De secretária a empresária de sucesso, de mulher em crise a mãe atrapalhada — Ingrid Guimarães já viveu de tudo no cinema nacional. Agora, a atriz goiana encara um novo tipo de desafio nas telonas em Perrengue Fashion, que estreia nesta quinta-feira (10), nas salas de Goiânia e Aparecida: o de ser uma influenciadora cinquentona do mundo da moda. Na comédia, ela troca o salto das personagens clássicas pelo celular na mão e um feed repleto de likes, filtros e confusões. A direção é de Flávia Lacerda (O Auto da Compadecida 2).

Ingrid Guimarães participou ativamente da criação de Perrengue Fashion, assinando também a produção e o roteiro neste que é o primeiro filme brasileiro lançado pela Amazon MGM Studios. A goiana é uma comediante reconhecida, à frente de sucessos como De Pernas pro Ar (2010) e Minha Irmã e Eu (2023), estrelado ao lado de Tatá Werneck. Campeã de bilheteria, a atriz tem no currículo algumas das maiores comédias do cinema nacional, sempre conquistando o público com personagens divertidas, humanas, cheias de carisma e de força.

Na nova comédia, Ingrid divide os holofotes com o mineiro Rafa Chalub, fenômeno das redes sociais e representante da nova geração do humor brasileiro. Ele estreia no cinema interpretando Taylor, o dedicado (e um tanto insistente) assistente da influenciadora de moda Paula Pratta. “No filme, o meu personagem fica no juízo dela, falando que tem que fazer storie e postar conteúdo”, contou Rafa no Instagram. A dupla promete arrancar risadas ao retratar, com leveza e ironia, o universo acelerado e às vezes caótico das redes sociais.

Perrengue Fashion chega aos cinemas depois de uma pré-estreia no Festival do Rio, um dos eventos mais importantes do audiovisual brasileiro. Na ocasião, Ingrid Guimarães falou sobre o projeto, destacando o envolvimento pessoal e o carinho com que o longa foi realizado. “É um filme feito com amor, que fala de temas muito atuais de maneira bonita, divertida, emocionante e mostra o nosso Brasil incrível, do Norte à Amazônia”, afirmou ela, que participa nesta quinta (9), em Goiânia, de uma sessão especial para convidados.

“Tenho o comprometimento de fazer uma comédia de qualidade. Eu tenho uma missão na vida de fazer boas produções e que tenha o mesmo respeito dos dramas. A gente é responsável pelo PIB do cinema nacional, né? Vendemos ingressos, enfrentamos os grandes, os super-heróis, mas, de uma certa maneira, somos sempre o primo pobre”, completou. A fala de Ingrid reflete a realidade. No ranking das maiores bilheterias, produções como De Pernas pro Ar, Minha Mãe é uma Peça e Até que a Sorte nos Separe aparecem no topo.

Trama

Paula Pratta batalhou duro para se tornar uma influenciadora de moda de sucesso e conquistar espaço entre as grandes grifes. A tão sonhada oportunidade surge quando ela é convidada para uma campanha publicitária de Dia das Mães, ao lado de um renomado fotógrafo. O detalhe é que o ensaio precisa ser feito com a participação do filho, Carlos Eduardo — o Cadu (personagem do goiano Filipe Bragança) —, que detesta aparecer e mora nos Estados Unidos, na Califórnia, onde cursa business. O problema é que ele simplesmente não aparece em São Paulo para a sessão de fotos.

Desesperada, Paula descobre que o filho abandonou a faculdade no exterior e está vivendo em uma ecovila sustentável na Floresta Amazônica, dedicado ao ativismo ambiental. Ao lado de Taylor, seu fiel assistente, ela parte rumo ao Norte do País determinada a trazê-lo de volta para tentar salvar a oportunidade de estrelar a campanha publicitária. “Essa é a minha vida agora, ajudar a criar soluções para o mundo. Eu não vou embora”, diz Cadu ao reencontrar a mãe. Durante a jornada — repleta de perrengues —, Paula aproveita cada situação para gerar conteúdo e turbinar seu perfil nas redes sociais.

