O ingresso mais simbólico na Academia Brasileira de Letras em 2025 foi o de uma escritora preta. O lançamento em poesia mais celebrado do ano foi o de uma obra da lavra de nossa maior autora viva. O único livro brasileiro listado como um dos melhores do ano pelo The New York Times é de uma mulher. A principal atração da nossa maior festa literária no ano que acaba também foi do gênero feminino. E até mesmo o livro mais badalado dos últimos tempos, mesmo tendo sido escrito por um homem, conta da história real de uma mãe e esposa que nunca deixou de perseguir a verdade sobre a morte de seu marido. Sim, quando falamos de literatura neste ano, sobretudo no Brasil, é inegável o protagonismo das mulheres, que romperam paradigmas e estereótipos com suas escritas. Autora de Um Defeito de Cor, livro que se tornou samba-enredo no ano passado, Ana Maria Gonçalves foi eleita para a ABL. Ela é a primeira mulher preta a vestir o fardão dos imortais, apenas a 13ª integrante feminina na história da instituição fundada por Machado de Assis há 127 anos. Em seu discurso de posse, Ana Maria fez questão de salientar que vem falando o “pretuguês”, salientando sua ancestralidade, valorizada por uma prosa que privilegia o que denomina como “oralitura e escrevivência”. São termos representativos e, felizmente, mais frequentes na cena literária nacional. Outra mulher, Giovana Madalosso, teve sua obra Suíte Tóquio listada entre os melhores livros do jornal The New York Times. Foi a única autora em língua portuguesa mencionada.