Pluralidade, criatividade e memória são os elementos centrais do livro Cinema Negro no Feminino: Afeto e Pertencimento além das Telas (Nau Editora), que será lançado neste sábado (22), no ateliê Sertão Negro. Na ocasião, haverá ainda a exibição de três curtas-metragens de diferentes regiões do País.

A programação tem início às 15 horas, com o lançamento da obra lilerária, que reúne artigos, ensaios e entrevistas produzidos por pesquisadoras, cineastas e profissionais do audiovisual. A coletânea, organizada por Ceiça Ferreira e Edileuza Penha de Souza, propõe uma verdadeira costura de saberes: como um bordado de barafunda, os textos se entrelaçam para revelar caminhos, poéticas, processos criativos e epistemologias que constituem o cinema negro no feminino.

A obra oferece ferramentas teóricas e metodológicas ao mesmo tempo em que afirma o cinema feito por mulheres negras como espaço de invenção, fabulação, resistência e memória. O livro será vendido no evento com preço promocional de R$ 42,36, como parte das ações de democratização do acesso previstas no projeto apoiado pelo Edital Rouanet nas Favelas (Vale, 2024); assim como a roda de conversa após a exibição, que terá tradução em Libras.

Mais de 100 exemplares serão doados para instituições educativas e culturais, possibilitando que mais pessoas conheçam o cinema negro no feminino e, principalmente, que este livro inspire mais mulheres negras a levar para as telas suas memórias, sonhos e histórias de amor e liberdade.

Em breve, será lançada a versão em audiobook, no formato podcast. A produção conta com parceria do Núcleo Audiovisual de Produção de Foleys (NAUFO) da Universidade Estadual de Goiás (UEG), responsável pela audiodescrição dos textos que compõem o livro.

A iniciativa, coordenada pela professora Thais Oliveira e desenvolvida por uma equipe majoritariamente feminina, alia narração e criação de elementos sonoros para ampliar o acesso a essa pesquisa de forma sensível e poética.

Já às 17 horas, o evento segue com a sessão especial do Cineclube Maria Grampinho, apresentando um panorama de cinematografias negras contemporâneas a partir de três curtas-metragens dirigidos por mulheres negras do Nordeste e Sudeste. A sessão reforça a pluralidade e a inovação estética que marcam os cinemas negros no feminino.

Os filmes que serão exibidos são: O Ovo, dirigido por Rayane Teles (BA), e que se passa em um Brasil distópico assolado pela infertilidade em massa e por um regime ditatorial populista; Monalisa, de Tainá Lima (MG), que mescla realidade, memória e fantasia enquanto a narrativa acompanha Marcos, Maria e Monalisa enfrentando medos, afetos e desejos; e Divã de uma Habilitada, dirigido por Nádia Maria (MA).

Após as exibições, haverá roda de conversa com as organizadoras e curadoras. Ceiça Ferreira é professora e pesquisadora do Curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual de Goiás (UEG). Doutora em Comunicação pela Universidade de Brasília (UnB) e co-fundadora do Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes. também é Idealizadora e diretora do Cineclube Maria Grampinho, cuja proposta curatorial destaca os cinemas negros.

Já Edileuza Penha de Souza é professora, cineasta e pesquisadora. Pós-doutora em Comunicação e doutora em Educação pela Universidade de Brasília (UnB), entre os filmes que dirigiu estão os curtas Vão das Almas (2023); Filhas de Lavadeiras (2019), eleito o melhor filme pelo Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2021; e o longa Vozes e Vãos (2025). É idealizadora e organizadora da Mostra Competitiva de Cinema Negro – Adelia Sampaio.

