-Imagem (Image_1.1183322)“Não sei quem está mais destruído: Marginal Botafogo depois da chuva, ou eu depois do fim de semana.” A mensagem em tom cômico na página Goiânia Mil Grau assim que publicada no Facebook foi como um tiro certo: de tímidas curtidas para compartilhamentos virais e comentários diversos. Como uma espécie de interação instantânea, o público parece dar gás aos criadores dos conteúdos que são postados diariamente, entre fotografias com montagens trashs, vídeos no canal do YouTube que falam sobre, essencialmente, o comportamento dos goianos na capital e afirmações em assuntos ligados a política, urbanismo e cultura. O time é grande e acumula um extenso histórico de publicações, desde 2013, quando amigos estudantes de Publicidade e Propaganda se reuniram e resolveram lançar uma página nas redes sociais sobre assuntos ligados a Goiânia de uma forma despretensiosa e menos convencional. Atualmente, quem administra o espaço são os goianienses Erykson Maicon, Leonardo Eduardo, Kaio Patrick, Edmar Júnior e Diorgenes Alves, todos na faixa dos 20 e poucos anos e pertencentes à engenhosa Geração Y, jovens que nasceram com o analógico, viram o boom da internet e hoje aprendem e trabalham com as inúmeras possibilidades da tecnológica e dos meios digitais.A Goiânia Mil Grau acumula o número de quase 140 mil seguidores e satiriza, quase sempre, assuntos pautados pelo cotidiano, do que acontece em Goiânia, como as chuvas, campanha política, gastronomia e culinária, com os prédios históricos e personagens já conhecidos pelo público, como o prefeito eleito Iris Rezende (PMDB) ou a dupla Nilton Pinto e Tom Carvalho. “Temos um afeto pela capital e a proposta é brincar com os fatos corriqueiros do que acontece por aqui. As pessoas se enxergam e sentem-se representadas quando vê alguma foto ou vídeo”, conta Leonardo.A interação é o que move a página. Os comentários passam do 5 mil e é preciso criar todos os dias novos conteúdos para manter o espaço atualizado. “Quando concebemos a Goiânia Mil Grau, percebemos que Goiânia ainda não tinha um lugar para as pessoas rirem de si mesmas, comentar de forma humorística os assuntos da cidade e ter uma real interatividade. É por isso que também produzimos vídeos, fazemos montagens com fotos e publicamos textos sempre relacionados com o goiano e suas manias e características”, explica. Na administração da página, cada membro faz um trabalho diferente: enquanto alguns criam os textos, outros trabalham na edição das imagens. Um dos últimos vídeos publicados, por exemplo, faz uma paródia ao processo político brasileiro, baseado na popular série de TV Friends. Ao invés dos personagens principais da trama, estão Vanderlan Cardoso, Iris Rezende, Aécio Neves, Michel Temer e Dilma Rousseff. Em outro, dessa vez inspirado na série do Netflix Stranger Things, a Goiânia Mil Grau criou a “Trem Estranho”, fazendo uma aliteração com a palavra “trem”, já impregnada no linguajar do bom e velho goianiense.DebatePolêmicas à parte, a Goiânia Mil Grau foi tirada do ar em 2014 por conta de denúncias envolvendo as suas postagens, quase sempre ácidas quando a questão é transporte público ou violência urbana. “Geralmente falamos sobre o que vemos ou o que nos é sugerido. Em forma de humor, abraçamos algumas lutas diárias, como a melhoria do transporte coletivo, além de críticas sobre como a cidade é gerida, quais as demandas e como queremos que as pessoas enxerguem as nossas problemáticas. É uma forma de abraçar o que acreditamos”, comenta Leonardo. Para agora, os meninos da Goiânia Mil Grau já começam a fazer parcerias com outros projetos de Goiânia, como os festivais Bananada, Festeja, InterUFG, Goiânia Noise, a hamburgueria Tio Bákinas, a empresa de assistência técnica Primetek, ou ainda um projeto de camisas que o grupo amplia numa loja on-line. A intenção é que a página saia do Facebook e dialogue em diferentes espaços e plataformas. “Ainda não sabemos qual o nosso real alcance e o que podemos fazer para desenvolver as potencialidades da nossa criação, mas o resultado já começa a aparecer”, reitera.