O termo saúde íntima abrange muito mais que a higiene da região. Solucionar problemas e incômodos, tirar dúvidas e enxergar os cuidados como parte importante da manutenção do bem-estar são movimentos importantes para a saúde física e mental e para a qualidade de vida das mulheres. No entanto, falar sobre o órgão sexual feminino ainda hoje é um tabu. E quando o assunto chega no âmbito do prazer e satisfação na atividade sexual, então, nem se fala.

O resultado de não tratar o tema com naturalidade impacta diretamente o dia a dia e os relacionamentos. A pesquisa Love Life Satisfaction, promovida pelo Instituto Ipsos, aponta que 4 em cada 10 brasileiros dizem estar insatisfeitos com sua vida sexual e amorosa. Já o levantamento do Projeto de Sexualidade do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) mostra que cerca de um terço das mulheres brasileiras nunca tiveram um orgasmo.

“Confesso que antes de começar a trabalhar na área eu não tinha tanta facilidade de falar sobre o assunto por vergonha e por ser um assunto tabu para muitas pessoas”, diz Isadora Alves, de 22 anos, diretora de suporte e vendas de um sexshop voltado para o bem-estar íntimo. Ela lida diretamente com as clientes que buscam os produtos da loja, inclusive aquelas mais tímidas ou que estão se “aventurando” pela primeira vez em busca de um vibrador.

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“Hoje já vejo todo esse universo de outra forma. Sei que muitas mulheres ainda não se conhecem totalmente e não sabem se tocar. Nosso trabalho, então, é feito juntamente com especialistas como fisioterapeutas pélvicas, sexólogos e psicólogos”, comenta. Isadora lembra dos atendimentos que a emocionaram. “São relatos de mulheres com traumas de relacionamentos anteriores, que fizeram com que a vida sexual delas acabasse. Me emociona saber que essa pessoa se sentiu confiante para dividir sua história comigo, falou abertamente sobre o tema e que eu pude ajudar de alguma forma.”

Naturalidade

“Bem-estar íntimo é uma forma sistêmica de ver a sexualidade como parte fundamental da saúde física, mental e do relacionamento”, explica Marcela Benati, terapeuta de casais, sexóloga e sócia da Vibrio. “Ou seja, não se trata apenas do ato sexual em si, mas todo o resultado de se estar sexualmente ativo, como a liberação de hormônios que influenciam no bom funcionamento físico e mental, regulação do sono, maior vinculação entre os pares, maior vitalidade e autoconfiança”, continua.

De maneira geral, pensar o bem-estar íntimo é perceber o sexo como saúde e processo de autoconhecimento. A definição da Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que “é um aspecto fundamental da vida humana, uma necessidade básica e um aspecto do ser humano que não pode ser separado de outros aspectos da sua vida”. Apesar de natural, a sexualidade é um assunto complexo e que pode variar não só de pessoa para pessoa, como de cultura para cultura, destaca.

“O Brasil tem evoluído nessas questões, especialmente nas últimas décadas. Temos uma diversidade cultural muito grande, e isso se reflete na forma como as pessoas abordam a sexualidade. No entanto, ainda há muito a ser feito para que a sexualidade seja abordada de forma mais aberta e saudável, e isso inclui a educação sexual”, aponta.

Entre os aspectos culturais citados estão, por exemplo, as diferenças ao tratar do assunto entre homens e mulheres. “Para a grande maioria dos homens, o assunto é mais fácil, pois são culturalmente estimulados ao ato sexual. Já a maioria das mulheres é ensinada que sexo é errado, sujo e só uma forma de agradar aos homens. Esse é um dos motivos pelos quais tantas mulheres se desinteressam pelo sexo”, diz a sexóloga.

No caso de casais, ela destaca o diálogo como ponto fundamental. “Vejo muitos casais que têm libido individual, mas que pela falta de intimidade sexual perdem a libido como casal”, diz. “Para que isso não aconteça, o casal precisa estar sempre em diálogo aberto sobre o assunto, falando de suas preferências e vontades, experimentando coisas novas e se desafiando”, explica.