SERVIÇO

Evento: Lançamento do livro e 5ª Sessão Cineclube Maria Grampinho

Data:&nbsp;neste sábado (22), a partir das 15 horas

Local:&nbsp;Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes, Rua Goiazes, quadra P, lote 9, Loteamento Shangri-la

Entrada gratuita

Projeto Cinema Negro no Feminino celebra lançamento de livro e exibição de curtas no ateliê Sertão Negro

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A distância entre Roma e o balneário litorâneo de Ostia é pequena. São menos de 30 km que podem ser cumpridos por caminhos cheios de atrativos. Quem sai do Centro da capital italiana pode pegar a lendária Via Ostiense, que já ligava, milênios atrás, a sede do Império Romano ao seu principal porto no Mar Tirreno, na outrora Ostia Antica. O viajante passa pela Porta São Paulo, um dos limites da Roma Murada, com sua inequívoca pirâmide (monumento tumular do general Caio Céstio, construído entre os anos 18 e 12 antes de Cristo), ao lado do cemitério onde repousam os escritores John Keats e Antônio Gramsci, entre outros. Logo à frente está a Igreja de São Paulo Fora dos Muros, uma das quatro basílicas papais, e que marca o local onde o apóstolo Paulo foi assassinado e sepultado.

Na noite ou madrugada de 2 de novembro de 1975, um automóvel fez esse percurso rumo à tragédia. Era o carro do cineasta e poeta italiano Pier Paolo Pasolini, um dos gênios criativos mais inquietos de sua geração e um dos homens mais controversos de seu tempo. Anticlerical, antifascista, antinormas de qualquer natureza, era um homem que desafiava padrões com sua arte e sua forma de viver. O Alfa Romeo, modelo 2000 GT, teria um papel importante na cena do assassinato de seu proprietário, que por volta das 22h30 da véspera, 1º de novembro, foi visto nas proximidades da principal estação ferroviária de Roma, o Termini, conhecida zona de prostituição daquela época. Um jovem garoto de programa teria entrado no automóvel de seu cliente e o desfecho notório seria conhecido no dia seguinte.

O corpo de Pasolini foi encontrado na Praia de Ostia, com ferimentos brutais. Segundo a perícia constatou na ocasião, ele foi espancado, possivelmente por mais de uma pessoa, e depois atropelado com seu próprio automóvel. O acusado pelo crime foi identificado como um michê de 17 anos, chamado Giuseppe Pelosi, também conhecido como Pino. Detido, ele alegou que Pasolini tentara manter relações sexuais pouco ortodoxas, usando um pedaço de madeira para sodomizá-lo. Ainda segundo a versão do assassino confesso, ele se defendeu com o próprio objeto com o qual era ameaçado, acertando o diretor na cabeça e depois fugindo no carro, tendo passado por cima do cadáver involuntariamente. Muitas contradições sobre o crime continuaram pendentes, entretanto.

A versão de Pioli não batia exatamente com os sinais encontrados no exame cadavérico. Pasolini não morreu com uma simples pancada na cabeça. Havia muitas outras marcas de agressão no corpo, indicando que houve um espancamento. Outras pistas surgiram com o tempo e as novas tecnologias disponíveis. Em 2010, exames constataram nas provas arquivadas que existiam traços de DNA de pelo menos três indivíduos diferentes na cena do assassinato, pessoas que nunca foram identifcadas. O próprio Pino Pelosi, que foi condenado em 1976 a nove anos de prisão pelo crime, declarou, em 2005, ter sido coagido a confessar o homicídio, já que sua família estava sendo ameaçada. Ele morreu em 2017 sem indicar quem seriam os verdadeiros assassinos, mas chegou a dizer que eram três.

A família do cineasta nunca acreditou na versão do encontro sexual que terminou em sangue. Duas hipóteses são levantadas contra essa narrativa. A primeira é a de que ele caiu em uma emboscada do grupo fascista Banda Della Magliana, uma espécie de milícia de extrema-direita que também prestava serviços para a máfia italiana. Pasolini era um dos intelectuais mais ativos no combate a esse espectro político, escrevendo em jornais e dando entrevistas para alertar sobre os crimes cometidos dos que eram nostálgicos do fascismo de Mussolini. Outra possibilidade seria uma chantagem. Cópias de uma de suas obras-primas, Saló ou os 120 Dias de Sodoma, filme que ele estava finalizando naquele período, teriam sido roubadas e o diretor tentou negociar seu resgate na noite fatídica.

