completa.

Além de promover o resgate cultural da população de Nova Veneza, município que foi formado há mais de 100 anos pela primeira colônia de italianos em Goiás, o projeto também impulsiona o turismo. Na edição do ano passado, por exemplo, cerca de 120 mil pessoas passaram pelo evento ao longo dos quatro dias. Além dos atrativos gastronômicos, a estrela da festa, a programação cultural também impulsiona o convite para conhecer de perto a cidadezinha histórica.

<h3>Ragazzi</h3>

O ponto alto do festival deste ano é a participação do cantor Tony Angeli, considerado um dos maiores intérpretes da música italiana no Brasil. Nascido em Veneza, o artista entoa canções clássicas e românticas do cancioneiro popular da Itália, e hits que ficaram na boca e nos ouvidos do público há décadas, como os sucessos Sole Mio e Amore Scusami. Trata-se da segunda vez que o artista se apresenta no evento goiano.

“As culturas brasileira e italiana são muito parecidas, ambas são divertidas e alegres. Quando eu vim para o Brasil, me identifiquei com os brasileiros e os seus modos de ser. Fora a colônia italiana, que é imensa no País”, explica o artista, que faz show na sexta-feira (7), com sua banda. Já quando se fala de comida, Tony abre a boca para dizer que o seu ponto fraco é o risoto ao sugo, espaguete peperoncino e lasanha à carbonara. “É óbvio que tem de ter um bom vinho tinto e seco para acompanhar”, completa o veneziano.

<h3>Mamma mia!&nbsp;</h3>

Para fazer o rondelli cremosi, vencedor do concurso de massas do Festival Italiano de Nova Veneza, a massa precisa estar fresquinha. Nos acompanhamentos, requeijão, tomate picado, cheiro verde, cebola, provolone, frango, mussarela e leite. “O segredo mesmo não pode ser revelado”, brinca a cozinheira e uma das idealizadoras do evento, Maria do Carmo Basílio.&nbsp;

A estrela do cardápio, o rondelli cremoso, foi criado pela cozinheira Heloise Gomes Duarte, que venceu o concurso realizado para incrementar o menu da Cantina da Nonna, cozinha oficial do projeto. Mais de 10 profissionais da cidade participaram e submeteram suas criações a 18 jurados, em duas etapas. “Eu não imaginava que iria ganhar e fui uma das últimas a inscrever no concurso. Meus amigos me incentivaram porque quando a gente se reúne, sou em que assume a cozinha", conta a premiada.&nbsp;

O deleite gastronômico do evento conta com pratos especiais, como massas, além de sobremesas e bebidas. Na Cantina da Nonna, os pratos custam a partir de R$ 25 e unem tradição e reinvenção das comidas típicas. “Nós unimos o gosto italiano, com uma comida que diz muito sobre a cultura, com o gostinho e o paladar dos goianos. O resultado é um misto de sabores”, conta Maria do Carmo.&nbsp;

<h2>SERVIÇO</h2>

18ª edição do Festival Italiano de Nova Veneza&nbsp; 
Abertura nesta quinta-feira (6), às 19 horas. Evento segue com programação até o domingo (9)&nbsp; 
Endereço: praça principal da cidade,&nbsp;539, Av. Onze, 421, Nova Veneza 
Entrada gratuita (pratos a partir de R$ 25)&nbsp; 
Informações: @festivalitaliano&nbsp; 
 
Confira a programação completa do Festival de Nova Veneza

Abertura nesta quinta-feira (6)

19h - Missa de abertura

22h - Show com o cantor Daniel Boaventura

&nbsp;Sexta-feira (7)

19h - Apresentação do coral infantil Vocini di Venezia

19h30 - Apresentação do Quinteto de Cordas da Orquestra Sinfônica de Goiás

20h - Apresentação do duo Dolce Cantare

21h - Apresentação do Grupo Folclórico Ítalo-Brasileiro

22h30 - Show com cantor Tony Angeli e banda

&nbsp;Sábado (8)

11h30 -&nbsp; Apresentação do Grupo Folclórico Ítalo-Brasileiro

12h Apresentação do coral infantil Vocini di Venezia

12h40 - Apresentação do Grupo Folclórico Ítalo-Brasileiro

13h30 - Apresentação dos Tenores Weber Rosa e Alex Mayer

19h30 - Apresentação do Grupo Folclórico Ítalo-Brasileiro

20h15 - Apresentação do Coral Amici Di Venezia

21h - Apresentação do Grupo Folclórico Ítalo-Brasileiro

21h40 - Show com Essy e banda

22h40 - Baile de Máscaras&nbsp;

