Há 60 anos, o Centro de Valorização da Vida (CVV) atua no Brasil como uma associação civil sem fins lucrativos que trabalha na prevenção do suicídio. Os voluntários atendem gratuitamente todas as pessoas que queiram conversar, de modo anônimo e sigiloso. Os canais funcionam 24 horas por dia, com as opções de ligação telefônica por intermédio do número 188 (sem custo de ligação), chat ou e-mail (acessando o site www.cvv.org.br). Há também a opção de atendimento presencial nos mais de 120 postos de atendimento no País. Em Goiânia, a unidade está localizada na Av. Anhanguera, nº 5.389, salas 802 e 803, Centro. Por intermédio desses canais são realizados mais de 3 milhões de atendimentos anuais, feitos por aproximadamente 4 mil voluntários que estão localizados em 24 Estados mais o Distrito Federal. Fernando Tolentino é voluntário do CVV Goiânia há seis anos e conta ao POPULAR como é o trabalho da instituição e quem pode se tornar um voluntário – e ele já adianta que a localização já não é mais uma limitação para o trabalho.Como é o trabalho do CVV e quais os canais disponíveis? O CVV existe há 60 anos e realiza o trabalho de oferecer um momento de acolhimento às pessoas que entram em contato por intermédio dos canais, seja por telefone ou pelo chat. O que nós, voluntários, fazemos é algo que basicamente qualquer pessoa poderia fazer, que é ouvir e acolher a pessoa no momento em que ela está precisando conversar e desabafar. Além dos canais, existe um serviço chamado CVV Comunidade, em que a gente oferece diversos cursos e atividades para a sociedade. Como você conheceu a instituição?Conheci quando ainda era bem jovem, aos 16 anos de idade. Na época eu não estava muito bem, resolvi ligar para o CVV e me ajudou. Tentei ser voluntário, mas eu era menor de idade e ainda não era possível, mas a ideia ficou na cabeça. Seis anos atrás fiz o curso e me tornei um voluntário.Como é o curso? É uma espécie de treinamento?Sim. O treinamento é basicamente para entendermos a forma de conversar com a pessoa sem invadir áreas, porque nosso trabalho não é de tratamento. O curso é o momento que temos para praticar essa questão do ouvir, compreender o que a outra pessoa tem a dizer e acolher sem interferir de alguma forma na vida pessoal ou no trabalho dela. É onde vamos trabalhar, muitas vezes, a nossa própria dificuldade de ouvir, porque temos os nossos preconceitos e nossas limitações dependendo do assunto em que se entra. Quando a gente se dispõe a ser voluntário não tem como escolher o assunto que vai ser tratado, quem coloca é a pessoa que liga para o CVV. Ao mesmo tempo, aprendemos também sobre como cuidar de si mesmo nesse processo de cuidar do outro. Como é essa experiência considerando a grande carga emocional que vocês, voluntários, precisam lidar?Para nós é muito importante que o voluntário saiba que ele pode sair a qualquer momento, sem nem precisar explicar o motivo. Temos encontros frequentes exatamente para esse cuidado, para que se possa dizer como está sendo o trabalho, as dificuldades que está enfrentando, como está se sentindo em relação a isso, para que cada voluntário saiba se pode ou não continuar. Quem pode ser voluntário do CVV?Basta ser maior de idade (18 anos ou mais) e ter vontade de ajudar o outro. Cada voluntário doa 4 horas e meia por semana, definido pela conveniência entre a disponibilidade dele e a necessidade do CVV. Existem várias opções de horário e fica à escolha da pessoa voluntária. Há alguns anos que o movimento do trabalho remoto dos voluntários se estabeleceu; então, a localização não é mais um impedimento. Nesses anos como voluntário, você observa que a campanha Setembro Amarelo tem ganhado mais destaque?Antes da pandemia, havia mais movimento presencial. Fazíamos trabalhos nas escolas, igrejas, fizemos na Secretaria de Saúde, mas desde então isso ficou mais difícil e as ações ficaram mais intensas pela internet. Agora, em 2022, essa demanda aumentou bastante e está até maior do que a nossa disponibilidade. Nós, voluntários, não somos tantos quanto deveríamos, precisamos de mais gente. A campanha tem, sim, crescido, mas o lado ruim é que o destaque para o assunto acaba sendo somente nesse período, em setembro.