Apesar de pedidos de parentes e fãs do diretor e das declarações de testemunhas e do próprio assassino confesso de que a morte de Pasolini não teria sido da forma como se acreditava, o Ministério Público da Itália negou o pedido para reabrir o caso em 2023, alegando não haver evidências fortes o suficiente para uma nova investigação. Aos poucos, a ideia de que o assassinato foi um crime político em uma Itália então conflagrada por grupos extremistas de direita e de esquerda, que praticavam sequestros e execuções com bastante regularidade, foi se sedimentando. Naquela madrugada em Ostia, não houve testemunhas oculares do que aconteceu na praia. O corpo só foi encontrado de manhã, de bruços, ensopado de sangue, em uma parte da faixa de areia sem construções próximas.

Aos 53 anos de idade, terminava, da forma mais violenta possível, uma trajetória que ainda teria muito a dar para a cultura italiana e mundial, uma vez que seus trabalhos já eram conhecidos em vários países. Títulos como Teorema e suas versões particulares para clássicos como Decamerão, de Boccaccio, Medeia, uma das principais peças trágicas da Grécia Antiga escrita por Eurípedes, e Os 120 Dias de Sodoma e Gomorra, do Marquês de Sade, marcavam uma assinatura muito própria de um homem que não conseguia ver o cinema fora do diálogo com a poesia literária. Um gênio que, em suas criações, não conhecia tabus. Em um enredo que envolveu violência e sexo, ingredientes com os quais trabalhou tantas vezes em sua arte, Pasolini chocou o mundo com sua partida abrupta.

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Controvérsia era com ele mesmo

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Saló ou os 120 Dias de Sodoma: uma das obras-primas de Pasolini (Divulgação)

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No aparente caos, ele construía mundos que faziam sentido em seu imaginário cheio de simbologias, ousadias e alegorias. Sabia promover rupturas e contestar paradigmas. Este era Pier Paolo Pasolini, diretor que fazia parte daquele grupo que costuma ser definido como “maldito”, mas que extrapola em muito esse tipo de adjetivo redutor. Maldito para quem, cara pálida? Talvez para os mais conservadores e ortodoxos. Talvez para os que não admitiam seus próprios pensamentos secretos. Certamente para os reacionários de plantão. Quem sabe digam que caiu sobre a cabeça do cineasta pecador a fúria divina no momento em que ele foi trucidado meio século atrás. Que esse pessoal fique com suas teorias e maldições. A melhor opção sempre será extrair de Pasolini o que ele tem de frescor.

Em uma dissertação de mestrado defendida na Universidade Federal de Minas Gerais, chamada Pier Paolo Pasolini: O Cinema como Língua Escrita da Ação, o pesquisador Adão Fernandes da Silva destaca o quão vanguardista foi o diretor italiano. “Talvez nenhum outro cineasta do século 20 esteve tão ligado à literatura quanto Pier Paolo Pasolini. Prova disso é o conjunto de sua obra, criada a partir de roteiros originais baseados em suas próprias obras ou em clássicos da literatura universal”, sublinha. “Ao mesmo tempo, Pasolini foi um pioneiro, um autor multimídia, no sentido mais moderno do termo, e o cineasta italiano que mais mereceu, mesmo antes de sua morte, em 1975, o maior número de estudos, muitos deles marcados por uma curiosidade mórbida pelos aspectos escandalosos de sua vida.”