E o uso de brinquedos sexuais? “É importante entender que o uso de brinquedos e acessórios sexuais não está necessariamente relacionado à insatisfação com o parceiro ou a uma tentativa de substituí-lo. Pelo contrário, pode ser uma forma de adicionar variedade e novidade à vida sexual e de promover a exploração e o autoconhecimento, o que pode, na verdade, fortalecer a intimidade e o vínculo emocional entre os parceiros”, aponta.

Aspectos físicos

Solucionar incômodos e problemas na região íntima também impacta a relação que as mulheres têm com a sexualidade. Há alguns anos, o termo rejuvenescimento vaginal ou rejuvenescimento íntimo tem ganhado destaque - e, apesar do nome sugerir, não se trata apenas de insatisfações com o aspecto estético e visual da região.

 
“Principalmente as mulheres na menopausa têm uma quantidade hormonal diminuída, o que faz com que vários sintomas genitais apareçam, como o ressecamento vaginal, levando a quadros de incontinência urinária e dor na relação sexual”, explica a ginecologista Larissa Chaveiro. Ela aponta que existem diversos tratamentos para o problema, como o uso de cremes na região, de terapia hormonal e do laser de CO2, que também melhora a elasticidade da mucosa vaginal.

O descontentamento com a estética da região íntima, apesar de não ser o único foco de quem passa por procedimentos e cirurgias, também é uma realidade. Segundo a médica cirurgiã plástica Renata Magalhães, ainda há muita dificuldade em abordar o tema. “As mulheres que sofrem com essa insatisfação geralmente enfrentam uma angústia solitária, pois não têm coragem de conversar com amigas ou até com o parceiro ou parceira”, diz.&nbsp;

Ela conta que o volume de consultas e cirurgias íntimas cresceu muito nos últimos tempos, e não só no seu consultório. O Brasil já ocupa a posição de liderança no ranking mundial de realização de cirurgias íntimas femininas, segundo levantamento da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética. “Mulheres começaram a me contar sobre seus desafios, dificuldades e frustrações, inclusive no relacionamento conjugal, não raro correlacionando esses problemas com a aparência da região genital, comenta.&nbsp;

Tratar a sexualidade com naturalidade é fundamental para bem-estar íntimo

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Sem tabus

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Ceias recheadas de pratos calóricos, sobremesas irresistíveis e, claro, os excessos de bebidas alcoólicas são uma constante nas celebrações de fim de ano. Uma verdadeira tentação para quem tenta manter a alimentação equilibrada. Porém, a boa notícia é que as frutas, especialmente as da temporada natalina, podem ser importantes aliadas que ajudam a minimizar os efeitos do exagero alimentar. Romã, abacaxi, maçã, além das frutas secas, como uva-passa, ameixa e tâmara, são populares durante as festas de Natal e oferecem diversos benefícios à saúde.

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“Elas são ricas em fibras e água, o que ajuda na hidratação e no funcionamento do intestino, reduzindo os sintomas desconfortáveis, como inchaço e sensação de estufamento”, explica a nutricionista Débora Sena. Na ceia natalina, as frutas desempenham um papel simbólico importante, representando diversos valores e tradições. A romã, por exemplo, é associada à fertilidade, prosperidade e abundância, enquanto o abacaxi simboliza hospitalidade, e as uvas, união e amizade.

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Mais do que elementos decorativos ou simbólicos, as frutas desempenham um papel fundamental na digestão e no controle do apetite. Débora Sena explica que as fibras diminuem a absorção de gorduras e açúcares, substâncias mais presentes nas refeições de fim de ano. “Isso significa que, ao consumi-las, podemos auxiliar o corpo na quebra dos alimentos mais pesados, prevenindo aquele mal-estar”, explica.

