Considerada uma das franquias de terror mais bem-sucedidas da última década, A Invocação do Mal retorna aos cinemas nesta quinta-feira (4) com seu quarto capítulo, O Último Ritual. Desde 2013, as histórias inspiradas nos arquivos sobrenaturais de Ed e Lorraine Warren conquistaram milhões de fãs ao redor do mundo, transformando o universo criado pelo cineasta James Wan em um verdadeiro fenômeno cultural. Agora, o público se prepara para mais uma trama repleta de mistério, suspense e sustos eletrizantes.

O sucesso se traduz em números impressionantes. Com orçamentos considerados modestos para os padrões hollywoodianos — os dois primeiros longas custaram, respectivamente, US$ 20 milhões e US$ 40 milhões —, a franquia alcançou quase um bilhão de dólares em bilheteria. O filme de estreia, em 2013, faturou US$ 319 milhões, seguido de perto pela sequência, que somou US$ 321 milhões. Já o terceiro título, apesar do período pandêmico, garantiu expressivos US$ 206 milhões.

O impacto de Invocação do Mal também se refletiu diretamente na trajetória de James Wan. Responsável pela direção dos dois primeiros filmes e produtor do terceiro, o cineasta consolidou seu nome como um dos mais influentes do terror contemporâneo. Wan, que já havia chamado a atenção do público com Jogos Mortais, expandiu sua carreira para além do gênero, comandando sucessos de bilheteria como Velozes e Furiosos 7, Aquaman e Aquaman 2: O Reino Perdido. Hoje ele é um dos nomes mais requisitados de Hollywood.

O êxito da saga principal, por sua vez, abriu caminho para a criação de um universo compartilhado do terror, com direito a spin-offs de destaque. Entre eles estão a trilogia Annabelle, dois filmes de A Freira e A Maldição da Chorona. Essa expansão também pavimentou a chegada de novos nomes à direção: Michael Chaves, responsável por A Maldição da Chorona e A Freira 2, assumiu o comando de Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio. Agora, ele retorna à cadeira em Invocação do Mal 4, numa possível despedida da franquia.

Parte do sucesso da sequência de filmes está na forma como combina uma trama envolvente com personagens carismáticos. Diferente de muitos filmes do gênero focados apenas em sustos fáceis, Invocação do Mal aposta em narrativas inspiradas em casos reais investigados por Ed e Lorraine Warren, o que aumenta a sensação de credibilidade e proximidade com o público. Além disso, o equilíbrio entre terror psicológico e cenas de impacto visual, somado à força da dupla de protagonistas, tornou a série uma referência do segmento.

No elenco, Patrick Wilson e Vera Farmiga seguem nos papéis icônicos de Ed e Lorraine Warren. Antes de se tornarem rostos inseparáveis do terror moderno, Wilson já havia se destacado em títulos como Watchmen e Sobrenatural, enquanto Farmiga era reconhecida por filmes como Os Infiltrados e pela série Bates Motel. Em Invocação do Mal, os atores deram nova dimensão ao casal de investigadores paranormais, imprimindo emoção e humanidade a cada história. Agora, retornam para uma despedida marcada pelo tom nostálgico.

Trama

Na trama, os Warren são convocados para investigar o que seria o caso mais desafiador de suas carreiras: as assombrações vividas pela família Smurl, na Pensilvânia. O casal Jack e Janet Smurl relatou, entre 1973 e 1989, fenômenos inexplicáveis que iam desde barulhos estranhos e odores incômodos até episódios de violência dentro de casa. Quando os acontecimentos se tornaram insuportáveis, eles buscaram ajuda de Ed e Lorraine, que, mesmo já próximos da aposentadoria, aceitaram encarar o chamado.

A narrativa se passa em 1986, cinco anos após os eventos de Invocação do Mal 3. Recuperando-se de problemas de saúde e vivendo uma rotina mais tranquila, os Warren são forçados a retornar ao centro da ação quando percebem que a ameaça sobrenatural desafia não apenas sua fé, mas também sua própria família. Entre entidades misteriosas e o envolvimento cada vez maior de sua filha Judy, que herdou dons paranormais da mãe, o casal se vê diante de uma despedida que promete ser tão emocionante quanto aterrorizante.

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Para lembrar 
Invocação do Mal (2013) 
Ed e Lorraine Warren investigam uma fazenda assombrada em Rhode Island, onde uma família passa a sofrer ataques cada vez mais violentos de uma presença demoníaca. Baseado em relatos reais, o caso se torna um dos mais aterrorizantes de sua carreira.

Invocação do Mal 2 (2016) 
O casal viaja até Enfield, na Inglaterra, para ajudar uma mãe solteira e seus quatro filhos assombrados por um espírito maligno. No centro da trama está uma jovem que se torna alvo de forças sobrenaturais, em um dos casos mais famosos dos Warren.

Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio (2021) 
Os Warren enfrentam um caso inédito nos tribunais: um jovem acusado de assassinato alega ter sido possuído por um demônio. A investigação leva o casal a mergulhar em rituais sombrios e a confrontar entidades ainda mais perigosas.