O homem e a obra mesclavam-se na forma como eram interpretados por um público que foi se acostumando a se espantar a cada filme. O mais ousado deles, sem dúvida, foi o último, aquele que a morte violenta lhe privou de lançar. Saló ou os 120 Dias de Sodoma estava finalizado quando o assassinato do diretor aconteceu e é um libelo contra o fascismo, já que os personagens perversos e pervertidos do livro Os 120 Dias de Sodoma, do Marqués de Sade, são retratados como partidários dessa linha política da extrema-direita. Claro que todos já sabiam da produção enquanto era feita e essa associação provocava a fúria dos radicais, o que se confirmou quando o filme foi lançado, apenas três semanas após a morte do diretor. A questão é que Pasolini não economizou nas cenas mais fortes possíveis.

Como está no livro, as vítimas dos libertinos eram adolescentes, meninos e meninas inocentes que são sequestrados para serem seviciados e depois massacrados por seus algozes asquerosos. A desumanização fetichista dos acontecimentos que se passam na mansão onde as autoridades da República de Saló, de Mussolini, mantêm esses 16 jovens, transformados em escravos e escravas sexuais, é explícita e leva às consequências mais trágicas. Com pleno domínio narrativo da linguagem cinematográfica, Pasolini ousa ao dividir a história em quatro segmentos que dialogam com outra obra clássica, A Divina Comédia, de Dante Alighieri. Nesse deslocamento de tempo e espaço, no qual permanece o sadismo como fio condutor das ações, Pasolini equipara o fascismo ao inferno.

A controvérsia, portanto, estava na essência daquele criador que quase não era visto com um sorriso no rosto. Seus traços angulosos denotavam uma seriedade quase intimidadora. Expressão taciturna que guardava um vulcão de desejos. O cinema e a literatura foram os meios que encontrou para dar vazão a toda essa potência em praça pública. Não lhe interessava contar histórias convencionais, conduzir obras insípidas ou padronizadas. Cada novo filme, cada novo livro precisava ser um acontecimento. E eram. O erotismo, a beleza dos corpos, a interação sem pudores entre os seres que transitavam em suas histórias eram marcas constantes. É assim na sua leitura das Mil e Uma Noites, de 1974. É assim em sua adaptação de Os Contos de Canterbury, de Chaucer, filmada em 1972.

Uma de suas produções mais cultuadas e referenciadas é Teorema, de 1968. O enredo é uma verdadeira maratona de sedução. O protagonista, vivido pelo excelente Terence Stamp – ator magnífico que nos deixou recentemente –, é um visitante misterioso que ao chegar ao seio de uma típica família burguesa de Milão começa a desarranjar aquela estrutura frágil, que só se sustentava por meio da hipocrisia e do temor em viver suas fantasias. Ele, então, inicia tórridos casos amorosos com literalmente todos os membros da casa: a mãe, o pai, o filho, a filha e a empregada. Ninguém escapa de seu poder hipnótico. Para uma sociedade católica, a produção foi vista como uma provocação contra a tradicional família cristã. E na verdade era mesmo. Pasolini era um provocador nato.

A superficialidade das altas classes, o falso puritanismo, a vontade de certos agentes públicos e sociais de impor condutas aos outros eram alguns dos alvos preferenciais de Pasolini. Para tanto, ele atualizava clássicos, deixava textos de séculos atrás mais contemporâneos para poder tecer suas críticas ácidas à sociedade na qual estava inserido. Sua comédia baseada nas narrativas de Decamerão, de Boccaccio, é um exemplo dessa dinâmica. E nem mesmo os textos bíblicos eram poupados. O filme O Evangelho Segundo São Mateus, de 1964, conta a história de Jesus e de como ele conseguiu reunir seguidores. Não há nada de profano na obra, mas o Vaticano ficou bastante desconfiado. Afinal, era Pasolini, militante marxista, homossexual assumido, anticlerical e ateu.