00h30 - Show com Lorenzzo Bruce e banda

Domingo (9)

&nbsp;12h - Apresentação do Grupo Folclórico Ítalo-Brasileiro

13h30 - Show com Waldir Amaral

14h30 - Show com Jordana Felix e Izadora Cruz

16h - Apresentação dos tenores Weber Rosa e Alex Mayer

18h - Panelaço

A Itália é logo ali

A 18ª edição da festa que celebra a cultura e tradição italiana em Goiás está quase chegando. Para dar uma amostra do que o público irá encontrar entre 6 e 9 de junho, o Festival Italiano de Nova Veneza faz o lançamento oficial do evento nesta quinta-feira (23), a partir das 8h30, na Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio Goiás). A organização do evento apresenta as novidades desta edição em café da manhã especial com apresentações do coral infantil italiano e do cantor veneziano Valdir Amaral, duas atrações do festival, que mostram um pouco do que preparam para o evento. Com o tema “A Casa da Itália” nesta 18ª edição, o festival promove a gastronomia, danças típicas, música e atividades esportivas durante os dias de evento.Entre as novidades da edição está a inclusão do Rondelli Cremosi no cardápio. É feito com massa fresca recheada com frango cremoso, regado com molho branco e queijo catupiry, gratinado no forno e salpicado de manjericão. O prato é de autoria de Heloise Gomes Duarte, vencedora do concurso de massas realizado para incrementar o menu da Cantina da Nonna, a cozinha oficial do Festival Italiano de Nova Veneza.O festival também anunciou o show de abertura com Daniel Boaventura, artista conhecido por suas performances em musicais e atuações em telenovelas e peças teatrais, como o misterioso e enigmático personagem Diogo, na novela Passione. Na ocasião, Daniel lança o seu segundo álbum de músicas italianas, intitulado ‘Italiano’. A programação é gratuita e movimenta o município que é a maior representação da imigração italiana da região central do País. O festival é realizado desde 2003 como forma de valorizar a história da cidade, fundada por colonos italianos que vieram para o Brasil há mais de 100 anos. Hoje, cerca de 60% da população do município de Nova Veneza é formada por descendentes italianos. Além do resgate cultural, a iniciativa estimula também a economia local. Na última edição, a produção recebeu entre 120 mil e 140 mil pessoas ao longo dos quatro dias de festa.

Festival Italiano de Nova Veneza apresenta novidades da 18ª edição

Gostinho da Itália

A história da chegada dos italianos em Goiás se entrelaça com o sangue e a vida do aposentado Paulino Stival, de 96 anos. Originário da primeira geração nascida em Nova Veneza, cidade que acolheu os pioneiros imigrantes da Itália há mais de um século, ele é um testemunho vivo do legado deixado por seus antepassados. Em um momento marcante para a comunidade italiana no Brasil, que celebra os 150 anos da imigração, seu olhar sereno reflete a coragem e a esperança daqueles que, com mãos ávidas por novas oportunidades, desembarcaram em solo goiano, plantando raízes que hoje se espalham em laços de cultura e de memória.

Bom de prosa, Paulino narra com maestria as lembranças que permeiam sua família, transportando-nos ao momento crucial da chegada dos italianos por essas bandas. Ele conta que os seus avós saíram do Porto de Gênova em 1896 numa viagem no porão de um navio que durou quase 25 dias. Inicialmente, fixaram residência em Conquista, Minas Gerais, onde permaneceram por 16 anos, até que rumores sobre as oportunidades em Goiás, especialmente o estímulo governamental à plantação de café e à aquisição de terras, os instigaram a empreender uma jornada de meses a cavalo. Assim, um pequeno grupo liderado por João Stival chegou em terras goianas.

<cite>A nossa família era bastante numerosa e existia essa necessidade de terras amplas para poder cultivar e sobreviver”, conta Paulino, evocando as narrativas transmitidas ao longo das décadas por seu pai.</cite>

Ao migrarem para Goiás, os italianos estabeleceram-se em uma área que era pertencente a Anápolis. As primeiras moradias abrigaram as famílias Stival, Spessoto (adaptada no português para Peixoto), e Faquim (Fachin, na origem italiana). Segundo a professora e historiadora Terezinha Maria Souza, a Tê Maria, como é conhecida, depois de um período da imigração em Goiás, eles fazem uma doação de um terço das terras para a formação do povoado.