Entre as frutas que mais ajudam nesse processo de recuperação estão o mamão, o abacaxi e o limão. “O abacaxi, por exemplo, contém bromelina, uma enzima que facilita a digestão das proteínas, aliviando o estômago após refeições pesadas”, ensina Nany Sado, nutricionista especializada em emagrecimento e nutrição estética. O mamão, por sua vez, é famoso por suas propriedades digestivas e é uma excelente escolha para ajudar a acelerar o processo de metabolização dos alimentos.

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Além dos benefícios digestivos, muitas frutas presentes na mesa da ceia de Natal têm propriedades antioxidantes que combatem os danos causados pelos radicais livres, especialmente após o consumo de alimentos ricos em gordura e açúcar. “As frutas vermelhas, como morangos, framboesas e cerejas, são ricas em antocianinas, que ajudam a reduzir a inflamação e a proteger o corpo de doenças cardiovasculares e até mesmo de alguns tipos de câncer”, explica Nany Sado.

A uva também merece destaque. Ela é rica em resveratrol, um potente antioxidante que ajuda a prevenir o envelhecimento celular e protege a saúde cardiovascular. “Além disso, a casca da uva contém fibra, o que ajuda a regular o trânsito intestinal. Porém, é importante consumi-la com moderação, pois o açúcar da fruta é elevado”, alerta Débora Sena.

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A nutricionista Débora Sena explica que as fibras presentes nas frutas diminuem a absorção de gorduras e açúcares (Fábio Lima)

Estrela da mesa

A romã é considerada uma das frutas mais simbólicas do Natal. Ela é associada ao período festivo por ser vista como um símbolo de bênçãos e boa sorte para o ano que se inicia. Com apenas 83 calorias por 100g, ela é rica em fibras e antioxidantes, além de ajudar na redução da retenção de líquidos, um efeito comum após o consumo de sal e bebidas alcoólicas. “A romã é uma excelente opção para quem quer evitar o inchaço e, ao mesmo tempo, garantir um impulso de antioxidantes para o corpo”, orienta Nany Sado.

Thamires Lima, nutricionista do Oba Hortifruti, recomenda incluir mais frutas na ceia de Natal. Uma troca simples, como substituir o pavê de chocolate por um pavê de uva, oferece uma alternativa mais saudável e igualmente saborosa. “Frutas como figo e pêssego são ideais para decorar a mesa e ajudar a controlar a fome, pois são ricas em fibras e possuem baixo teor calórico. Essas opções permitem reduzir a intensidade da fome, facilitando escolhas mais equilibradas e evitando excessos”, diz.

Em relação às frutas secas, como damascos e figos, a moderação é a palavra de ordem. Embora sejam ricas em fibras e nutrientes como o cálcio e o ferro, elas também têm uma maior concentração de açúcares devido ao processo de desidratação. “Elas são boas opções para complementar a dieta, mas devem ser consumidas com cautela, principalmente por quem está controlando a ingestão de calorias”, ensina a nutricionista Débora Sena.

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Rico em água, fibras, vitaminas A e E, o pêssego tem alta concentração de água (Fábio Lima)

Benefícios das frutas natalinas

Pêssego: Rico em água, fibras, vitaminas A e E, o pêssego é uma fruta que traz benefícios para a saúde. A alta concentração de água favorece a hidratação e as fibras ajudam no bom funcionamento do intestino.

Damasco: As frutas secas, como o damasco, são ricas em fibras, mas também em açúcares concentrados. Por isso, devem ser consumidas com moderação. As versões frescas, com maior teor de água, são preferíveis.

Figo: O figo é uma excelente fonte de fibra e contém ácido gálico, um antioxidante, além de possuir propriedades antifúngicas e anti-inflamatórias. Ele ajuda a proteger as células do corpo contra os radicais livres, que podem causar doenças.&nbsp;

Uva: Rica em antioxidantes como o resveratrol, a uva ajuda a prevenir o envelhecimento celular e a proteger o corpo de substâncias nocivas. A casca contém fibra, o que contribui para a saúde digestiva. No entanto, devido ao alto teor de açúcar, é importante consumi-la com moderação.