“Estou aqui, sabe aonde? Numa viagem incrível, raiz, de reconexão”, conta a influenciadora para os seus seguidores durante uma live no Instagram, em uma das cenas reveladas no trailer de divulgação. Claro que essa aventura também fará com que Paula passe a questionar seus valores, a relação com o filho, já que ela é mãe solo, e suas prioridades na vida. E, como boa comédia romântica, o amor não fica de fora: no meio da floresta, ela conhece Lorenzo (Michel Noher), líder da comunidade e o responsável por inspirar Cadu a adotar seus novos ideais.

Estrela goiana

Ingrid Guimarães se consolidou como uma das principais comediantes do cinema brasileiro, acumulando sucessos de bilheteria ao longo de mais de duas décadas. Entre seus filmes de maior sucesso estão De Pernas pro Ar, Minha Mãe é uma Peça e Minha Irmã e Eu, projetos que combinaram humor, carisma e personagens cativantes, conquistando milhões de espectadores em todo o país. Sempre presente em papéis que exploram o cotidiano de forma divertida e inteligente, ela se tornou sinônimo de comédia de qualidade no Brasil. Nascida em Goiânia, ela sempre trouxe para suas produções suas raízes goianas e o olhar atento sobre relações familiares.&nbsp;

Protagonizado pela goiana Ingrid Guimarães, 'Perrengue Fashion' estreia nos cinemas

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Comédia

Quando o Teatro Goiânia aparece iluminado no mês de outubro, o anúncio está dado: é semana de Goiânia Mostra Curtas. O festival chega a sua 23ª edição nesta terça-feira (7) e segue até o domingo (12) ocupando diferentes pontos da região central da capital. Toda a programação é gratuita, entre exibição de filmes, curso, aula, estudo de caso, encontros com realizadores de filmes, lançamentos literários e homenagens. Na abertura, às 20 horas, a cantora Jaloo faz um pocket show com músicas de seus quatro álbuns.

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A cantora Jaloo faz o show de abertura do festival de cinema (Divulgação)

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O festival presta homenagens nesta edição. São lembrados a produtora audiovisual Zita Carvalhosa (1936–2025), criadora do festival de curtas Kinoforum, em São Paulo; Jean-Claude (1936–2025), crítico de cinema, ensaísta, professor, roteirista, escritor e diretor; e a atriz Marcélia Cartaxo, celebrada por personagens como Macabéa, em A Hora da Estrela (1985), papel que lhe rendeu o prêmio de melhor atriz no Festival de Berlim.

“Zita e Jean-Claude foram grandes incentivadores da Goiânia Mostra Curtas, desde o início do projeto. Estiveram presentes no festival e sempre trouxeram estímulo e vigor. Zita tem sua importância para todos os festivais independentes do Brasil e para nós apresentou generosidade e orientação. Jean, quando esteve no festival, se surpreendeu com a variedade de filmes de regiões diferentes do país, que não costumava encontrar em outros lugares”, conta Maria Abdalla, diretora geral do evento.

Marcélia também esteve no festival como exibidora de um filme que dirigiu e se mantém na ativa ainda hoje com atenção a importância dos filmes de curta-metragem, a exemplo de Umbilina e sua Grande Rival, que será exibido durante a homenagem. “As homenagens finais são a Márcio Paixão Jr., representativo para a cultura goiana, multiartista e que mostra pela arte um ato de resistência e liberdade. No momento político estabelecido nos últimos anos, é muito importante lembrarmos da Apan, associada à produção audiovisual do povo negro brasileiro”, comenta.

Um dos festivais mais longevos e relevantes dedicados ao curta-metragem no Brasil, a Goiânia Mostra Curtas é reconhecida pela diversidade cultural, valorização regional e democratização do acesso ao audiovisual. Novidade desta edição, a Curta Mostra Origens – Curtas Universitários Goianos apresenta 20 produções com curadoria de Elinaldo Meira. Os filmes serão exibidos sábado (11) e domingo (12), às 15 horas.

