-Imagem (1.380781) Assim como vários setores da economia, o mercado de instrumentos musicais não ficou imune à invasão estrangeira. Em Goiânia, não é diferente. As lojas especializadas estão cada vez mais abastecidas com equipamentos vindos de muito longe. Destes, a China foi a que mais ganhou espaço nas prateleiras. Seus produtos estão entre os mais vendidos, principalmente por causa do seu baixo valor. Apesar da comercialização em larga escala dos produtos vindos do Oriente, os profissionais especializados em construir instrumentos musicais resistem para manter vivo seu ofício em Goiânia. São os chamados luthiers, especialistas na construção e manutenção de instrumentos de cordas, como violões, violas e contrabaixos. Uma grande referência é o italiano Antonio Stradivari (1644-1737), também conhecido como Stradivarius. Um deles é Ezequiel Carvalho, luthier bastante conhecido no meio artístico pela qualidade dos violinos, violoncelos e contrabaixos, que constrói há 27 anos. “Comecei esse trabalho em 1986, com meu pai. Em 1991 me mudei para Goiânia e continuei construindo meus instrumentos”. Cada instrumento é feito manualmente e demora em torno de seis meses para ficar pronto. Segundo Ezequiel, cerca de 350 instrumentos foram vendidos para músicos de outras capitais e até do exterior. “O diferencial do meu trabalho está na matéria prima. Viajo sempre para buscar a madeira na Itália e na Alemanha”. Trabalho artesanal José Dias é um luthier de instrumentos mais populares em Goiânia: o violão e a viola. Na área desde 1977, produz instrumentos para diversos músicos de duplas como Di Paulo e Paulino, Daniel e Samuel, entre outros. A construção do instrumento musical é feita sob encomenda, por isso, leva cerca de 90 dias para ser feita a entrega, mas nem por isso deixa de ter novos clientes. “Recebo pedido de um a dois instrumentos por mês”, conta. Alessandro Borgomanero, professor de violino da UFG e Maestro da Orquestra Filarmônica do Estado de Goiás, reconhece o diferencial da qualidade dos instrumentos artesanais. “Há uma diferença enorme. Pelo fato de serem feitos em escala individual, a sonoridade é bem melhor dos que são feitos em larga escala e vendidos nas lojas”. Na Filarmônica, todos os instrumentos de cordas são artesanais. Pagando para ouvir No entanto, quem busca instrumentos feitos sob medida tem que estar com o bolso preparado. A diferença no preço chega a ser de 500%. “Por ser mais caro e com materiais melhores, como a madeira maciça, nosso comprador é sempre um músico profissional. Iniciantes preferem comprar nas lojas pelo preço ser menor”, disse José Dias. Na Fama Som, duas marcas de violões, baixo e guitarras tem se destacado, a Tagima e a Strinberg. Mensalmente, segundo Cristian Sobrinho, diretor de marketing e compras, são vendidos aproximadamente 50 instrumentos, entre a linha iniciante, que tem preço médio de R$ 150,00 e a linha premium, para profissionais, que custam em torno de R$ 700,00. Em outra loja, a Musical Roriz, instrumentos de sopro e percussão da marca Quasar, importados da China são vendidos para orquestras e músicos brasileiros. De acordo com João Paulo Roriz, diretor da empresa, no Brasil há apenas um fabricante destes instrumentos. “Os instrumentos de sopro nacionais são cerca de 70% mais caros que os chineses, e no caso dos de percussão, 15%”, disse.-Imagem (1.381317)-Imagem (1.381318)-Imagem (1.381319)-Imagem (1.381316)-Imagem (1.381320)-Imagem (1.381321)