No espelho ou nas fotos, a gerente comercial Adriana Martins, de 38 anos, tinha uma companheira inseparável: a papada. “Sempre me incomodou. Mesmo no processo de emagrecimento, uma das partes mais difíceis de perder é a papada”, comenta. Ela já era adepta de procedimentos estéticos preventivos ou de tratamento, como o botox. Recentemente, a lipo de papada entrou para o seu hall de queridinhos. “É feita com a aplicação de um produto na região. Entre 10 e 15 dias, já é possível ver o resultado”, garante.Para ela, a solução foi uma mão na roda. “Nunca fui muito boa com truques de maquiagem. A aplicação não é totalmente indolor, mas é tranquila. Às vezes, é necessário fazer retoque, mas raramente faço”, comemora. Para o seu caso, o tratamento minimamente invasivo com o injetável ácido deoxicólico na região conhecida como papada ou queixo duplo foi a indicação da profissional que a acompanha. A substância é uma enzima naturalmente presente no organismo que auxilia na quebra de gordura e na sua eliminação pela corrente sanguínea.A escolha do procedimento, no entanto, pode não ser a ideal para todos os casos de incômodo com a área. “Nem sempre o que a pessoa quer, às vezes por ter pesquisado na internet, é o que ela realmente precisa. É preciso avaliar cada rosto individualmente”, comenta a biomédica esteta Gabriela Cardoso Oliveira Raya. Além do excesso de gordura localizada, as áreas do rosto podem apresentar flacidez da pele, precisando de técnicas combinadas para um resultado satisfatório. “Quando se trata a gordura, vem a flacidez. Os fios lisos de PDO e fios de tração melhoram o contorno e sustentação do rosto. Podemos combinar também botox, bioestimuladores de colágeno ou skinbooster”, comenta.Afinar a face e criar a sensação de emagrecimento pode ser eficiente com o trabalho dos preenchedores. O famoso preenchimento com ácido hialurônico é capaz de criar esses efeitos com a aplicação em regiões que criam pontos de luz no rosto. “Em pontos específicos, deixa o rosto mais harmônico e preenche os locais mais ‘caidinhos’”, explica a biomédica esteta. Alongar o queixo com a aplicação, por exemplo, pode diminuir o aspecto arredondado do rosto, melhora o contorno e acentua as maçãs da face.Não invasivosMelhorar o aspecto do contorno facial e das bochechas está entre os objetivos das técnicas não invasivas também, como é o caso do ultrassom microfocado e da radiofrequência. “Para não usar preenchimento, fios ou enzima para queimar as gorduras, podemos recorrer à essa dupla combinada. O ultrassom e a radiofrequência atuam na gordura localizada e também na flacidez da pele, melhorando o aspecto de bochecha caída e o contorno”, explica. O aspecto caído é o popularmente conhecido como efeito bulldog.Outra opção de tecnologia não invasiva é a criofrequência, aparelho que combina radiofrequência com frio. “É usado para tratar flacidez. Por fora está esfriando, mas por dentro chega a 42 graus e devolve a firmeza para a região”, comenta. O aparelho estimula a quebra das células de gordura, estimula a produção de colágeno e elastina. Pessoas com tendência à retenção de líquidos podem perceber que ela acontece também no rosto. A drenagem linfática manual ou a massagem modeladora podem trazer bons resultados para o aspecto de rosto inchado. E a bichectomia?A busca pelas melhorias estéticas acende o alerta quanto a procedimentos definitivos - que, como o próprio nome diz, não são reversíveis. Por isso, os riscos de cada intervenção devem ser informados previamente a cada envolvido. Nos últimos anos, a bichectomia voltou a ganhar os holofotes no universo dos procedimentos estéticos faciais. Trata-se da remoção permanente da gordura de Bichat, localizada na região da bochecha (chamada de bola de Bichat). Essa gordura possui um prolongamento que vai até a região entre a orelha e a cauda da sobrancelha, área chamada de têmpora.A sua indicação primária, no entanto, não é estética: o tratamento é, geralmente, voltado para pessoas que mordem a bochecha cronicamente. O cirurgião plástico e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Victor Cutait adverte para a “banalização” da bichectomia e diz que a operação é mais complexa do que alguns dizem. “Essa região é ligada a uma área muito delicada da face: próxima a várias terminações do nervo facial, do ducto parotídeo e dos principais vasos sanguíneos da face”, comenta. A própria entidade faz o alerta há algum tempo, como a campanha Bichetomia: Não É Tão Simples Quanto Parece!, realizada em 2019.Entre os resultados negativos, pode estar um rosto desigual e lesões do nervo facial. “A gordura é essencial para sustentação da face e, muitas vezes, não é nossa inimiga”, comenta. Nas redes sociais, influenciadoras e até perfis dedicados exclusivamente ao assunto alertam para resultados insatisfatórios da operação. Inicialmente, pode, sim, trazer bons resultados estéticos. “Mas a longo prazo, depois de cerca de dois anos, o procedimento pode minimizar drasticamente a gordura e sustentação do rosto, causando envelhecimento precoce, olheiras e flacidez”, explica. A gordura ajuda a manter o rosto com formato e estrutura adequados e o processo de envelhecimento envolve perder esse preenchimento naturalmente. “Ela também atua como um amortecedor de impactos, além de ajudar nos movimentos de mastigação”, diz. Luz e sombraNo dia a dia, alguns truques de maquiagem, como o contorno facial, podem ser aliados de quem deseja afinar, destacar as maçãs do rosto e disfarçar a temida papada. “O contorno nada mais é que o trabalho de luz e sombra. Tudo o que queremos aprofundar, escurecemos; o que queremos projetar, vamos clarear”, ensina o maquiador Luciano Lima. Para um efeito que afina o rosto e destaca as maçãs, o trabalho é feito com pó de contorno, bronzeador ou até mesmo um blush em tom terroso. “Trago das têmporas até mais ou menos o meio da face para dar profundidade ao rosto. Em cima, aplico iluminador ou uma base um pouco mais clara que vai projetar a maçã”, diz.Da mesma maneira, pode ser feito no queixo e mandíbula. “Lembrando que contorno é muito pessoal e individual. O que tenho percebido é que os contornos vêm sendo feitos quase que linha de produção, todo mundo fazendo a mesma coisa”, alerta. Dependendo do formato do rosto e do que se deseja disfarçar ou destacar, a indicação dos locais para tons mais escuros e claros é feita. “É preciso cuidado para o contorno ser feito de maneira sutil. Senão, parece que a pessoa está manchada ou desenhada”, comenta o maquiador. “Essas técnicas funcionam muito bem dependendo da iluminação. Se feita de maneira grosseira, você vai ver riscos nas laterais das bochechas e nariz. É preciso realizar as transições com sutileza”, finaliza.