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Ao longo do tempo, a localidade ascendeu em popularidade como a Colônia dos Italianos, mas, instigados pelo temor da Segunda Guerra Mundial, passou a ser conhecida como Goianás. Somente em 1958, abraçou seu nome definitivo, Nova Veneza. Posteriormente, as famílias italianas se dispersaram por diversas regiões do Estado, conforme relata a historiadora. “À medida que novas famílias chegavam da Itália para a cidade, eles foram se misturando, casando entre si e expandindo-se para outros destinos, como Goiânia, Inhumas, Anápolis e Brazabrantes”, destaca Tê Maria. Além disso, há registros de descendentes em Rio Verde e também em Nerópolis.

Nova Veneza, que fica a 40 quilômetros de Goiânia, tem 9.481 habitantes, de acordo com o último levantamento do Censo do IBGE. Segundo Tê Maria, cerca de 70% desses moradores da cidade são descendentes de italianos, originários da região do Vêneto (Treviso, Verona, Veneza, Padova, Vicenza, Rovigo, Belluno), no norte da Itália. “Hoje temos 35 famílias de imigrantes”, aponta a historiadora. Essa influência se vê ao entrar no município, seja pela arquitetura com suas fachadas coloridas, pela gastronomia, pela religiosidade, entre outros detalhes que compõem o dia a dia de lá. 
 
Brasil 
Em 1874, uma viagem de 45 dias rumo ao desconhecido, repleta de obstáculos, mas cheia de esperança. Foi depois dessa aventura que, há 150 anos, os primeiros imigrantes da Itália chegaram ao Brasil em busca de uma vida melhor. O desembarque foi no Porto de Vitória e fez com que o Espírito Santo se tornasse berço da imigração italiana não só por acolher os quase 400 estrangeiros, mas por ser o Estado a ter o primeiro município fundado por italianos no País, Santa Teresa, na Região Serrana. Esses camponeses aceitaram o desafio de trabalhar na propriedade de Pietro Tabacchi, italiano que, desde a década de 1850, possuía uma fazenda nas proximidades.

“Isso foi uma grande aventura, um sonho de uma vida melhor. Essa ideia que aqui encontrariam fartura, que seria um paraíso, foi uma propaganda bastante vendida na época pelo governo brasileiro. Muitos vieram nessa expectativa sonhadora e chegando se depararam com uma realidade um pouco diferente do que foi passado. Eles não tiveram terras em abundância, não foi tão fácil. Era uma viagem somente de vinda e muitos tiveram de se adaptar a duras penas. Alguns prosperaram por ser um povo lutador”, destaca Tê Maria, que acrescenta que a chegada dos italianos ajudou no desenvolvimento da agricultura e no processo de industrialização.

A historiadora lembra que os imigrantes italianos vieram substituir, em grande parte, o trabalho que até então era realizado pelos escravos nas fazendas. “O País passava por um problema sério de falta de trabalhadores rurais no auge da economia cafeicultora e como a Itália tinha uma mão de obra excedente de uma população pobre, sem emprego, foi uma possibilidade que o governo bancou. A maioria era de agricultores especializados no manejo de milho e vinho”, completa a especialista. Ao longo de décadas, a Itália promoveu a saída em massa de cerca de 11 milhões de pessoas. Segundo dados da embaixada italiana no Brasil, 30 milhões de descendentes vivem em solo nacional. 
 
Nova Veneza em festa 
Os 150 anos da imigração italiana no Brasil e os 112 em Nova Veneza serão celebrados nesta quarta-feira (21), na cidade goiana de origem europeia. A programação começa às 17 horas com a recepção no portal de entrada do município. No local, autoridades e representantes das famílias venezianas vão inaugurar uma placa alusiva ao título de Capital Italiana de Goiás. As comemorações seguem na Praça João Stival, em frente à Igreja Matriz de Nossa Senhora do Carmo, santa padroeira do lugar que veio na bagagem dos italianos.&nbsp;

Os visitantes terão a oportunidade de conhecer também um pouco mais sobre a história do local, que será apresentada em vídeo ilustrado com fotos e outros registros. Além disso, os visitantes terão um cardápio para ficar mais perto da Itália com macarrão, lasanha, nhoque, panquecas, pizza, risotos, polenta, porpetas, carne de lata, pães, queijos, sucos e vinhos. O evento é realizado pela Associação Cultural Italiana de Nova Veneza, entidade recém-criada. 
 
