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Cinema

'Ainda Estou Aqui’

O Brasil de Rubens Paiva, de Eunice Paiva e de todos os brasileiros está esfuziante com a consagração inédita do Oscar com o filme Ainda Estou Aqui. É a volta da cultura brasileira, após quatro anos de apagamento. O filme retrata horrores enfrentados pela família Paiva durante a ditadura militar, período em que intelectuais, estudantes e opositores ao regime eram perseguidos, presos, torturados e mortos. Rubens Paiva foi sequestrado de dentro de sua casa, e seu corpo continua desaparecido. Eunice Paiva, então, começa a luta para obter o atestado da morte do marido, crime praticado pelo Estado.&nbsp; 
A premiação do filme e sua consequente visibilidade nacional e internacional vieram num momento de necessária contraposição ao recente ataque à nossa democracia, que buscou a volta da situação trágica que retrata o filme. Essa é a capacidade da arte, cujo poder argumentativo se faz na sensibilização, na empatia, na humanização. Assim, como objeto artístico, que não busca explicações, o filme integra cenas contidas, implícitas, sugeridas, deixando ao telespectador a sua análise. Nesse sentido, vejo a necessidade de se levar o filme às escolas a fim de que os nossos jovens conheçam parte da história brasileira, por vezes, apagada do material didático. Mas a História não se deixa apagar. Ela se faz dos rastros, dos vestígios, dos registros semiapagados, mas clarificados na memória daqueles que sentiram na pele e na alma as atrocidades da violência, e transformados em objeto de arte e de denúncia. Não obstante, enquanto o Brasil irradia alegria e orgulho do cinema brasileiro e da nossa pátria, governadores como Tarcísio de Freitas, Zema, Ricardo Nunes e deputados que usaram o boné “Make America great again”, em homenagem à vitória de Trump nos EUA, foram incapazes de prestar homenagens à conquista do inédito Oscar brasileiro por Ainda Estou Aqui. Silêncio sepulcral da direita, extrema direita e dos seus pré-candidatos à Presidência da República. São os “patriotas” destituídos de pátria.&nbsp;

Vânia Carmem Lima&nbsp; 
Jataí-GO&nbsp; 
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Erramos

O valor correto do gasto registrado pelo senador Wilder Morais (PL) com a Cota para Exercício da Atividade Parlamentar (Ceap) em 2024 é de R$ 196 mil, diferentemente do custo publicado na reportagem “Senadores goianos são beneficiados com maior aumento em cota parlamentar”, na edição de 5 de março.

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Carta dos Leitores

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Cartas

Ainda Estou Aqui foi o filme certo, na hora certa. O primeiro Oscar não poderia ter vindo num momento melhor para o Brasil, os brasileiros, a nossa história e até para o governo Lula, que tem um refresco e pode comemorar, enfim, um prêmio e a felicidade popular. E tudo isso no meio do carnaval, uma das festas mais eletrizantes e inclusivas do mundo.

Só faltaram a legítima estatueta para Fernanda Torres, que brilhou ao viver não uma, mas as várias Eunices Paivas durante Ainda Estou Aqui, e uma homenagem a Cacá Diegues. No mais, pareceu tudo perfeito, a começar de Walter Salles, um diretor perfeito, que fez um filme sobre ditadura sem chocar com choques elétricos, cadeiras do dragão, afogamentos e técnicas de tortura tornadas rotineiras nos anos de chumbo.

Salles escolheu o livro certo, de Marcelo Rubens Paiva, filho de Rubens Paiva e Eunice, montou equipe e ambientação exemplares e, sobretudo, chamou para as câmeras e holofotes Selton Mello e Fernanda. E foi perfeitamente adequado ao agradecer o prêmio em nome do Brasil, com uma pitada de política, reverência a Eunice Paiva e às duas Fernandas, Torres e Montenegro. Ponto. Nada a excluir, nada a acrescentar.

Mais de cinco milhões de espectadores já foram ao cinema ver, se emocionar e aplaudir Ainda Estou Aqui, que ganha prêmio no ano em que o Supremo vai julgar a tentativa de golpe militar, 60 anos após o golpe de 1964, que matou Rubens Paiva e durante duas décadas reprimiu o Brasil, a Constituição, as instituições, as liberdades, os direitos, as famílias, as vidas.