Na tradicional Mostrinha, dedicada ao público infantil que está em sua 22ª edição, serão cinco filmes exibidos selecionados pela escritora, jornalista e documentarista Gabriela Romeu. Nos dias 9 e 10 de outubro, a mostra tem sessões reservadas a estudantes do ensino básico. No dia 12, Dia das Crianças, a sessão tem início às 10h30 e é aberta ao público geral, com votação de melhor filme por júri popular.

O festival conta, ainda, com as mostras Curta Mostra Brasil, Curta Mostra Goiás e Curta Mostra Especial - Falando em Línguas, Vendo em Vistas – (De)colonialidades e (des)enquadramentos. Com curadoria de Mariana Queen Nwabasili, será exibida na sexta-feira (10), às 14 horas.

Todas as sessões de filmes são no Teatro Goiânia, no coração da cidade, reafirmando o espaço como palco central do evento. Após o festival, a Curta Mostra Cinema nos Bairros exibe produções selecionadas por Maria Abdalla nos bairros Conjunto Vera Cruz, Conjunto Primavera, Residencial Real Conquista e Vila Pedroso.

SERVIÇO 
Evento: 23ª Goiânia Mostra Curtas 
Data: 7 a 12 de outubro&nbsp; 
Local: Teatro Goiânia - Rua 23, 252 - Setor Central 
Informações: www.goianiamostracurtas.com.br e @goianiamostracurtas 
Evento gratuito

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PROGRAMAÇÃO COMPLETA

7 de outubro (terça) 
20h - Abertura com pocket show de Jaloo, exibição do filme Umbilina e sua Grande Rival (PE) e homenagens à atriz e diretora Marcélia Cartaxo, à produtora Zita Carvalhosa (in memoriam) e ao diretor, crítico e teórico de cinema Jean-Claude Bernardet (in memoriam) 
Local: Teatro Goiânia

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8 de outubro (quarta) 
Local: Sala Multimídia João Bênnio, Vila Cultural Cora Coralina 
10h - Aula Internacionalização de Filmes com Dora Amorim 
14h - Curso Política da Memória, com Safira Moreira

Local: Teatro Goiânia 
15h - Curta Mostra Goiás&nbsp; 
19h - Curta Mostra Brasil

9 de outubro (quinta) 
Local: Teatro Goiânia 
9h - 22ª Mostrinha para alunos da rede pública

Local: Vila Cultural Cora Coralina 
9h - Curso Política da Memória 
10h - Encontro com realizadores de filmes

Local: Teatro Goiânia 
15h - Curta Mostra Goiás com legendas descritivas

Local: Vila Cultural Cora Coralina 
17h - Lançamento dos livros Agora e Pouco Antes: Direção de Arte e Cinema Brasileiro (Rebellium Coletiva), de Benedito Ferreira, e Metralha A vida de Nelson Gonçalves em Quadrinhos (Editora MMarte), de Márcio Paixão Jr. e Fabio Cobiaco&nbsp;

Local: Teatro Goiânia 
19h - Curta Mostra Brasil

10 de outubro (sexta) 
Local: Teatro Goiânia 
9h - 22ª Mostrinha para alunos do ensino básico

Local: Vila Cultural Cora Coralina 
9h - Curso Política da Memória&nbsp;

Local: Castro’s Park Hotel 
10h - Laboratório de roteiros audiovisuais do Centro-Oeste, com Nina Kopko e Diego Paulino

Local: Teatro Goiânia 
14h - Curta Mostra Especial Falando em línguas, vendo em vistas&nbsp;

Local: Castro’s Park Hotel 
14h30 - Laboratório de roteiros audiovisuais do Centro-Oeste&nbsp;

Local: Teatro Goiânia 
19h - Curta Mostra Especial&nbsp;

