O âncora da TV Globo Heron Domingues deu a notícia tão aguardada naqueles dias de agosto de 1974. No boletim Jornal Internacional era mostrado o sinal da Casa Branca, aberto antes do início do pronunciamento do então presidente dos EUA, Richard Nixon, mostrando o homem que estava no centro de uma crise política inédita. Sem saber que já poderia ser visto por alguém, ele contava piadas e mostrava-se descontraído. Minutos depois, anunciaria sua renúncia do cargo mais poderoso do mundo, na esteira do escândalo de Watergate.Heron deu todas as informações e saiu da emissora carioca para jantar com amigos. Voltou para casa e deitou-se. Naquela mesma noite, um enfarte fulminante calou uma das vozes mais conhecidas do Brasil desde os tempos do Repórter Esso no rádio, aos 50 anos. Essa é uma das muitas histórias que beiram o inacreditável e marcam o telejornalismo brasileiro na sua missão de levar informações de fatos relevantes. Heron era comentarista do Jornal Nacional, cuja primeira edição foi apresentada por Hilton Gomes e Cid Moreira.Cid foi um símbolo do mais longevo telejornal da história da TV brasileira, ainda é líder de audiência. Ao lado dele, por décadas, esteve Sérgio Chapelin. E por muitos anos, no seu cérebro, estiveram profissionais como Armando Nogueira e Alice-Maria, jornalistas que, mesmo antes da criação da Rede Globo, já levavam notícias a todo o Brasil. Armando, por exemplo, trabalhou na Copa de 1954. Hilton Gomes, por sua vez, cobriu o assassinato de John Kennedy pela TV Excelsior, em 1963, e a ida do homem à Lua, em 1969.Nesses 70 anos, o telejornalismo inovou em formatos, como a revista eletrônica Fantástico, pioneira em mesclar informação e entretenimento. Também foram criados programas de mais fôlego. O Globo Repórter é um deles, que começou com os materiais especiais e investigativos feitos por nomes como Hélio Costa e Lucas Mendes. Glória Maria, a primeira jornalista negra com destaque, também tem trajetória ligada ao programa. O modelo de ancoragem opinativo foi inaugurado por aqui com Boris Casoy, no SBT Brasil, e Marília Gabriela inovou na forma de fazer entrevistas com mais profundidade na Bandeirantes.