O faturamento do melhor filme estrangeiro do Oscar também chegou a R$ 150 milhões no Brasil, num baita reforço a uma indústria importante de um setor fundamental, após um governo que não apenas desprezava como perseguia a Cultura, a ponto de nomear para um setor tão estratégico Roberto Alvim, que havia atacado Fernanda Montenegro como “sórdida” e “mentirosa”.

Alvim acabou demitido por um vídeo institucional de evidente inspiração nazista, na forma e no conteúdo. Nem Bolsonaro suportou a pressão para se livrar dele, mas trocou seis por meia dúzia, ao nomear Mário Frias, que, em vez de partituras, telas, pincéis, livros, roteiros, fazia-se fotografar para as redes com .. um fuzil!

Por isso, o Oscar cai como uma luva para o próprio Lula. Impopular ou não, errando aos borbotões ou não, Lula sempre esteve contra a ditadura militar de 1964 e chegou a ser alvo da ditadura planejada para 2023/2024. Aliás, se o golpe tivesse dado certo, haveria Ainda Estou Aqui, os brasileiros teriam lotado os cinemas para vê-lo e o Brasil teria ganhado o seu primeiro Oscar?

Ainda estamos aqui

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Eliane Cantanhêde

Mariosan

Charge

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O Brasil parou em pleno carnaval para assistir ao Oscar e o mundo inteiro parou para assistir o Brasil. O otimismo não foi suficiente para garantir o prêmio de Fernanda Torres, mas a vitória como Melhor Filme Internacional é significante, afinal é o primeiro Oscar do País. Nas redes sociais, a atriz brinca com referências ao filme nas legendas. Em uma foto ao lado do diretor Walter Salles, Fernanda segura a estatueta dourada e escreve “Ainda estamos aqui comemorando!”.

Salles recebendo o prêmio estampa os principais jornais do mundo com a notícia de que na noite de domingo (2) a história foi feita. A primeira indicação do Brasil na maior premiação do cinema aconteceu em 1945 e a mais recente, neste ano, foi para Ainda Estou Aqui, concorrendo a Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz. O filme brasileiro com maior número de indicações é Cidade de Deus, que foi nomeado em quatro categorias em 2003, mas acabou não levando nenhuma.

“Esse filme vai para uma mulher que, após uma perda enorme por um regime autoritário, decidiu não se render: Eunice Paiva”, discursou Salles no palco do evento, dedicando o prêmio às duas atrizes que encarnam a protagonista na produção, Fernanda Torres e a mãe dela, Fernanda Montenegro. Com trajetória bem sucedida, o filme chegou a ser exibido em mais de 700 salas somente nos Estados Unidos. Antes do Oscar, o longa também recebeu uma série de prêmios no Globo de Ouro, Goya, Festival de Veneza e Festival Internacional de Roterdã.

“Não ganhamos os prêmios de Melhor Filme e Melhor Atriz. Mas o que ganhamos foi a respeitabilidade do mundo inteiro pelo cinema brasileiro, que está de parabéns. Nosso cinema sempre foi forte e, por isso, ganhamos muito com esse Oscar. Toda essa repercussão internacional é muito boa para nós”, comenta o professor Lisandro Nogueira.

Grande parte do sucesso global do filme foi impulsionado pela crítica especializada. Desde que o longa-metragem começou a ganhar força internacionalmente com suas participações em festivais, críticos do mundo inteiro passaram a escrever sobre ele. O jornal britânico The Times descreveu Ainda Estou Aqui como “um dos maiores filmes sobre maternidade”, comparando-o a clássicos como Mildred Pierce (2011) e Room (2015).

Além disso, a visibilidade que o longa alcançou com a distribuição da Sony Classics foi fundamental, além do forte investimento na campanha internacional, com a presença de Walter Salles nos principais festivais internacionais, como Cannes, Berlim e Veneza. Fernanda Torres se tornou queridinha da imprensa internacional, estampando páginas dos principais jornais e revistas do mundo.