Cereja: Com baixo índice glicêmico e apenas 50 calorias por 100g, a cereja é uma excelente opção para quem busca controlar os níveis de açúcar no sangue. Rica em antocianinas, vitaminas C e A, potássio e magnésio, ela ajuda a combater a inflamação e a melhorar o sono.

Ameixa: A ameixa, tanto fresca quanto seca, é útil para a saciedade e melhora o funcionamento intestinal. A versão fresca tem baixo índice glicêmico e pode ser consumida antes das refeições ou como sobremesa. Já a versão seca, mais calórica devido à concentração de açúcares, deve ser consumida com cautela, mas é ótima para adoçar receitas de forma natural.

Romã: Com apenas 83 calorias por 100g, a romã é rica em fibras, antioxidantes, vitamina C, potássio e vitamina K. Ela é conhecida por auxiliar na saciedade e reduzir a retenção de líquidos, sendo particularmente útil após o consumo de alimentos ricos em sal e bebidas alcoólicas. Pode ser consumida in natura ou adicionada a sucos e saladas.

Fonte: Nutricionistas Débora Sena e Nany Sado

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O figo possui propriedades antifúngicas e anti-inflamatórias (Fábio Lima)

Frutas típicas do Natal ajudam a equilibrar os excessos alimentares desta época do ano

SAÚDE NA CEIA

O assunto é carregado de estigmas, estereótipos e desinformação. A obesidade e o sobrepeso são problemas de saúde pública com cenários alarmantes para os próximos anos em Goiás, no Brasil e no mundo. Uma pesquisa realizada pela Secretaria da Saúde de Goiás (SES-GO) indicou que 57,3% dos adultos do Estado estavam acima do peso em 2022, cenário que reflete uma tendência mundial. O Atlas da Federação Mundial da Obesidade destaca que mais da metade da população vai viver com a condição até 2035, reiterando a importância de se falar sobre a doença que é crônica e de causa multifatorial, indo muito além da estética. Diabetes, hipertensão, colesterol alto e dores nas articulações são algumas das comorbidades associadas e que acompanhavam a comerciante Maria Eliana Garcia, de 55 anos.

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O caso da comerciante é o de tantas outras pessoas vivendo com sobrepeso e obesidade: tentativas e mais tentativas de emagrecer por intermédio de sucos e chás milagrosos, dietas, uso de medicações orais, entre outros. “Fiz isso tudo e nada de perder peso”, conta ela, que tinha a recomendação do emagrecimento como forma de auxiliar no controle de suas outras comorbidades. A recomendação para o seu caso foi a cirurgia bariátrica, realizada há um ano e três meses. “Tive uma ótima recuperação, mas com muita responsabilidade e bom senso. O auxílio psicológico foi de muita ajuda nesse momento”, diz ela, que destaca que passou a praticar musculação como parte do tratamento.

O dia 11 foi marcado pelas ações do Dia Mundial de Combate e Prevenção da Obesidade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que mais de 1 bilhão de pessoas no mundo vivem com obesidade. No Brasil, o Ministério da Saúde revela que 24,3% dos adultos brasileiros são afetados pela doença — ou seja, 1 em cada 4. Se os hábitos alimentares e estilo de vida atuais não mudarem, até 2044 o País pode ter 130 milhões de pessoas com sobrepeso ou obesidade, diz um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apresentado no Congresso Internacional sobre Obesidade - 2024, em São Paulo.

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A obesidade e o sobrepeso se referem ao acúmulo excessivo de gordura corporal, condição que é fator de risco para problemas como doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes tipo 2, problemas nas articulações, doenças gástricas, alguns tipos de tumores cancerígenos e problemas psicológicos. Trata-se de uma doença crônica de causa multifatorial, que pode envolver desde fatores genéticos e disfunções endócrinas até estilo de vida. “É muito importante falar sobre obesidade pois é uma doença que cada vez mais está acometendo adultos, mas também crianças e idosos”, alerta Thiago Becker, médico cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Santa Helena.

