Aos fãs da boa música, uma boa notícia: o Flamboyant Shopping Center retoma hoje, às 20 horas, com novidades na aquisição de ingressos e distribuição de cadeiras, seu projeto musical Flamboyant In Concert, que promove grandes shows no Deck Parking Sul ? Piso 3, às 20 horas. Aos fãs do samba, uma notícia melhor ainda: é Diogo Nogueira a atração dessa sétima temporada. Também retomando seu projeto de shows, o Música no Câmpus, da Universidade Federal de Goiás, traz à cidade a maneira irônica e bem-humorada de cantar de Tom Zé. Ele se apresenta a partir das 20 horas, no Câmpus 2 da UFG. Entrevista/ Tom ZéA ciência do tropicalistaNo show de hoje, a partir das 20 horas, no Câmpus 2 da UFG, Tom Zé traz novamente as performances irreverentes que o revelaram durante o movimento do tropicalismo nos anos 70 e o tornam único até hoje. Na bagagem musical de badulaques populares que sempre o acompanham, o baiano traz uma retrospectiva de quatro décadas de carreira, muita coisa do que recentemente registrou no CD e DVD revisionista O Pirulito da Ciência, registrados em agosto passado em São Paulo. Tom traz um trabalho que tem como prioridade traçar um diálogo com a plateia, misturando brasilidade e música popular. Ele relembra sucessos que estão em O Pirulito da Ciência e com tarimbadas que ficaram de fora. Às 14h30, Tom Zé conversa com o público na Escola de Músicas e Artes Cênicas. no Câmpus 2 da UFG. A entrada é gratuita. Confira a entrevista que ele concedeu ao POPULAR antes de embarcar a Goiânia.Você sempre teve a proposta de improvisar sobre o palco (ou, por mais paradoxal que seja fazer essa afirmação, pelo menos isso parece ser bem ensaiado). Por que essas "guinadas"?No meu livro Tropicalista Lenta Luta esse "improvisar" é tratado com muitos detalhes. Foi estudado com aqueles assim chamados "homens da mala" que vendem remédios nas feiras. Quando eu compreendi que tinha de subir em um palco, lá, antes do começo, estudei assistindo-os por semanas a fio em Irará. Eles trabalhavam com duas ou três espinhas dorsais sobre as quais improvisavam aproveitando os acontecimentos imprevistos de cada dia: um padre que passa, uma criança que chora, um cachorro que grita.Essa história de medo do palco é realmente verdadeira? Seu estilo performático nasceu disso?Eu fiz isso justamente pelo medo do palco. E medo é um eufemismo. A palavra certa é pânico. Eu tinha pânico e pavor do palco. E o estilo performático realmente nasceu disso. Um pavor muito grande só é solucionado por uma habilidade muito exercitada.Em seus últimos discos (CD e DVD), Pirulito da Ciência ? cuja seleção é a base do show em Goiânia ?, você e Charles Gavin (o produtor do trabalho) escolheram canções bem representativas de sua trajetória, mas deixaram outras importantes como 2001 e Morena. Como fizeram essa seleção?A seleção com Gavin foi muito trabalhosa. Ele escolheu 50 canções e se reuniu comigo porque era preciso diminuir para 25. 2001 e Morena ficaram de fora mas eu posso cantá-las aí.Sua música tem um grande reconhecimento internacional. Muita gente tem a impressão, inclusive, que você é mais reconhecido lá fora do que aqui. Você também tem essa impressão?Realmente o reconhecimento internacional continua maior do que o que acontece aqui. Mas não tenho queixas e estou satisfeito com o que consigo no Brasil.Você gosta de dizer que fala ao "cognitivo da plateia, não só ao contemplativo". Por quê?Na verdade, o cognitivo acaba pesando mais. Mas através do tempo isso acabou se tornando uma felicidade para a plateia, porque ela se sente qualificada como ser pensante e capaz de ter prazeres de outro nível.Como nascem seus figurinos? É você mesmo quem os pensa? Quem cria?Os figurinos nascem porque cada disco é um assunto bem concentrado, em vez de conter músicas esparsas. Eu os penso e habitualmente os discuto com Manu Carvalho e hoje principalmente com Laura Andreato, que tem constantemente trabalhado comigo.Criar música genuinamente brasileira, com a proposta de ir lá nas raízes tentando não se repetir, mas estando rodeado de tantos enlatados culturais, é difícil?Quando dizem que eu sou um compositor vanguardista eu me admiro. Na verdade tudo que eu consigo descobrir é resultado de examinar o passado.Você sempre brinca que seu sonho é tocar em uma estação rodoviária, porque faz música pensando nas pessoas que estão ali. Provocação? Comumente, para muita gente dizer que gosta de Tom Zé dá um certo status intelectual. Afinal, você escreve para a elite ou para a massa?A estação rodoviária não é provocação, porque eu na verdade sonho com ela. Também na verdade, não consigo. Uma vez um jornal americano me perguntou quantos por cento eu me prostituía quando fazia um disco, se era 10 ou 15%. Respondi-lhe que eu sempre me prostituo 100 ou 120% quando componho, porque a intenção é fazer o mais popular possível.Show: Tom Zé e banda, no Projeto Música no Câmpus / Data: Hoje, às 20 horas / Local: Centro de Cultura e Eventos da UFG - Câmpus Samambaia (Câmpus 2), ao lado do Conjunto Itatiaia / Ingressos: R$ 20,00 (inteira). Meia-entrada para estudantes, idosos, técnicos da UFG, professores