Marcelo Pires para algumas pessoas. Belo para tantas outras milhões. E uma marca registrada garante o estrelato no Brasil: a voz inconfundível que conquista gerações. A trajetória pessoal e profissional do músico é o tema do documentário Belo, Perto Demais da Luz, novidade a partir desta quinta-feira (28), no Globoplay. Em quatro episódios, a produção original da plataforma, em parceria com a AfroReggae Audiovisual, percorre a história do artista, considerado um cantor das multidões.Com produção de José Junior, direção artística de Jorge Espírito Santo e roteiro e direção de Gustavo Gomes, a série documental percorre não só a vida de Belo, desde a infância em São Paulo até o início da carreira e estrelato, como relembra parte da história musical brasileira dos anos 1990, com a propagação do pagode pelo País. Repleta de participações especiais, por meio de depoimentos, é embalada por hits consagrados e reúne imagens de arquivo da carreira do músico e do Soweto. E é a turnê em celebração aos 30 anos do grupo que serve como cenário para iniciar uma reflexão sobre a vida de Belo.Ao longo dos quatro episódios, a obra explora a transformação pessoal a partir do sucesso profissional e a dualidade Belo x Marcelo Pires, proporcionando a quem está do outro lado da tela uma alusão e um paralelo entre a pessoa enquanto artista e a de fora dos holofotes. A origem, o carisma, o sucesso, os amores e, também, os percalços se entrelaçam no ser humano Marcelo Pires, nome de registro do músico, e no artista Belo. Os traços de uma personalidade controlam os da outra ou são complementares para formar uma das figuras mais populares do país? “É difícil distanciar o lado pessoal do profissional. Acredito que sempre fui, em todos os momentos, Marcelo e Belo”, descreve o cantor.Durante a produção biográfica, que revela perspectivas inéditas sobre fatos conhecidos do grande público, Belo dá sua opinião sobre episódios contraditórios de sua jornada, explica suas ações no passado e revisita situações íntimas e artísticas, além de encontros e lugares por onde passou e contribuíram para construir a sua história. Complexa e marcada por polêmicas, mas, acima de tudo, cheia de reviravoltas e superação. “Em vários momentos da minha vida tive de me reinventar”, argumenta o artista em depoimento ao doc, valorizando ainda a presença integral dos fãs ao seu lado. “O meu público nunca me abandonou, sempre esteve comigo nos momentos mais difíceis. Tudo o que tenho e realizei foi por intermédio da música.”Para José Junior, produtor do documentário, o grande desafio da série foi não romantizá-la. “Na obra, a música é coadjuvante. Vamos contar a história de vida do artista, seus altos e baixos, sem omitir nada. Estamos falando de uma pessoa extremamente talentosa e que viveu várias situações polêmicas, as quais foram públicas. E algumas pessoas que ainda não falaram sobre o Belo, participam da série”, antecipa. “Eu tenho certeza de que o público vai ficar muito impactado com tudo. E, ao mesmo tempo, em como ele consegue dar tantas voltas por cima”, completa José Junior.Permeada por diversos depoimentos, mais de 35, a obra convida o público para um mergulho revelador na vida de uma estrela da música brasileira que alcançou o sucesso muito cedo. “A escolha dos entrevistados foi feita a partir de uma pesquisa de pessoas que foram e são importantes na trajetória de vida do Belo, desde o início até agora”, detalha o diretor artístico Jorge Espírito Santo. Depoimentos como o da ex-companheira Gracyanne Barbosa; de Claudinho e Criseverton, fundadores do Soweto; e de grandes nomes da música, como Alcione, Ludmilla, Péricles, Marquinhos Sensação, Dudu Nobre, Chrigor, Marcio Art e Netinho de Paula, fazem parte da produção. Entre outras participações: as atrizes e fãs Erika Januza e Cris Vianna, os produtores musicais Jorge Hamilton, Wilson Prateado e Marcson Muller, Luciano Huck, Romário, Leo Dias, Alexandre Graça (promotor de justiça), Álvaro Lins (advogado e ex-delegado), Marcus Amim (secretário de Polícia Civil), Maurício Mayr (advogado e assessor do Tribunal de Justiça), Siro Darlan (desembargador) e Zaqueu Teixeira (ex-chefe da Polícia Civil).“Talvez, o grande diferencial da série seja mostrar o lado humano do Belo, muita coisa que nunca foi mostrada e que os próprios fãs não conhecem”, reforça Jorge Espírito Santo. O roteirista e diretor Gustavo Gomes completa: “Os fãs poderão ver o Marcelo, ser humano com virtudes e defeitos, que passou por muitas dificuldades, e conseguiu sobreviver e ficar mais forte”. Gustavo destaca ainda que, durante as gravações, ouviram fãs, artistas e críticos. “Todos os lados da história ajudam ao fã a descobrir o lado mais humano do ídolo e ao crítico a compreender os motivos e as origens do artista.”A pergunta que fica é: hoje, aos 50 anos, carregado de experiência e mais maduro, mas ainda assombrado pelos fantasmas do passado, será que a força do público e a segurança do palco continuam iluminando o seu caminho? Em Belo, Perto Demais da Luz, o artista mergulha nessa análise. “Foi pelo palco, pela arte, por intermédio da minha voz. A arte te liberta, te salva, te rejuvenesce, te cura”, declara o músico.