Anos de casado ou de casados?

<div attr-cid="policy:1.3209723" attr-version="policy:1.3209723:1734036259" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3209723" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3209723', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3209723">Anos de casado ou de casados? (1.3209723)</a></div>

Uma seguidora perguntou-me qual a forma correta para a expressão que indica a quantidade de anos de um determinado matrimônio: “professor, o correto é 10 anos DE CASADO ou DE CASADOS? Singular ou plural?”

Bem. Não quero estragar o casamento de ninguém, mas a resposta é NENHUMA das duas formas. Repito. NENHUMA.

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É isso mesmo. Embora as expressões “de casado ou de casados” sejam muito usadas, elas contrariam a gramática normativa da Língua Portuguesa.

O mais adequado é DE CASAMENTO. “Carlos André e Marina vão fazer 25 anos DE CASAMENTO”, não de casado ou de casados.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/portugu%C3%AAs-expresso/baculejo-1.3207129">Português Expresso: Baculejo?</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/portugu%C3%AAs-expresso/estreou-ou-estreiou-1.3204615">Português Expresso: Estreou ou estreiou?</a></div>

Acalme-se: já explico.

De casamento é uma locução adjetiva, ou seja, uma estrutura linguística que representa um adjetivo. Exemplos: amor de mãe. De mãe corresponde a materno (amor materno). Bala de prata. De prata significa prateada (bala prateada).

Note que essas locuções são formadas de uma PREPOSIÇÃO e de um SUBSTANTIVO (de + mãe; de + prata).

Assim deve ocorrer com DE CASAMENTO (preposição DE + substantivo CASAMENTO).

De casado é um erro gramatical, pois é formada de preposição + adjetivo (casado é adjetivo).

Percebeu?

Pense aqui comigo mais um detalhe:

Ninguém diria “balas de pratas” ou “amores de mães”. Concorda? O recomendado é não flexionar, no plural, esses substantivos que formam a locução. Usar “balas de prata” e “amores de mãe” é o que é correto.

Como muita gente escreve e fala “de casado”, por isso há uma tendência a colocar no plural o termo “casados”, porque a palavra casado é um adjetivo. Isso está completamente ERRADO. Não existe normativamente de casado ou de casados. O correto é de casamento, por tudo que expliquei.

Só mais um exemplo: Alguém diria que Machado de Assis e José Bonifácio têm mais de 100 anos DE MORTOS? Claro que não. O correto é 100 anos DE MORTE.

Por isso, não estrague o casamento de ninguém. Deseje felicitações pelos anos de casamento, não pelos anos de casado ou de casados.

Entendeu?

Fraterno abraço

Até a próxima.

Professor Carlos André

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Bom dia! Aqui é o Charlim (Charles Lobo) de Cataguases - MG.

Professor Carlos André, eu ouço muito, no dia a dia, as pessoas utilizarem a palavra "porcamente" em vez de "parcamente" (é sabido que trata-se de um advérbio).

Acho estranho, pois o que os suínos têm a ver com as questões alheias?...

A palavra "parcamente" possui raiz na palavra "parco". E "porcamente", em porcos? Está correto utilizar esta palavra (porcamente)? Parece-me uma corruptela.

Excelente pergunta! Será então que “porcamente” é mesmo uma corruptela? Um erro não corrigido de “parcamente”?

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Certamente, o Charlim, que – aliás – é um estudioso da Língua Portuguesa, leu isso em algum manual considerado de referência linguística, ou ouviu em algum vídeo de um renomado professor.... Eu mesmo vi uma resposta a isso em um canal de prestígio em Portugal. Segundo todas essas “fontes”, a palavra “porcamente” seria “um erro” não corrigido de “parcamente”, mas... devagar com o andor!

A expressão “mal e porcamente” é anterior à “mal e parcamente”. Basta fazer uma pesquisa séria sobre o assunto. O professor Marco Neves, um dos mais consagrados linguistas de Portugal, fez. Isso está nos livros como “Doze Segredos da Língua Portuguesa” e “A incrível História Secreta da Língua Portuguesa”.

Logo, é “fake” dizer que “mal e porcamente” é um erro não corrigido de “mal e parcamente”.