11 de outubro (sábado) 
Local: Vila Cultural Cora Coralina&nbsp; 
9h30 - Roda de conversa Cinema e Educação, com Gabriela Romeu e Rita Márcia 
10h - Estudo de caso &nbsp;̶ &nbsp;A construção de personagens do curta Chão de Fábrica, de Nina Kopko

Local: Castro’s Park Hotel 
15h - Laboratório de roteiros audiovisuais do Centro-Oeste

Local: Teatro Goiânia 
15h - Curta Mostra Origens – Curtas Universitários Goianos 
19h - Curta Mostra Brasil

12 de outubro (domingo) 
Local: Vila Cultural Cora Coralina&nbsp; 
11h - Encontro com realizadores de filmes

Local: Teatro Goiânia 
10h30 - 22ª Mostrinha aberta ao público 
15h - Curta Mostra Origens – Curtas Universitários Goianos&nbsp; 
20h - Encerramento com homenagem a Márcio Paixão Jr., exibição de filmes e premiação

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Goiânia Mostra Curtas começa sua 23ª edição nesta terça-feira (7)

Brasilidade em cena

O Morce-GO Vermelho Goiás Horror Film Festival divulgou a lista oficial de filmes selecionados para sua nova edição, que acontece entre os dias 30 de outubro e 2 de novembro, no Cine Cultura, com entrada gratuita. Ao todo, 37 produções compõem a programação, escolhidas entre 643 inscrições recebidas de diferentes partes do mundo, sendo 94 apenas da Espanha.A curadoria, formada pelos profissionais Mônica Trigo (longas-metragens), Itamar Borges (curtas nacionais e animações) e Marcelo Milici (curtas internacionais e produções goianas), selecionou obras que refletem a diversidade e a criatividade do gênero fantástico, tanto no Brasil quanto no exterior. Segundo o diretor do festival, Cristiano Sousa, esta edição marca um novo patamar para o evento.Entre os selecionados, destacam-se produções locais como A Queda, de Luísa Mello, e Sereia do Brava, de Luciano Evangelista, além de curtas e longas internacionais vindos de países como Espanha, México, Argentina, Israel e Uruguai. O festival também contará com a mostra Morce-Anima, dedicada às animações do gênero.O gênero de horror ganhou força e popularidade especialmente a partir da década de 1990, quando o público passou a buscar experiências cinematográficas que misturavam medo, suspense e crítica social. Filmes como Pânico (1996) e O Sexto Sentido (1999) redefiniram o terror, abrindo espaço para produções independentes e experimentais que exploravam o psicológico, o sobrenatural e o grotesco com novas linguagens. Essa expansão consolidou o horror como um dos gêneros mais versáteis e expressivos do cinema contemporâneo — influência que se reflete até hoje em festivais como o Morce-GO Vermelho.O Morce-GO Vermelho conta com o apoio do Governo de Goiás, por meio do Programa Goyazes de Incentivo à Cultura, operacionalizado pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult). A programação completa, com todos os filmes selecionados, pode ser conferida no site (morcegovermelhofestival.com.br) e nas redes sociais oficiais do Morce-GO Vermelho Goiás Horror Film Festival.ServiçoEvento: Morce-GO Vermelho Horror Film FestivalData: 30/10 a 2/11Local: Cine Cultura / Praça Cívica, CentroEntrada: Gratuita (ingressos em breve via Sympla)

Morce-GO divulga selecionados para exibição no Cine Cultura

Hora do susto

O relançamento de “Jeanne Dielman”, eleito o melhor filme de todos os tempos em 2022, é uma chance de ver um rito de passagem raro. Assiste-se à morte de uma diva e ao nascimento de uma ativista —e à síntese das duas na arte da atriz Delphine Seyrig. Na última enquete que a Sight and Sound faz a cada década, na qual votaram mais de 1.600 críticos do mundo todo, “Jeanne Dielman” chegou ao primeiro lugar, disse a revista, devido a sua “abordagem consciente e radical do cinema”.

