Goiânia foi construída aqui por vários motivos, de razões políticas a aspectos práticos. Um deles tem a ver com a oferta de água na região. “Após discussões, pressões políticas de prefeitos e predileções individuais por determinada cidade, definiu-se por um local de água abundante, bom clima, topografia adequada e próxima à estrada de ferro. Tratava-se de Campinas e a escolha do local foi corroborada por um técnico de gabarito, com formação no exterior, Armando Augusto de Godói”, escreve o historiador Nasr Chaul, no artigo Goiânia: A Capital do Sertão. Sua área inicial levou em consideração, em grande medida, os cursos d’água. “A origem da cidade vem aí dos limites do Córrego Capim Puba, a oeste, e Botafogo, a leste”, lembra a urbanista e pesquisadora Sandra Pantaleão, da PUC Goiás. Os córregos da capital e o rio que passa em sua parte norte, o Meia Ponte, responsável por dar à cidade sua primeira fonte de energia por meio da barragem da Usina do Jaó, estão intimamente ligados à história de Goiânia, a seus horizontes e suas riquezas mais valiosas. Mas nos últimos 92 anos, quanta exploração desmedida e desrespeito por esses recursos. As águas foram poluídas, as margens foram ocupadas de formas equivocadas, o rio virou esgoto a céu aberto. Onde gerações anteriores pescavam, tomavam banho ou tinham espaços de lazer, hoje são espaços deteriorados, com muito menos vazão, verdadeiras cicatrizes na paisagem. Numa situação como essa, é claro que o meio ambiente dá o troco, pela seca ou pelas inundações, cada vez mais frequentes e intensas.