A incidência da síndrome do túnel do carpo na população em geral é estimada em cerca de 3 a 10%, sendo mais comum em mulheres com idade entre 40 e 60 anos. O neurocirurgião Leonardo Zapata comenta que essa maior incidência entre mulheres pode ser tanto por fatores ocupacionais, como por hormonais, que acabam sendo mais evidentes na época da gravidez e da menopausa. “A prevalência na gestação chega a 62%. No caso das gestantes, algumas vezes pode ser transitório e, por isso, evita-se indicar a cirurgia porque pode haver melhora depois da gestação”, explica. Ele também diz que a terapia de reposição hormonal pode ter um efeito protetor em mulheres na menopausa.A tendência para se desenvolver a síndrome, segundo ele, possui relação com movimentos repetitivos e fatores genéticos. “O uso que a pessoa faz da mão influencia. Trabalhador braçal, doceiros, quem mexe muito com cozinha, quem trabalha com ordenha de leite. Quem passa muita roupa força muito o punho e a mão”, diz. Pessoas que passam muito tempo digitando em computadores e tablets também precisam ficar atentas.O tratamento definitivo que mais possui resultados positivos é o cirúrgico. “Quando o paciente tem sintomas leves ou risco cirúrgico proibitivo, no caso de apresentar outras comorbidades que impeçam a cirurgia, o uso de medicamentos posterga o procedimento cirúrgico”, explica. “É importante dizer que a cirurgia é ambulatorial interna; então, o paciente recebe alta no mesmo dia. A anestesia é local, não geral. Não é demorado nem complexo e a maioria sai satisfeito”, garante. “É interessante tranquilizar o pessoal para quando receber o diagnóstico não se desesperar. Felizmente, a maioria dos casos se resolve com a cirurgia”, continua.O ortopedista e cirurgião de mão Henrique Bufaiçal explica que na avaliação do grau da doença é que o tratamento será indicado. “Varia desde medidas não cirúrgicas, com tratamento conservador, até cirúrgicas. O não cirúrgico passa por uso de antiinflamatórios, uso de medicações que vão facilitar regeneração neural e a melhora dos sintomas, além de fisioterapia e, principalmente, imobilizações noturnas com uso de órteses feitas em colaboração com pessoal da terapia da mão”, diz.Uma vez que os sintomas não melhorem nesses casos mais brandos e o paciente siga com queixas, ele pode ser encaminhado para um grau intermediário de tratamento. “Nesse momento, pode ser realizada uma infiltração com uso de corticoides na região do punho. Por fim, os casos resistentes a esses tipos de tratamento ou os casos de apresentação grave de início, podem ser encaminhados para cirurgia”, explica. “A cirurgia já pode ser feita com incisões pequenas atualmente. Também por endoscopia, onde o túnel é operado com o uso de vídeo e as incisões são mínimas. Assim, a recuperação é rápida e o retorno às atividades é feito de forma menos dolorosa para esse paciente”, finaliza.Existe prevenção?O ortopedista Henrique Bufaiçal explica que o aconselhamento possível é para aqueles pacientes que fazem uso constante das mãos e com queixa de dores associadas, que procuram os médicos especialistas, mas que ainda não desenvolveram a síndrome. “O que geralmente aconselhamos é que tomem conta da ergonomia do lugar onde trabalham e, dentro do possível, não usar as mãos por um período maior que 1h30 sem nenhum tipo de repouso associado, justamente para não forçar as mãos e para que não ocorra nenhum tipo de complicação futura”, diz.O neurocirurgião Leonardo Zapata reitera a importância de se interromper as atividades após um período de tempo para descansar as mãos. “A principal orientação é a mesma de outras ocupações de esforço repetitivo. Repousar as mãos, não exagerar nas atividades”, recomenda. “É a mesma ideia da coluna, que orienta-se não ficar sentado por muito tempo sem mudar a posição. Quando sentir alguma alteração de sensibilidade, força ou dor, o ideal é procurar um médico para examinar direitinho”, diz.Fique atentoFormigamento e dormência dos dedos, que vai do polegar até a metade do dedo anelar (abrange polegar, indicador, dedo do meio e a metade radial do quarto dedo)Dormência, que geralmente se manifesta no período noturno e madrugadaDificuldade para manipular objetos ou executar tarefas simples, como segurar um copo ou uma canetaCoceira na palma da mãoChoques