Rogério Borges

O maior sucesso do serviço de streaming Prime Vídeo, da Amazon, em sua história no Brasil. É esse o título que ostenta a série Tremembé, produção que conta a trajetória de assassinos confessos famosos do País que, por coincidência, acabaram encarcerados no mesmo presídio paulista. Pelas celas de Tremembé passaram, entre outros, Suzane Von Richthofen e os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos, responsáveis por massacrar os pais de Suzane no quarto do casal. Lá também ficou Elize Matsunaga, que matou e esquartejou o marido, transportando as partes do corpo numa mala. Outros presos notórios são Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, condenados por matar a pequena Isabela Nardoni, filha de Alexandre e enteada de Anna Carolina, jogando a menina de 5 anos de idade de um prédio.

Todos esses são casos que mobilizaram a opinião pública brasileira, criando comoção e indignação e ganhando grande visibilidade midiática, com a imprensa cobrindo os julgamentos de forma intensa. São nomes e rostos que, nos anos seguintes aos crimes, continuaram a ser exibidos em TVs e sites de internet, seja porque davam entrevistas polêmicas – uma das mais recordadas foi a de Suzane Richthofen ao programa Fantástico, na qual ela foi flagrada combinando uma cena dramática com seu advogado –, seja porque vários produtos audiovisuais foram produzidos em torno dos casos. Filmes, docudramas (mistura de documentário com uma narrativa associada à ficção), seriados são abundantemente ofertados a quem deseja conhecer melhor esses criminosos.

Tremembé, que estreou no final de outubro, representa a mais recente onda de interesse quanto a um gênero cada vez mais popular em todo o mundo: o que aborda os true crimes (crimes reais). A fórmula é basicamente esta: encontra-se um caso ruidoso, que tenha tido grande repercussão, e o revisita nas mais diferentes linguagens, produzindo um material jornalístico ou contratando atores e atrizes para interpretarem assassinos e vítimas, reconstituindo as cenas macabras ou acompanhando suas vidas na cadeia. O seriado Tremembé, cuja primeira temporada tem cinco episódios contemplando os detentos mais notórios do presídio, encaixa-se na linha da dramatização, contando com rostos conhecidos do público, como as atrizes Marina Ruy Barbosa e Bianca Comparato.

O fenômeno de audiência tem sido tão forte que está impactando os concorrentes da Prime Video. A Netflix, por exemplo, viu o interesse em alguns de seus conteúdos crescer, sobretudo aqueles que trazem os mesmos personagens do seriado Tremembé. O documentário Elize Matsunaga: Era uma Vez um Crime, com direção de Eliza Capai e lançado em 2021, tenta entender as motivações da assassina e esclarecer os detalhes do crime. Nos últimos dias, o título passou a figurar entre os mais vistos na plataforma no Brasil. Já a trilogia sobre Suzane Richthofen e os irmãos Cravinhos – A Menina que Matou os Pais, O Menino que Matou Meus Pais e A Menina que Matou os Pais: A Confissão –, lançada entre 2021 e 2023, teve nova alavancagem em sua performance no Prime.

Um burburinho dessa natureza não é novidade. O que parece novo é ver esse tipo de produção como um mercado efetivo para o mercado audiovisual. Isso acontece em razão de haver hoje no Brasil um número muito maior de opções. As diversas plataformas de streaming presentes no País, que apostam em conteúdos realizados aqui, abriram um grande campo de atuação nesse sentido. Antes, havia iniciativas mais esparsas. Uma das mais relevantes foi o programa Linha Direta, da TV Globo, que nos anos 1990 e início dos 2000 levava ao ar, em horário nobre, reconstituições de crimes notórios, vários deles de muitos anos antes. A preferência eram por casos sem solução, mas também havia perfis de bandidos famosos, como o de Chico Picadinho, que matou mulheres nos anos 1960 e 1970.