 
Fábrica dos horrores 
Nos últimos anos, o público tem notado a presença constante de filmes de terror em cartaz. A explicação passa, antes de tudo, pela lógica da indústria, já que se trata de um dos gêneros mais rentáveis da indústria cinematográfica. Produções de baixo custo conseguem arrecadar cifras impressionantes sem depender de efeitos especiais mirabolantes, muito são até toscos. Um exemplo clássico é Atividade Paranormal (2007), rodado de forma quase caseira com apenas US$ 15 mil, mas que ultrapassou os US$ 190 milhões nas bilheterias. Outro caso é do clássico A Bruxa de Blair (1999), feito com US$ 60 mil e que rendeu quase US$ 250 milhões.

Além disso, os filmes de terror raramente exigem astros de Hollywood em seus elencos. Pelo contrário, muitos servem como porta de entrada para atores desconhecidos. Isso significa que, ao contrário de produções de ação ou fantasia, o gênero consegue se sustentar sem depender de nomes consagrados ou de investimentos milionários com cachês. Por fim, há o fator cultural. O terror conta com uma base de fãs extremamente fiel. Existe uma parcela gigante do público que consome o gênero de forma constante, seja nos cinemas ou nas plataformas de streaming. Entre sustos, tensão e suspense, esses espectadores alimentam um mercado que dificilmente perde fôlego.

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Saga de terror mais bem-sucedida da última década estreia em Goiânia e Aparecida

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Faz tempo desde que os sustos baratos perderam espaço nos filmes de horror. Se Invocação do Mal, franquia iniciada em 2013, arrecadou milhões com assombrações e bonecos endiabrados, os medos atuais costumam mirar o psicológico. Movido por traumas geracionais, Faça Ela Voltar, que estreia nesta quinta (21), reforça uma tendência que ganhou mais atenção sob o controverso título de pós-terror. Cunhada em 2017 por Steve Rose, a categoria reúne obras que subvertem clichês e aproximam imagens aterrorizantes do cotidiano.Saem de cena os “jump scares” - aparições e sons repentinos que fazem o espectador saltar da cadeira - e os seres horrendos concebidos pela imaginação. Na época, os calafrios do crítico britânico surgiam de títulos como A Bruxa, que trocou os fantasmas pelas crenças de uma família do século 17. Quase dez anos depois, e também sob a bênção da produtora independente A24, o segundo longa de Danny Philippou e Michael Philippou se aproxima do conceito.É o tipo de ideia que divide opiniões, e há quem denuncie preconceitos. Crítica e curadora voltada ao gênero, Tati Regis diz que o rótulo pode criar uma falsa hierarquia entre “filmes elevados” e exercícios mais tradicionais. Na trama de Faça Ela Voltar, Andy e Piper perdem o pai e vão morar com a psicóloga Laura. Na companhia de Oliver, garoto misterioso que não se comunica, eles descobrem que a mãe adotiva está longe de superar a perda da própria filha. A mulher inicia rituais macabros e ninguém está a salvo.O sobrenatural dá as caras em fitas VHS, em que a terapeuta revisa instruções, e a ameaça real surge do luto. “O terror pode existir mesmo se você estiver dessensibilizado. As dinâmicas humanas podem ser muito assustadoras, especialmente em situações baseadas na vida real. Há muitas outras formas de assustar a audiência além do choque”, afirma Danny. Ele retoma a parceria com o irmão após o sucesso de Fale Comigo, terceira maior bilheteria da A24. O projeto anterior segue jovens festeiros que acham um novo lazer: rodadas de invocação em que são possuídos por segundos. O grupo grava a experiência com os celulares e trata a brincadeira como droga. Quando a moda perde a graça, os espíritos permanecem e passam a refletir conflitos internos.“O horror comercial aprendeu a se camuflar. Antes, não havia vergonha em ser direto, sangrento, cheio de sustos e vilões caricatos. Agora, até as grandes bilheterias buscam essa embalagem mais ‘respeitável’ para atrair públicos fora do nicho”, afirma Regis, que diz que o “pós-terror” desconsidera filmes antigos.“Há uma preferência por inimigos subjetivos, que levam mais para o drama de ares incômodos. Isso não é um problema em si. O problema é quando isso vira uma tendência dominante e perdemos uma tradição visual, importante para obras como O Exorcista ou A Noite dos Mortos Vivos, que usavam figuras concretas para falar de medos universais.”Segundo ela, existiria uma tendência a desconsiderar obras como o indicado ao Oscar A Substância e os recentes Pecadores e A Hora do Mal, fenômenos da Warner, como filmes de terror. Se o primeiro explodiu a bolha ao discutir o etarismo, houve quem classificasse o último como suspense e até comédia de humor ácido. O longa em questão costura tradições e estratégias modernas ao explorar o desaparecimento de um grupo de crianças.A manutenção dos lucros também trouxe ao gênero a lógica dos heróis da Marvel. Às vésperas de um quarto Invocação do Mal, previsto para setembro, é sintomático que os Philippou já tenham anunciado derivados de Fale Comigo. O jeito é esperar por mais jovens desencantados, capazes de capturar fantasmas com smartphones.

'Faça Ela Voltar', que estreia nesta quinta-feira (21), troca sustos por medos psicológicos

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