O médico reitera que a obesidade é uma doença silenciosa e que não anda sozinha. “Ela sempre vai estar acompanhada de outros problemas de saúde, principalmente diabetes e a hipertensão arterial, além de aumentar o risco para outros problemas cardiovasculares, como o infarto do coração e AVC”, diz. Ele destaca, ainda, questões como a baixa autoestima e o estigma causado pela condição. “Precisamos desmistificar a obesidade. Não se trata apenas de padrão de corpo, muito pelo contrário. Mas o estigma ainda existe porque as pessoas têm vergonha de se expor, têm vergonha de ir em algum lugar com medo de que não possa caber na cadeira, de comprar uma roupa”, comenta.

O Ministério da Saúde ressalta que fatores biológicos, históricos, ecológicos, econômicos, sociais, culturais e políticos estão entre as causas da obesidade no País. A nutricionista Karen Dantas acrescenta, ainda, fatores pessoais, como educação, crenças e emoções. “A população deveria aprender desde cedo sobre os alimentos, suas propriedades nutricionais e como eles afetam a saúde”, diz, destacando que a doença é influenciada pela redução do consumo de alimentos in natura ou minimamente processados e maior ingestão dos alimentos ultraprocessados.

<h2>Crianças</h2>

Dados do Ministério da Saúde também mostram que 30% dos goianos de até 10 anos de idade têm, ao menos, sobrepeso, elevando o risco de alteração nos índices de colesterol, hipertensão, diabetes, apneia obstrutiva do sono, deformidades e dores nas pernas, problemas na pele e outras complicações. Jéssica França, médica endocrinopediatra do Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia - Iris Rezende Machado (HMAP), aponta que o ambiente em que a criança está inserida está entre os principais motivos para o sobrepeso e obesidade. “Hoje em dia, os principais fatores são alimentação, sedentarismo e excesso de telas”, explica.

“Se a criança vem ganhando peso de forma rápida, perdendo roupas ou nitidamente está com a circunferência abdominal aumentada, é preciso acender o alerta”, diz. A adoção de práticas saudáveis, segundo a especialista, deve começar logo nos primeiros meses de vida com o aleitamento materno exclusivo até 6 meses e complementar até os 2 anos. É recomendado, ainda, evitar oferecer alimentos e bebidas açucaradas antes dessa idade e incentivar a realização de atividade física regular apropriada para cada faixa etária, além de reduzir o tempo de exposição a telas como tablet, celular, televisão e videogames.

<h2>Tratamentos</h2>

Thiago Becker aponta que o tratamento conta com acompanhamento multiprofissional para tratar todos os aspectos envolvidos na obesidade, entre eles os nutricionais, emocionais, cirúrgicos e também sociais. A reeducação alimentar, alteração do estilo de vida e a adoção de prática de atividade física estão entre as primeiras abordagens para a eficácia do tratamento.&nbsp;

A cirurgia bariátrica é uma opção de tratamento para casos de obesidade grave que pode ser eficaz e que, atualmente, possui dois critérios principais para indicação. A primeira delas é o Índice de Massa Corporal (IMC), um cálculo que leva em consideração o peso em relação à altura do paciente, que deve ser acima de 35 quando associada a comorbidades relacionadas à obesidade, como diabetes e hipertensão, ou para aqueles com IMC acima de 40, independentemente de outras condições de saúde.&nbsp;

"O segundo critério é se esse paciente já teve falha no tratamento clínico da obesidade nos últimos dois anos", explica o especialista. A cirurgia é popularmente conhecida como “redução de estômago” e possui diferentes técnicas, podendo alterar o trânsito alimentar, promovendo saciedade mais rápida, diminuição do apetite e melhorias no funcionamento hormonal, resultando na perda de peso, controle de doenças associadas e o aumento da qualidade de vida.