Por incrível que pareça, de todos os atritos que o diretor teve com a Cúria Romana – e não foram poucos –, o menos ruidoso foi exatamente com este filme. A recepção inicial da Igreja foi fria e até crítica, mas o tempo cuidou de mudar um pouco essa percepção. Hoje a obra é discutida até mesmo em espaços católicos, como comprova um debate sobre o filme que está disponível na página do Instituto Humanitas, da Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos), Rio Grande do Sul, instituição confessional jesuíta. No conteúdo, a produção é chamada de “obra-prima sagrada de Pasolini”. Possivelmente o diretor dispensaria o elogio, mas ele sabia que todo filme é uma proposta e cada qual pode refutá-la ou aceitá-la ao seu modo. Talvez ele fizesse apenas uma recomendação nessa relação: exerça sua liberdade!

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O combate como filosofia

A liberdade absoluta de Pier Paolo Pasolini em relação ao que produzia passava por ignorar dogmas de qualquer espécie, sobretudo aqueles que vinham de uma certa cidade-Estado que ele, como habitante de Roma, via diariamente. O fascismo, como regime totalitário que busca controlar todo mundo em todos os aspectos, subtraindo a identidade e a autonomia, tinha companhia nas críticas do diretor e autor: a Igreja Católica. Ele percebia uma lógica próxima entre as duas correntes, ambas vistas como tributárias de um conservadorismo – quando não de linhas reacionárias – que vigiava e punia. Um poder que se exercia em comunhão com as altas classes econômicas, em um ambiente hipócrita, já que os que ditavam as regras costumavam não praticar exatamente o que pregavam.

No seu livro Escritos Corsários, lançado no ano de sua morte e que reúne diversos artigos e ensaios que escreveu na imprensa italiana, Pasolini dedica vários momentos e desancar os movimentos de direita e o Vaticano. Não à toa foi perseguido pela Igreja. Um dos textos, A ignorância Vaticana como Paradigma da Ignorância da Burguesia Italiana, contém uma polêmica explícita contra a DC, a Democracia Cristã, um dos principais partidos da Itália na época, de centro-direita. Com todas as letras, Pasolini chama a agremiação, ligada à Igreja Católica, de fascista, atacando uma dezena de líderes políticos de maneira frontal. Em outro, compara conservadores italianos ao presidente Richard Nixon, dos EUA, que pouco tempo antes havia renunciado ao cargo na esteira de um escândalo de espionagem.

Pasolini não escrevia apenas textos combativos, sendo capaz também de produzir obras de grande lirismo, mas geralmente com um tom melancólico. Seus versos atestam isso. No livro A Poesia é Uma Mercadoria Inconsumível, ele reflete: “Por que existe a poesia lírica? Porque só eu, e mais ninguém no meu lugar, sei quais são as longas tradições da dor que nasce da cor do ar que escurece; a tarde e as nuvens anunciam, juntas, a noite e o Inverno. Que olhos se enchem desta triste luz a não ser os meus?” Em outro, garantia: “Temos de queimar para chegarmos/ consumidos ao derradeiro fogo.” Sua preocupação com “vitórias fascistas” nunca deixaram de figurar em suas palavras, ditas e escritas, assim como sua paixão pela arte e pela beleza, mesmo que admitisse que o belo poderia ser temerário.

Incensado como um dos grandes cineastas europeus, a morte violenta eclipsou seu legado por algum tempo. Depois, quando as circunstâncias terríveis do assassinato foram deixando de ser tão destacadas, sua obra ganhou a chance de ressurgir da forma que merecia. Hoje Pasolini recebe várias homenagens e mesmo o governo de extrema-direita como o da Itália atual não deixou de tomar providências para preservar a memória do cineasta antifascista. Seu apartamento em Roma foi restaurado para receber visitantes que louvam sua carreira e sua personalidade. Já a Editora Cosac vai lançar para o público brasileiro uma coleção com peças de teatro de Pasolini. Por sua vez, o selo sobinfluência publicou neste ano o roteiro de uma obra inacabada do cineasta, chamada Porno-Teo-Kolossal. Título, definitivamente, bem Pasolini.

Há 50 anos, o assassinato de Pier Paolo Pasolini marcou para sempre o cinema e a Itália

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