Imagine completar 75 anos e ser afastado da sua família por conta de uma política de exílio forçado do governo, destinada a enviar idosos para colônias onde devem passar os últimos dias de vida. Essa é a realidade projetada em O Último Azul, que estreia nesta quinta-feira (28) nas salas de cinema de Goiânia. Vencedor de três prêmios na 75ª edição do Festival de Berlim, incluindo o Urso de Prata - Grande Prêmio do Júri, e selecionado para disputar uma vaga no Oscar 2026, o longa acompanha Tereza (Denise Weinberg), que aos 77 anos embarca numa jornada em busca de liberdade. A proposta do filme é justamente essa: retirar o espectador da zona de conforto, provocar reflexões e desconstruir certezas sobre o envelhecimento. Trabalhar com discursos potentes é uma marca que já acompanha a carreira do diretor Gabriel Mascaro. Em Boi Neon (2015), ele discutiu a estupidez sexista no universo do vaqueiro nordestino; em Divino Amor (2019), o cineasta escancarou as contradições de um fundamentalismo religioso que se confunde com política. Agora, ele debocha da incoerência do etarismo e ironiza os mecanismos do sistema capitalista.