Um personagem que condensou a atenção do público no final dos anos 1990 foi Francisco de Assis Pereira, que ficou conhecido como O Maníaco do Parque. Entre 1997 e 1998, ele estuprou e matou sete mulheres em São Paulo, ocultando os cadáveres no Parque do Estado, zona sul da capital paulista. Daí vem seu apelido. Preso, ele foi condenado a 268 anos de detenção, mas a legislação brasileira não permite que ninguém cumpra mais que 30 anos de cadeia em regime fechado. Isso quer dizer que ele deverá ser libertado daqui a três anos. No ano passado, a Prime Video lançou um filme sobre o assassino, que foi vivido na ficção pelo ator Silvero Pereira. Na mesma plataforma há uma série documental de quatro episódios sobre o caso, chamada Maníaco do Parque: A História não Contada.

Outros casos geraram materiais jornalísticos, mas que revelam, por outro lado, uma espécie de sedução que os assassinos parecem exercer sobre muitas pessoas. Quando Thiago Henrique Gomes da Rocha, o serial killer de Goiânia, foi preso em 2014, confessando o assassinato de quase 40 pessoas, entre mulheres e moradores de rua, um comentário se espalhou nas então incipientes redes sociais: ele era bonito. Por incrível que pareça, Thiago passou a receber cartas apaixonadas e até proposta de casamento, mesmo com seu histórico de mortes violentas. O escritor Gilmar Rodrigues lançou um livro tratando do tema, chamado Loucas de Amor: Mulheres que Amam Serial Killers e Criminosos Sexuais. Esse fenômeno foi constatado também com o Maníaco do Parque e outros assassinos notórios.

Isso leva à discussão ética de glamurizar quem cometeu crimes hediondos. São produtos que fazem com que os assassinos voltem a experimentar o gostinho da celebridade. Para quem deseja reposicionar sua própria imagem pública, isso é ótimo. Um exemplo foi Guilherme de Pádua, assassino da atriz Daniella Perez, que depois de sair da prisão virou líder religioso e tinha atuação nas redes sociais, dando entrevistas para programas de grande audiência. Quando morreu em 2022, seu perfil no Instagram tinha quase 100 mil seguidores. A mãe de Isabella Nardoni, Ana Carolina Oliveira, anunciou que não assistirá à série Tremembé. Em entrevista ao jornal O Globo, ela afirmou: “Minha preocupação é trazer criminosos para os holofotes e tratá-los como se fossem celebridades.”

Esse, aliás, é um dilema que não está apenas na ficção. As coberturas sensacionalistas dos casos e as entrevistas que esses assassinos dão a veículos de imprensa ajudam a criar uma espécie de aura em torno deles. Quando Mohammed D’Ali Carvalho dos Santos foi preso em Goiânia em 2008 após decapitar e esquartejar uma inglesa, ele não revelava culpa e encarava as câmeras com desenvoltura. Chegou mesmo a se casar depois de preso. Postura parecida teve José Vicente Matias, o Corumbá, que já havia cometido homicídios no Maranhão e, fugindo para Goiás, fez novas vítimas aqui. O último caso mais ruidoso no Estado foi o de Lázaro, o assassino que motivou uma caçada humana por parte da polícia goiana que durou vários dias, acompanhada como uma novela pelo Brasil.

Um mercado em expansão

Na TV fechada e no streaming, são numerosos os programas que buscam levar ao público detalhes de crimes famosos. Um deles é Investigação Criminal, produzido pela Amazon Prime, que já está com nove temporadas e é exibido no canal A&amp;E. Outro produto da Prime que explora esse nicho é Anatomia de Um Crime, que já tem 30 episódios, distribuídos em 3 temporadas. Essas produções em um formato mais simples e que aprofundam menos nos casos compõem a maior parte dos produtos disponíveis, mas uma pesquisa realizada pela Parrot Analytics, empresa especializada em monitoramento de audiências no streaming, mostra que o público, sobretudo o mais jovem (millennials e geração X), quer atrações roteirizadas e não só flagrantes documentais ou sequências de depoimentos.