A verdade é que as duas expressões indicam ideias diferentes:

“Mal e porcamente” é ligada à ideia de algo feito de forma extremante ruim, o que seria relacionada a uma metáfora advinda da noção de “porco”. Aliás, coitados dos bichinhos... eles não têm nada a ver com paçoca...

Exemplo: o quarto foi arrumado mal e porcamente, o que irritou a dona da casa.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/portugu%C3%AAs-expresso/otica-ou-optica-1.3251233" target="_blank">Ótica ou óptica?</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/portugu%C3%AAs-expresso/peregrinos-de-ou-da-esperanca-1.3248617" target="_blank">Peregrinos de ou da esperança?</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/portugu%C3%AAs-expresso/antes-de-mais-nada-1.3235894" target="_blank">Antes de mais nada</a></div>

Já, “Mal e parcamente” é ligada à ideia de algo feito de forma comedida, minguada, insuficiente, em razão de estar relacionada à palavra “parco”.

Exemplo: Ele se alimenta mal e parcamente, por isso é tão magro.

Curiosidade:

Machado de Assis ainda indica outra expressão: “mal e tortamente”: “Pedro e Paulo falavam-lhe por exclamações, por exortações, por súplicas, a que ela respondia mal e tortamente (...)” (Esaú e Jacó)

Isso posto, fique à vontade para usar cada uma delas, de forma a respeitar-lhes o sentido.

Fraterno abraço

Até a próxima

Professor Carlos André

MAL E PORCAMENTE?

Português Expresso 

<div attr-cid="policy:1.3251243" attr-version="policy:1.3251243:1744324112" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3251243" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3251243', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3251243">Vídeo (1.3251243)</a></div>

Que atire o primeiro dicionário aquele que nunca teve dúvida sobre onde comprar os óculos....

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Bem, sem entrar em qualquer aspecto de natureza comercial, gramaticalmente, em verdade digo: o ideal seria comprar em uma óptica, mas pode também ser em uma ótica.

Explico:

Segundo o Dicionário Houaiss, óptica é a parte da física que trata da luz e de fenômenos da visão. Pode ser também o estabelecimento que vende ou fabrica instrumentos ópticos, especialmente óculos e lunetas. O opticista é o especialista em óptica.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/portugu%C3%AAs-expresso/peregrinos-de-ou-da-esperanca-1.3248617" target="_blank">Peregrinos de ou da esperança?</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/portugu%C3%AAs-expresso/quenga-1.3246075" target="_blank">Quenga</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/portugu%C3%AAs-expresso/assuar-ou-assoar-o-nariz-1.3230822" target="_blank">ASSUAR OU ASSOAR O NARIZ?</a></div>

Já ótica, segundo o mesmo dicionário, é relativo à orelha, ao ouvido. Vem do grego otikós, daí a otite, que é a inflamação do ouvido; a otalgia, que é a popular dor de ouvido. O otologista é o médico especializado em doenças do ouvido.

Mas... então, o nome da loja em que se vendem óculos não deveria ser apenas óptica?

Devagar com o andor...

Ainda segundo o Dicionário Houaiss, no registro escrito da língua culta brasileira, há uma oscilação entre o uso das formas óptica e ótica, com prevalência da forma ótica no registro oral e no registro escrito para indicar o significado de óptica, algo relativo ao olho.

Logo, por uso efetivo, já é possível usar a palavra ótica também designar local em que se vendem óculos, embora não seja o ideal, do ponto de vista da origem etimológica.

Assim, fique à vontade em comprar em ópticas e em óticas, embora eu – professor de gramática – prefira ópticas.

Até a próxima

Fraterno abraço

Professor Carlos André

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()

&nbsp;

Ótica ou óptica?

<div attr-cid="policy:1.3248642" attr-version="policy:1.3248642:1743717697" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3248642" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3248642', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3248642">Vídeo (1.3248642)</a></div>

Certamente, você já ouviu falar na frase do Jubileu de 2025 da Igreja Católica, não é?

Pois bem, uma questão gramatical tem chamado a atenção para a frase: de ou da? Qual a preposição correta?