Na estreia, em 1975, porém, teve recepção tépida até no circuito de filmes cabeça –menos por durar 3h20 e mais por acompanhar o dia a dia e a insípida vida sexual de uma dona de casa. Atributos que levaram Delphine Seyrig a encarnar Jeanne Dielman. Ela era até ali uma sílfide com o apolíneo perfil de Greta Garbo e a rouquidão lasciva de Marlene Dietrich. Alain Resnais a descobriu em Nova York, onde fazia teatro, e a chamou para interpretar a dama enigmática de “O Ano Passado em Marienbad”.

Assim como o filme, Seyrig causou espécie: era uma aparição, não uma mulher real. Alçada ao pódio de prima-dona do cinema de alto coturno, fez dois filmes com Buñuel, dois com Joseph Losey e quatro com Marguerite Duras. Quem disse que ela era uma aparição foi o impúbere Jean-Pierre Léaud de “Beijos Roubados”, de Truffaut. Seyrig, que fazia a esposa do seu patrão, foi a seu quarto e lhe explicou: “Não sou uma aparição, sou uma mulher, e sou excepcional porque todas as mulheres o são”.

Ato contínuo, propõe ao rapazote transarem por um par de horas e nunca mais se verem –e ele aceita mais que depressa. Seyrig domina a cena. Com um mínimo de frases e um máximo de sorrisos, cria uma imagem memorável do amor: a fusão de liberdade, alegria, libertinagem e encanto.

Com 42 anos, ela estava no auge quando uma moça de 24 a procurou. Era Chantal Akerman, diretora de meia dúzia de curtas-metragens experimentais que ninguém vira. Convidou-a para o papel-título de “Jeanne Dielman”, um longuérrima-metragem sobre três dias da vida de uma mulher banal, uma viúva que morava com o filho.

E assim é: Jeanne varre a casa, vai às compras, põe a mesa, faz o jantar, fala com o filho, lava a louça. Faz tudo em tempo real, contemplada a uma distância respeitosa por uma câmara imóvel. Eis que a campainha toca, entra um senhor de meia-idade e vai para o quarto. Tira a roupa enquanto ela se estende na cama. Inerte, Jeanne olha para o teto e ele a penetra muda e metodicamente. Finda a função, veste-se, deixa algumas notas na mesa e se vai.

Seyrig contou que aceitara ser a protagonista porque, para ela, havia bilhões de mulheres no mundo como Jeanne. Faziam sexo não por prazer, mas porque eram pagas. Seus maridos lhes davam dinheiro para cuidar da casa e dos filhos —e irem para a cama com eles. Tinham uma vida melancólica, mas não necessariamente imutável. Com Jeanne, por exemplo, ocorre algo que abala seu mundo.

A partir de “Jeanne”, a atriz engajou-se no feminismo. Participou do Movimento de Libertação das Mulheres e assinou o Manifesto das 343 que admitiam ter feito aborto, o que era crime, e pediam mudanças na lei. Para além da participação política, dirigiu filmes militantes.

Um deles teve tema brasileiro, o documentário “Inês”. Ele conta a trajetória de Inês Etienne Romeu, que durante a ditadura foi seviciada na Casa da Morte, o centro de torturas montado por militares em Petrópolis. Feito em 1974, quando a ditadura parecia inamovível, e Inês mofava na cadeia, o filme de 20 minutos foi vital na campanha internacional pela sua libertação.

Fez também um longa-metragem marcante, o documentário “Seja Bela e Cale a Boca”, inovador na técnica e no tema. Seyrig foi a segunda pessoa na França (a primeira foi Godard) a usar uma câmera de cinema portátil e com gravador embutido.

Com ela, entrevistou 26 atrizes americanas e francesas —um arco que vai de Jane Fonda a Maria Schneider. Sem a presença de uma câmera enorme e barulhenta, nem de microfones, e falando a uma colega, elas explicam com vagar que vieram de baixo, que são profissionais, donas de casa, vítimas e vanguarda de uma indústria machista.