Nas Américas, de acordo com o mesmo levantamento, o true crime é um dos gêneros mais populares, mas o Brasil e outros países latino-americanos estão apenas começando a descobrir seus atrativos, inclusive comerciais. Os EUA ainda concentram cerca de 3/4 do consumo de tais conteúdos. As grandes plataformas de streaming norte-americanas, como Netflix, HBO, Disney e Amazon Prime, sabendo desse potencial, têm investido mais em produções ditas locais em mercados promissores, como Brasil, México e Chile. Isso explica a chegada aos catálogos de séries como Tremembé ou de documentários como Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez, lançado pela HBO Max em 2022, quando se completaram 30 anos do crime que chocou o Brasil.

Assassinatos e assassinos notórios, mas de épocas mais antigas, também têm espaço nessa nova onda do gênero. Estreou nesta semana na HBO Max a série Ângela Diniz: Assassinada e Condenada, no momento em que um dos feminicídios mais célebres do País completa 45 anos. A socialite e modelo Ângela Diniz foi morta por seu namorado, o playboy Doca Street, na Praia dos Ossos, em Búzios. O julgamento do assassino, porém, foi um festival de machismo, sendo um caso emblemático de como as mulheres vitimadas pela violência eram, mesmo depois de mortas, consideradas culpadas pelo próprio fim. Eram os famigerados “crimes passionais”, motivados por ciúmes ou pela falácia da “defesa da honra”. A série pretende mostrar como aquele crime foi um marco jurídico nesse sentido.

A nova atração demandou um grande investimento da plataforma, o que demonstra que o gênero true crime é uma das prioridades dessas empresas. No elenco estão nomes como Marjorie Estiano, Mateus Solano e Antônio Fagundes. E há uma reconstrução de época primorosa para levar o espectador para o início da década de 1980. Outro ponto que merece atenção nessa produção é o fato de ela ter um diálogo profundo com outras linguagens. O caso Ângela Diniz foi revisitado com mais força no podcast Praia dos Ossos, da produtora Rádio Novelo. Os podcasts, aliás, têm sido outra maneira muito acessada para falar de crimes reais e resgatar histórias que andavam um tanto esquecidas. Alguns deles já são bastante populares, como Modus Operandi, Vítima da Moda e Café com Crime.

Os assassinos viram astros

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American Crime Story: série de sucesso na Netflix (Divulgação)

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Num passado distante, estrelas do cinema e da TV hesitavam em assumir o papel de um assassino em série da vida real. Aquele trabalho poderia, de alguma maneira, prejudicar a carreira, já que o rosto público do ator ou da atriz estaria vinculado a crimes atrozes, impactando em futuros trabalhos ou em campanhas publicitárias. Mas isso realmente pertence ao passado. Hoje em dia, a oportunidade de interpretar esses psicopatas pode ser um marco na carreira, abrindo mais chances para as cobiçadas temporadas de premiações. A atriz Charlize Theron sabe bem disso. Em 2004, ela faturou o Oscar depois de sua performance no filme Monster – Desejo Assassino, interpretando a homicida em série Aileen Wuornos, responsável pela morte de sete homens nos EUA entre 1989 e 1990.

Outro assassino célebre que já foi retratado algumas vezes no audiovisual é Charles Manson, o líder da gangue de fanáticos que cometeu diversos homicídios em Los Angeles nos anos 1960, incluindo o da atriz Sharon Tate, estrela em ascensão na época, que era esposa do diretor Roman Polanski e que foi brutalmente esfaqueada em sua casa, quando estava no oitavo mês de gravidez. Essa história horrenda foi mostrada em dezenas de filmes, seriados e documentários, como O Culto de Manson, a Ressurreição de Charles Manson e Charles Manson: Assassinatos Brutais. O mais recente saiu este ano, um documentário intitulado Caos: Os Crimes de Manson. Quentin Tarantino, em Era uma Vez em Hollywood..., deu um final alternativo para aquela tragédia.

