“Michael, sai da água!” A mãe grita desesperada da praia, enquanto uma sinistra barbatana passa entre os banhistas incautos. De repente, sobe a trilha magistralmente composta pelo gênio John Williams, primeiro com alguns acordes graves, que surgem e desaparecem à medida que o predador vem à tona e mergulha nas águas de um popular balneário no nordeste dos Estados Unidos. Até que a música reinicia, mas agora sem ser interrompida, num crescente suspense que nos faz prender o fôlego. O gigantesco animal está em pleno ataque, mirando sua presa numa prancha de surfe, num pequeno barco, entre um grupo de adolescentes. E o infeliz que é escolhido é puxado para o fundo, desaparecendo para sempre nas mandíbulas de uma das maiores máquinas de matar que já habitaram a Terra. A descrição acima conquistou multidões no cinema e continua a ser uma referência quando se fala em tomadas de suspense, fazendo do filme Tubarão, de Steven Spielberg, o que se pode chamar de clássico. Meio século após seu lançamento, a produção mantém o poder de gerar interesse e sensações profundas. Afinal, são medos ancestrais que ela traz à tona, acrescentando uma camada a mais no eterno embate entre o homem e a natureza. Em inglês, o filme foi batizado de Jaws (Mandíbulas), mas nomear o animal que está entre os mais antigos que existem (a idade dos fósseis mais velhos datam de cerca de 450 milhões de anos atrás) foi uma boa decisão para os responsáveis por lançar o filme no Brasil, no final de 1975. Mesmo porque é, sem dúvida, o grande tubarão branco o seu protagonista.