“A maré que leva é a maré que traz, em cada porto um cais.” O verso da canção Maré ilustra muito bem o que Rodrigo Amarante apresenta em seu novo trabalho, Drama, já disponível nas plataformas digitais. Apoiado ao experimentalismo, o ex-Los Hermanos destaca o amor moderno, as relações pessoais e as transformações do destino e dos encontros entre as pessoas. É um álbum otimista sobre as uniões dos corpos em tempos de distanciamento social.Com 11 faixas cantadas em português e inglês, Drama tem tudo que Amarante promoveu ao longo dos últimos anos em carreira solo, na Little Joy e no Los Hermanos. O disco é amoroso na medida, para ouvir coladinho com o amado, sozinho no chuveiro ou com os amigos em uma tarde de sábado. Aos apaixonados, é deleite aos ouvidos.“Eu fiz a maior parte desse disco em casa, gravando sozinho, mas não sem muita ajuda de bons amigos que vieram aqui gravar, ou pintaram pra me ensinar”, explica Amarante. A gravação começou numa sessão ao vivo com a banda no estúdio do produtor Mario Caldato Jr., em Los Angeles, nos Estados Unidos. “Esse disco é fantasia, faz-de-conta, eu tô de jaleco na feira-de-ciências, é mise-en- scène. Mesmo as memórias que alimentam essas palavras, pela forma como aqui elas estão vestidas; é teatro, ficção”, reflete o artista.Ao enfatizar o seu universo particular, Amarante expõe em Drama suas apatias e belezas que o ajudaram a chegar até os tempos atuais. O disco também conecta o músico com um experimentalismo musical que há tempos ele tem trilhado, com destaque para seu projeto Little Joy, parceria entre Amarante, o baterista da The Strokes, Fabrizio Moretti, e Binki Shapiro. Em 2008, os artistas lançaram o único álbum do grupo, sucesso de crítica e disponível no streaming.Com repertório inteiramente autoral, Amarante cria no novo disco um universo pessoal, mas revestido de naturalidade e simplicidade. Atualmente, o músico reside em Los Angeles (EUA), onde é casado com a cantora Cornelia Murr, responsável pelas segundas vozes de várias canções do projeto. “Cornelia cantou em todas as músicas que têm segunda voz e criou as lindas partes em I Can’t Wait. Ela também fez a piada que deu nome ao disco, eu acho que foi uma piada”, brinca Amarante.AmorDrama faz conexão com Cavalo (2013), introspectivo primeiro disco da carreira solo de Amarante. O trabalho também mantém parceria com diversos artistas, a exemplo de Moreno Veloso, filho de Caetano Veloso. “Encontrei meu querido amigo Moreno Veloso, que foi generoso o suficiente pra me deixar gravar uns vocais no seu estúdio. Ele cantou comigo o refrão de Maré, apesar de que é difícil ouvi-lo na mistura final. A voz dele é divina, tenho muita saudade dele”, conta.A pandemia acabou atrasando a produção do disco. Tudo porque o processo de gestação começou ainda no final de 2018, nos Estados Unidos. Antes mesmo de lançar o disco, Amarante já havia disponibilizado videoclipes das canções Maré, I Can’t Wait e Tango, disponíveis no YouTube. “Quando escrevi Tango, estava projetando a ideia de um amor que dura, que se apoia mutuamente e é confiável, seguro nesse sentido, e não consigo imaginar isso sendo possível sem uma boa dose de senso de humor. Essa parece ser a única maneira de superar os tempos difíceis”, reflete o artista. Três vezes Rodrigo Amarante Little Joy (2008)Formado na Califórnia, nos Estados Unidos, por Rodrigo Amarante, o baterista da The Strokes, Fabrizio Moretti, e a cantora Binki Shapiro, o projeto apresentou um disco recheado de performances amorosas e melódicas. O resultado é uma mistura entre Los Hermanos e Strokes com a adição do sol californiano. Com canções simples, as faixas passam sensações de bem-estar e relaxamento. Cavalo (2013)Primeiro álbum solo de Rodrigo Amarante, Cavalo é introspectivo e pessoal. Suspiros amorosos, melancolia nostálgica e roda de samba destacam o trabalho, que acompanha uma trajetória muito pessoal do carioca após de anos à frente da banda Los Hermanos. Com belezas inesperadas e músicas que falam sobre individualidades, o destaque está em faixas como Irene, Maná e Tardei. Fazendo as Pazes com o Swing (2015)Formada em 2002, a Orquestra Imperial conta em sua formação com músicos renomados como Rodrigo Amarante, Kassin e Moreno Veloso. Um dos trabalhos mais populares do grupo, Fazendo As Pazes Com Swing é um disco de salão. É onde diversas culturas se encontram em prol do suingue. É um profundo mergulho em timbragens e sonoridades. É resultado carnavalesco de uma homenagem e um tributo a Nelson Jacobina.