Ted Bundy, o assassino em série que aterrorizou os EUA nos anos 1970, vitimando um grande número de jovens mulheres, é outro personagem recorrente nas produções de true crimes. Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal, filme lançado em 2019 e com o galã Zac Efron vivendo o assassino, enfatiza a beleza do maníaco, arma que ele usou muitas vezes para atrair suas vítimas. No mesmo ano, a HBO lançou uma série documental abordando sua trajetória de crimes, chamada Ted Bundy: A Mente de um Monstro. Mais recentemente, em 2021, o assassino ganhou um novo filme, Ted Bundy: Mente Assassina, docudrama que busca desvendar as motivações de seus atos inomináveis. Esse interesse vem de décadas atrás. Em 2002, o filme Ted Bundy também teve boa recepção do público.

A lista de psicopatas que ganharam destaque na indústria do entretenimento inclui outros homens assustadores, como os mostrados na série American Crime Story, produzida pela Netflix. Desde 2022, cada temporada é dedicada a esmiuçar a personalidade de um desses assassinos notórios. A sequência começou com Dahmer: Um Canibal Americano, tratando das atrocidades cometidas por Jeffrey Dahmer, homicida que não só tirava a vida de suas vítimas, como também comia partes de seus corpos. O ator Evan Peters, brilhante no papel, viveu o psicopata canibal na produção. Em seguida veio o enredo de Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais, que recupera o crime em que dois irmãos mataram seus progenitores. O pai deles era uma importante figura da indústria cultural nos EUA.

Essa série, aliás, mostrou uma nova faceta do caso, revelando com mais ênfase a relação abusiva que o pai tinha com os dois filhos, alegações que sempre foram levantadas pelos réus desde o julgamento, nos anos 1990. Uma revisão penal chegou a ser ventilada para, talvez, reduzir a pena dos assassinos. A mais recente temporada da franquia, que estreou em outubro, traz o astro Charlie Hunnam interpretando Ed Gein, o serial killer que também roubava túmulos. Ele é o psicopata que inspirou os filmes de terror O Massacre da Serra Elétrica, além de também figurar entre os casos estudados por Alfred Hitchcock para escrever o enredo do clássico Psicose e para a construção do personagem Hannibal Lecter, que deu o Oscar a Anthony Hopkins em O Silêncio dos Inocentes.

Chamado de O Açougueiro de Plainfield, Gein foi preso em 1957 e condenado pela morte de duas mulheres, ainda que em sua fazenda, verdadeiro cenário de horror, houvesse uma grande quantidade de despojos humanos, que eram usados para fabricar objetos de decoração ou instrumentos de trabalho. A presença de numerosas partes de pele e ossos fez dele um dos criminosos mais temidos dos EUA. Uma nova temporada de Monstros já foi confirmada por seu criador e roteirista, Ryan Murphy, nome poderoso na indústria do entretenimento norte-americana, com sua assinatura em produções como Comer, Rezar, Amar e o seriado Glee. Dessa vez, a psicopata retratada será Lizzie Borden, que matou o pai e a madrasta no longínquo ano de 1892, revisitando um caso pouco conhecido.

Mas um caso que não abandona a memória coletiva – e os pesadelos de muita gente – é o do serial killer John Wayne Gacy, um sujeito sombrio que trabalhava como animador de festas infantis se fantasiando de palhaço, mas que na verdade era um predador de crianças. Sua história macabra está descrita em documentários como John Wayne Gacy: A Vingança do Palhaço Assassino, da Prime Vídeo, mas ele ficou mais famoso após ser o arquétipo que baseia o personagem Pennywise, do livro de terror It: A Coisa, de Stephen King, e que depois se transformou numa franquia lucrativa no cinema. Estima-se que Gacy tenha violentado e assassinado 33 meninos e adolescentes entre 1972 e 1978, atraindo-os para armadilhas sádicas. O psicopata foi executado em 1994 pela Justiça dos EUA.