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Inicialmente, é importante lembrar que a palavra “peregrino” vem do latim “aquele que viaja a país estrangeiro”. Atualmente, o termo indica “aquele que faz peregrinação a lugares de devoção, aquele que leva a palavra; que leva a fé”.

Ainda sobre a frase do Jubileu, acresce-se que, em latim, é grafada como “peregrinantes in spem”, cuja tradução literal para o português é “peregrinos em esperança”.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/portugu%C3%AAs-expresso/quenga-1.3246075">Quenga&nbsp;</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/portugu%C3%AAs-expresso/membra-1.3243435">Membra?&nbsp;</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/aluno-e-sem-luz-1.3238126">Aluno é sem luz?&nbsp;</a></div>

Ocorre que – em português e em outras línguas, latinas ou não, - as preposições escolhidas foram equivalentes à preposição “de”: pilgrims of hope (em inglês); pellegrini di speranza (italiano); peregrinos de esperança (em português).

O curioso é que, no Brasil, tem-se acrescentado um artigo “a” à preposição “de” e tem-se formado a contração “da”: peregrinos da esperança.

Gramaticalmente, isso é certo ou não?

Do ponto de vista gramatical, a preposição “da”, nessa frase, com base na intenção do Vaticano, NÃO é recomendável, por dois motivos:

Primeiro: falta de paralelismo. Em todas as outras línguas - as latinas, inclusive, - não há o acréscimo de artigo.

Segundo: não há especificidade da esperança. A inclusão do artigo gera a noção de uma peregrinação para uma esperança específica, o que não há. O que há é movimento mundial de “viajantes em esperança” (como se depreende do latim) e “de esperança” como se infere da Língua Portuguesa e de outras línguas. Há uma peregrinação de esperança, em seu sentido mais completo e profundo, não no sentido restrito e específico.

Se a frase fosse “peregrinos da esperança à ressurreição”, em que se especifica a esperança, seria até possível, mas não é o caso da finalidade do Jubileu.

Obviamente, há casos de uso de preposição “da” antes de palavra não especificada, como em “O Cavaleiro da Esperança”, forma como é conhecido Carlos Prestes, mas não cabe a esse contexto. É tema para outra conversa...

Entendeu?

 
Fraterno abraço

Até próxima

Professor Carlos André

Peregrinos de ou da esperança?

<div attr-cid="policy:1.3246089" attr-version="policy:1.3246089:1743118478" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3246089" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3246089', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3246089">Vídeo (1.3246089)</a></div>

De onde vem essa palavra?

Certamente, você já deve ter ouvido esse termo para se referir a mulheres ligadas à comercialização do sexo (prostituição).

<a href="http://opopular.com.br/canal" style="color: rgb(0, 136, 204); text-decoration-line: none; outline: -webkit-focus-ring-color auto 5px; outline-offset: -2px; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px; background-color: rgb(238, 238, 238);" target="_blank">🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp&nbsp;</a>

Pois bem: uma seguidora pergunta qual é a origem etimológica?

A palavra vem do kimbundu, uma das línguas da África, que possui grande influência na Língua Portuguesa do Brasil. Outros termos também vindos desse dialeto africano são moleque, canjica, fubá etc.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/portugu%C3%AAs-expresso/membra-1.3243435" target="_blank">Membra?</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/aluno-e-sem-luz-1.3238126" target="_blank">Aluno é sem luz?</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/portugu%C3%AAs-expresso/celulodromo-1.3228365" target="_blank">CELULÓDROMO?!</a></div>

Em kimbundu, a palavra quenga significa “vasilha”, “tacho”. Quando se incorporou à Língua Portuguesa Brasileira, o termo passou, por extensão de sentido, a significar “vasilha feita de meio coco, sem o miolo”.

Se você já foi à Bahia, certamente você já viu esse tipo de vasilha artesanal.

Mas... o que isso tem a ver com prostituição?

Que criou o sentido de “quenga” como “meretriz” fê-lo - por extensão de sentido metafórico – como “mulher desmiolada”, “sem cérebro”, por ter seguido o caminho da prostituição.

É evidente que meu texto tem caráter descritivo, sem juízo de valor.

É isso.

Fraterno abraço

Professor Carlos André