Desde a sua estreia no início de 2019, o caminho que o documentário Ressaca (Vertige de la Chute) vem percorrendo superou as expectativas de seus realizadores. O filme, dirigido por Patrizia Landi e Vincent Rimbaux, é uma coprodução entre Brasil (Cafeína Produções) e França (Babel Doc/France Télévisions), que agora soma às conquistas o Emmy Internacional 2020 na categoria programa de arte. Antes, já havia percorrido importantes festivais internacionais, levando prêmios no Fipadoc, na França, no Full Frame, nos Estados Unidos, além do prêmio de melhor documentário e melhor direção de documentário no Festival do Rio 2019. “Já era uma produção super exitosa. E aí veio a indicação ao Emmy Internacional, o que já foi um prêmio por si só. Ficamos muito felizes de ganhar”, conta Paulo Henrique Souza, à frente da Cafeína Produções. Fundada em 2007, a produtora possui sedes em Goiânia e no Rio de Janeiro, cidades em que o produtor e diretor se divide – uma produtora goiano-carioca, como ele brinca. O documentário acompanha o corpo artístico do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, no período em que os salários foram suspensos em meio à crise financeira e ao colapso do Estado. A instabilidade foi enfrentada entre 2016 e 2018.“O triste insight do filme foi a crise financeira que começou em via da Olimpíada no Brasil. Era para ser um momento mágico para os esportes e para a cidade que sediava o evento, mas as pessoas estavam sem receber e passando necessidade”, explica o produtor. O nome do filme é em referência ao clima instaurado: depois da festa, vem a ressaca. “Aquele era o momento da ressaca, o que acabou sendo um painel para tudo o que estamos vivendo hoje com a cultura. O Municipal é um microcosmos das crises enfrentadas”, explica o produtor.O documentário registra com a câmera observacional a espera e a resistência dos artistas e funcionários até o limite de suas possibilidades — financeiras e emocionais. Ao longo de 2019, com as participações em festivais, a produção pôde ser assistida pelo público pessoalmente. “A recepção foi sempre muito positiva. As pessoas quando veem o filme são muito generosas com a gente. Saem emocionadas, e muita gente se identifica com as realidades mostradas”, comenta. A dobradinha da direção reflete a multiplicidade de olhares da obra, segundo Paulo Henrique: há o olhar brasileiro, com a diretora Patrizia Landi, e há o olhar francês, de Vincent Rimbaux. Esse foi o primeiro trabalho realizado em conjunto pelas produtoras Cafeína Produções e Babel Doc. “Foi um processo maravilhoso e um caminho gigante. A Babel começou e depois a Patrizia chegou com o projeto pra gente”, conta Paulo Henrique. O filme será exibido pelo Grupo Globo, mas ainda não possui previsão de data. “Era para o lançamento comercial acontecer este ano, mas tem sido adiado por conta da pandemia”, explica Paulo Henrique.