Sucesso da série 'Tremembé' revela fascínio do público por pessoas notórias por atrocidades

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Homicidas por assinatura

O teaser e as primeiras imagens de Tremembé, série de ficção inspirada em casos reais ligados à penitenciária paulista, já começa a circular nas redes sociais. O presídio ficou marcado por abrigar alguns dos criminosos mais notórios do País. Agora, o espaço ganha um seriado do Prime Video que estreia até o final do ano, mas sem data definida.

Com cinco episódios de aproximadamente 45 minutos cada, a produção busca explorar o psicológico de figuras que se tornaram conhecidas na crônica policial, além de retratar a convivência intensa dentro de uma das prisões mais famosas do Brasil - um ambiente de intrigas, alianças improváveis e até triângulos amorosos entre os detentos.

O elenco traz nomes de peso, com destaque para Marina Ruy Barbosa, que interpreta Suzane von Richthofen, condenada em 2006 a 39 anos e quatro meses de prisão pelo assassinato dos pais, ocorrido em 2002. Felipe Simas vive Daniel Cravinhos, ex-namorado de Suzane, sentenciado a 39 anos de reclusão, enquanto Kelner Macêdo dá vida a Christian Cravinhos, irmão de Daniel, condenado a 38 anos e seis meses.

Outro caso de grande repercussão retratado é o de Isabella Nardoni. Bianca Comparato interpreta Anna Carolina Jatobá, madrasta da menina, condenada a 26 anos de prisão, e Lucas Oradovschi assume o papel de Alexandre Nardoni, pai da criança, sentenciado a 31 anos e dois meses pelo crime ocorrido em 2008.

A série também aborda o caso Yoki, com Carol Garcia no papel de Elize Matsunaga, condenada a mais de 16 anos de prisão pelo assassinato e esquartejamento do marido, o empresário Marcos Kitano Matsunaga, em 2012.

Na trama, o ator Anselmo Vasconcelos interpreta o médico Roger Abdelmassih, condenado a mais de 181 anos de prisão por estupro de 37 pacientes. Já Letícia Rodrigues dá vida a Sandra Regina Ruiz, a Sandrão, detenta que manteve relacionamentos dentro da prisão com Elize e Suzane.

CINEMA 

Em 2002, a história de Suzane ganhou as telas do cinema com o filme A Menina que Matou os Pais, dirigido por Mauricio Eça e protagonizado por Carla Diaz. Na história, a jovem Suzane Von Richthofen, junto ao seu namorado Daniel Cravinhos e seu irmão Cristian Cravinhos, assassinaram seu pai Manfred von Richthofen e sua mãe Marísia. Dezoito anos depois, o caso é revisitado sob o ponto de vista de Daniel, que revela seus motivos para participar do assassinato. O longa-metragem está disponível no Prime Video.

Uma outra versão da narrativa também ganhou as telas. Foi o filme O Menino que Matou meus Pais, de 2021, também de Mauricio Eça e que narra os acontecimentos da história por outros angulos. A diferença entre as produções é a perspectiva: enquanto um é contado do ponto de vista de Daniel Cravinhos, detalhando o plano do assassinato dos von Richthofen, o outro é a versão de Suzane von Richthofen, que mostra seu relacionamento abusivo com Daniel e a influência dele para que ela ajudasse a planejar o crime.

