“Tenho 87 anos. Acompanho a Semana Santa de Goiás, então, há 87 anos”, conta o advogado aposentado João Ferreira da Silva Júnior, que aguardava a saída da Procissão do Fogaréu sentado na porta da Igreja Nossa Senhora da Boa Morte. A movimentação que vinha acontecendo na cidade de Goiás desde o Domingo de Ramos, no último dia 10, se intensificou nesta quarta-feira (13) em razão da histórica procissão, que recepcionou os 40 homens descalços e encapuzados às 23h59 para sair pelas ruas do município. A concentração do público no local foi embalada pelos tambores que anunciam a chegada dos farricocos por cerca de dez minutos antes da caminhada começar. “Me empresta a tocha pra eu tirar uma foto?”, foi uma frase dita repetidas vezes no entorno enquanto a encenação não começava. Leia também- Fogareuzinho e encenação da Via Sacra “esquentam” para a Procissão do Fogaréu na cidade de Goiás- Cidade de Goiás voltará a ter Cavalhadas após 70 anos de interrupção- Confira galeria de fotos do Fogaréuzinho na cidade de GoiásO formato atual da procissão foi uma iniciativa da Organização Vilaboense de Artes e Tradições (OVAT), entidade fundada em 1965 e responsável por reintroduzir a encenação da perseguição a Jesus por seus inimigos, antes de ser preso e crucificado, na programação da Semana Santa da cidade de Goiás. Após dois anos sem acontecer por causa da pandemia de Covid-19, a sensação é que o público chegou para a retomada mais disposto do que nunca. As celebrações religiosas estão enraizadas na identidade cultural e história do Estado e são marca registrada da antiga capital. “Esses anos sem acontecer fizeram muita falta pros moradores e pra quem vem de fora. Eu vim de Goiânia só pra assistir a saída, porque não tenho idade pra caminhada mais”, conta seu João Ferreira. O percurso da procissão seguiu pela Praça do Coreto, desceu a Rua Moretti Foggia e entrou no Largo do Rosário. Nas escadarias do Santuário de Nossa Senhora do Rosário aconteceu a Encenação da Última Ceia. De lá, o destino foi as escadarias da Igreja de São Francisco de Paula, onde o bispo emérito da cidade de Goiás, Dom Eugênio Rixen, fez uma fala direcionada às vítimas da Covid-19. Ele contou que pela primeira vez na história, havia um farricoco vestido de preto em homenagem a essas vítimas e pediu um minuto de silêncio. Em seguida, a multidão voltou pela Praça do Coreto, passou em frente a Catedral de Sant'Ana e terminou no local de partida, em frente o Museu de Arte Sacra da Boa Morte, na Igreja da Boa Morte.-Imagem (1.2438218)-Imagem (1.2438225)-Imagem (1.2438224)-Imagem (1.2438223)-Imagem (1.2438222)-Imagem (1.2438221)-Imagem (1.2438220)-Imagem (1.2438219)