da rede pública e da UFG e comerciários e dependentes do Sesc / Vendas: Livrarias da UFG (Praça Universitária, Faculdade de Educação e Câmpus 2) e unidades Sesc Goiás /Informações: 3521-1035 (Proec-UFG)Entrevista/ Diogo NogueiraMuso do sambaDiogo Nogueira é o responsável por abrir hoje a sétima temporada do Flamboyant In Concert, às 20 horas. O sambista faz única apresentação do show baseado no novo CD/DVD, Sou Eu (EMI Music). Para a apresentação que tem ingressos esgotados, o sambista escolheu músicas do repertório do novo disco, além de seus maiores sucessos e clássicos do samba. Dentre as músicas inéditas, Diogo apresenta Pra que Discutir com Madame (Ary Vidal/Janet de Almeida), gravada especialmente para a novela Insensato Coração (TV Globo/TV Anhanguera), de Gilberto Braga. O projeto, além de ter modificado a distribuição de convites que antes era gratuito, teve a capacidade de público nos shows ampliada para quase 1,6 mil lugares. As cadeiras passarão a ser numeradas e organizadas por setor, sendo os ingressos condicionados a trocas de notas fiscais com valores a partir de R$ 200. Diogo Nogueira falou, em entrevista por e-mail ao POPULAR, da expectativa de se apresentar na cidade pela primeira vez.No show em Goiânia, você apresenta canções de seu segundo DVD. Como foi o processo de produção e criação desse trabalho?Tive a oportunidade de fazer tudo com mais calma, e o resultado desse projeto me deixou muito feliz. Fiquei bastante tempo garimpando repertório de compositores consagrados e da nova geração. Durante essa busca, tive a sorte de encontrar músicas que se encaixavam totalmente na linha que eu queria para o disco. O DVD Sou Eu é muito especial para mim, pois foi feito com muito carinho. Tomara que chegue à casa de muitos goianos e que todos gostem.Qual sua expectativa para essa primeira apresentação em Goiânia?Estou na maior expectativa. Tenho feito shows em várias cidades por todo o Brasil. Em cada cidade, existe uma mágica diferente na relação com o público. Estou muito empolgado em fazer esse show e tenho certeza que faremos uma linda festa.Qual foi o momento mais emocionante do show de gravação do DVD?Foi emocionante entrar no palco e ver o Vivo Rio com mais de 5 mil pessoas me aplaudindo. O fato de ter tido convidados tão especiais como Chico Buarque, Ivan Lins, Alcione e Hamilton de Holanda me fazia pensar a todo momento se aquilo estava acontecendo de verdade.O samba teve seus altos e baixos, mas nunca deixou de ser um gênero ligado à cultura popular. Qual a avaliação que você faz do momento atual do samba?Acho que o samba está vivendo um momento muito bom. Vejo que os jovens estão mais envolvidos, curtindo mais o gênero. Novos compositores estão surgindo, ajudando a renovar o ritmo, o que é muito bom. Mas o que fico feliz mesmo é de ver as velhas guardas sendo respeitadas e tratadas como os grandes guardiões do samba. Eles merecem tudo, pois mesmo em épocas em que o samba era bombardeado, seguraram a onda e podemos usufruir desse legado que ficou para novas gerações.Sua mãe, Ângela Nogueira, disse que dos 11 aos 22 anos você era dividido entre o futebol e "outras coisas". O que eram as "outras coisas"?A minha praia sempre foi a do esporte. Durante a minha adolescência tudo que eu queria era jogar bola e pegar onda. Joguei em vários clubes no Rio e depois em Porto Alegre, onde tive a minha contusão. No surf, cheguei a disputar campeonatos, mas hoje em dia o esporte é apenas um hobby e estou muito feliz com o trabalho que venho fazendo como cantor.Quando você decidiu ser cantor? Seu pai, João Nogueira, influenciou na decisão?Após uma lesão que eu tive no joelho, quando jogava no Cruzeiro de Porto Alegre, em 2004, voltei para o Rio de Janeiro e, aos poucos, começaram a surgir os primeiros convites para canjas em shows. Vi que o futebol não dava mesmo para mim. Acabei me apaixonando por essa nova profissão e resolvi seguir com a carreira de cantor. Meu pai sempre foi a minha maior referência, como pessoa e como artista. Sempre gostei dos sambas que ele cantava e ele teve influência em muita coisa que faço hoje, mas só resolvi seguir a carreira de cantor quando ele já havia falecido.Como você se sente com as comparações entre o trabalho do seu pai e o seu?As pessoas sempre comentavam que tínhamos o timbre parecido quando eu cantava. E realmente temos, mas temos muitas diferenças na nossa maneira de interpretar e de fazer show. Ser filho de um grande artista como João Nogueira é um orgulho e um privilégio. Sou fã do meu pai e da obra dele, mas nunca tive facilidades por isso. A cobrança é ainda maior. Você foi criado nas principais rodas de sambas do Rio . O que isso significou?Foi tudo muito rápido. Desde que parei de jogar, comecei a cantar. Os convites para participar de algumas rodas de samba começaram a surgir. A coisa foi crescendo e acabei montando a minha banda. Não parei mais.Show: Diogo Nogueira no Flamboyant In Concert / Data: Hoje, às 20 horas / Local: Deck Parking Sul ? Piso 3 Flamboyant Shopping Center. Av. Jamel Cecílio, nº 3.300, Jardim Goiás. /Telefone: 3546-2000 / Ingressos esgotados