A autora inglesa Agatha Christie, um dos mais representativos nomes da literatura policial, com seus detetives populares – como o detetive Poirot e a doce Miss Marple –, quando escrevia um livro passado fora de sua Inglaterra natal, costumava passar uma temporada no local, emprestando mais veracidade às suas tramas cheias de vítimas e assassinos. Foi assim em A Morte no Nilo, quando ficou hospedada no refinado Old Cataract Hotel, na cidade egípcia de Aswan, e também com Morte na Mesopotâmia, quando usou a experiência de morar em Nimrud, no Iraque, importante sítio arqueológico da antiga civilização. Todo esse esmero com o cenário, porém, era acompanhado de preconceitos. No final de março, a Harper Collins, que publica no Reino Unido os trabalhos da autora, começou a colocar no mercado novas edições digitais dos livros após passarem por revisões para “responder às sensibilidades modernas”. Traduzindo: trechos em que Agatha refere-se de forma pejorativa e ofensiva a pessoas de pele negra ou pertencentes a outras etnias, como árabes, judeus e orientais, foram substituídos por termos politicamente corretos, para evitar que os estereótipos que vigoravam na época em que ela escreveu continuem a circular por meio de seus livros, que estão entre os mais vendidos da história. Em alguns casos, frases inteiras foram não só reescritas, mas totalmente eliminadas.