Como é de se esperar, o tratamento não é milagre. "A primeira coisa que o paciente que precisa fazer cirurgia bariátrica tem que ter na sua mente é que apenas operar não vai resolver o problema. A perda de peso vai acontecer com a cirurgia bariátrica quando bem indicada, mas é preciso que ele faça a sua parte", diz. "É necessário abandonar vícios, adotar novos hábitos de vida, seguir uma alimentação saudável, praticar atividades físicas regularmente e manter o acompanhamento com sua equipe multiprofissional. Todas essas ações, em conjunto, é que vão garantir um bom resultado a longo prazo para vencer a obesidade", destaca.

O uso de medicamentos injetáveis, como a semaglutida, como indicação de tratamento para perda de peso é um assunto que está em alta especialmente desde que a Anvisa aprovou oficialmente o uso da substância para o tratamento de sobrepeso e obesidade no País no ano passado. Conhecidas como “canetas emagrecedoras”, as injeções vivem um boom de popularidade mundo afora nos últimos anos e jogam luz para uma questão fundamental para a saúde: a importância da indicação e do acompanhamento médico para seu uso, já que a automedicação pode levar a erros de dosagem e efeitos colaterais indesejados.&nbsp;

Ainda que sirvam como uma ferramenta valiosa no tratamento da obesidade, eles não são uma solução isolada e, assim como a cirurgia, pedem uma abordagem multidisciplinar, incluindo modificações na dieta, prática regular de exercícios e apoio psicológico. Além disso, efeitos adversos como complicações gastrointestinais e cardíacas, hipoglicemia, flacidez e a perda de massa muscular estão associados.&nbsp;

Doença crônica e de causa multifatorial, obesidade tem comorbidades associadas e é questão de saúde pública

Muito além da estética

Quem tem o privilégio de ter uma jabuticabeira no quintal de casa já deve estar aproveitando a chance de comer os frutos direto do pé. A primavera é conhecida como estação das flores, mas em Goiás é marcada também pela temporada de jabuticabas, fruta tipicamente brasileira rica em vitamina C, fibras e com propriedades antioxidantes. Seus benefícios estão principalmente na casca de cor roxa-escura ou negra e as formas de consumir são muitas: in natura, em forma de doces, geleias, picolés e até vinho.

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Há alguns dias, o município de Hidrolândia celebrou o início da temporada de 2024, que se consolidou como o maior produtor de jabuticaba no mundo. É lá que está localizada a Fazenda Jabuticabal, que reúne 42 mil pés de jabuticabas no maior pomar do fruto do mundo, atraindo visitantes de todas as partes do País principalmente no mês de setembro.

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Nativa da Mata Atlântica, a jabuticaba possui nutrientes que exercem um importante papel na regulação da flora intestinal. As fibras da jabuticaba também reduzem a absorção do chamado “colesterol ruim”, além de ser uma opção pouco calórica para o dia a dia. “Frutas de coloração vermelha e arroxeada são amplamente pesquisadas pelas suas elevadas concentrações de compostos fenólicos, que já mostraram ser eficazes na prevenção de doenças como o câncer, além de condições neurológicas e outras enfermidades crônicas não transmissíveis”, comenta a nutricionista Giovana Oliveira. “Esses compostos, graças ao seu poderoso efeito antioxidante, atuam protegendo as células contra os danos provocados pelos radicais livres”, explica.

A fruta é famosa pelo baixo valor calórico: 100 gramas de jabuticaba têm apenas 58 calorias. Ainda assim, a nutricionista reitera que o consumo isolado da fruta não emagrece, mas ajuda a promover a sensação de saciedade que auxilia no processo de emagrecimento. “Importante lembrar que o processo de emagrecimento se deve a diversos fatores, além das calorias, como uma boa alimentação e a prática de exercícios físicos”, diz.