Diversas contribuições 
Os italianos trouxeram para Goiás contribuições nas mais diversas áreas. O frei Nazareno Confaloni, natural da cidade de Grotte di Castro, por exemplo, escreveu um capítulo histórico sendo o pioneiro da arte modernista no Centro-Oeste. O religioso chegou em solo goiano em 1950 como parte da missão evangelizadora da Igreja Católica na América. Sua primeira tarefa foi pintar os afrescos da Igreja do Rosário, na cidade de Goiás. Ele mudou-se para Goiânia pouco tempo depois e influenciou uma geração de artistas, como Sáida Cunha, Amaury Menezes e Ana Maria Pacheco. Na capital, fundou a Escola Goiana de Belas Artes, depois absorvida pela Universidade Católica, hoje PUC Goiás. 
 
“Confaloni foi fundador de escola que se tornou faculdade, foi pioneiro da chegada dos dominicanos no Estado, com a construção da Igreja São Judas Tadeu e um convento. Ele tem essa contribuição que é múltipla na formação da cultura dos goianos por estar na religião, nas artes e na educação”, afirma o escritor e crítico de arte PX Silveira, biógrafo do artista. “No Brasil, Confaloni integra a linha de frente com outros italianos vicinais que, tais como Alfredo Volpi, Victor Brecheret, Eliseu Visconti, Maria Bonomi e Waldemar Cordeiro, juntamente com Cândido Portinari, filho de imigrantes, contribuíram enormemente para o desenvolvimento das artes”, completa.

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O chefe Diogenes Stival exibe o linguine ao molho bolonhesa (Wesley Costa / O Popular)

Na gastronomia, também não é diferente. Muitos alimentos se tornaram tradicionais na mesa brasileira graças aos italianos, como exemplos disso podem ser citados os pães, massas, vinhos, azeitona, frutas secas, amêndoas, nozes, avelãs, pinhões, berinjela, entre outros. A mais popular delas, com certeza, é a pizza. “É uma cozinha que valoriza o sabor e o aroma natural dos alimentos e quando chegaram no Brasil adaptaram alguns pratos para se sentir mais perto da cidade natal”, valoriza o chef de cozinha Diogenes Stival, 46 anos, que é descendente de italiano em Nova Veneza. “O meu bisavô foi o Cesário Stival, que ingressou aqui em 1912”, complementa.

Destaque para o Festival Italiano de Nova Veneza, que acontece desde 2003 no calendário cultural de Goiás em maio. Na data, a cidade se veste de vermelho, verde e branco para recordar a velha pátria, com várias atrações que vão desde o baile dos mascarados às danças com roupas tradicionais da Itália e missas. Além de uma reunião de sabores, com pratos que mesclam receitas clássicas e originais. Polpette, rotolo di pollo con salsa bianca, lasanha, nhoque, polentas fritas, spaghetti alla carbonara, pizza e outros são servidos. O evento foi criado com o objetivo de resgatar os costumes, a culinária, a religiosidade e a cultura dos pioneiros e de seus ancestrais.&nbsp; &nbsp; &nbsp; 
 
Memória preservada 
Parte da história da imigração italiana em Nova Veneza pode ser vista no Instituto Cultural Ítalo-Brasileiro Oswaldo Stival e Edith, criado pelo casal que da nome ao instituto para preservar as raízes de seus antepassados. O memorial inclui acervo histórico e peças de valor simbólico das famílias Peixoto [Spessoto, na origem italiana] e Stival, com visitação gratuita.

Situado em frente à praça principal do Centro da cidade, o prédio é uma reprodução do Palácio Ducal, histórica construção gótica e renascentista de Veneza, na Itália. A fachada conta com um vidro de mais 10 metros de altura, e duas faces laterais, chamando a atenção de quem passa pelo local.

Outra particularidade de Nova Veneza é que a prefeitura da cidade oferece curso de italiano gratuito aos moradores. De acordo com Mercedes Sátiro, presidente da Associação Cultural Italiana de Nova Veneza - Goiás (Acinove), o projeto, que funciona no Colégio Estadual Francisco Alves, atende atualmente cerca de 50 alunos.