Marina Ruy Barbosa dá vida a Suzane von Richthofen na série 'Tremembé'

Histórias cruzadas

&nbsp;Suzane von Richthofen foi solta na tarde desta quarta-feira (11) 20 anos após sua prisão, em novembro de 2002, pelo assassinato dos pais Manfred e Marísia na zona sul de São Paulo.A Secretaria da Administração Penitenciária informou, por meio de nota, que a Justiça concedeu a ela a progressão ao regime aberto. O alvará de soltura de Suzane foi cumprido às 17h35.Ré confessa, Suzane foi condenada em 2006 e está desde 2015 no regime semiaberto, no qual a execução da pena é realizada em colônias agrícolas, industriais ou em estabelecimentos similares. Em 2016, ela saiu pela primeira vez da prisão durante o feriado de Páscoa.No regime semiaberto, o condenado tem direito de trabalhar e frequentar cursos profissionalizantes, de ensino médio ou superior durante o dia, regressando à noite para sua unidade. O crime em outubro de 2002 chocou o país. Aos 18 anos, a então estudante de direito da PUC-SP abriu porta da casa da família no Brooklin para que o então namorado, Daniel Cravinhos, à época com 21, e o irmão dele, Cristian, 26, assassinassem seus pais.Inicialmente, a polícia acreditava se tratar se de um caso de latrocínio (roubo seguido de morte). Porém, a casa não tinha sinais de arrombamento e tanto o alarme quanto o sistema interno de vigilância estavam desligados.Dias após o crime, a compra de uma moto com parte do valor paga em dólares levou a polícia a desconfiar dos irmãos. Em 8 de novembro de 2002, Suzane, Daniel e Cristian foram presos e confessaram ter planejado e matado o casal.Leia também:<a href="https://opopular.com.br/noticias/magazine/leonardo-bittencourt-diz-que-interpretar-daniel-cravinhos-abriu-portas-1.2339250" target="_blank">-&nbsp;Leonardo Bittencourt diz que interpretar Daniel Cravinhos 'abriu portas'</a><a href="https://opopular.com.br/noticias/magazine/livro-recupera-hist%C3%B3ria-do-assassinato-do-casal-von-richthofen-pela-filha-e-seu-ex-namorado-1.2019259" target="_blank">-&nbsp;Livro recupera história do assassinato do casal Von Richthofen pela filha e seu ex-namorado</a>O caso ganhou dois filmes lançados na mesma data em 2020. Os longas são baseados nos autos do processo do assassinato do casal Von Richthofen e abordam as versões apresentadas por Suzane e Daniel ao tribunal.Às vésperas da estreia, Suzane entrou com uma ação contra a produtora Santa Rita Filmes por causa dos longas "A Menina que Matou os Pais" e o "Menino que Matou Meus Pais". A produtora, no entanto, ganhou todas as etapas em primeira instância do processo, que já foi transitado em julgado.

Suzane von Richthofen é solta 20 anos após assassinato dos pais em SP

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Suzane von Richthofen deixou a Penitenciária Santa Maria Eufrásia Pelletier, em Tremembé (SP), na manhã desta sexta-feira (23) para a "saidinha" temporária de Natal e Ano Novo. Ela saiu do presídio por volta das 8h15, segundo mostrou a TV Vanguarda (afiliada da TV Globo na região), e deve voltar até o próximo dia 3, quando se encerra o indulto.Assim como Suzane, têm direito à "saidinha" de fim de ano presos com bom comportamento, em regime semiaberto, que tenham cumprido 1/6 da pena e que sejam réus primários (ou seja, tenham cometido seu primeiro crime). Suzane foi condenada a 39 anos de prisão pelo assassinato dos pais, Marísia e Manfred Von Richthofen, em outubro de 2002.Além do Natal e Ano Novo, Suzane e outros presos com direito à "saidinha" podem deixar temporariamente o presídio nas seguintes datas: Páscoa, Dia das Mães, Dia dos Pais, Finados e Natal + Ano.&nbsp; Presos com bom comportamento também podem pedir autorização para estudar.Os detentos só podem deixar a prisão no horário de aula e devem estudar na região onde cumprem a pena. É o caso de Suzane von Richthofen, que cursa Farmácia desde o ano passado, em uma universidade em Taubaté (SP).Leia também:&nbsp;-&nbsp;<a href="https://opopular.com.br/noticias/mundo/brasileiros-s%C3%A3o-um-em-cada-10-advogados-em-portugal-1.2583135">Brasileiros são um em cada 10 advogados em Portugal</a>-&nbsp;<a href="https://opopular.com.br/noticias/economia/banco-do-brasil-abre-concurso-com-6-000-vagas-de-escritur%C3%A1rio-1.2583239">Banco do Brasil abre concurso com 6.000 vagas de escriturário</a>&nbsp;