Há, no entanto, o alerta para a quantidade excessiva de ingestão de jabuticaba. Por ser um alimento rico em fibras, o excesso desses componentes pode provocar problemas como inchaços, gases e constipação intestinal. “Uma alimentação rica em fibras é importante para o bom funcionamento intestinal. Por outro lado, o excesso de fibras pode causar efeito contrário, principalmente quando o consumo de água é baixo”, aponta. “O excesso de fibras pode causar inchaço, gases e constipação. A jabuticaba é uma fruta que contém altos teores de fibras, o que pode auxiliar na constipação intestinal”, alerta

Casca

A substância que dá coloração à casca da jabuticaba é a antocianina, que melhora os níveis de açúcar no sangue e os fatores de risco de doenças cardíacas. Ainda que muita gente prefira não consumir a casca, que tem sabor adstringente e “amarra a boca”, a especialista indica ingeri-la.

“Nelas geralmente estão os maiores teores de compostos bioativos, com ação antioxidante e de nutrientes. A casca da jabuticaba é a parte da fruta rica em antocianinas, que auxiliam na redução da inflamação e do estresse oxidativo. Portanto, o ideal é sempre consumir alimentos com cascas”, diz. “A casca da jabuticaba possui ferro, magnésio, fósforo, vitamina C, B1 e B3 e fibras, além de muitos compostos fenólicos, responsáveis pela coloração arroxeada”, diz.

Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e publicado na revista Nutrition Research mostrou que o consumo diário de pelo menos 15 gramas da casca da fruta melhorou, ao longo de cinco semanas, os níveis de inflamação e de glicose no sangue de indivíduos com síndrome metabólica e obesidade.

&nbsp;

Aliada da saúde

A jabuticaba oferece diversos benefícios à saúde graças a sua composição rica em nutrientes e compostos bioativos. Conheça os principais deles:

 
Antioxidantes

A jabuticaba é uma excelente fonte de antioxidantes, como antocianinas, que ajudam a combater os radicais livres no corpo, protegendo as células do estresse oxidativo e retardando o envelhecimento celular.

 
Saúde digestiva

Por ser rica em fibras, a jabuticaba contribui para o bom funcionamento do sistema digestivo, ajudando a prevenir a constipação e promovendo uma digestão mais eficiente.

 
Coração

Os antioxidantes presentes na jabuticaba também têm propriedades anti-inflamatórias, que podem ajudar a reduzir o risco de doenças cardiovasculares. Além disso, as fibras ajudam a controlar os níveis de colesterol.

 
Regula o açúcar no sangue

Alguns estudos indicam que compostos presentes na jabuticaba podem ajudar a regular os níveis de glicose no sangue, sendo benéfica para pessoas com diabetes ou em risco de desenvolver a doença.

 
Propriedades anti-inflamatórias

As antocianinas e outros compostos da jabuticaba têm demonstrado ter efeitos anti-inflamatórios, o que pode ajudar na prevenção de doenças crônicas e na recuperação de lesões.

 
Imunidade&nbsp;

A vitamina C presente na jabuticaba fortalece o sistema imunológico, ajudando o corpo a combater infecções e doenças.

 
Pele&nbsp;

Graças aos antioxidantes do fruto, a jabuticaba pode auxiliar na manutenção da saúde da pele, prevenindo o envelhecimento precoce e contribuindo para uma pele mais saudável.

Jabuticaba tem propriedades antioxidantes e é rica em vitaminas, fibras e regulam o intestino

Tesouro nacional

Antes de mergulhar no universo intenso do crossfit, a empresária Natália Gregório de Freitas Medeiros, de 28 anos, não pensou duas vezes. Para garantir que seu corpo estivesse preparado para a nova rotina de alta performance, ela realizou um check-up fitness completo, uma prática sempre recomendada por especialistas antes de iniciar qualquer atividade física. “Eu precisava entender melhor meus limites e evitar qualquer risco desnecessário. Sem contar que é muito mais tranquilo treinar sabendo que está tudo bem”, conta.

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Com o aumento das complicações durante atividades físicas, muitas vezes causadas pela falta de conhecimento prévio sobre as condições do corpo, a realização de um check-up se torna essencial. O cardiologista Murilo Meneses, do Hospital Israelita Albert Einstein Goiânia, explica que o processo deve começar com uma consulta detalhada, seguida por uma série de exames específicos. “O médico deve questionar o paciente sobre suas comorbidades, histórico familiar, sintomas e uso de medicações”, ressalta o profissional.