O poder das redes sociais não pode ser negado. Os brasileiros engajaram com força total na campanha do filme, em total “clima de Copa do Mundo”. O ator Selton Mello, que interpreta Rubens Paiva no longa, é bastante ativo na internet e postou uma foto segurando a estatueta. “O filme nasceu importante e necessário de qualquer maneira, mas esse troféu celebra a equipe, aditiva o filme, honra a família Paiva e mais que isso: aumenta consideravelmente o interesse no nosso potente cinema brasileiro. Todos ganhamos hoje”, escreveu na legenda.

A crítica de cinema brasileira Isabela Boscov disse que Ainda Estou Aqui representa um novo fôlego para a indústria nacional de cinema, algo semelhante ao que aconteceu na época que Central do Brasil foi lançado, também dirigido por Walter Salles e estrelado por Fernanda Montenegro. “Naquele momento, a retomada do cinema brasileiro era algo recente”, disse Boscov.

A produtora goiana Lidiana Reis destaca que a comoção internacional em torno do filme reflete, sim, na produção audiovisual no País. “E aí, puxando uma sardinha para Goiás, tivemos pessoas do nosso Estado trabalhando na equipe, mostrando que temos um conjunto de vários talentos do Brasil envolvidos na produção”, comenta. “Isso reflete um amadurecimento grande da nossa produção como um todo, não só de Ainda Estou Aqui. E isso se confirma também com um prêmio que a gente acabou de ganhar no Festival de Berlim, com o Último Azul, do Gabriel Mascaro, que é um diretor pernambucano”, diz.

Outra repercussão importante é que o Brasil acaba de ser escolhido para ser o País de Honra no Festival de Cannes 2025. “Acho que a gente vem numa crescente de atenção internacional, de interesse do mundo todo em relação ao nosso cinema”, aponta Lidiana. “Temos oferecido uma cinematografia que parte das nossas próprias histórias, histórias que eles não podem contar. Isso tem muito a ver com o amadurecimento do nosso mercado, da nossa produção, dos nossos talentos e dos nossos profissionais”, diz.

Depois de muito trabalho, o cinema que vem sendo feito no Brasil tem ganhado força internacionalmente e, com isso, a hora é de aproveitar o embalo e seguir investindo na área, segundo ela. “É um momento super bom para nós e acho que o importante agora é a gente seguir apostando em políticas públicas que fortaleçam a indústria do audiovisual, para que a gente tenha recursos para que essa produção seja, de fato, nacional”, finaliza.

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Museu

A casa que serviu de cenário para Ainda Estou Aqui, primeiro filme brasileiro a vencer o Oscar, será transformada na Casa do Cinema Brasileiro. O anúncio foi feito pelo prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), na segunda-feira (3), ao confirmar que a prefeitura irá comprar o imóvel.

"Será publicado no Diário Oficial Extra da Prefeitura do Rio que decidimos desapropriar e transformar o imóvel do filme Ainda Estou Aqui na Casa do Cinema Brasileiro", escreveu Paes no X (antigo Twitter). Segundo ele, o espaço será aberto ao público para visitação e terá exposições interativas sobre a trajetória do Brasil no Oscar.

Além de homenagear o cinema nacional, a casa será um local de memória permanente da história de Eunice Paiva e sua família, personagens centrais do filme dirigido por Walter Salles.

O prefeito destacou ainda que o local prestará tributo às atrizes Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, que interpretaram Eunice em diferentes fases da vida. "Vamos tornar público o espaço que trouxe o primeiro Oscar do Brasil em quase 100 anos da premiação", disse.

O imóvel também sediará a nova base da Rio Film Commission, órgão responsável por atrair produções audiovisuais para a cidade. Com isso, a prefeitura espera estimular novas produções nacionais e impulsionar o cinema brasileiro no cenário internacional.

Paes encerrou a publicação sugerindo que a estatueta do Oscar conquistada pelo filme poderia ser exposta no local. "Quem sabe ela não vem morar aqui? Nós vamos sorrir". (Folhapress)

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Com a vitória de 'Ainda Estou Aqui' no Oscar, cinema nacional ganha mais visibilidade internacionalmente

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