Conheça a história da imigração italiana em Goiás

Legado

Abuso em escola de Nova Veneza

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O porteiro de uma escola municipal de Nova Veneza, foi exonerado suspeito de tocar partes íntimas de uma aluna de 5 anos. Imagens de câmeras de segurança mostram o homem andando de mãos dadas com a menina durante o recreio, até o momento em que o abuso teria acontecido, segundo a mãe da criança. A Polícia Civil investiga o caso.&nbsp;

O nome do suspeito não foi divulgado pela polícia, por isso, o POPULAR não conseguiu entrar em contato com a defesa até a última atualização desta matéria.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/homem-e-preso-suspeito-de-estuprar-crianca-apos-ser-filmado-a-raptando-em-distribuidora-de-bebidas-video-1.3101635">Homem é preso suspeito de estuprar criança após ser filmado a raptando em distribuidora de bebidas; vídeo</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/m-e-e-presa-suspeita-de-dar-permiss-o-para-companheiro-estuprar-as-filhas-dela-apos-mudanca-para-casa-dele-1.3088231">Mãe é presa suspeita de dar ‘permissão’ para companheiro estuprar as filhas dela após mudança para casa dele</a></div>

Em nota divulgada nesta sexta-feira (9), a Prefeitura de Nova Veneza, informou que o homem foi exonerado do cargo dia 31/01 e que, desde então, não trabalha em nenhuma escola do município. “Imediatamente disponibilizamos nossa rede de apoio para a família e nos colocamos à disposição das autoridades contribuindo com o que for necessário para as investigações”, diz o comunicado. Por fim, informam que esperam a apuração do caso.&nbsp;

A mãe da criança, que preferiu não ser identificada, falou à TV Anhanguera que foi comunicada do ocorrido pela filha, e procurou a escola para analisar as imagens de segurança. Segundo a mãe, a filha contou que o homem teria tocado na parte íntima dela enquanto os dois estavam sentados em um banco durante o recreio.

<cite>Na volta para casa, ela para e, de repente, solta assim: ‘mamãe, eu preciso te contar uma coisa’. Aí ela fala: ‘o senhorzinho do portão tocou na minha parte íntima’”, relatou a mãe.</cite>

No vídeo, o homem aparece conduzindo a criança para o banco. Os dois andam de mãos dadas e outras crianças os acompanham. Ele, a menina, e outra criança sentam no banco, o momento indicado como o do abuso. “Aí eu pergunto para ela: ‘mas na hora que ele tocou, o que você fez?’. Aí ela fala: ‘eu levantei do banco’”, disse a mãe.

<img attr-cid="policy:1.3108221" attr-version="policy:1.3108221:1707508291" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3108221/porteiro.PNG?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Câmeras de segurança mostraram o porteiro andando de mãos dadas com a menina de 5 anos (Reprodução / TV Anhanguera)

<cite>Por mais que a gente orienta os filhos a situações como essa, a gente nunca espera o que aconteça", comentou a mãe sobre o desespero que sentiu.</cite>

A prefeitura informou, por meio das redes sociais, que soube do caso no dia 30 e que o porteiro foi retirado das atividades na escola no dia 31. O decreto oficial de exoneração foi assinado pelo prefeito Valdemar Batista Costa.

<h2>Nota da Prefeitura na íntegra</h2>

"A Prefeitura Municipal de Nova Veneza reafirmando seus valores éticos, cívicos, morais e compromisso que possui com a comunidade e com a justiça, vem por meio deste informar que após o recebimento da denúncia, o servidor em questão foi exonerado de seu cargo.

O servidor se encontra desligado de todas as suas atividades desde o dia 31/01/2024, ou seja, desde tal data ele já não exerce função em nenhuma unidade escolar no município de Nova Veneza.

Imediatamente disponibilizamos nossa rede de apoio para a família e nos colocamos à disposição das autoridades contribuindo com o que for necessário para as investigações. A atitude tomada pela prefeitura não poderia ser diferente, uma vez que a ética e a justiça são valorizadas. Sendo assim, também aguardamos a apuração dos fatos para que os fatos possam ser esclarecidos e repassados para a comunidade.&nbsp;

Enfatizamos ainda que, toda a nossa rede municipal de educação possui câmeras de monitoramento, medida tomada pela própria gestão com a intenção de manter a segurança e integridade de nossos alunos."