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Para quem nunca fez um check-up antes da rotina de exercícios, é importante compreender quais exames são essenciais e por quê. O teste ergométrico, por exemplo, avalia como o coração responde ao esforço físico e pode detectar problemas cardíacos potenciais, assim como ajuda na avaliação da capacidade física, evolução do treinamento e na orientação da intensidade do exercício a ser realizado. Já o eletrocardiograma é capaz de descartar diversas doenças que poderiam levar a arritmias e à morte súbita.

O cardiologista Murilo Meneses acrescenta que é aconselhável também a realização de exames laboratoriais como hemograma completo, glicemia, colesterol, função renal, entre outros, para descartar doenças como anemia e diabetes, que podem interferir na prática de exercício físico. “Dessa forma, o principal objetivo é reduzir o risco de infarto, arritmia e morte súbita. Ademais, uma boa orientação médica consegue reduzir o risco de lesões ortopédicas, desidratação e complicações respiratórias”, completa.

Natália de Freitas começou a fazer crossfit em 2019 e realizou todos esses exames antes de começar a treinar. Ela, que pratica a modalidade quatro vezes por semana, retorna a um especialista pelo menos uma vez por ano para repetir a bateria de testes. “Já fiz isso três vezes e vou refazer ainda em 2024. Como sou apaixonada pela modalidade, sempre verifico se está tudo bem com o meu corpo, pois frequentemente participo de campeonatos e, se não estiver 100%, não consigo me dedicar plenamente”, argumenta.

A frequência ideal dos exames varia conforme fatores como idade, condições de saúde e orientação médica. Para a maioria, um check-up anual é suficiente, enquanto atletas de alta performance podem precisar de avaliações semestrais ou trimestrais para monitorar sua saúde, desempenho e prevenir lesões. “E para aqueles que desejam também mudanças no nível de atividade, ou seja, o paciente quer performar mais, tem que ser submetido novamente a toda a série de investigação”, afirma o cardiologista Paulo Henrique Oliveira.

Quem deve fazer os exames?

Os exames pré-exercícios físicos são altamente recomendados para diferentes grupos, levando em consideração as particularidades de cada um. Por exemplo, segundo o cardiologista Paulo Henrique Oliveira, os idosos devem ser cuidadosamente investigados antes de iniciar qualquer atividade física devido ao aumento da prevalência de doenças crônicas degenerativas e cardiovasculares nessa faixa etária. "Já as gestantes precisam de uma consulta que avalie tanto a saúde da mãe quanto do bebê, garantindo que a prática esportiva seja segura durante o período gestacional. Os sedentários também devem passar por uma avaliação para identificar potenciais riscos".

Paulo Henrique acrescenta. "Pessoas com condições de saúde pré-existentes, como diabetes, hipertensão ou doenças cardíacas, precisam de exames regulares e autorização para realizar exercícios de maneira segura. Além disso, aqueles com histórico familiar de doenças genéticas ou hereditárias também devem ser investigados, para evitar complicações e adaptar a prática esportiva conforme suas necessidades". "Os pacientes com limitações ortopédicas podem ser orientados à prática de menor impacto. Todas essas condições e recomendações devem ser discutidas com o médico e o educador físico", complementa o cardiologista Murilo Meneses.

Os especialistas alertam que os exercícios nunca podem ficar de lado no dia a dia, mesmo se algum exame clínico indicar algum problema de saúde, como, por exemplo, alterações cardiológicas com frequência cardíaca elevada. "Realizar atividade física é uma das melhores decisões que uma pessoa pode tomar para melhorar sua saúde e bem-estar. Após uma avaliação médica minuciosa, ele tem a oportunidade de praticar exercícios de forma segura e eficaz, adaptando suas necessidades e condições", afirma Paulo. "Não há dúvidas de que o paciente sedentário morre mais cedo e têm mais doenças que o paciente ativo", reforça Murilo Meneses.