Suzane von Richthofen deixa presídio para 'saidinha' de Natal e Ano Novo

Linda, loira e rica são alguns dos adjetivos utilizados pelo jornalista Ullisses Campbell para descrever Suzane Louise Von Richthofen na biografia não-autorizada Suzane: Assassina e Manipuladora. Suzane tornou-se nacionalmente conhecida em outubro de 2002 quando, junto com o ex-namorado Daniel Cravinhos e o irmão dele, Cristian, assassinou seus pais, Manfred e Marísia Von Richthofen, dentro do quarto do casal, na mansão da família, no bairro de Campo Belo, zona sul de São Paulo. A história também vai ganhar as telas dos cinemas (leia nesta página).A publicação, que chegou às bancas em janeiro, já está envolvida em pelo menos duas polêmicas. Na primeira, a juíza Sueli Zeraik Armani, do Tribunal de Justiça de São Paulo, vetou a publicação do livro. Em sua determinação, ela afirmou que a obra “traria prejuízo irreparável à imagem de Suzane”. No entanto, Alexandre Morais, ministro do Supremo Tribunal Federal, derrubou a decisão 37 dias depois.A outra polêmica seria o fato de o autor dar um ar de romantismo ao livro. Ullisses explica logo no início que a obra é inspirada no repórter americano Gay Talese, considerado um dos pioneiros no jornalismo literário. Ele também deixa claro que a biografia não autorizada trata somente a partir do crime ocorrido em 31 de outubro de 2002. No entanto, ele informa que, para falar sobre as mortes de Manfred e Marísia, é necessário contextualizá-las. Com isso, ele mescla entre os capítulos detalhes do crime e da convivência de Suzane com os pais, o irmão e a família Cravinhos.A família Von Richthofen, de classe média alta, é apresentada como conversadora. Manfred e Marísia são descritos como frios, distantes dos filhos e controladores. Mas é importante lembrar que o pai era alemão naturalizado brasileiro e Marísia, de ascendência portuguesa e libanesa, e por isso possuem tradições de convívio familiar diferente da dos brasileiros, que são conhecidos como calorosos. Enquanto isso, Suzane é retratada com uma menina que frequentou ótimas escolas e fala três idiomas fluentemente. Na época do crime, ela cursava Direito na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.Ao longo da biografia, Ullisses também aborda os testes de Rorschach, conhecidos como teste do borrão de tinta, pelos quais a parricida foi submetida ao longo dos anos na tentativa de cumprir o restante dos 39 anos de condenação em liberdade. Em um deles, com a ajuda de um advogado, ela conseguiu acesso a um livro que explicava como o teste era aplicado. No entanto, foi desmascarada logo após o início do exame. Os laudos definiram Suzane como “vazia, infantilizada, manipuladora, desvalorizadora do ser humano, dissimulada, egocêntrica e narcisista”.Os apuros e os romances de Suzane também estão presentes na obra, como o namoro com Sandra Regina Gomes, a Sandrão, anos depois descartada por ela. Ao final, o autor conta como a parricida conseguiu convencer a família do atual noivo, Rogério Olberg, irmão de uma detenta, que é outra pessoa, pois teria planos de se casar com ele, mudar o sobrenome e ter filhos assim que deixar o presídio.Livro: Suzana: Assassina e ManipuladoraAutor: Ulisses CampbellEditora: MatrixPáginas: 280Preço: R$ 57<div attr-cid="policy:Image_1.2019257" attr-version="policy:Image_1.2019257" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:Image_1.2019257" data-onecms-type="image" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'Image_1.2019257', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:Image_1.2019257">Imagem (Image_1.2019257)</a></div>