Seyrig pretendia, também ela, dar um depoimento para o filme. Desistiu ao perceber que tudo o que queria dizer já fora falado pelas entrevistadas. Condensou sua experiência em “Seja Bela e Cale a Boca” com uma frase solidária e generosa, além de feminista: “Eu sou as outras”.

Mario Sergio Conti é jornalista, é autor de “Notícias do Planalto"

Os artigos publicados não refletem a opinião de O POPULAR. Sua publicação obedece ao propósito de estimular e fomentar a diversidade e o debate de temas locais, nacionais ou mundiais.

Seja bela e cale a boca

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Mario Sergio Conti

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"O Agente Secreto" teve seu favoritismo confirmado nesta segunda-feira (15) e foi escolhido pela Academia Brasileira de Cinema para tentar uma vaga na disputa de melhor filme internacional do Oscar do ano que vem, marcado para o dia 15 de março.

A decisão foi tomada em meio à gritaria das redes sociais, que ao longo da última semana virou palco de uma disputa acalorada entre o longa de Kleber Mendonça Filho e "Manas", de Marianna Brennand, que surgiu como sério candidato na disputa repentinamente.

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Oscar 2026: 'O Agente Secreto' foi escolhido para representar o Brasil (Reprodução/ CinemaScópio)

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Agora, "O Agente Secreto" será apreciado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, responsável pelo Oscar, junto com os títulos escolhidos por outros países. O órgão não pode indicar, em melhor filme internacional, produções que não tenham sido as escolhas oficiais de cada nação.

Assim, se "Manas" decidir dar sequência à campanha de internacionalização que começou nas últimas semanas, ficará restrito às outras categorias da premiação. "O Agente Secreto", por sua vez, já é ventilado pela imprensa americana como possibilidade também em melhor filme, roteiro original, direção e ator, para Wagner Moura, o que deu força para sua campanha diante da Academia Brasileira de Cinema.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/protagonizado-por-denise-weinberg-e-com-rodrigo-santoro-no-elenco-o-ultimo-azul-chega-aos-cinemas-1.3305247" target="_self">Protagonizado por Denise Weinberg e com Rodrigo Santoro no elenco, 'O Último Azul' chega aos cinemas</a> 
 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/o-mais-importante-e-realmente-fazer-parte-de-uma-lista-com-tantos-filmes-notaveis-diz-erico-rassi-1.3302400" target="_self">'O mais importante é realmente fazer parte de uma lista com tantos filmes notáveis', diz Erico Rassi</a></div>

Na área de comentários da transmissão ao vivo no YouTube em que a escolha foi anunciada, fãs e haters se reuniram logo cedo para defender, em especial, "O Agente Secreto". Poucas horas depois, a função de comentários foi desabilitada.

No fim de semana, a disputa dicotômica tomou proporções que geraram desconforto na indústria, com publicações feitas por nomes como Fernanda Torres, Bárbara Paz e Anna Muylaert nas redes sociais.

Também estavam pré-selecionados para tentar a vaga brasileira os filmes "O Último Azul", de Gabriel Mascaro; "Baby", de Marcelo Caetano; "Kasa Branca", de Luciano Vidigal, e "Oeste Outra Vez", de Erico Rassi.

Em 16 de dezembro, a academia hollywoodiana vai anunciar a lista de pré-indicados ao Oscar de filme internacional. O anúncio de quem de fato concorre à estatueta acontece no dia 22 de janeiro.

Nos Estados Unidos, "O Agente Secreto" é da Neon, distribuidora poderosa e influente, responsável pelo grande vencedor deste ano, "Anora", e que pode alavancar a campanha e emplacar um filme brasileiro na disputa logo após a vitória de "Ainda Estou Aqui". Do outro lado do Atlântico, no Reino Unido, a distribuição é da Mubi, outra com poderio significativo.

'O Agente Secreto' vai tentar vaga para o Brasil no Oscar 2026 após superar 'Manas'